A incrível relação entre o cérebro humano e a linguagem visual

18/06/2015 às 10:153 min de leitura

Se você não tem o costume de questionar o que há por trás das informações que chegam até você, talvez tudo o que dissermos aqui acabe soando bizarro demais, mas ainda assim vale a pena aprender o sentido de algumas questões propostas pela semiótica, por exemplo.

Quem já estudou semiótica alguma vez pode torcer o nariz quando a palavra aparece – principalmente se esse estudo foi fez parte de alguma pesquisa obrigatória, não realizada por vontade própria. Agora para profissionais da área de comunicação em geral, o termo não assusta tanto assim.

No cinema, por exemplo, a forma como os atores estão dispostos diante das câmeras, a maneira como a iluminação é planejada, a sonoplastia, a disposição dos móveis no cenário são alguns dos fatores que carregam conceitos de semiótica acoplados. Tudo aquilo que passa uma mensagem por meio de símbolos pode ser estudado pela semiótica.

Aliás, nesse campo falamos também de signos, que não têm nada a ver com astrologia, mas com tudo o que representa algo: uma letra é um signo, uma música é um signo, um quadro é um signo. Entendendo isso fica muito mais simples compreender a forma como a ciência, que também se apoia na semiótica e vice-versa, conseguiu explicar o funcionamento do cérebro humano, inclusive com relação à maneira como ele interpreta estímulos visuais que recebemos a todo o momento.

No caso do cinema, a semiótica ajuda o diretor a fazer com que o telespectador interprete como uma cena fotograficamente verdadeira o que, na verdade, é o resultado de cenários, atores, iluminação e experiências falsas.

Quando o assunto é design, a coisa é igualmente pensada e planejada. Para passar uma ideia rápida, como criar os ícones do iPhone, muitos dos símbolos utilizados são antigos, pois nosso cérebro já está acostumado com eles – ou você vê muita gente por aí usando a máquina fotográfica que simboliza a câmera do iPhone? O próprio ícone “telefone”, do iPhone, não é um símbolo atual, você já reparou? Isso sem falar no envelope do ícone “e-mail”.

Isso não acontece apenas na linguagem visual. O filósofo Ludwig Wittgenstein reparou algo curioso com relação à linguística: a palavra “jogos” é utilizada em diversas situações (jogos de mesa, jogos olímpicos, jogos de inverno, jogos de azar), mas não tem o mesmo denominador comum. A usamos, na verdade, porque estamos acostumados com ela, e porque nosso cérebro a associa facilmente.

Estudos mais recentes já indicaram que questões culturais e de linguagem podem influenciar a forma como percebemos imagens. As pessoas tendem a perceber coisas influenciadas pela maneira como aprenderam a pensar – por isso os indianos acham natural que a vaca seja um animal sagrado, por exemplo, enquanto outras culturas não entendem como isso é possível. A representação visual de uma vaca pode, portanto, ser diferente na Índia e no Brasil.

Quando comparamos linguagem visual com a linguagem escrita e falada, podemos perceber que a língua escrita e falada muda constantemente – ou você não acha engraçado sua avó contando que quando ela era jovem, o cara bonito era chamado de “pão”? Dinâmica, a língua acompanha mudanças frequentemente, então por que será que a questão visual, como os ícones do iPhone, ainda tem esse pé no passado?

A questão é que linguagem não é apenas aquilo que se fala, lê ou escreve. Todo o contexto de um discurso, um diálogo, um show, uma peça de teatro é também linguagem. Toda imagem é uma linguagem, tanto é assim que nosso cérebro cria imagens – a própria palavra “imaginação” já sugere isso.

Linguagem visual, por si só, é tudo aquilo que estabelece comunicação por meio da utilização de elementos visuais – nesse sentido, estão presentes definições de percepção, compreensão e produção de sinais visíveis. Resumindo: pessoas não conseguem apenas dizer o que pensam, elas conseguem visualizar o que pensam. Graças a essa capacidade, conseguimos entender mapas, por exemplo.

Aliás, usando o mesmo caso dos mapas, você já pensou que esses materiais são feitos a partir de elementos como linhas, formas, cores, textura, padrão, direção, orientação, escala, ângulo, espaço e proporção? Isso tudo para a criação de um simples localizador.

Logicamente, algumas pessoas têm mais facilidade em treinar ou trabalhar com o lado visual do pensamento. De novo, voltamos aos designers, que visualizam seus projetos mentalmente antes de colocá-los em prática. O fato é que seres humanos têm essa capacidade de modelar expressões, pensamentos e sentimentos por meio de desenhos, rascunhos, construções, atuações e outras tantas formas de comunicação.

Se de vez em quando nos apegamos a padrões antigos é pela comodidade presente em reutilizar algo que já deu certo antes. E você, já tinha pensado na linguagem dessa maneira?

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