Em 1978, o escritor búlgaro Georgi Markov foi assassinado em Londres com um guarda-chuva adaptado para injetar um veneno letal. Esse caso chocante expôs a crueldade dos jogos de poder da Guerra Fria.

O <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/elliot-rodger-o-homem-responsavel-pelos-assassinatos-de-isla-vista-em-2014" rel="noopener noreferrer" target="_blank">assassinato</a> de Georgi Markov em 7 de setembro de 1978, em Londres, é um dos capítulos mais intrigantes da Guerra Fria. Markov, um crítico feroz do regime comunista búlgaro, foi vítima de uma arma típica de filmes de espião: um guarda-chuva modificado que disparou uma pequena esfera contendo um veneno altamente letal.Georgi Ivanov Markov, nascido em Sófia, Bulgária, em 1º de março de 1929, iniciou sua carreira como engenheiro químico antes de se tornar um escritor notável. Seus romances e peças de teatro ganharam grande popularidade na Bulgária, mas sua relação com o regime começou a deteriorar-se quando suas obras passaram a ser vistas como críticas ao governo.&nbsp;Em 1969, sob a crescente pressão do governo, Markov fugiu para a Itália e depois se estabeleceu em Londres, onde continuou sua carreira como jornalista e apresentador para a BBC.Enquanto estava em Londres, o escritor se tornou uma voz poderosa contra o regime búlgaro, denunciando a <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/corrupcao-e-doenca-o-aumento-nos-partos-cesareos-e-uma-preocupacao-global" rel="noopener noreferrer" target="_blank">corrupção</a> e os abusos de poder do governo. Suas críticas acirradas tornaram-no um alvo para o regime de Todor Zhivkov, então governante e que já tinha sido amigo de Markov. &nbsp;<h2 style="text-align:justify;">Fim da linha</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/08/08140331048006.jpg" alt="Georgi Markov, o escritor e dissidente búlgaro. (Fonte: The Guardian/ Divulgação)"><figcaption>Georgi Markov, o escritor e dissidente búlgaro. (Fonte: The Guardian/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Em 1978, Markov foi alertado de que sua vida estava em perigo, mas continuou a ignorar as ameaças. Tudo parecia apenas intimidação, até que, num fatídico 7 de setembro, ele foi vítima de uma ataque silencioso e muito engenhoso.Naquele dia, Markov estava esperando um ônibus na Ponte de Waterloo, quando sentiu uma dor aguda na coxa direita. Ele se virou e viu um homem se abaixando para pegar um <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/127816-por-que-da-azar-abrir-o-guarda-chuva-dentro-de-casa.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">guarda-chuva</a> que parecia ter caído. O homem pediu desculpas com um sotaque estrangeiro e rapidamente entrou em um táxi. Markov ainda não sabia, mas tinha sido alvo de um assassinato sofisticado.&nbsp;Markov foi para o trabalho e notou apenas um pequeno inchaço e uma mancha de sangue em sua perna. No entanto, ao voltar para casa naquela noite, começou a se sentir mal e foi levado ao hospital no dia seguinte. Enquanto delirava, falava para os médicos que havia sido envenenado pelo governo búlgaro, o que não foi levado a sério em nenhum momento pelos médicos.O diagnóstico inicial foi <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/113206-sepse-tem-relacao-em-uma-a-cada-cinco-mortes-no-planeta.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">septicemia (infecção generalizada)</a>, já que sua contagem de glóbulos brancos estava alta, porém todos os esforços dos médicos não estavam surtindo efeito. Sua condição piorou rapidamente, levando à falência de múltiplos órgãos. Markov faleceu em 11 de setembro, aos 49 anos, quatro dias após o ataque.<h2 style="text-align:justify;">Décadas de mistério</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/08/08125724695000.jpg" alt="Para os espiões, uma guarda-chuva pode não ser só um guarda-chuva. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Para os espiões, um guarda-chuva pode não ser só um guarda-chuva. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>A investigação da morte de Markov revelou um enigma que só foi parcialmente resolvido anos depois. Ao fazer a autópsia, o médico Rufus Crompton examinou a parte inchada da perna de Markov e notou que havia uma pequena perfuração no local, de onde saiu uma esfera de metal, com cerca de 1,7 milímetro de diâmetro. Porém, nenhum veneno foi encontrado na tal esfera.&nbsp;Apesar do mistério, os cientistas, <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/123960-carlos-camejo-o-venezuelano-que-acordou-durante-sua-autopsia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">com base na autópsia</a>, no relato de Markov e de seus sintomas, propuseram que o escritor certamente teria sido morto por ricina&nbsp;— um veneno derivado das sementes da planta de rícino. Este veneno é extremamente potente, e uma dose ínfima (aproximadamente 22 microgramas) é altamente letal.&nbsp;A polícia britânica, em conjunto com especialistas, concluiu que a esfera foi disparada com um rifle de ar disfarçado como um guarda-chuva. O caso chocou o mundo e evidenciou a sofisticação e a crueldade dos métodos de espionagem da era soviética.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/08/08143324736014.jpg" alt="O "><figcaption>O mortal "guarda-chuva búlgaro" em exposição. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Com o tempo, surgiram mais detalhes sobre o caso que corroboraram as suspeitas. Ex-oficiais da KGB confirmaram que a corporação forneceu dispositivos de espionagem para o Serviço Secreto Búlgaro, incluindo guarda-chuvas que continham ricina. &nbsp;Posteriormente, a identidade do assassino foi revelada como Francesco Gullino, um dinamarquês de origem italiana, que <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119082-robert-hanssen-o-espiao-do-fbi-que-se-vendeu-para-a-uniao-sovietica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">havia sido recrutado</a> para realizar o ataque sob o codinome "Agente Piccadilly". Apesar das evidências, Gullino nunca foi capturado e continua foragido.A morte de Georgi Markov exemplifica a brutalidade da espionagem na Guerra Fria e a atmosfera de paranoia da época. Após a queda do regime búlgaro, ele foi relembrado e condecorado de maneira póstuma por sua crítica ao governo. O caso é um lembrete sombrio da eficácia das técnicas de espionagem usadas para silenciar dissidentes.

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Caso Markov: o incrível assassinato de um escritor por uma arma secreta

Apesar de ser conhecido como uma arma improvisada em conflitos, o coquetel Molotov carrega uma história curiosa e um nome com origem política.

O coquetel Molotov, essa arma improvisada que atravessou décadas de<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/117620-revolucao-russa-fatos-mais-marcantes-do-periodo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">&nbsp;conflitos e revoluções</a>, carrega uma história curiosa e, ao mesmo tempo, aterrorizante. O nome, que soa quase como uma brincadeira, esconde um contexto sombrio e irônico, originado durante um dos períodos mais tensos do século 20.&nbsp;Tudo começou durante a Guerra de Inverno (ou Guerra Soviético-Finlandesa) entre a União Soviética e a Finlândia, quando os finlandeses, enfrentando uma invasão massiva, recorreram a uma solução desesperada para lutar contra o poderoso exército soviético.<h2 style="text-align:justify;">Presentes com pavio</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/04/04172852376319.jpg" alt="O coquetel molotov, mesmo sendo simples, pode fazer grandes estragos. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>O coquetel Molotov, mesmo sendo simples, pode fazer grandes estragos. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>A criação do coquetel Molotov foi uma resposta direta às ações soviéticas. Em 1939, quando as tropas de Stalin invadiram a Finlândia, o Ministro das Relações Exteriores da União Soviética, Vyacheslav Mikhailovitch Molotov&nbsp;(1890-1986), fez uma declaração absurda na rádio estatal, alegando que as bombas que caíam sobre Helsinque não eram ataques, mas sim "pacotes de alimentos" para os famintos.&nbsp;Os finlandeses, de maneira bastante sarcástica, apelidaram essas <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/128042-bombas-de-escorpiao-fogo-grego-e-as-5-piores-armas-de-guerra-de-todos-os-tempos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bombas</a> incendiárias de "cestas de pão de Molotov". Mas eles não pararam por aí. Decidiram revidar criando seus próprios "presentes" para as tropas soviéticas: garrafas de vidro cheias de líquidos inflamáveis, que passaram a ser chamadas de "coquetéis Molotov" – uma ironia amarga e quente para acompanhar os tais "pacotes de comida".Embora o conceito de armas incendiárias improvisadas não fosse novo, a Guerra de Inverno marcou a popularização do coquetel Molotov. A simplicidade e a eficácia desse dispositivo tornaram-no uma escolha natural para as <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/128835-como-as-tropas-da-idade-media-sitiavam-um-castelo-na-vida-real.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tropas</a> finlandesas, que enfrentavam um exército muito maior e mais bem equipado.&nbsp;Com garrafas de vodca, querosene, e até alcatrão, os finlandeses conseguiram infligir pesadas baixas aos soviéticos. O que parecia ser uma resistência desesperada transformou-se em uma forte defesa que causou sérios problemas aos invasores. Ao final da guerra, as estimativas apontavam que centenas de tanques soviéticos foram destruídos por essas armas improvisadas.<h2 style="text-align:justify;">Conquistando o mundo</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/04/04174744099329.jpg" alt="O coquetel Molotov é também uma arma política. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>O coquetel Molotov é também uma arma política. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>O coquetel Molotov ultrapassou rapidamente as fronteiras da Finlândia. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha, temendo uma invasão nazista, incentivou a fabricação em massa desses dispositivos para armar a população civil. Um manual até ensinava os britânicos a lançar as garrafas com precisão, transformando qualquer cidadão comum em um potencial defensor contra <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121477-wunderwaffe-as-armas-gigantes-e-impossiveis-dos-nazistas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tanques alemães</a>.&nbsp;Os coquetéis Molotov foram também utilizados por guerrilheiros e soldados em todo o mundo, de Budapeste (Hungria) a Saigon (Vietnã), tornando-se um símbolo universal de resistência.Por isso, a história do coquetel Molotov é tanto uma lição sobre a criatividade desesperada em tempos de guerra quanto uma lembrança da brutalidade dos enfrentamentos. O que começou como uma tática de sobrevivência em um dos invernos mais rigorosos da história europeia tornou-se uma ferramenta de resistência em incontáveis conflitos ao redor do globo.É impressionante como uma simples garrafa de vidro, um pavio e um pouco de combustível puderam se tornar um dos símbolos mais potentes de luta e <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121346-movimento-punk-de-rebeldia-politizada-a-fenomeno-da-cultura-pop.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">rebeldia do século 20</a>.Apesar dos diversos avanços na tecnologia de guerra, o coquetel Molotov ainda aparece em protestos e embates nas ruas, mostrando que sua eficácia brutal persiste. Além disso, serve como um lembrete do poder da resistência mesmo diante de forças aparentemente invencíveis.

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Por que o coquetel Molotov recebeu esse nome? 

Embora pouco conhecido, Cruithne é um asteroide que orbita o Sol de maneira peculiar, acompanhando a Terra em uma curiosa dança gravitacional, desafiando a ideia de que nosso planeta tem apenas uma lua.

Você já ouviu falar de uma segunda lua da Terra? Se isso parece novidade, você não está sozinho. A verdade é que, enquanto olhamos para o céu à noite e admiramos a única <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128781-a-lua-esta-encolhendo-abalos-sismicos-ameacam-astronautas-da-missao-artemis.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Lua</a> que conhecemos desde a infância, existe outro corpo celeste que compartilha o espaço ao redor da Terra: o asteroide 3753 Cruithne.&nbsp;Ele não é exatamente uma lua, mas um “quase-satélite”, o que significa que, apesar de não orbitar a Terra da mesma forma que a Lua, ele segue um caminho peculiar que o faz parecer estar sempre por perto.<h2 style="text-align:justify;">Uma quase-Lua</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/02/02224819510036.jpg" alt="Cruithne é um asteroide que orbita a Terra numa órbita incomum. (Fonte: Star Walk, Vito Technology, Inc./ Divulgação)"><figcaption>Cruithne é um asteroide que orbita a Terra numa órbita incomum. (Fonte: Star Walk, Vito Technology, Inc./ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Cruithne foi descoberto em 1986, mas só teve sua órbita completamente mapeada em 1997. Apesar de pequeno, com cerca de 5 quilômetros de diâmetro, sua presença ao redor da Terra levanta muitas questões sobre a dinâmica do nosso <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127313-5-grandiosidades-encontradas-no-sistema-solar.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">sistema solar</a>.&nbsp;Cruithne não se comporta como a Lua ou os satélites artificiais que lançamos no espaço. Em vez de seguir uma órbita elíptica regular, ele se move em um padrão chamado de órbita "ferradura". Mas o que isso significa?Para entender, imagine que estamos observando o sistema solar a partir de um ponto que gira junto com a Terra ao redor do <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/teoria-afirma-que-sol-pode-ter-consciencia-propria-sera-possivel" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Sol.</a> A Terra pareceria estacionária (parada) sob essa perspectiva. Cruithne, por sua vez, se aproximaria da Terra, giraria ao redor dela e, depois, se afastaria, apenas para repetir o movimento no lado oposto. Esse vai e vem se assemelha ao formato de uma ferradura, daí o nome da órbita.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/02/02225224017043.jpg" alt="Ilustração mostra o tempo gasto por Cruithne (Fonte: Star Walk, Vito Technology, Inc./ Divulgação)"><figcaption>Ilustração mostra o tempo gasto por Cruithne para orbitar o Sol (esq.) e o ciclo completo ao redor da Terra (dir.). (Fonte: Star Walk, Vito Technology, Inc./ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Essa órbita peculiar faz com que Cruithne leve 770 anos para completar um ciclo ao redor da Terra. Durante esse tempo, ele também orbita o Sol, o que dura cerca de 364 dias, quase o mesmo que o ano terrestre. Por essa razão, ele parece seguir a Terra em sua jornada pelo espaço, e isso o levou a ser apelidado de "segunda lua".&nbsp;Como você já deve ter percebido, essa alcunha é um pouco enganosa, já que, tecnicamente, ele não é uma lua como a que conhecemos.<h2 style="text-align:justify;">Outras "quase-luas"</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/02/02225704570044.jpg" alt="Ilustração mostra a comparação em tamanho do Cruithne com o Monte Everest. (Fonte: Space Reference/ Divulgação)"><figcaption>Ilustração mostra a comparação em tamanho do Cruithne com o Monte Everest. (Fonte: Space Reference/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Cruithne é apenas um dos muitos <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/asteroide-bennu-carrega-elementos-que-originaram-o-sistema-solar" rel="noopener noreferrer" target="_blank">asteroides</a> que compartilham o espaço próximo à Terra. Vários outros objetos têm órbitas que ressoam com a Terra, o que faz com que, de tempos em tempos, eles se aproximem de nós.&nbsp;Além disso, existe a possibilidade de termos outros candidatos à "segunda lua" escondidos no espaço, só esperando para serem descobertos, como é o caso do asteroide 2023 FW13, encontrado recentemente.&nbsp;No entanto, nenhum desses objetos é tão notável quanto Cruithne, que tem uma órbita tão complexa e fascinante que os <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126882-corpo-celeste-surpreende-astronomos-brilhando-alem-da-linha-da-morte.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">astrônomos</a> continuam a estudá-lo para entender melhor o funcionamento do nosso sistema solar.&nbsp;Um fato interessante é que Cruithne não ficará por aqui para sempre. Em cerca de 8.000 anos, ele deve passar perto de Vênus, o que pode alterar drasticamente sua órbita, possivelmente afastando-o da Terra para sempre.&nbsp;Enquanto isso, sua presença nos lembra que o sistema solar está em constante mudança e que, por mais que pensamos conhecer o espaço, sempre há algo novo a descobrir.

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É verdade que a Terra tem uma segunda Lua?

A crescente crença em visitas extraterrestres está deixando de ser mera curiosidade e se tornando um obstáculo social, alimentando teorias da conspiração e prejudicando a comunicação científica.

A crescente crença em <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/7-encontros-historicos-marcantes-com-possiveis-alienigenas" rel="noopener noreferrer" target="_blank">visitas extraterrestres</a>, antes vista como inofensiva, está se tornando um problema social. Pesquisas mostram que cada vez mais pessoas, especialmente nos EUA e Reino Unido, acreditam em avistamentos de OVNIs como prova de vida alienígena. Esse fascínio por teorias conspiratórias já afeta a política, com políticos americanos se sentindo pressionados a responder a essas crenças.Aqui no Brasil não é diferente. Boa parte da população já ouviu falar, por exemplo, no ET de Varginha. Há ainda outras histórias famosas, como a "Noite Oficial dos OVNIs" — onde cerca de 21 objetos voadores não identificados foram detectados em São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás — e a "Operação Prato", em que a FAB passou 4 meses investigando aparições de OVNIs numa cidade do Pará.&nbsp;Embora nenhum desses fatos tenham tido qualquer comprovação, eles reforçam as teorias conspiratórias. As teorias, por sua vez, sempre estão acompanhadas pela crença de que "o Exército e o governo estão escondendo algo".&nbsp;Apesar de parecer algo sem relevância num primeiro momento, os especialistas vêm comentando que isso tem se tornado um problema <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/segurar-um-espirro-e-perigoso" rel="noopener noreferrer" target="_blank">mais perigoso do que parece</a>.&nbsp;<h2 style="text-align:justify;">Enfraquecendo as instituições</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/06/06110359608086.jpg" alt="Teorias conspiratórias têm afetado a política em vários pontos do mundo. (Fonte: Marcelo Camargo, Agência Brasil/ Divulgação)"><figcaption>Teorias conspiratórias têm afetado a política em vários pontos do mundo. (Fonte: Marcelo Camargo, Agência Brasil/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Essa preocupação não é sem fundamento. O Dr. Tony Milligan, do King's College London, argumenta que essa obsessão com <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/115192-o-que-fazer-caso-voce-se-encontre-com-um-alienigena.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">visitantes alienígenas</a> não é mais uma curiosidade inofensiva.&nbsp;Em um artigo publicado recentemente, Milligan aponta que a proliferação dessa crença está criando um ruído de fundo que prejudica a comunicação científica legítima, além de fomentar narrativas perigosas que podem minar a confiança nas instituições democráticas.Nos EUA, o Pentágono tem divulgado informações sobre Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAPs, na sigla em inglês), despertando o interesse público e político. No entanto, muitos desconfiam que <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/40000-7-segredos-da-cia-e-do-exercito-dos-eua-revelados-recentemente.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">o governo esconde a verdade</a> sobre alienígenas, sentimento agravado por políticos como o senador Chuck Schumer, que patrocinou um projeto para revelar registros de UAPs.Essa desconfiança faz parecer que os governos escondem algo, o que enfraquece a confiança nas instituições. Ela também contribui para a difusão de teorias da conspiração, como as que sugerem que uma cabala secreta está ocultando evidências de alienígenas, ou que tecnologia extraterrestre está sendo usada secretamente.&nbsp;Esses pensamentos conspiratórios parecem inofensivos à primeira vista, mas podem gerar consequências graves, como vimos com a <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117282-os-simpsons-serie-pode-ter-previsto-a-invasao-do-capitolio.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">invasão do Capitólio</a> em 2021. Algo semelhante ocorreu aqui durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, quando um coronel da Polícia Militar relatou que uma pessoa acampada em frente a um quartel afirmou ser "um extraterrestre infiltrado para ajudar o Exército a tomar o poder".<h2 style="text-align:justify;">Alcançando a ciência e a cultura</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/06/06105258640080.jpg" alt="A internet tem sido um ambiente fértil para as teorias conspiratórias. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>A internet tem sido um ambiente fértil para as teorias conspiratórias. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Outro problema gerado por essa crença generalizada em alienígenas é o impacto na ciência. A astrobiologia, que é o campo científico que estuda a possibilidade de vida fora da Terra, luta para ser ouvida em meio ao barulho causado pela ufologia e <a href="https://www.tecmundo.com.br/internet/286996-teorias-conspiracao-inundam-internet-atentado-trump.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">teorias de conspiração</a>.&nbsp;Enquanto programas como "alienígenas antigos" no History Channel atraem milhões, os canais oficiais de astrobiologia da NASA têm bem menos audiência. Aqui no Brasil, canais com milhões de seguidores também propagam essas teorias conspiratórias, criando um desequilíbrio em que a ficção, disfarçada de fato, supera a ciência em alcance e influência.Além disso, a crença em visitantes alienígenas tem sequestrado narrativas históricas e mitológicas, especialmente as dos povos indígenas. Desde o século 20, histórias sobre OVNIs têm sido usadas para reescrever ou substituir as <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/108742-6-tradicoes-anuais-curiosas-que-existem-ao-redor-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tradições</a> autênticas de várias culturas, distorcendo a compreensão dessas comunidades sobre o mundo e seus próprios passados.&nbsp;<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/06/06104928078079.jpg" alt="As pirâmides do Egito são sempre alvo de teorias conspiratórias. Essas crenças "><figcaption>As pirâmides do Egito são sempre alvo de teorias conspiratórias. Essas crenças "apagam" o fato que os egípcios eram grandes construtores. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>A ideia de que civilizações indígenas tinham tecnologia avançada "dada por alienígenas" desrespeita essas culturas e apaga suas conquistas. Esse sequestro cultural é parte de um problema maior, onde a crença em visitas alienígenas distorce a compreensão do passado e deturpa as tradições de comunidades inteiras.Isso, combinado com o impacto no cenário político e na ciência, mostra que essa não é uma simples questão de fé em seres de outro mundo, mas um problema que <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/122305-narcisismo-patologico-a-epidemia-invisivel-que-afeta-as-pessoas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">afeta a sociedade</a> de maneira profunda e real.Milligan alerta que precisamos tratar essas questões com seriedade antes que se tornem mais prejudiciais. Embora o fascínio por OVNIs possa parecer inofensivo, o apego crescente a essas crenças como verdades está alimentando desinformação, desconfiança e a distorção de narrativas culturais, um problema que exige atenção.

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Como a crença em alienígenas está virando um problema social e científico

Luca foi uma criatura microscópica que viveu há bilhões de anos e deu origem a toda a diversidade de vida na Terra.

A história da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117818-vida-na-terra-pode-acabar-em-1-bilhao-de-anos-por-falta-de-oxigenio.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">vida na Terra</a> começa com um organismo enigmático conhecido como Luca, sigla em inglês para “último ancestral comum universal” (last universal common ancestor). Este ser microscópico é considerado o ancestral de todas as formas de vida que existem hoje. Mas como, afinal, os cientistas conseguiram reconstruir a história desse ancestral primordial?&nbsp;A resposta está em um trabalho meticuloso e interdisciplinar que combina genética, biologia evolutiva e paleontologia, revelando detalhes fascinantes sobre as primeiras faíscas de vida em nosso planeta.<h2 style="text-align:justify;">Voltando no tempo</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/03/03220158494018.jpg" alt="Reconstruir o genoma de Luca é um grande desafio para os cientistas. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Reconstruir o genoma de Luca é um grande desafio para os cientistas. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Luca não foi o primeiro ser vivo, mas foi o ancestral de todos os <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127976-organismo-de-450-milhoes-de-anos-volta-a-vida-como-robo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">organismos</a> modernos, desde as bactérias até os humanos. A jornada para desvendar sua existência envolveu comparar os genes de 700 espécies vivas, incluindo bactérias e arqueias, organismos que estão entre as formas de vida mais antigas que conhecemos. Ao analisar esses genes, os cientistas conseguiram estimar quando o ancestral comum viveu e como ele poderia ter sido.Uma das descobertas mais surpreendentes foi a idade de Luca. Com base em estudos genéticos e fósseis, os cientistas calculam que ele viveu há cerca de 4,2 bilhões de anos, pouco após a formação da Terra. Essa estimativa foi feita comparando mutações genéticas ao longo do tempo e analisando fósseis muito antigos, como os tapetes microbianos de 3,48 bilhões de anos encontrados na Austrália.Esses fósseis fornecem pistas valiosas sobre as condições da Terra primitiva e ajudaram a estabelecer um cronograma para a evolução inicial da vida.Reconstruir o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/genoma-europeu-tumba-de-45-mil-anos-revela-dados-da-ancestralidade-europeia" rel="noopener noreferrer" target="_blank">genoma</a> de Luca também permitiu aos cientistas entender melhor seu metabolismo e ambiente. Ele provavelmente vivia em locais com condições extremas, como fontes hidrotermais ou oceanos quentes, onde sobrevivia sem oxigênio, respirando através dos resíduos deixados por outros organismos.&nbsp;Curiosamente, Luca também possuía um sistema imunológico rudimentar, o que sugere que ele já enfrentava uma “corrida armamentista” com vírus, mesmo naqueles primeiros dias de vida na Terra.<h2 style="text-align:justify;">Companheiros de Luca</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/03/03220553979020.jpg" alt="A busca por Luca pode nos ajudar a entender a formação de vida em outros planetas. (fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>A busca por Luca pode nos ajudar a entender a formação de vida em outros planetas. (fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Esse <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/125495-lucy-a-ancestral-de-3-2-milhoes-de-anos-andava-ereta-e-tinha-pernas-capazes-de-escalar-arvores.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ancestral</a> universal não estava sozinho em seu mundo primitivo. Evidências sugerem que ele habitava um ecossistema diversificado e dinâmico, onde outros micróbios reciclavam matéria orgânica, criando um ambiente que permitiu que a vida florescesse.&nbsp;Além disso, é possível que existissem outros organismos vivendo na mesma época que Luca, mas que não deixaram descendentes vivos para contar sua história. Assim, nosso conhecimento sobre os primeiros passos da vida na Terra pode sempre estar incompleto.Entender como esses organismos surgiram na Terra tem implicações significativas para a busca por vida em outros planetas, sugerindo que onde quer que existam condições semelhantes, a vida pode ter surgido e prosperado.Apesar dos avanços, a pesquisa sobre Luca ainda está longe de ser conclusiva. À medida que novas tecnologias emergem e mais dados são coletados, nossa compreensão sobre esse ancestral primordial continuará a evoluir.&nbsp;Entretanto, o estudo sobre o último ancestral comum universal abriu novas portas para a ciência, revelando não apenas <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/ondas-gravitacionais-seriam-as-responsaveis-pela-origem-da-vida-na-terra" rel="noopener noreferrer" target="_blank">as raízes da vida em nosso planeta</a>, mas também a incrível complexidade dos organismos que surgiram logo após a Terra se formar. Ao continuarmos a explorar essas origens, talvez descubramos que a vida, em toda sua diversidade, começou muito mais cedo e em mais lugares do que jamais imaginamos.&nbsp;

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Desvendando Luca: o ancestral comum que conecta toda a vida na Terra

Mesmo diante das limitações e desigualdades da Idade Média, mulheres desafiavam o sistema judicial participando de duelos brutais para provar sua inocência em casos de violência sexual. 

Escondidos em manuscritos raros de bibliotecas europeias, como as da Dinamarca e da Baviera, registros visuais e escritos revelam uma prática surpreendente e brutal: duelos judiciais entre homens e mulheres na <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/128202-idade-das-trevas-afinal-a-idade-media-foi-realmente-tao-sombria.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Idade Média</a>. Essas batalhas legais, onde a justiça era decidida pela força física em vez de provas concretas, refletiam um sistema judicial que lidava com crimes sexuais de uma forma que, para nós, parece absurda e desumana.&nbsp;No entanto, para a sociedade medieval, esses confrontos eram vistos como um último recurso para a resolução de disputas sem testemunhas, especialmente em casos de estupro, sequestro e agressão sexual contra mulheres.<h2 style="text-align:justify;">Duelo por justiça</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/28/28160650059286.jpg" alt="Apesar de raras, as disputas judiciais entre homens e mulheres aconteciam na Europa Medieval. (Fonte: Hans Talhoffer, The Public Domain Review/ Divulgação)"><figcaption>Apesar de raras, as disputas judiciais entre homens e mulheres aconteciam na Europa Medieval. (Fonte: Jörg Wilhalm Huter, The Public Domain Review/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Durante os séculos XIII e XIV, em regiões como Alemanha, Áustria e Suíça, mulheres que acusavam homens de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/spycams-mulheres-sao-vigiadas-em-banheiros-publicos-na-coreia-do-sul" rel="noopener noreferrer" target="_blank">crimes sexuais</a> enfrentavam uma escolha cruel: aceitar um juramento de inocência por parte do acusado ou lutar até a morte em um duelo judicial.&nbsp;Se optassem pelo combate, o homem era colocado em uma posição desvantajosa, enterrado até a cintura em um buraco e armado com um porrete, enquanto a mulher circulava acima dele, munida de uma pedra presa na manga. A luta era brutal, e o perdedor enfrentava consequências terríveis — o homem era decapitado, enquanto a mulher tinha a mão amputada.Esses duelos não eram comuns, mas sua existência é um reflexo das dificuldades extremas enfrentadas pelas vítimas de crimes sexuais para provar sua acusação na Idade Média. Sem as ferramentas forenses modernas, como testes de DNA, as mulheres dependiam de testemunhas que tivessem ouvido seus gritos durante a agressão ou de exames médicos que inspecionavam o hímen para determinar a virgindade.&nbsp;Em um sistema onde a palavra da vítima tinha pouco peso sem provas concretas, o <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/120995-conheca-6-leis-ridiculas-da-idade-media.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">julgamento</a> por combate era uma forma drástica de buscar justiça, apelando para o que era considerado uma intervenção divina.A prática desses duelos não era exclusiva da Europa Central. Manuscritos como o Fechtbuch de Hans Talhoffer, um mestre de esgrima do século XV, descrevem essas batalhas com riqueza de detalhes. Talhoffer, que nunca testemunhou um duelo judicial pessoalmente, baseou suas ilustrações e instruções em histórias passadas e possivelmente em encenações.&nbsp;Seus <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/127910-sala-secreta-com-desenhos-de-michelangelo-sera-aberta-ao-publico.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">desenhos</a> mostram cenários em que tanto homens quanto mulheres podem sair vitoriosos, mas sempre com um subtexto de que essas lutas eram algo sério, não um espetáculo exótico ou uma mera curiosidade.<h2 style="text-align:justify;">Desigualdade real</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/28/28161433873289.jpg" alt="Ilustração representa uma mulher dominando um homem durante um duelo judicial. (Fonte: Hans Talhoffer, The Public Domain Review/ Divulgação)"><figcaption>Ilustração representa uma mulher dominando um homem durante um duelo judicial. (Fonte: Hans Talhoffer, The Public Domain Review/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>A ideia de que mulheres poderiam lutar em duelos judiciais pode parecer, à primeira vista, uma forma de <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/124540-igualdade-de-genero-em-relacionamentos-parte-da-geracao-z-aponta-melhora.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">igualdade de gênero</a> na justiça medieval. No entanto, essa "igualdade" era superficial e perigosa.&nbsp;Enquanto homens mais fracos ou inválidos podiam recorrer a campeões para lutar em seu lugar, as mulheres, em muitos casos, não tinham essa opção, especialmente em acusações de violência sexual. Isso as colocava em uma posição incrivelmente vulnerável, forçando-as a enfrentar seus agressores em condições desfavoráveis e com um grande risco de morte ou mutilação.Embora raros, os duelos judiciais entre homens e mulheres capturaram a <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/128082-6-sindromes-inacreditaveis-que-sao-frutos-da-imaginacao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">imaginação</a> popular e acadêmica por séculos. Em 1288, em Berna, uma mulher venceu seu agressor em um combate judicial, um feito tão marcante que inspirou ilustrações medievais e se manteve na memória coletiva como símbolo da luta pela justiça e pela vida.Com o passar dos séculos, esses duelos judiciais foram caindo em desuso, à medida que as sociedades começaram a buscar formas mais racionais e menos brutais de resolver disputas legais. No entanto, o legado desses combates ainda ressoa nos desafios modernos de processar crimes sexuais, onde o ônus da prova muitas vezes ainda recai pesadamente sobre a vítima.&nbsp;Ao olhar para o passado, podemos ver como as mulheres, apesar de todas as adversidades, lutavam — literalmente — por justiça em um mundo onde suas vozes eram frequentemente silenciadas.

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Mulheres lutavam em julgamentos durante a Era Medieval

Uma nova tecnologia desenvolvida por cientistas internacionais promete revolucionar a comunicação quântica.

A <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/113322-fisica-quantica-pode-explicar-dificuldade-de-humanos-em-tomar-decisoes.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">comunicação quântica</a>, que promete dados impenetráveis e altamente seguros, deu um grande passo rumo à realidade. Cientistas da Europa, Ásia e América do Sul uniram tecnologias para criar uma nova fonte de luz que gera fótons entrelaçados extremamente brilhantes, avançando no desenvolvimento de redes quânticas rápidas e seguras.A novidade está na combinação de tecnologias que, até recentemente, eram testadas separadamente. Os pesquisadores integraram um emissor de ponto quântico com um ressonador especial, criando um dispositivo que não apenas produz fótons individuais, mas também os emaranha de maneira altamente eficiente.&nbsp;O resultado é um sinal quântico com brilho intenso e alta fidelidade, essencial para a comunicação quântica, onde a segurança dos dados é garantida por propriedades únicas das partículas de luz.<h2 style="text-align:justify;">Emaranhamento para segurança</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/03/03230001789005.jpg" alt="O emaranhamento quântico ocorre quando partículas estão interligadas, independentemente da distância. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>O emaranhamento quântico ocorre quando partículas estão interligadas, independentemente da distância. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>O <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/consciencia-quantica-entrelacamento-nos-neuronios-pode-ser-a-chave-da-razao" rel="noopener noreferrer" target="_blank">emaranhamento quântico</a>, o fenômeno mágico por trás da comunicação quântica, permite que dois fótons compartilhem informações instantaneamente, não importa a distância que os separa. Isso é possível porque, uma vez emaranhados, o estado de um fóton está diretamente ligado ao estado do outro.&nbsp;"Mas qual a importância disso?", você certamente está se perguntando. Os cientistas explicam que qualquer tentativa de interceptar esses fótons emaranhados perturbaria instantaneamente o sistema, tornando impossível a quebra da criptografia sem ser detectada.&nbsp;No entanto, criar e manter esses fótons emaranhados de forma eficiente tem sido um grande desafio, principalmente devido à necessidade de fótons brilhantes e estáveis.<h2 style="text-align:justify;">Combinando tecnologias</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/03/03231434633007.jpg" alt="Será que estamos perto de concretizar a internet quântica? (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Será que estamos perto de concretizar a internet quântica? (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Até agora, as fontes tradicionais de <a href="https://www.megacurioso.com.br/fisica-e-quimica/44478-viagem-no-tempo-por-um-buraco-de-minhoca-seria-possivel-mas-so-para-fotons.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">fótons</a> emaranhados enfrentavam um dilema: geravam fótons de alta qualidade, mas com brilho insuficiente para longas distâncias de comunicação. Ou, por outro lado, conseguiam fótons muito brilhantes, mas sem a qualidade de emaranhamento necessária.&nbsp;A inovação deste novo dispositivo é que ele supera essas limitações ao combinar um ponto quântico — que emite fótons sob demanda — com um ressonador especializado e uma plataforma micromaquinada que ajusta com precisão as propriedades da luz emitida.O novo dispositivo usa um ressonador Bragg circular e um atuador piezoelétrico para otimizar a emissão de fótons. O atuador ajusta a polarização dos fótons, melhorando a coerência quântica e o emaranhamento, enquanto o ressonador Bragg reflete e <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121592-por-que-e-proibido-ultrapassar-a-velocidade-da-luz.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">amplifica a luz</a>, garantindo um brilho excepcional dos fótons.A combinação dessas tecnologias permite a criação de uma fonte de luz que não só é brilhante, mas também mantém uma alta fidelidade de emaranhamento, essencial para a comunicação quântica.<h2 style="text-align:justify;">Próximos desafios</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/03/03230228145006.jpg" alt="Aos poucos vamos aprendendo a lidar com o mundo quântico. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Aos poucos vamos aprendendo a lidar com o mundo quântico. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Embora o avanço seja promissor, ainda há desafios pela frente. As tecnologias usadas, como o arsenieto de gálio, envolvem <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128008-os-7-elementos-mais-mortais-da-tabela-periodica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">materiais tóxicos</a> que requerem manejo especializado. Além disso, a escalabilidade dessa tecnologia para aplicações comerciais ainda precisa ser desenvolvida.&nbsp;Porém, a criação de fótons brilhantes e emaranhados sob demanda é um passo crucial para a construção de redes quânticas práticas. Estas redes têm o potencial de transformar a maneira como transmitimos dados, oferecendo uma segurança sem precedentes para governos, instituições financeiras e até mesmo para a comunicação cotidiana.Agora, os cientistas planejam fazer a integração de uma estrutura semelhante a um diodo no atuador piezoelétrico. Esse aprimoramento visa gerar um <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/cientistas-detectam-campo-eletrico-invisivel-na-terra-pela-1-vez" rel="noopener noreferrer" target="_blank">campo elétrico</a> que neutralize a decoerência, aumentando ainda mais o emaranhamento e, consequentemente, a eficácia da comunicação.&nbsp;Embora ainda distantes de uma internet quântica funcional, o progresso atual indica que estamos no caminho certo para transformar a teoria quântica em realidade. A pesquisa não só possibilita comunicação segura, mas também estabelece uma base sólida para futuros avanços na tecnologia quântica.

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Internet quântica: a revolução na comunicação está ao nosso alcance

Cérebros mumificados revelam o surpreendente uso de folha de coca na Europa do século 17.

O uso de cocaína na Europa é geralmente associado ao século 19, quando a droga foi isolada quimicamente das <a href="https://www.megacurioso.com.br/publicidade-e-marketing/40390-tem-coca-ai-na-geladeira-mas-sera-que-tem-cocaina-na-coca-cola-.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">folhas de coca</a>. No entanto, uma descoberta recente está desafiando essa linha do tempo. Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Milão encontrou evidências surpreendentes em cérebros mumificados de dois indivíduos enterrados em uma cripta do século 17.&nbsp;Essas amostras revelaram a presença de diversos componentes encontrados nas folhas de coca, indicando que a planta, de onde a cocaína é derivada, estava sendo consumida na Europa dois séculos antes do que se acreditava.<h2 style="text-align:justify;">Alcaloides nos cérebros</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/31/31164030242000.jpg" alt="As folhas da coca já eram usadas na Europa bem antes do que se pensava. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Um dos efeitos da folha da coca é "enganar" a fome. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>As folhas de coca têm sido usadas na <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126867-humanos-ja-habitavam-a-america-do-sul-ha-25-mil-anos-sugere-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">América do Sul</a> há milhares de anos, tanto para fins medicinais quanto recreativos. Os conquistadores espanhóis, ao chegarem ao continente, logo tomaram conhecimento das propriedades psicoativas da planta.&nbsp;Os espanhóis tentaram inicialmente suprimir o uso da coca, mas acabaram reconhecendo seu valor e a utilizaram para fortalecer seu domínio. Ainda assim, acreditava-se que a planta não havia sido disseminada na Europa até o século 19, quando químicos finalmente conseguiram isolar a cocaína em sua forma pura. A descoberta dos pesquisadores italianos, no entanto, sugere que essa narrativa pode estar incompleta.&nbsp;Os dois cérebros mumificados, preservados em uma cripta ligada ao hospital Ospedale Maggiore&nbsp;— um dos principais hospitais italianos do séc. 17 —, mostram que a cocaína já estava presente na Europa naquela época. Isso porque os tecidos dos cérebros analisados tinham a presença dos principais alcaloides existentes na folha de coca: cocaína, benzoilecgonina (um metabólito da cocaína) e higrina.&nbsp;Embora não haja registros históricos que confirmem o uso de coca no Ospedale Maggiore, a presença de higrina nos cérebros sugere que as folhas foram mastigadas ou usadas para fazer chá pouco antes da morte dos indivíduos. Essa hipótese é considerada a mais provável porque a higrina, presente nas folhas de coca, mas ausente na <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/128867-griselda-blanco-a-rainha-da-cocaina-que-conspirou-para-matar-filho-de-jfk.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cocaína</a> purificada, indica que os indivíduos consumiram a planta em sua forma natural.É importante ressaltar que a cripta em questão é um verdadeiro tesouro arqueológico, contendo os restos mortais de cerca de 10 mil pessoas, muitas delas pacientes pobres que foram tratados no hospital. Isso levanta uma questão intrigante: como as folhas de coca, uma planta nativa da América do Sul, chegaram às mãos de pessoas comuns na Itália naquela época?<h2 style="text-align:justify;">Mercado espanhol</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/31/31165728239001.jpg" alt="Mascar folha de coca é algo comum em países da América do Sul. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Mascar folha de coca é algo comum em países da América do Sul. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Milão, durante o século 17, estava sob controle espanhol, o que ajuda a explicar como a planta pode ter chegado à cidade. O comércio marítimo entre a América do Sul e a Europa estava em expansão, e as "plantas exóticas" do Novo Mundo, como a coca, certamente despertaram interesse.&nbsp;Os marinheiros espanhóis, por meio de seus contatos com diferentes povos do nosso <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/107034-mais-misterioso-que-atlantis-conheca-lemuria-o-continente-perdido.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">continente</a>, especialmente os andinos, aprenderam sobre os diversos usos da folha de coca. Eles sabiam, por exemplo, que a planta era usada principalmente para aliviar a fome e a fadiga.Apesar de a descoberta ser impressionante, ela também levanta mais perguntas do que respostas. Por exemplo, não se sabe ao certo se o uso da coca em Milão era medicinal ou recreativo.&nbsp;É possível que os médicos do Ospedale Maggiore, conhecidos por suas práticas avançadas, tenham adotado o uso da coca para tratar alguns pacientes, já que os sul-americanos usavam tradicionalmente as folhas de coca para diversos fins medicinais, incluindo como <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/128397-qual-e-a-diferenca-entre-paracetamol-e-ibuprofeno.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">analgésico</a>.&nbsp;Por outro lado, o&nbsp;fato que as folhas de coca estavam acessíveis até para os mais pobres sugere que seu uso poderia ter sido mais difundido do que se imaginava. Se isso for verdadeiro, é sinal de que a folha de coca tinha muito mais entrada no continente europeu do que os especialistas suspeitavam.&nbsp;Cabe lembrar que nessa mesma cripta do Ospedale Maggiore já foram encontrados vestígios de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121828-vicio-em-opio-tambem-assolou-as-sociedades-ancestrais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ópio</a> e canábis, mostrando que há muito a ser descoberto sobre os procedimentos médicos utilizados no hospital naquela época, bem como quais eram algumas das práticas da sociedade.

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Cocaína era usada na Europa 200 anos antes do que se pensava

Cientistas descobriram uma proteína capaz de reparar danos no DNA, abrindo caminho para novas vacinas contra o câncer e avanços na engenharia genética.

Cientistas da Western University, no Canadá, fizeram uma descoberta que pode mudar a forma como <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/125518-5-grandes-avancos-historicos-na-luta-contra-o-cancer.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tratamos e prevenimos o câncer</a>. Eles encontraram uma proteína incrível chamada DdrC, que tem o poder de interromper e reparar danos no DNA de maneira extremamente eficaz. Esta descoberta pode não só revolucionar a engenharia genética, como também abrir portas para novas vacinas contra o câncer.A proteína foi identificada na bactéria Deinococcus radiodurans, uma pequena sobrevivente conhecida por sua resistência extrema. Essa bactéria pode aguentar radiações milhares de vezes mais intensas do que aquelas que matariam uma célula humana. É como se, em vez de se ferir gravemente, a bactéria simplesmente ignorasse o dano e continuasse em frente.&nbsp;<h2 style="text-align:justify;">Proteína&nbsp;</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/31/31160345536000.jpeg" alt="Como a DdrC detecta danos no DNA e ajusta sua estrutura, segundo o modelo proposto. (Fonte: Robert Szabla et al. / Divulgação)"><figcaption>Como a DdrC detecta danos no DNA e ajusta sua estrutura, segundo o modelo proposto. (Fonte: Robert Szabla et al. / Divulgação)</figcaption></figure></figure>O segredo por trás dessa resiliência da <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/127121-fasciite-necrosante-saiba-tudo-sobre-a-infeccao-da-bacteria-carnivora.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bactéria</a> é a DdrC (proteína C de resposta a danos no DNA, em português), uma proteína que não só detecta danos no DNA, mas também os neutraliza de maneira impressionante, impedindo que o pior aconteça. Os pesquisadores descobriram que essa proteína é capaz de se ligar a quebras no DNA, parar o dano e sinalizar para que outros mecanismos celulares façam o reparo necessário.&nbsp;No caso de nós, humanos, caso haja mais de uma quebra no nosso genoma, ele não consegue se consertar por si só e morre. Mas com o DdrC entrando em cena, as células ganham uma grande ajuda para reparar múltiplas quebras, impedindo o colapso do sistema. Isso é algo incrível.&nbsp;&nbsp;Em testes com a bactéria Escherichia coli, que normalmente não lida bem com radiação UV, a adição da DdrC aumentou a resistência da bactéria em mais de 40 vezes. Isso mostra que a <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/122673-como-a-ativacao-de-uma-proteina-pode-desencadear-o-cancer.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">proteína</a> tem um potencial tremendo para ser utilizada em outros organismos, incluindo humanos.Obviamente que essa descoberta levanta também um sinal de alerta, pois a proteína pode acabar gerando bactérias mais resistentes aos medicamentos disponíveis. Por isso, caso a DdrC se mostre realmente eficaz, o seu manejo ético precisará ser posto em pauta.&nbsp;<h2 style="text-align:justify;">Mil possibilidades</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/31/31160806813001.jpg" alt="A possibilidade de o DdrC estabilizar rupturas no DNA pode ser um divisor de águas. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>A possibilidade de o DdrC estabilizar rupturas no DNA pode ser um divisor de águas na engenharia genética. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>O impacto dessa descoberta vai muito além de simplesmente reparar DNA danificado. A capacidade de corrigir lesões no DNA pode ser a chave para desenvolver novas vacinas contra o câncer, ao criar um sistema que constantemente patrulha e corrige danos celulares antes que eles possam se transformar em câncer.&nbsp;Isso poderia ser um avanço revolucionário na <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123882-por-que-medicos-do-seculo-xx-removiam-partes-saudaveis-de-corpos-humanos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">medicina preventiva</a>, já que teríamos um mecanismo de defesa robusto funcionando dentro das nossas células, prevenindo mutações e doenças antes mesmo que elas comecem.&nbsp;Além disso, essa tecnologia tem potencial para transformar a engenharia genética e a agricultura. Se conseguirmos introduzir a DdrC em plantas, por exemplo, poderemos criar culturas mais resistentes a condições adversas, como as mudanças climáticas. A possibilidade de tornar as plantas mais fortes em face de estresses ambientais é um benefício significativo para a segurança alimentar global.E não para por aí. Os pesquisadores também estão animados com a perspectiva de explorar outras proteínas na Deinococcus radiodurans. A DdrC é apenas uma das centenas de proteínas potencialmente úteis nessa bactéria resistente. O próximo passo é investigar o que mais essa célula utiliza para manter seu <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/peixe-sulamericano-tem-o-maior-genoma-ja-sequenciado-entre-todos-os-animais" rel="noopener noreferrer" target="_blank">genoma</a> intacto, o que pode levar a novas descobertas e aplicações.A descoberta da proteína DdrC é um marco científico que abre novas possibilidades na biotecnologia, com potencial para transformar nossa saúde e agricultura. Essa proteína exemplifica como avanços científicos podem impactar profundamente nossas vidas, aproximando-nos de vacinas contra o câncer e culturas mais resistentes.

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Proteína revolucionária pode ser a chave para vacinas contra o câncer

Cientistas revelam que o núcleo interno da Lua é sólido e semelhante ao da Terra, trazendo novas pistas sobre a evolução do nosso satélite natural e do Sistema Solar.

Cientistas finalmente revelaram um dos grandes <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/universo-espelho-a-teoria-do-antiuniverso-que-corre-ao-contrario-no-tempo" rel="noopener noreferrer" target="_blank">mistérios da astronomia</a>: o que há, de fato, no interior da Lua. Uma pesquisa recente, liderada pelo astrônomo Arthur Briaud e publicada em maio de 2023, revelou que o núcleo interno da Lua é sólido e possui uma densidade semelhante à do ferro. Essa descoberta encerra um longo debate sobre a natureza do coração lunar, que há anos dividia a comunidade científica entre a possibilidade de um núcleo sólido ou fundido.O estudo de Briaud e sua equipe, baseado em dados de missões espaciais e experimentos de alcance a laser lunar, revelou que o núcleo lunar é muito similar ao da Terra, com uma camada externa fluida e um núcleo interno sólido.<h2 style="text-align:justify;">Por dentro da Lua</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/28/28151557758273.jpg" alt="Próximas missões na Lua trarão mais informações sobre a constituição do satélite. (Fonte: Nasa/ Divulgação)"><figcaption>Próximas missões na Lua trarão mais informações sobre a constituição do satélite. (Fonte: Nasa/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Mais especificamente, o núcleo externo da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128738-e-possivel-enviar-cinzas-de-mortos-para-a-lua-veja-como-fazer-e-quanto-custa.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Lua</a> tem um raio de aproximadamente 362 quilômetros, enquanto o núcleo interno mede algo perto de 258 quilômetros, constituindo cerca de 15% do raio total da Lua. Essa estrutura confirma teorias anteriores, sugerindo que a Lua e a Terra compartilham processos geológicos semelhantes, o que traz implicações fascinantes sobre a história e a evolução desses corpos celestes.Além disso, o estudo propõe que a Lua passou por uma "reviravolta" em seu manto, uma atividade onde materiais mais densos se movem em direção ao centro enquanto os menos densos sobem para a superfície. Esse movimento interno pode explicar a presença de certos elementos nas regiões vulcânicas da Lua e sugere que o interior lunar é mais dinâmico do que se imaginava.Outro ponto interessante que a descoberta mostra é o impacto do núcleo sólido na história magnética da Lua. Sabemos que, nos primeiros bilhões de anos do Sistema Solar, a Lua possuía um <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128549-descoberta-de-cidade-destruida-da-biblia-e-confirmada-usando-o-campo-magnetico-da-terra.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">campo magnético</a> poderoso, semelhante ao da Terra, que começou a enfraquecer há cerca de 3,2 bilhões de anos.&nbsp;Os campos magnéticos são geralmente gerados pelo movimento e convecção dentro do núcleo de um planeta ou lua, e a presença de um núcleo sólido, combinado com uma camada fluida, teria sido crucial para a geração desse campo. No entanto, à medida que o núcleo esfriou, o campo magnético enfraqueceu e eventualmente desapareceu.<h2 style="text-align:justify;">Próximas missões</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/28/28151111654271.jpg" alt="Nave Orion observa a Lua e a Terra durante a missão Artemis I. (Fonte: Nasa/ Divulgação)"><figcaption>Nave Orion observa a Lua e a Terra durante a missão Artemis I. (Fonte: Nasa/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Essa descoberta é particularmente relevante no contexto das futuras missões à Lua. Com a humanidade planejando um retorno ao nosso satélite, como parte do <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128781-a-lua-esta-encolhendo-abalos-sismicos-ameacam-astronautas-da-missao-artemis.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">programa Artemis</a> da NASA, entender melhor a estrutura interna da Lua pode ser essencial para o sucesso dessas missões.&nbsp;A confirmação de um núcleo sólido não só melhora nossa compreensão da geologia lunar, mas também pode guiar futuras explorações, ajudando a identificar áreas de interesse para estudos sísmicos mais detalhados.A investigação do núcleo lunar, que já tinha sido sugerida por pesquisas anteriores, agora ganha novos contornos com a confirmação de Briaud e sua equipe. A densidade do núcleo (7.822 quilos por metro cúbico), muito próxima à do ferro, e a semelhança com o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128454-nucleo-da-terra-oscila-a-cada-8-anos-e-meio-sugere-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">núcleo terrestre</a>, reforçam a hipótese de que Lua e Terra compartilham uma história comum, possivelmente moldada por eventos e processos geológicos similares há bilhões de anos.No fim das contas, a Lua, nosso vizinho celestial mais próximo, ainda tem muito a nos ensinar. Essa descoberta não apenas esclarece dúvidas sobre a composição lunar, mas também abre portas para novas perguntas sobre a formação e evolução de corpos celestes no Sistema Solar.&nbsp;

Victor Soares