Ciência
24/11/2024 às 14:00•5 min de leituraAtualizado em 24/11/2024 às 14:00
As Olimpíadas são certamente um dos eventos esportivos mais assistidos e televisionados no mundo inteiro, além de reunir os esportistas mais respeitados de todas as partes do planeta. Porém, isso não quer dizer que toda modalidade vista nos Jogos hoje foram recebidas de braços abertos quando surgiram pela primeira vez.
Inclusive, alguns esportes enfrentaram duras críticas e ceticismo, sendo questionados se realmente eram "material olímpico". Mas mesmo enfrentando os haters, essas modalidades garantiram o seu espaço e se tornaram elementos icônicos do evento.
Quando o basquete chegou às Olimpíadas em 1936, muitos tradicionalistas viraram os olhos por acreditam que o esporte não condizia com a competição. Até então, os Jogos Olímpicos focavam em esportes individuais e não em equipes. E para piorar, as primeiras competições foram disputadas em quadras de saibro ao ar livre em Berlim, que foram encharcadas pela chuva e atrapalharam a reputação do esporte.
Porém, apesar dos obstáculos, a popularidade da modalidade cresceu rapidamente. Nas décadas seguintes, o basquete floresceu, sobretudo com a participação do "Dream Team" dos Estados Unidos nas Olimpíadas de Barcelona de 1992. Com a ajuda de astros como Michael Jordan e Magic Johnson, o basquete se consolidou como um dos esportes mais assistidos.
A estreia do vôlei de praia veio nos Jogos de Atlanta de 1996, recebido com resistência pelos tradicionalistas por achar que ele era muito "casual" para o evento. A ideia era que a imagem descontraída e praiana da modalidade não se alinhava com o espírito olímpico. Os uniformes não convencionais, especialmente para mulheres, aumentaram ainda mais a controvérsia.
Com o tempo, no entanto, o vôlei de praia se provou um esporte emocionante, competitivo e intenso. Atualmente, ele é celebrado por seu apelo global e conseguiu se provar como um esporte enriquecedor para a experiência olímpica.
As Olimpíadas de Inverno de 1998, no Japão, vieram com uma novidade: o snowboard. Porém, como o esporte tinha uma forte raiz em esportes radicais e influência do skate, acabou entrando em choque com o universo formal e disciplinado do esqui. A Federação Internacional de Esqui (FIS), que inicialmente resistiu à inclusão do snowboard, eventualmente cedeu à pressão e abraçou a competição.
Sua estreia adicionou um elemento de juventude e animação para os Jogos de Inverno, atraindo uma nova geração de fãs e mostrando eventos emocionantes. Hoje, a modalidade é vista como parte essencial da competição.
O tênis até fez parte das Olimpíadas de 1896, mas foi removido em 1924 por envolver disputas entre atletas amadores e profissionais. A modalidade só foi voltar mesmo em 1988, sob o olhar de críticos que argumentavam que o tênis já tinha torneios de prestígio como Wimbledon e o US Open — o que faria sua inclusão olímpica redundante.
Porém, apesar do ceticismo, o tênis rapidamente se integrou ao cenário olímpico e chamou a atenção pelos atletas de alto escalão competindo pela medalha de ouro. Hoje, atletas como Serena Williams, Rafael Nadal e Roger Federer consideram suas conquistas olímpicas como destaque em suas carreiras.
A chegada do golfe às Olimpíadas de 2016 — após um século de ausência — foi considerada controversa. As maiores críticas vinham do fato do esporte ser visto como elitista e pouco acessível, o que não fazia sentido com o espírito olímpico. A reação foi ainda pior quando vários jogadores de alto nível fugiram do evento preocupados com o vírus Zika e a segurança do evento no Rio de Janeiro.
No entanto, o retorno da modalidade se mostrou valioso. Países com cenários de golfe menos estabelecidos foram motivados a apoiar jovens talentos e tornar o golfe um esporte mais global. Hoje, a categoria é encarada como uma chance para os atletas de alto nível representarem seus países e apoiarem o crescimento do esporte.
As Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, também contaram com a presença do rugby sevens, uma modalidade que não aparecia desde 1924. A história do rugby nos Jogos Olímpicos era marcada principalmente pelo confronto violento entre franceses e americanos naquele ano, o que fez com que muitos críticos se preocupassem com a saúde dos atletas e a reputação agressiva do esporte.
Contudo, apesar das preocupações, o rugby sevens ganhou fãs pela sua alta intensidade e com partidas durando apenas 14 minutos — ideal para capturar a atenção de um grande público. Desde então, a modalidade tem tido grande sucesso.
Quando a ginástica rítmica entrou nas Olimpíadas em 1984, rolou um debate sobre se ela realmente pertencia ao universo dos esportes de elite. Para alguns críticos, a modalidade parecia mais uma apresentação artística do que um esporte, já que o foco era a dança e a flexibilidade, não o esforço atlético. Teve gente que até disse que a ginástica rítmica deveria estar nos palcos, não nas Olimpíadas, comparando-a com esportes mais tradicionais como atletismo e natação.
Mas, com o tempo, essa modalidade mostrou a que veio. As coreografias, que são super detalhadas, exigem uma combinação de habilidades atléticas incríveis, como coordenação e tempo perfeitos. Em países como Rússia e Japão, ela virou um fenômeno, admirada por sua beleza e complexidade. Hoje, a ginástica rítmica é um dos pontos altos das Olimpíadas, conquistando espaço e respeito no mundo dos esportes.
Quando o esqui estilo livre chegou às Olimpíadas em 1992, ele já trouxe consigo um certo burburinho. Muitos o viam como um “primo” do snowboard, que também tinha causado polêmica entre os tradicionalistas dos esportes de inverno. Com suas provas cheias de manobras radicais, a modalidade levantou dúvidas entre aqueles que achavam que truques e alta velocidade não combinavam com o estilo clássico do esqui olímpico. Para esses críticos, o esqui estilo livre parecia ousado demais para o espírito tradicional das Olimpíadas de Inverno.
Mas o esporte logo conquistou seu espaço e um público fiel, apaixonado pela mistura de arte, habilidade e adrenalina que ele proporciona. O sucesso foi tanto que novos eventos foram adicionados ao longo dos anos, trazendo manobras ainda mais ousadas e espetaculares. Hoje, o esqui estilo livre é um dos momentos mais empolgantes dos Jogos de Inverno, redefinindo o que significa competir nas pistas com muita criatividade e coragem.
Ao entrar nas Olimpíadas de 1988, o tênis de mesa foi visto por muitas pessoas como um passatempo de salão, algo mais casual do que um esporte digno das arenas olímpicas. Havia quem pensasse que a modalidade não conseguiria alcançar a intensidade esperada dos Jogos, por ser vista mais como uma atividade recreativa do que uma competição de alto nível.
Mas o jogo rápido e técnico do tênis de mesa profissional logo mostrou sua força. Com países asiáticos, especialmente a China, elevando o esporte a um nível de precisão e habilidade impressionantes, o tênis de mesa conquistou uma base de fãs fiel ao redor do mundo.
O anúncio do skate como uma nova modalidade das Olimpíadas de Tóquio 2020 gerou um intenso debate. As raízes do esporte vieram da contracultura, individualismo e no estilo de rua. Isso foi visto como algo contrário a natureza estruturada e competitiva das Olimpíadas.
Porém, agora já podemos dizer que a estreia olímpica do skate foi um verdadeiro sucesso, sobretudo entre os brasileiros. Figuras como Rayssa Leal, Pedro Barros e Augusto Akio já se tornaram personalidades olímpicas marcantes para o país e atraíram muitos fãs novos para a modalidade.