Ciência
24/03/2019 às 08:00•6 min de leitura
Os ingredientes para formar uma boa teoria da consipiração não apenas são bastante banais, como também é incrivelmente comum que se encontrem em um mesmo indivíduo — que frequentemente vira um grupo de indivíduos mais rápido do que alguém berraria “Elvis não morreu!”. Afinal, basta ter uma dose razoável de desinformação, alguma mania de perseguição e um intelecto facilmente excitável.
Sendo os limites do Sistema Solar a primeira fronteira apenas imaginada pelos mortais, é natural que boa parte desses teóricos concentrem seus esforços em oferecer resposta a questões de inadiável urgência: há realmente homenzinhos verdes em algum planeta vizinho? O homem realmente pisou na superfície da Lua em 1969? Será mesmo que a Terra gira em torno do Sol, e não o contrário?
É claro que questionar o papel dos governos e suas forças secretas na atual exploração e utilização do Sistema Solar acabou se tornando algo ordinário ao longo dos anos (ou será que o Mega Curioso, na verdade, está mancumunado com a União Europeia e com o McDonalds para dispersar o trabalho árduo dos teoristas?). Entretanto, mesmo nesses temas batidos a criatividade humana ainda consegue imaginar conspirações de derrubar o queixo.
Duvida? Então confira abaixo. Nas 10 teorias da conspiração mais bizarras sobre o Sistema Solar listadas pelo site ListVerse, há de um tudo — das viagens no tempo de Barack Obama ao temido Projeto Lúcifer e daí até as teorias de aproximação planetária de Immanuel Velikovsky. Só tente não escorregar em nenhuma delas.
É verdade que o aquecimento global ainda divide teóricos pelo globo. Em diversos pontos do espectro, cientistas, políticos e ativistas ainda tentam (acredita-se) chegar a um consenso sobre o porquê das alterações climáticas na Terra — o que tanto é defendido como algo natural como quanto um fruto direto da ação do homem sobre o planeta, incluindo ainda um grupo que nega, seja como for, que tal aquecimento realmente ocorra.
Mas há ainda um terceiro apanhado de teoristas. Segundo estes, sim, há alterações climáticas mensuráveis ocorrendo, mas isso não vale apenas para a Terra. Proponentes dessa teoria afirmam que alterações semelhantes podem ser observadas em diversos planetas do nosso sistema, incluindo Marte, Júpiter e também o distante (e controverso) Plutão. O porquê desse aquecimento sistêmico, entretanto... Aí já é assunto para uma outra teoria.
A maior parte das teorias da conspiração associadas à primeira chegada do homem à Lua, em 1969, normalmente tem seu foco em provar que, afinal, ninguém chegou a pisar lá coisa alguma; tudo foi uma grande farsa concebida pelo alto escalão político dos EUA e executado em algum estúdio de Hollywood. E aí que normalmente se questiona a iluminação da filmagem, os movimentos da bandeira estadunidense, as pegadas deixadas sobre o satélite etc.
Mas há um grupo que diz que, sim, Neil Armstrong, Edwin “Buzz” Aldrin e Michael Collins de fato fizeram aquela famosa viagem — apenas a filmagem seria falsa. Os defensores dessa curiosa teoria da conspiração afirmam que o governo estadunidense teria optado por uma gravação mais profissional da aterrissagem, executada em estúdio, a fim de intensificar a propaganda em torno do feito.
E há também quem diga que a filmagem original foi destruída por conta da natureza do que os astronautas encontraram ao chegar — alienígenas, normalmente, embora um enorme monólito negro também pareça válido. Isso teria tornado necessária uma filmagem destituída de “seja-lá-o-que-for”... Algo que pudesse passar na TV e tal.
Aproveitando o tema da teoria conspiratória anterior, aí vai mais uma que ganhou fôlego nos últimos anos. Eis o raciocínio: há quase meio século aparecem pessoas questionando a chegada da Apollo 11 à Lua; por que a NASA simplesmente não bate umas fotos da superfície lunar utilizando o telescópio Hubble, a fim de mostrar os sinais deixados no local por Neil Armstrong e Cia. e dar fim às especulações de uma vez por todas? Se a agência espacial americana não o faz, certamente é porque esconde algo, certo?
Ok, essa até tem alguma elegância, mas há um pequeno inconveniente: o Hubble não seria particularmente útil para essa tarefa de turista asiático honorário. Conforme explicou o astrônomo Phil Plait em seu blog pessoal, o poderoso telescópio da NASA foi projetado para capturar imagens muito mais distantes, tendo sua resolução de acordo com esse propósito.
Caso fotografasse o ponto de aterrissagem do módulo espacial — ou até mesmo algo do tamanho de um campo de futebol —, o resultado provavelmente seria apenas um ponto indistinguível de outros ao redor. Além disso, ele também acrescente que, mesmo se fosse possível, isso não pararia os teóricos da conspiração, já que os dados teriam sido fornecidos pelo próprio governo. Pois é, é difícil escapar dessa.
Immanuel Velikovsky foi um eminente psiquiatra e psicanalista que, não obstante, também resolveu dar seus “pitacos” sobre o Sistema Solar. De fato, o intitulado “Worlds in Collision”, livro que reunia seus pensamentos, acabou por vender surpreendentemente bem nos EUA. Nele, Velikovsky explicava como não apenas todos os eventos contidos na Bíblia ocorreram literalmente como todos tinham ligação com a aproximação ocasional de corpos celestiais.
Baseado frouxamente em mitologias e textos antigos, Velikovsky afirmava que diversas catástrofes ocorridas na Terra se devem às eventuais aproximações de Marte e de Vênus. A propósito, Vênus respondia por grande parte do argumento, por conta do sentido atípico de sua rotação, que ocorre em sentido horário (rotação retrógrada).
Ademais, o psiquiatra também traça paralelos entre eventos descritos na bíblia e em fontes análogas de outras culturas, sempre utilizando Marte e Vênus como bodes expiatórios. Todas as suas teorias foram desacreditadas pela comunidade científica.
Sim, é possível e, provavelmente, até bastante saudável transpor conhecimentos e/ou hipóteses levantadas na ficção para a vida real, mas sempre é bom ter algum critério. Do contrário, ao entrar em contato com a série de livros/filmes 2001: Uma Odisseia no Espaço, você pode acabar acreditando que há mesmo um esforço conjunto e oculto para transformar o planeta Júpiter em um segundo sol.
Na verdade, já há quem acredite nisso. E o grupo se baseia na mesma hipótese levantada nos romances — embora, eventualmente, deixando de fora os alienígenas e também o famoso monólito. Para os teoristas, o intitulado Projeto Lúcifer abriga atualmente tentativas sucessivas (e incansáveis) da NASA para criar o suposto segundo sol.
Como? Enviando sondas movidas a compostos radioativos, como o plutônio-238, a fim de transformar Júpiter em uma estrela. Sabe aquela sonda que se espatifou no planeta há não muito tempo? Pois é. Seja como for, nenhum dos teoristas parece capaz de esclarecer como, exatamente, a criação de uma segunda estrela (caso fosse remotamente possível) não acabaria por comprometer as órbitas de todos os demais planetas.
O atual presidente dos EUA, Barack Obama, é naturalmente um alvo constante dos teóricos da conspiração. Entretanto, enquanto algumas pessoas se limitam a questionar o histórico político de Obama, há quem vá um pouco mais longe. Quão longe? Longe do naipe de teletransportes interplanetários.
Há quem defenda que, enquanto estava na faculdade, o futuro presidente se juntou à DARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa, na sigla em inglês) e à CIA (Agência Central de Inteligência) para se tornar um “crononauta”.
Dizem que o aplicado estudante entrava em um lugar chamado de “sala de salto”, de onde era teletransportado para diversos locais, a fim de cumprir missões de alta periculosidade. Em uma ocasião particular, o futuro presidente teria sido enviado como embaixador a Marte, a fim de firmar uma aliança com o planeta e garantir proteção contra outras ameaças intergalácticas.
E o melhor: a história é contada por sujeitos que afirmam que também foram crononautas na época — embora agora tenham resolvido quebrar o silêncio. E você aí com teorias sobre as urnas eletrônicas, hein?
Graças aos esforços da Agência Espacial Europeia, a sonda Philae pode recentemente protagonizar um feito extraordinário: um pouso sobre um cometa. Uma conquista para as viagens espaciais, é claro. Mas também mais material altamente fecundo para os teóricos da conspiração.
Com base nos “ruídos estranhos” ouvidos pela agência durante o processo de aterrissagem, os teóricos assumiram que, na verdade, o cometa é um imenso aparato alienígena de função e finalidade desconhecidas. Isso justificaria os bilhões de dólares envolvidos na empreitada. E há quem diga que registros extremamente bem escondidos mostravam objetos voadores não identificados na superfície — tudo transmitido por uma torre de transmissão alienígena.
Em 2007 a NASA publicou imagens particularmente intrigantes registradas pela sonda espacial Cassini. Postado sobre o polo norte do planeta havia um hexágono de perfeição geométrica impressionante — tomando um espaço equivalente a quatro vezes a superfície da Terra. Embora a agência espacial não tenha explicado a origem da curiosa formação, alguns teóricos da conspiração tentaram a sorte.
O responsável pelo site Natural News, por exemplo, afirmou que o registro obtido pela Cassini revelava “claramente” uma “pirâmide” e “dois círculos concêntricos”. Embora não se arriscasse a entrar nos porquês, o sujeito sugeriu que a imagem fosse comparada com o chamado “Olho da Providência”, constante na nota de um dólar. “Eu não sei o que é, mas está lá”, basicamente. É claro que ele também sugeriu que a imagem pudesse ter sido forjada pela própria NASA, embora para essa teoria também tenham faltado os porquês.
A maior parte das pessoas provavelmente não tem mais do que uma vaga esperança de que, um dia, um grupo de seres humanos pioneiros poderá se estabelecer em Marte. Enquanto isso, a ciência se contenta em estudar o planeta e conceber forma de enviar uma primeira missão tripulada.
Mas e se tudo isso não passar de uma longa e onerosa encenação? Pois é. Há um grupo de teóricos da conspiração que não apenas afirmam que é possível colonizar Marte como também atestam que isso já foi feito há muito tempo. Em 2014, uma mulher que disse se chamar “Jackie” afirmou ter encontrado evidências de colônias em Marte enquanto fazia parte da equipe responsável pelo programa Viking.
“Jackie” afirma que tanto ela quanto seus colegas puderam vislumbrar criaturas humanoides caminhando na superfície marciana. O testemunho não durou muito, entretanto. Segundo a moça, assim que os personagens despontaram na tela, a transmissão foi cortada. Enfim. Para além das teorizações astronômicas, “Jackie” também defende que a queda das Torres Gêmeas não passou de um jogo de hologramas.
Há alguns anos, a Rússia tentava enviar uma sonda própria para Marte. A Intitulada Phobos-Grunt, entretanto, acabou enfrentando uma série de percalços e, após a decolagem, terminou por ficar em uma órbita estacionária ao redor da Terra em vez de se lançar para o Planeta Vermelho, como o previsto.
Quando estações na superfície tentaram entrar em contato, entretanto, a resposta veio na forma de dados criptografados confusos — os quais nem a agência espacial russa foi capaz de compreender.
Bem, embora não falte quem atribua o ocorrido a certa praga marciana, há quem diga que tudo não passou de uma sabotagem do governo estadunidense, que se utilizou das instalações do projeto HAARP (Programa de Investigação de Aurora Ativa de Alta Frequência) para derrubar a Phobos. Isso porque o HAARP tem por objetivo estudar e controlar os processos ionosféricos — de maneira que derrubar um veículo espacial deve ser simples como um passeio no parque, hein? Enfim.