Artes/cultura
06/09/2018 às 03:00•3 min de leitura
Imagine você andando tranquilamente em uma praia e dando de cara com um bicho desses? Para a nossa sorte, o caranguejo-do-coco não pode ser encontrado no Brasil, pois ele é uma espécie exclusiva de ilhas paradisíacas do Oceano Índico e Pacífico, incluindo a Austrália continental e Madagascar.
Apesar de ser um caranguejo, ele é do tipo terrestre e é capaz de tocar o terror na vizinhança do lugar em que vive. Conhecida também como caranguejo-ladrão (ou também ladrão-de-coco), a espécie chamada de Birgus latro adora passear por áreas habitadas e roubar latões de lixo e o que mais tiver pela frente para ela comer.
Fonte da imagem: Reprodução/Scribol
Porém, o alimento favorito mesmo desse animal é o coco, que ele destrincha facilmente com suas imensas garras e pinças. Por isso ele ganhou o seu nome de caranguejo-do-coco — e também pela sua facilidade em subir nos coqueiros.
Fonte da imagem: Reprodução/WIRED
Você viu o tamanho desse bicho? O caranguejo-do-coco é o maior artrópode que vive em terra do mundo, alcançando um peso de até quatro quilos e meio. Ele pode crescer por mais de um metro de envergadura, sendo a única espécie do gênero Birgus que está relacionada com os ermitões terrestres do gênero Coenobita.
Esses animais apresentam uma série de adaptações para a vida em terra, como o seu rígido exoesqueleto que se estende até o abdômen.
Se em alguma viagem você avistasse um desses e resolvesse jogá-lo no mar, essa não seria uma boa ideia, pois essa espécie não é capaz de nadar ou sobreviver no oceano, apesar de começar o seu ciclo de vida por lá. Eles se afogam rapidamente em poucos minutos submersos na água. Mas não pense que eles são menos “sagazes” por conta disso.
Fonte da imagem: Reprodução/Flickr-S_Glenum
Os caranguejos-do-coco desenvolveram um agudo senso de olfato, que evoluiu de forma convergente com o dos insetos e que eles usam para encontrar fontes de alimento em potencial. Os caranguejos que vivem na água têm órgãos chamados estetascos em suas antenas para determinar tanto a concentração quanto a direção de um cheiro.
No entanto, como os caranguejos-do-coco vivem sobre a terra, os estetascos em suas antenas são mais curtos e mais diretos do que os de espécies aquáticas, se parecendo mais com os de insetos. Com isso, eles podem detectar odores interessantes a grandes distâncias e buscar a sua comida com mais eficácia.
Além dessa vantagem, a expectativa de vida dos caranguejos-do-coco é bastante alta, sendo que eles podem alcançar seu tamanho máximo com a idade entre 40 e 60 anos — isso se não encontrar nenhum predador ou um ser humano aterrorizado pela frente. Há relatos de alguns exemplares que já foram registrados com mais de cem anos de idade.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
Como um artrópode, o caranguejo-do-coco usa seu exoesqueleto e o troca de tempos em tempos à medida que ele cresce. Por isso, em média uma vez por ano ele busca a segurança de uma toca para trocar de “casca”.
É nesse período em que ele fica mais vulnerável??, pois, uma vez que sai desta casca rígida, para acelerar o desenvolvimento da sua nova armadura, ele consome seu antigo exoesqueleto. Pode se dizer que ele é um caranguejo sustentável.
Segundo a bióloga Michelle Drew contou ao site da revista WIRED, os caranguejos que são perturbados antes de completarem esse ciclo muitas vezes têm os exoesqueletos mais frágeis até terem tempo necessário para acumular o cálcio e outros minerais.
Para alimentar todo esse crescimento, o caranguejo come o que vê pela frente, indo atrás de seu coco favorito, outras frutas e vegetação, além de carniça de aves mortas e outros caranguejos. Foi observando o seu comportamento de caça que a bióloga Drew registrou alguns caranguejos emboscando frangos jovens e, segure as lágrimas, até gatinhos.
Apesar de seu tamanho bizarro, pinças perigosas e armadura formidável, essa espécie está em risco de extinção. Há milhões de anos, esses caranguejos viviam tranquilamente em ilhas sem grandes mamíferos predadores, permitindo-lhes atingir as proporções incríveis de suas dimensões. Isso passou a mudar, quando a invasão humana bagunçou a cadeia alimentar da vida dessa espécie.
Além de atrapalhar o seu ciclo de vida, alguns países consomem este caranguejo como uma iguaria afrodisíaca. "É por isso que eles estão desaparecendo. A maioria das ilhas agora tem porcos, cães e seres humanos, que podem caçá-los”, disse a bióloga Drew.
Estratégias de conservação têm sido postas em prática em algumas regiões, tais como restrições de limite de tamanho mínimo legal para caça em Guam e Vanuatu, e uma proibição da captura de fêmeas portadoras de ovos em Guam e nos Estados Federados da Micronésia.
No Norte Ilhas Marianas, a caça dos adultos que não carregam os ovos com um tamanho de carapaça acima de 30 mm pode ocorrer em setembro, outubro e novembro, e somente com uma licença especial.
*Publicado originalmente em 11/03/2014.
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