Ciência
17/09/2022 às 08:00•2 min de leitura
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George R.R. Martin nunca escondeu que os livros As Crônicas de Gelo e Fogo foram inspirados na Guerra das Rosas, entre as famílias Lancaster (Lannisters) e os York (Starks). Porém,esse evento histórico não foi o único que inspirou o escritor. A atual produção da HBO, House of the Dragon, baseada no livro Fogo & Sangue também tem origem em um conflito histórico inglês.
Conhecida como A Anarquia, a guerra civil na qual Martin se inspirou não teve dragões, mas contou com disputa por poder, traições, filhos bastardos e muito sangue derramado. Abaixo nós contamos um pouco desse evento e como ele está refletido em House of the Dragon.
(Fonte: HBO/Reprodução)
Entre 1100 e 1135, Henrique I governou a Inglaterra. Ele se casou com Edite da Escócia no mesmo ano em que assumiu o trono, e a rainha logo deu à luz dois filhos: Matilde e Guilherme. Ele também teve alguns filhos ilegítimos e, assim como em um livro de Martin, eles irão retornar em breve.
A rainha morreu em 1118, mas como ela havia deixado um herdeiro homem, Henrique I ainda tinha um governo estável. Porém, dois anos mais tarde, Guilherme embarcou em um navio na Normandia para retornar à Inglaterra.
De acordo com a Biblioteca Britânica, o príncipe de 17 anos e outros jovens da realeza que estavam a bordo, durante uma bebedeira, teriam amarrado alguns marinheiros. Em pouco tempo, a tripulação perdeu controle do navio, que partiu desgovernado para uma rocha. A embarcação afundou, deixando a Inglaterra sem um herdeiro homem.
Assim como Viserys Targaryen, Henrique I se viu em uma situação delicada e se casou com Adeliza de Lovaina, uma mulher muito mais jovem, na esperança de ter outro herdeiro. Mas, ao contrário de Viserys e Lady Alicent Hightower, Henrique e Adeliza não tiveram filhos.
Para evitar que sua linhagem perdesse o direito ao trono e para tentar conseguir garantir alguma estabilidade política, em 1127, o rei convocou sua corte para jurar lealdade à sua filha Matilde como herdeira do trono. Todos concordaram, mas a palavra deles durou apenas até a morte do rei, em 1135.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Pouco tempo após a morte de Henrique I, a corte apoiou Estêvão de Blois, sobrinho do rei. Ele já fazia parte da corte desde a infância e o casamento com a Condessa de Bolonha fortaleceu ainda mais o seu nome. Aproveitando que no século XII dificilmente uma mulher conseguiria se manter como governante, Estêvão foi coroado com a bênção do papa em dezembro de 1135.
Matilde, que em 1114 havia se casado com Henrique V, então imperador do Sacro Império Romano, decidiu se aliar com Roberto de Gloucester, seu meio-irmão e um dos filhos ilegítimos de Henrique I. Juntos, eles capturaram Estêvão, que se tornou prisioneiro, enquanto Matilde assumiu o trono por um curto período.
Porém, como a situação política na Inglaterra estava bastante caótica e com Roberto tendo sido feito refém, ela se viu obrigada a abandonar Londres e libertar Estêvão em troca do meio-irmão. Percebendo que não havia mais como assumir o trono, Matilde se mudou para a Normandia com Godofredo V, Conde de Anjou, seu segundo marido.
Nesse momento, a falta de um representante forte fez com que a Inglaterra mergulhasse em uma guerra civil bastante violenta — de onde vem o nome "A Anarquia" para o período. Estêvão recuperou o trono, mas não a credibilidade.
Ele tentou fazer de seu filho, Eustácio IV, seu sucessor, mas como ele morreu antes que isso acontecesse, em 1153, ele nomeou o filho de Matilde, Henrique II, sob imensa pressão de sua corte, como o verdadeiro herdeiro da coroa, um título que ele reivindicou no ano seguinte, quando o rei Estêvão morreu.