Ciência
30/05/2019 às 08:00•4 min de leitura
Se tornar um terrorista é um assunto sério. Tem um lado positivo: se você for bem-sucedido, é como se ganhasse uma nova vida; mas, por outro lado, são grandes as chances de você ser pego e passar o resto da vida que você ganhou na prisão.
E foi mais ou menos isso que aconteceu com o homem-bomba Ahmed Ressam em 1999. Depois de encher seu carro com explosivos, o terrorista dirigiu do Canadá até a fronteira com os Estados Unidos. Porém, ao passar por uma espécie de blitz na estrada, Ressam entrou em pânico e fugiu. Logicamente, seu comportamento levantou suspeita e o homem acabou preso.
A vantagem de impedir esses ataques – além de salvar vidas, é claro – é poder entender melhor os detalhes do plano e, assim, desenvolver táticas para coibir novas tentativas. Confira a seguir mais histórias de ataques terroristas que, felizmente, não acabaram como o esperado:
Umar Farouk Abdulmutallab foi preso ao tentar explodir um avião. Fonte da imagem: Reprodução/How Stuff Works
O terrorista nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, de 23 anos, merece reconhecimento por sua criatividade. No dia de 25 de dezembro de 2009, o homem-bomba, que estava com a cueca cheia de explosivos, conseguiu passar pela segurança do aeroporto e embarcar em um voo de Amsterdã, na Holanda, para Detroit, nos Estados Unidos.
Dentro do avião, Abdulmutallab se acomodou sob um cobertor e começou a se preparar para explodir suas roupas de baixo. Acontece que os passageiros ao redor ouviram barulhos de explosões e ficaram em alerta ao perceber que os sons vinham das partes íntimas do homem-bomba. Com a falha dos explosivos, também surgiram chamas na roupa do terrorista.
Diante dessa cena, os passageiros imobilizaram o homem, que foi preso pelas autoridades. Abdulmutallab confessou que estava usando as bombas na cueca há três semanas para se acostumar e foi provavelmente isso que fez com que os explosivos não funcionassem. O terrorista foi condenado à prisão perpétua pelo ataque sem sucesso.
O sapato utilizado por Richard Reid (direita) faz parte de uma exposição do FBI. Fonte da imagem: Reprodução/How Stuff Works
Richard Reid deu o primeiro passo para tentar destruir a vida de dezenas de pessoas em dezembro de 2011. Natural do Reino Unido, o homem foi recrutado pela Al-Qaeda e planejou destruir um avião com uma série de explosivos feitos em casa que estavam escondidos em um compartimento na sola de seus sapatos.
Assim como no caso anterior, o homem-bomba conseguiu passar pela segurança do aeroporto utilizando os sapatos e embarcou em um voo de Paris, na França, até Miami, nos Estados Unidos. Porém, já dentro do avião, Reid teve dificuldades para acender um fósforo e se atrapalhou ainda mais para fazer com que o fusível pegasse fogo. Quando ele finalmente conseguiu acender os explosivos, eles não detonaram porque seus pés estavam muito suados.
Nessa altura, os passageiros e os comissários de bordo já estavam desconfiados do comportamento do homem e acharam prudente prendê-lo no assento. Um médico que estava abordo deu calmantes para que Reid dormisse. Depois do ocorrido, ele foi preso, acusado de terrorismo e condenado à prisão perpétua.
Jamal Ahmed Mohammed Ali Al-Badawi e Fahd Al-Quso acompanham seu julgamento. Fonte da imagem: Reprodução/How Stuff Works
Enquanto os outros homens-bombas estavam a caminho do território americano, o objeto desse ataque terrorista estava bem distante da América. Tratava-se do navio USS The Sullivans, que estava ancorado no porto da cidade de Aden, no Iêmen.
O plano dos terroristas – colocado em prática em janeiro de 2000 – era simples: carregar um pequeno barco com explosivos e navegar junto ao navio até chegar o momento certo de explodir o barco, o navio e eles mesmos. O problema é que, para conseguir causar estrago suficiente no navio, foi preciso uma grande quantidade de explosivos, o que fez com que o barquinho afundasse por causa do excesso de peso.
A primeira tentativa dos terroristas não deu certo, mas, infelizmente, o mesmo plano foi usado para atingir outro navio, o USS Cole, em outubro de 2000. No novo ataque, 17 marinheiros americanos morreram e 40 ficaram feridos.
Em 2004, Jamal Ahmed Mohammed Ali Al-Badawi e Fahd Al-Quso – os dois responsáveis pelo segundo ataque – foram presos e sentenciados. Al-Quso foi solto e seguiu com suas atividades na Al-Qaeda até ser morto em um ataque em 2012. Já Al-Badawi foi condenado à pena de morte, mas escapou durante uma transferência em 2006. No ano passado, o FBI estava oferecendo 5 milhões de dólares como recompensa pela sua captura.
Agentes do FBI impediram que o edifício Fountain Place fosse aos ares. Fonte da imagem: Reprodução/How Stuff Works
Em 2009, o jordaniano Hosam Smadi era um estudante de 19 anos que vivia nos Estados Unidos mesmo com seu visto vencido. Nesse ano, o jovem começou a escrever em um site sobre seus estudos radicais do islamismo. Smadi morava no Texas e, de acordo com o FBI, parecia determinado a pôr em prática seus planos violentos.
Em pouco tempo, o jovem era o centro de uma investigação de dez meses do FBI. Parte do plano dos agentes da polícia consistia em vender uma bomba falsa para Smadi de acordo com as especificações que ele procurava. Então, o terrorista carregou a suposta bomba em seu veículo e estacionou na garagem de um prédio de 60 andares em Dallas, conhecido como “Fountain Place”. Quando o jovem entrou no carro de um agente disfarçado e tentou acionar a bomba a partir de um telefone celular, ele foi preso.
Em 2010, Smadi foi julgado culpado pela tentativa de uso de uma arma de destruição em massa e foi condenado a 24 anos de prisão em um tribunal que ficava a poucas quadras do prédio que ele tentou explodir.
Ator interpreta Guy Fawkes junto de seus barris de pólvora. Fonte da imagem: Reprodução/How Stuff Works
Se você pensava que o terrorismo era uma exclusividade da sociedade atual, está muito enganado. Em 1605, um ataque terrorista sem sucesso – talvez o primeiro de que se tem registro – aconteceu no Parlamento Britânico. Embora os motivos que levaram ao ataque sejam obscuros, acredita-se que tenha sido uma tentativa de reestabelecer o catolicismo a partir do assassinato do rei protestante Jaime I da Inglaterra.
Independente disso, a história conta que cinco homens planejaram explodir a Câmara dos Lordes (parlamento inglês) no dia 5 de novembro de 1605, ocasião em que o rei estaria presente, assim como os outros membros do parlamento. Porém, depois do recebimento de uma carta anônima, a câmara passou por uma intensa investigação.
Na noite do dia 4 de novembro, um dos membros do grupo terrorista, Guy Fawkes, foi encontrado no porão que ficava localizado exatamente abaixo da sala dos parlamentares. Para sua infelicidade, junto com ele havia barris e mais barris de pólvora.
Dos cinco terroristas, alguns foram mortos e outros foram levados para a Torre de Londres, onde foram julgados, declarados culpados e executados. Suas cabeças foram colocadas em lanças e exibidas em toda a cidade de Londres. Atualmente, o dia 5 de novembro é a data em que se celebra a “Noite de Guy Fawkes” (também conhecida na Inglaterra como “Bonfire Night”) quando fogueiras e fogos de artifício são acesos para relembrar o evento.
*Publicado originalmente em 06/02/2014.
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