Ciência
14/09/2024 às 21:00•3 min de leituraAtualizado em 14/09/2024 às 21:00
Oscar Schmidt é um nome gravado na história do basquete mundial. O ex-ala brasileiro, famoso por seu apelido “Mão Santa”, é o maior pontuador da história do esporte, com uma carreira brilhante e recordes inigualáveis. Porém, apesar de todo o seu talento, Oscar nunca jogou uma partida na NBA, a liga mais prestigiada do basquete mundial. Mas não foi por falta de oportunidade!
No lendário draft da NBA de 1984, que também revelou estrelas como Hakeem Olajuwon, Charles Barkley e Michael Jordan, Oscar foi escolhido pelo New Jersey Nets (hoje Brooklyn Nets). No entanto, ele optou por seguir um caminho diferente, priorizando a seleção brasileira, uma decisão que marcaria sua trajetória.
O draft da NBA de 1984 foi um dos mais memoráveis da história da liga. Contudo, ele ainda seguia um formato antigo, com 10 rodadas, em que muitos jogadores eram selecionados, mas nem todos chegavam a atuar na NBA. Além disso, a liga norte-americana era, na época, muito fechada a jogadores estrangeiros, e Oscar foi um dos poucos a chamar a atenção de um time atuando na Europa, mais especificamente na Itália, onde jogava pelo Caserta e era o cestinha da liga italiana.
Oscar foi recrutado na sexta rodada, como a 131ª escolha pelo New Jersey Nets, o que lhe garantia apenas um contrato não garantido. Isso significava que ele poderia ser dispensado a qualquer momento sem compensação. Além disso, por ser uma escolha de rodada baixa, ele não teria a oportunidade de ser um titular da equipe, ficando em uma posição de incerteza em sua carreira.
Ainda assim, a oferta representava uma chance de ingressar na maior liga de basquete do mundo. Mas para Oscar, o contexto era diferente. A NBA estava crescendo, mas ainda não tinha a mesma abertura e espaço para estrangeiros, principalmente para jogadores que já tinham uma carreira consolidada fora dos Estados Unidos.
O que realmente pesou na decisão de Oscar de não jogar na NBA foi seu amor pela seleção brasileira. Nos anos 1980, a FIBA, entidade que regulamenta o basquete internacional, proibia que jogadores da NBA representassem seus países em competições internacionais, como as Olimpíadas. Isso significava que, se Oscar aceitasse o convite da NBA, ele não poderia mais atuar pela seleção, algo que ele valorizava profundamente.
Oscar foi um dos principais líderes da seleção brasileira em momentos históricos, incluindo a vitória sobre os Estados Unidos no Pan-Americano de 1987, quando ele marcou impressionantes 46 pontos. Ele se recusava a abrir mão de jogar pela seleção, afirmando que essa era sua prioridade. “Merecia jogar na NBA? Não! Merecia jogar onde eu joguei: a seleção brasileira. Isso não tem preço”, declarou ele em uma entrevista ao site Olympics.com em 2022.
Mesmo após as regras da FIBA mudarem, permitindo que atletas da NBA representassem seus países, Oscar ainda recusou convites para a liga norte-americana. Em 1992, após os Jogos Olímpicos de Barcelona, já com 34 anos, ele julgou que seu nível físico não estava mais à altura dos desafios da NBA, decidindo então encerrar a possibilidade de uma transferência.
Apesar de nunca ter atuado na NBA, Oscar Schmidt recebeu homenagens e reconhecimento da liga. Em 2013, ele foi introduzido ao Hall da Fama do Basquete, localizado nos Estados Unidos, um marco que celebra os maiores atletas da modalidade. Além disso, em 2017, Oscar foi convidado para participar do All-Star Weekend da NBA, onde foi saudado pelos fãs e jogadores como uma lenda do esporte.
Recentemente, durante um jogo do Orlando Magic, Oscar foi ovacionado pelo público presente, mostrando que, mesmo sem ter jogado na NBA, sua contribuição ao basquete mundial é amplamente reconhecida. O “Mão Santa” também teve sua história exaltada no Hall da Fama, destacando sua dedicação e amor ao basquete e ao Brasil.
Oscar Schmidt pode nunca ter vestido a camisa de um time da NBA, mas seu legado transcende as fronteiras da liga. Ele é lembrado não apenas como um dos maiores jogadores brasileiros, mas como uma figura global do esporte. Sua decisão de priorizar a seleção brasileira acima de tudo foi o que o definiu, e sua grandeza vai muito além das quadras da NBA.