Ciência
27/03/2018 às 11:01•2 min de leitura
Você já tinha visto a imagem acima? Ela foi clicada em Vinnitsa (ou Vynnytsia), na Ucrânia, por um soldado do Einsatzgruppen, um esquadrão da morte ligado à SS, organização paramilitar subordinada ao Partido Nazista, em 1941, e foi identificada pelo autor do retrato como “O Último Judeu de Vinnitsa”. Como você pode conferir com mais detalhes abaixo, a foto mostra um homem ajoelhado diante de uma cova comum — prestes a ser atingido por um tiro na cabeça — enquanto um grupo de soldados assiste a tudo como se estivessem assistindo a uma partida de bolinha de gude.
No entanto, a fotografia não só é dramática, como marca o desfecho de uma série de eventos estarrecedores. De acordo com o site Rare Historical Photos, que compartilhou a imagem, a cidade de Vinnitsa foi palco de dois grandes massacres, um ocorrido no dia 16 de setembro, e o outro, no dia 22, seguidos por um terceiro que, juntos, acabaram com a morte de nada menos que 34 mil judeus que residiam na localidade e suas redondezas.
Conforme contou um oficial chamado Erwin Bingel, membro da Wehrmacht (Forças Armadas da Alemanha durante o Terceiro Reich) que testemunhou ao segundo e terceiro massacre como assistente do comandante encarregado de conduzir as matanças, as vítimas foram reunidas pelos oficiais da SS para supostamente participar de um censo. No final, um total de 28 mil judeus foram mortos nos dois primeiros eventos, e outros seis mil perderam suas vidas em um terceiro, realizado por milícias ucranianas treinadas pelos nazistas.
"O Último Judeu de Vinnitsa" (Rare Historical Photos)
Segundo Bingel — que aparentemente testemunhou a tudo atônito —, os milicianos ficaram encarregados de matar todos aqueles que tinham conseguido escapar dos dois primeiros massacres. Assim, montados a cavalo e empunhando pistolas, rifles e espadas, esses ucranianos perseguiram as vítimas pelas ruas da cidade e foram matando a todos brutalmente.
O oficial alemão contou que viu homens, mulheres, crianças e idosos serem atingidos por disparos e ser espancados até a morte como se fossem animais. Depois, Bingel assistiu com horror como os que restaram eram organizados em filas e tinham que se apresentar diante de mesas onde, independentemente de sua idade ou gênero, eram obrigados a entregar todas suas posses e se despir completamente.
Outra vala comum criada em Vinnitsa (Wikimedia Commons/Ukrainian American Youth Association)
Em seguida, essas pessoas eram levadas até as valas comuns, diante das quais eram atingidas por tiros e caiam sobre as massas de corpos e de pessoas agonizantes que já enchiam os interiores das covas. Então, antes de seguir até as mesas para entregar suas posses e roupas, a nova fileira de judeus era obrigada a pegar pás e cobrir os cadáveres e corpos se retorcendo de dor com hipoclorito de cálcio — sabendo que seriam os próximos a cair naquele lugar. O homem da foto do início da matéria, cujo nome nós não sabemos, teria sido o último ser humano massacrado nesse lugar.