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11/02/2023 às 08:00•2 min de leitura
Ao assumir o controle de Tebas, o faraó egípcio Akhenaton decidiu que era a hora de construir uma cidade dedicada ao deus sol: Amarna. Em meados do século XIV a.C., templos de tijolos de barro, propriedades e estradas próximas às margens do rio Nilo foram surgindo, e o faraó mudou-se definitivamente para o Palácio do Norte.
Curiosamente, ele decidiu encher a sua corte com pinturas de pássaros. Porém, em comparação com os padrões artísticos da época, os murais da Sala Verde do palácio possuíam algo de peculiar. Em vez de estilizados e simbólicos, eles traziam pinturas com mais realismo. Através dessas figuras, os pesquisadores Christopher M. Stimpson e Barry J. Kemp conseguiram identificar diversas espécies de 3 mil anos atrás. Segundo eles, seis dos nove pássaros pintados na parede eram pombos. Entenda!
(Fonte: Projeto Amarna/Divulgação)
A identificação dos pombos no Egito Antigo não foi exatamente uma surpresa para os pesquisadores. Os pombos sempre apareceram regularmente na arte egípcia e são retratados em outras partes da arte de Amarna. Porém, nas obras encontradas dentro do palácio, eles parecem estar deslocados.
Os pombos-das-rochas, como eram chamados, não gostavam de ficar perto das margens de rios e pântanos. Por isso, empoleiravam-se no alto de penhascos e cavernas. Sendo assim, qual o motivo deles estarem tão bem representados nas paredes da Sala Verde? De acordo com Stimpson, da Universidade de Oxford, tudo permanece sendo uma incógnita.
A melhor hipótese criada pelos arqueólogos é a de que os pombos foram provavelmente um dos primeiros animais a serem domesticados pelos humanos. Logo, eles não serviam apenas como alimentos, mas suas fezes eram vistas como excelentes fertilizantes e sempre se mostraram animais capazes de serem treinados para realizar tarefas complexas.
(Fonte: Pixabay)
As primeiras imagens e esculturas dos pombos passaram a surgir pela primeira vez no Oriente Médio e Norte da África há cerca de 3 mil anos. Existem algumas evidências de que os antigos egípcios usavam pombos para comunicação na mesma época em que Amarna foi ocupada.
Naquela região, também foram encontrados alguns pombais — torres de terra construídas para abrigar pombos domésticos —, começando há cerca de 2 mil anos. Porém, Amarna, que foi habitada por menos de duas décadas entre 1346 e 1332 a.C., não possui nenhum sinal de pombais ou de que pombos estiveram presentes ali.
Mesmo que a população local não os tenha criado intencionalmente, os pássaros podem ter encontrado condições de vida favoráveis na cidade, onde podiam se banquetear nos campos que os cercavam e achar buracos em paredes para dormir. Inclusive, esse teria sido o grande motivo para que os pombos-das-rochas pudessem se aproximar de áreas nas margens de rios ou pântanos.
Os anos se passaram e essas aves foram cada vez mais se tornando uma realidade dentro das grandes cidades. Sendo assim, as imagens desenhadas na Sala Verde nada mais seriam do que um reflexo da natureza selvagem que rodeava o Egito Antigo.