Estilo de vida
15/06/2016 às 11:11•3 min de leitura
O inverno de 2016 ainda nem começou, mas as notícias a respeito das quedas bruscas de temperatura, especialmente nas regiões Sul e Sudeste do país, têm movimentado os noticiários. Infelizmente, quem mais sofre com o clima frio são as pessoas que não têm como se proteger dele, como é o caso de quem não tem onde se abrigar – só em São Paulo, cinco moradores de rua já morreram por causa das baixas temperaturas.
Ainda que a expressão “morrendo de frio” seja bastante comum, a maioria de nós não faz ideia do que é realmente sentir frio a ponto de morrer ou quase isso. Mas por que temperaturas baixas são capazes de fazer com que o corpo humano simplesmente pare de funcionar? Você já se perguntou isso em algum momento?
Quem não quer pés quentinhos?
Manter o corpo aquecido é fundamental para que a pressão sanguínea permaneça baixa e, por consequência, para que o risco do desenvolvimento de doenças cardíacas seja menor. Já é comprovado que viver em um ambiente aquecido diminui nossa pressão sanguínea e melhora a noção que temos a respeito de nossa própria saúde.
Quando estamos com muito frio, nosso corpo promove a chamada vasoconstrição, que faz com que o sangue da pele e das extremidades seja redirecionado para os órgãos internos. Quando isso acontece, o calor que perdemos para o ambiente passa a ser menor, então essa vasoconstrição nada mais é do que um mecanismo de defesa – o problema é que nem sempre ele resolve a questão. Outro sintoma típico de frio, que indica também que há menos sangue na pele, é o tremor.
Se o corpo enfrenta uma temperatura anormalmente abaixo do normal, ele passa pelo processo chamado de hipotermia, que piora se a pessoa estiver molhada e fria ao mesmo tempo, afinal o corpo perde calor 25 vezes mais rapidamente quando está na água – por isso é possível desenvolver hipotermia em temperaturas acima de zero, se estiver chovendo.
Imagem: Shutterstock
Normalmente, a temperatura média do corpo humano é de 37 ºC, e, quando esse valor começa a diminuir, todas as nossas funções corporais passam a ficar comprometidas: com 32 ºC, a pessoa pode sentir amnésia; com 27 ºC, já fica inconsciente; e com menos de 21 ºC, já está sofrendo hipotermia rigorosa com risco de morte.
O caso mais severo registrado de hipotermia na História, e cuja vítima sobreviveu, foi o de uma pessoa que caiu em uma água muito fria, onde permaneceu por um tempo, e teve sua temperatura corporal registrada em apenas 13,7 ºC. Taí um grande caso, hein!
Quando o corpo humano resfria demais, é comum que as regiões das extremidades, como falamos anteriormente, sejam as mais afetadas. Nesses casos, depois de um tempo de frio extremo, a pessoa geralmente tem queimaduras nas extremidades, que são basicamente ferimentos causados pelo congelamento. As regiões mais propensas a esse tipo de queimadura são os dedos das mãos e dos pés – no caso dos pés, ainda que você esteja de sapatos, se suar, a temperatura só vai cair.
Imagem: Reprodução/JJ
O congelamento total de um corpo vai depender não apenas da temperatura a que está exposto, mas também do tempo que ficou exposto a ela. Em uma temperatura de -17 ºC com vento, uma pessoa pode ficar congelada em apenas 30 minutos; e as queimaduras podem surgir em apenas 5 minutos de exposição a uma temperatura de -26 ºC.
Ainda assim, há muita gente que se adapta a temperaturas bem baixas e consegue escalar montanhas cobertas de neve ou explorar regiões polares sem morrer. Por outro lado, pessoas desprotegidas, sem roupa e abrigo, que já moram nas ruas e que possivelmente já enfrentam problemas de saúde, precisam de temperaturas próximas a 0 ºC para que seus corpos não resistam – até mesmo porque passam longos períodos de tempo nessas condições.
Uma forma de evitar que muitas mortes a mais aconteçam neste inverno é participar de campanhas que arrecadam roupas e cobertores para pessoas carentes. Nessas horas de doação, raramente pensamos em incluir itens como cachecóis, luvas e meias, mas, assim como essas peças são importantes para você, são importantes para moradores de rua também. “Morrer de frio”, essa expressão tão usada por nós, é o que realmente acontece com quem mora nas ruas, nos viadutos e embaixo das marquises das lojas que vendem cobertores, e é sempre bom tentar evitar que isso aconteça.