Artes/cultura
21/08/2018 às 05:30•2 min de leitura
A Ilha de Páscoa, localizada no oceano Pacífico, possui 163 quilômetros quadrados de área e fica a 3,7 mil quilômetros da costa chilena. Quando os primeiros europeus chegaram lá, em 1772, encontraram poucos habitantes, fato que foi justificado e popularizado por uma teoria elaborada por Jared Diamond na revista Discover.
Ele escreveu até um livro sobre o assunto, explicando a hipótese de que, desde sua chegada à ilha, os povos polinésios mantiveram uma relação de disputa intensa, que exigiu uma exploração extensiva de recursos, culminando em seu esgotamento e dizimando a população. Apesar disso, surgem cada vez mais evidências que contradizem essa tão divulgada teoria.
O principal símbolo da ilha são os moais, estátuas gigantes de pedra que estão parcialmente enterradas, ficando só com a cabeça de fora. Não se sabe o motivo da existência deles, mas suas origens mostram que talvez a teoria sobre conflitos frequentes não seja tão certeira assim.
Um novo estudo mostra que o povo Rapa Nui era muito mais sofisticado do que se imaginava, pois, assim como no caso de Stonehenge, o processo de construção desses monolitos é grande indicativo de uma sociedade colaborativa. Realizada por pesquisadores da UCLA, da Universidade de Queensland e do Museu Field de História Natural de Chicago, a pesquisa foi publicada no Periódico de Arqueologia do Pacífico.
Através da análise de visibilidade, quantidade, tamanho e localização dos moais, a coautora do estudo, Jo Anne Van Tilburg, chegou à conclusão de que, assim como outras sociedades polinésias tradicionais, os Rapa Nui se baseavam em relações familiares.
Outras pesquisas já mostravam que os moais tinham sido construídos com o uso de basalto, mas ainda não se sabia a origem do material, fato esclarecido por Van Tilburg e sua equipe. Análises químicas mostraram que a origem da matéria-prima dos moais, em sua imensa maioria, vinha de uma única pedreira.
Esse pequeno detalhe levou à conclusão de que foi necessário algum tipo de organização social, onde ocorreu uma provável colaboração para a construção dos moais. O líder da pesquisa, Dale Simpson Jr., falou ao Inverse que “se considerou a hipótese de que os membros da elite da cultura Rapa Nui controlavam os recursos e só os usavam para eles mesmos, mas o que descobrimos foi que toda a ilha estava usando material semelhante, oriundo de um mesmo local. Isso nos levou a acreditar que houve mais interação e colaboração do que a exposta na narrativa do colapso ”.
Simpson e sua equipe continuarão mapeando a origem dos moais, para traçar um panorama mais claro sobre como a sociedade Rapa Nui funcionava. Assim que os europeus pisaram na ilha, escravidão, doenças e a colonização acabaram com os poucos habitantes que existiam, apesar do registro de sua cultura existir até hoje. Esse fato dificulta o entendimento de como tudo funcionava, mas os pesquisadores procuram cada vez mais chegar a conclusões definitivas.
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