Artes/cultura
08/02/2021 às 03:00•1 min de leitura
Ao contrário da regra matemática clássica, no uso da língua portuguesa há situações em que a ordem dos fatores altera, sim, o produto. Quando se trata de criar frases, essa variação pode gerar inclusive um vício de linguagem chamado ambiguidade. Se a função de um texto é comunicar, clareza não é artigo de luxo — é requisito básico. Sendo assim, é melhor passar longe de qualquer chance de mal-entendidos.
Vamos aos exemplos.
Quem estava exausta? Eu ou a colega?
Como deixar mais claro?
Exausta, ajudei a colega no fim do dia. (Eu estava exausta)
Ajudei a colega, que estava exausta no fim do dia. (Ela estava exausta)
Ouviu falar do evento quando estava no bar ou ouviu falar do evento que acontecia no bar?
Como deixar mais claro?
Ouvi falar do evento enquanto eu estava no bar. (Não se sabe onde é/foi/será o evento)
Ouvi falar do evento que aconteceu/acontecerá no bar. (O local do evento está definido: o bar)
Elas esconderam os brinquedos no porão ou encontraram os brinquedos lá?
Como deixar mais claro?
As crianças esconderam no porão os brinquedos que encontraram. (O porão é o local de esconderijo dos brinquedos)
As crianças esconderam [de alguém/em algum lugar/etc.] os brinquedos que encontraram no porão. (O porão foi onde elas encontraram os brinquedos)
Até semana que vem!
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Debora Capella, colunista semanal do Mega Curioso, é mestre em Estudos da Linguagem e atua nas áreas de revisão, edição, tradução e produção de textos há 15 anos.