Já chegamos ao limite: expectativa de vida não sobe desde a década de 1990

06/10/2016 às 10:292 min de leitura

A longevidade humana é assunto do interesse de todos, e uma pesquisa revelou que a pessoa que viveu por mais tempo no mundo foi a francesa Jeanne Calment, que chegou aos 122 anos de idade. Desde a morte dela, em 1997, ninguém mais conseguiu bater esse recorde.

Assim como acontece com alguns recordes olímpicos, chega um momento em que fica praticamente impossível ultrapassar alguma marca específica, e agora essa realidade chegou à longevidade humana e à nossa biologia, que, ainda que seja extremamente complexa e eficiente, tem também suas limitações em termos evolutivos.

A conclusão de que a idade de Calment é a máxima possível faz parte de uma pesquisa feita por cientistas da Escola de Medicina Albert, de Nova York, nos EUA. Essa questão, inclusive, é uma das que diferenciam a vida humana da de outros animais, já que para nós o tempo máximo de vida não pode ser alterado por meio de interferências genéticas ou pelo uso de drogas.

Limitações

De acordo com os autores do estudo, até a década de 1990 houve aumento da expectativa de vida – em 1860 era de 101 na Suécia; e em 1990, já era de 108. Na década seguinte, no entanto, podemos observar uma estagnação nos limites máximos de idade depois do recorde de Calment. Para os cientistas, isso seria a prova de que temos um teto, em termos de idade, e de que ele é fixo.

Segundo o autor do estudo, Jan Vijg, a evolução humana produziu inúmeros sistemas que nos protegem de ameaças externas, estresse, falhas de processos moleculares, mas que, em longo prazo, acabam nos impedindo de viver mais.

“O problema é que cada espécie desenvolve sistemas de proteção adaptados às suas possibilidades de sobrevivência na natureza. Os ratos são muito frágeis e por isso têm uma expectativa de vida muito baixa. Nós, humanos, no entanto, graças em parte ao nosso cérebro, incrementamos as nossas possibilidades de sobreviver, e por isso o nosso sistema evoluiu para viver mais tempo”, disse Vijg quando explicou por que, diferente de outros animais, não podemos fazer mudanças que nos garantam longos períodos a mais de vida.

Ele explicou, ainda, que são milhares os sistemas que definem o tempo máximo de vida da espécie humana e que, quando eles começam a apresentar falhas, é difícil que o corpo consiga arrumar tudo, e a deterioração simplesmente acontece. “Esquecer de tomar apenas um dos milhares de medicamentos que seriam necessários para manter todos esses sistemas em funcionamento já levaria à morte”, completou.

Mortais

“O que parece ser um limite natural é um efeito colateral indesejado dos programas genéticos estabelecidos para as atividades do início da vida”, afirma o pesquisador Jay Olshansky, da Universidade de Illinois, nos EUA, em outro estudo sobre o tema.

Olshansky explica que todos os mecanismos que nos dão vida e saúde são resultados de uma história inteira de evolução. “Não existe um limite estipulado a partir do qual os humanos não conseguem viver. Mas existem, contudo, limites para a duração da vida que são impostos por outras características genéticas da nossa história vital”, disse ele. Da mesma maneira, seguindo a lógica da comparação do recorde Olímpico, há um ponto a partir do qual o corpo humano simplesmente não consegue ultrapassar.

De qualquer forma, como estamos em constante evolução e os estudos sobre longevidade ficam cada vez mais completos, é possível, sim, que cheguemos a desenvolver métodos de viver mais. Aí, nesse sentido, fica a pergunta: as pessoas realmente querem passar dos 122 anos vividos por Calment? Você, leitor, gostaria de viver tanto assim?

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