Saúde/bem-estar
20/12/2018 às 05:00•5 min de leitura
Quem é que não quer ser benquisto entre as pessoas com as quais mais convive? Colegas de trabalho, professores, amigos, vizinhos, familiares... é socialmente importante nos darmos bem com essas pessoas, mas isso não quer dizer que essa seja uma tarefa fácil. Muito pelo contrário.
A revista Time publicou uma série de dicas que podem fazer com que você melhore suas relações interpessoais ou, quem sabe, se torne uma pessoa com mais amigos. As dicas foram dadas por Robin Dreeke, que estudou os mais diversos tipos de relacionamentos durante quase 30 anos e, como se não bastasse, é considerado uma espécie de ninja comportamental do FBI. Ou seja: talvez esse cara saiba do que está falando. Não nos custa nada descobrir o que ele tem para dizer:
Na primeira vez que conversar com uma pessoa, busque conhecer alguns dos pensamentos e das opiniões dela. Faça perguntas, escute e não demonstre, de forma alguma, qualquer tipo de julgamento. “Não significa que você concorda com a pessoa”, explica Dreeke, que defende a ideia de que a primeira conversa serve para conhecermos o máximo possível sobre alguém. Não julgar significa respeitar, e todo mundo gosta de ser respeitado.
Digamos que você escute algo com que não concorde ou de que não entenda. Em vez de franzir a testa ou fazer cara feia, o ideal é dizer algo como: “Nossa, isso é realmente interessante. Nunca tinha pensado sob esse ponto de vista. Ajude-me a entender como você chegou a esse pensamento”. Então, não apenas você está respeitando como demonstrou interesse. Ponto para você.
Fazer com que as pessoas se sintam confortáveis para falar a respeito delas mesmas é um grande negócio. Na verdade, algumas pesquisas já sugeriram que muita gente por aí tem mais prazer falando sobre a própria vida do que comendo ou gastando dinheiro. Pois é.
Se tem uma coisa que as redes sociais nos ensinaram é que seres humanos têm uma necessidade muitas vezes incontrolável de provar que o outro está errado. Se você é do tipo que adora pescar pontos contraditórios no discurso alheio para depois apontar os erros nas fuças do interlocutor, saiba que, bem... Você é um chato. E não deve fazer isso, caso queira que a pessoa com quem você está conversando vá com a sua cara.
“Suspender seu ego é colocar suas necessidades, desejos e opiniões de lado. É, conscientemente, ignorar seu desejo de estar correto e corrigir uma pessoa. Não significa permitir que você seja emocionalmente sequestrado por uma situação em que você pode não concordar com os pensamentos, opiniões ou ações de alguém”, explica o especialista. Ou seja: não há problema em guardar sua opinião para você mesmo. É, inclusive, bom.
Não estamos dizendo que você precisa se comportar como uma mosca morta e aceitar tudo o que ouvir por aí. A questão é que é preciso ter noção das coisas, e pessoas que vivem batendo boca ou corrigindo os erros alheios geralmente não são as mais queridas em um grupo – repare.
Neurocientificamente, isso também tem uma explicação: nosso cérebro “desliga” ao ouvir de alguém que estamos equivocados. O lado racional fica abatido e nos preparamos para a briga. A lógica aqui é bem simples: se você quer que a pessoa goste de você, espere ter mais intimidade para discordar dela e, quando fizer isso, seja coerente.
Já falamos que as pessoas adoram falar delas mesmas e, justamente por isso, quando encontram alguém disposto a ouvir o que dizem, a conexão se estabelece quase que naturalmente. Ser um bom ouvinte, no entanto, não é exatamente simples – afinal, se todo mundo ama falar sobre si mesmo, por que com você seria diferente?
É por isso que você precisa entender bem o que significa ser um bom ouvinte. Não quer dizer que o interlocutor vai fazer um monólogo, e você vai ficar olhando, mudo. Na verdade, o ideal é prestar atenção no que o outro diz e não ficar medindo palavras: o diálogo precisa fluir, e ser um bom ouvinte significa fazer comentários e perguntas interessantes, pertinentes.
“O que você deve fazer é o seguinte: assim que tiver uma história ou ideia que gostaria de dividir, não faça isso. Conscientemente, diga para você mesmo: ‘Eu não vou dizer isso’. Tudo o que você deve fazer é se perguntar: ‘Qual ideia ou pensamento que a pessoa mencionou eu acho fascinante e quero explorar?’”, recomenda Dreeke.
Quando você diz para uma pessoa falar mais a respeito de um determinado assunto, ela automaticamente passa a gostar mais de você e, inclusive, vai sentir necessidade de ajudá-lo. Algumas pesquisas já comprovaram isso.
Dreeke conta que perguntas intrigantes e consideradas boas são aquelas que questionam os últimos grandes desafios das pessoas. Nesse sentido, vale perguntar quais foram os maiores desafios que alguém enfrentou no trabalho, na faculdade ou ao morar em determinada região. “Todo mundo passa por desafios. Isso [perguntar sobre eles] faz com que as pessoas revelem suas prioridades em determinado ponto da vida”, garante o expert.
Fazer perguntas é tão importante que já se sabe, por exemplo, que pedir conselhos é uma ótima forma de influenciar alguém. Então, além da questão dos desafios, é vantajoso mostrar interesse pela opinião da outra pessoa e, se possível, perguntar o que ela faria se estivesse no seu lugar com relação a alguma coisa. Pedir conselhos é bom para os dois lados.
Conhecer alguém nem sempre é a tarefa mais fácil. Então, para evitar a fadiga, você pode achar uma brecha para dizer que está indo embora em breve. Para Dreeke, o primeiro diálogo precisa conter algumas informações bastante específicas: quem é você, o que você quer e quando você está indo embora.
Essa questão tem a ver com segurança e controle. Para entender bem, é só mudar o ponto de vista e compreender que, da mesma forma que você não se sentiria confortável se uma pessoa completamente estranha começasse um diálogo bizarro, os outros também não se sentem.
Ao saber que a pessoa está indo embora em breve, surge essa sensação de controle da situação. E aí é normal que a conversa siga de maneira mais natural e relaxada. Depois, se for o caso, você muda o discurso e pergunta se a pessoa não se incomodaria se você ficasse mais um pouco.
Da mesma maneira que você precisa ser um bom ouvinte, fazer perguntas interessantes e pedir conselhos, é importante prestar atenção naquilo que seu corpo diz mesmo quando você está de boca fechada.
Nesse sentido, a coisa mais importante é sorrir – uma das formas mais simples de conseguir a confiança de alguém. Se você sorrir lentamente, melhor ainda. O sorriso é realmente contagioso, e já se sabe, por exemplo, que ver determinadas pessoas sorrindo dá ao nosso cérebro o mesmo prazer que ele teria se comêssemos 2 mil barras de chocolate. Taí uma dica para a dieta nova: substituir chocolates por sorrisos.
Outros sinais que ajudam: deixar o queixo apontado para baixo um pouquinho e inclinar a cabeça para o lado de vez em quando. Além disso, é bom não ficar totalmente de frente para a pessoa – isso é intimidador.
Enquanto estiver falando, deixe a palma das mãos para cima – esse gesto é interpretado pela pessoa com quem você está conversando como “eu estou ouvindo o que você diz e estou aberto a novas ideais”. Levantar as sobrancelhas de vez em quando também é positivo. Nada de franzir a testa ou morder os lábios: isso demonstra estresse.
Às vezes, não adianta: acabamos tendo que interagir mesmo com aquelas pessoas que não nos inspiram confiança. Aliás, se a sensação for a de que alguém está tentando manipular você, é preciso saber o que fazer, certo?
Dreeke explica que, nessas situações, a primeira coisa a ser feita é esclarecer quais são os objetivos de cada pessoa. Ele até nos mostra um modelo do que pode ser dito: “Você está usando palavras muito boas comigo. Obviamente você é muito habilidoso no que faz, mas eu estou realmente curioso: qual é o seu objetivo? O que você está tentando alcançar? Eu estou aqui com os meus objetivos, mas obviamente você precisa alcançar os seus. Então, se você me contar que objetivos são esses, nós podemos começar a partir daí e ver se conseguimos cuidar deles mutualmente. Se não der, tudo bem”.
A dica maior é focar sempre na sinceridade, não em truques ou joguinhos. É dessa forma que as pessoas vão começar a respeitar você; afinal, ao falar a verdade, você demonstra fragilidade – é normal respeitarmos quem tem coragem para fazer isso.
Quando as pessoas falam a respeito de qualidades fundamentais em um amigo, um parceiro amoroso ou um colega de trabalho, a palavra “sinceridade” não é facilmente listada? Pois é. Ser sincero vale realmente a pena.
*Publicado em 23/07/2015