Ciência
21/08/2018 às 08:30•2 min de leitura
Imagine que, em um belo dia de verão, você está trabalhando em seu quintal, fechando um buraco deixado por uma antiga árvore que morreu, quando de repente sente a pá bater em um objeto metálico. Curioso, você toma mais cuidado ao retirar a terra ao redor do artefato, para descobrir que se trata de um dodecaedro de bronze.
No momento, o que importa é ter seu trabalho finalizado, então você guarda o objeto para posteriormente o utilizar como decoração na sua casa. Isso tudo realmente aconteceu com Brian Campbell, morador de Romford, nos arredores de Londres, em 1987. A grande surpresa para ele foi que, 10 anos depois, enquanto visitava um museu na Alemanha, descobriu que o item encontrado em seu quintal se tratava de um resquício deixado pelos romanos na região.
O primeiro dodecaedro romano foi encontrado há 300 anos, enterrado em uma área rural da Inglaterra, junto de algumas moedas. Esse foi o primeiro dos mais de 100 já registrados, pertencendo ao período entre os séculos 1 e 5 d.C. e sempre no norte da Europa. Todos os objetos são ocos e possuem 12 lados com aberturas de diferentes diâmetros, variando somente seu tamanho. Os menores podem ser comparados a uma bola de golfe, enquanto os maiores a uma bola de baseball.
Apesar do grande número de amostras e de seu provável valor na época, pois na maioria das vezes foram encontrados junto de moedas, não existe nenhum registro escrito que mencione a utilidade dos dodecaedros. Além disso, em uma época em que objetos de metal eram caros e difíceis de se produzir, ser o dono de um assim era algo excepcional.
Desde a descoberta do primeiro dodecaedro, surgiram diversas teorias sobre qual seria o seu uso prático. Além de só ter sido encontrado no norte da Europa, sempre estava em áreas de acampamentos militares, fato que levou especialistas a acreditarem que o objeto se tratava de uma arma. Eles cogitaram ser a ponta de uma clava ou algo a ser lançado contra inimigos, mas essas possibilidades foram sendo desconsideradas pela leveza do objeto.
As aberturas circulares com diversos tamanhos aguçaram a curiosidade da física italiana Amelia Sparavigna, fazendo-a acreditar que ele tenha sido utilizado como uma calculadora de distância. Na pesquisa que realizou, em 2012, ela argumentou que seria possível determinar a distância de um objeto de tamanho conhecido ao olhar através das aberturas. Além disso, as pontas salientes que existem em cada vértice serviriam para facilitar o manuseio em qualquer condição.
Teoricamente isso pode ser feito, mas o historiador da Universidade de Pécs, Tibor Grüll, discorda da teoria levantada pela italiana. Ele aponta que não existem dois dodecaedros com o mesmo tamanho e, mesmo que isso não fosse um empecilho, caso seu uso fosse realmente militar, ele apareceria também no norte da África e na Península Ibérica — não somente no norte da Europa.
Não custa nada tentar encontrar o motivo da existência dos dodecaedros, por isso existem diversas teorias para isso. Alguns estudiosos acreditam que ele pode ter sido utilizado como um brinquedo, um dado ou até mesmo como objeto de cunho religioso, possuindo poderes místicos. Até uma ligação entre os 12 lados do objeto com os 12 signos do zodíaco foi considerada, mas tudo não passa de especulação.
Enquanto todos tentam encontrar uma utilidade para o objeto, o arqueólogo alemão Rüdiger Schwarz acredita que na verdade havia um significado. Para ele, o dodecaedro serviria como um símbolo de habilidade do ferreiro, que demonstraria sua destreza moldando o objeto da forma mais precisa possível.
Ainda hoje eles são encontrados, mas, a menos que apareça também um manual de instruções, continuarão levantando suspeitas e fascinando arqueólogos pelo mundo todo.
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