A aeromoça que deu a vida para salvar passageiros em um atentado terrorista

26/02/2018 às 13:013 min de leitura

Hoje em dia, com o número de ataques terroristas aumentando gradativamente, a quantidade de heróis que surgem nessas tragédias também cresce. A facilidade da comunicação instantânea das redes sociais também ajuda a popularizar essas pessoas. A História, porém, é repleta desses seres humanos quase anônimos que fizeram atos heroicos em prol dos outros. Esse é o caso de Neerja Bhanot.

Neerja nasceu em setembro de 1963, em Chandigarh, na Índia, e logo se destacou pela beleza. Ela iniciou uma carreira de modelo aos 18 anos, aparecendo em vários encartes de lojas de varejo do país. Porém, tudo estava para mudar quando, em 1985, a empresa aérea Pan Am escalou apenas indianos para atuarem como comissários de bordo no voo que ia da Índia para Frankfurt, na Alemanha. Neerja foi uma delas.

Na época, ela estava com 22 anos e foi para Miami fazer um treinamento. A carreira de aeromoça não durou muito, entretanto, já que, em 5 de setembro de 1986, dois dias antes de completar 23 anos, Neerja foi morta em um sequestro – não sem antes salvar a vida de quase todos os passageiros do avião.

neerjaNeerja Bhanot posando como modelo

O sequestro

Naquela sexta-feira, cinco terroristas de origem palestina e afiliados à organização Abu Nidal se passaram de seguranças do Aeroporto Internacional Jinnah, em Karachi, e o impediram de levantar voo até Frankfurt, onde faria uma escala antes de chegar ao destino final, em Nova York. A bordo, estavam 360 passageiros e 19 tripulantes.

A intenção era matar todos os passageiros norte-americano – 43 no total – até que o pedido para enviar o avião ao Chipre e libertar prisioneiros terroristas fossem atendidos. Porém, Neerja conseguiu notar a movimentação estranha e enviou um recado à equipe da cabine de comando da aeronave, que conseguiu escapar através de uma escotilha e impedir que o avião tivesse condições de ser pilotado.

Seguiu-se, então, um sequestro que durou quase 17 horas. Logo no começo, os terroristas identificaram um passageiro indiano recém-naturalizado americano, levaram-no até a porta do avião e lá o acertaram com um tiro na frente de todo mundo – tanto pessoas dentro quanto fora da aeronave. Na sequência, jogaram o homem ainda vivo na pista de decolagem. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu a caminho dos hospital.

aviãoBoeing 747-121 envolvido no sequestro em fotografia feito um ano antes do atentado

Neerja Bhanot, a heroína pouco conhecida

Antes de se juntar à Pan Am, Neerja precisou enfrentar um marido abusivo, que se casou interessado apenas no seu dote – o casamento foi armado por seu pais, após ler o anúncio de um homem “maravilhoso” que morava nos Emirados Árabes. O enlace durou apenas dois meses, e Neerja conseguiu se livrar do abusador.

Dentro do avião, ela assumiu o controle das negociações por ser a comissária de bordo mais experiente. Foi ela quem deu a dica para o piloto e o copiloto escaparem logo no começo do sequestro. Depois, quando os terroristas resolveram matar os passageiros norte-americanos, Neerja colocou sua vida em risco ao recolher o passaporte de todo mundo, mas esconder os que tinham essa nacionalidade.

Isso irritou ainda mais os sequestradores, que ficaram sem poder identificar aqueles que seriam seus primeiros alvos. Neerja, aproveitando um descuido, entregou aos passageiros sentados perto da saída de emergência uma revista que trazia escondida as instruções para abrir a porta de emergência e inflar os tobogãs de escape.

NeerjaNeerja Bhanot secretamente instruiu um passageiro sobre como abrir a porta e inflar o tobogã de emergência

Perto do final do sequestro, os terroristas estavam ficando sem munição e o fornecimento elétrico da aeronave foi desligado por Neerja. Um dos sequestradores explodiu uma bomba gerando o caos necessário para a aeromoça agir: ela abriu as portas de emergência e ajudou o maior número de passageiros a escapar – apenas 20 morreram.

Neerja poderia ter sido a primeira a deslizar para liberdade, mas relatam conta que ela se enfiou na frente dos terroristas quando eles atiraram em três crianças norte-americanas. A aeromoça morreu, mas conseguiu salvá-las. Outros 100 passageiros ficaram feridos, e os criminosos foram rendidos após a munição acabar.

aviãoO avião no final do sequestro

O legado de Neerja

Por sua coragem e bravura, Neerja se tornou a primeira mulher e a mais jovem pessoa a receber o prêmio Ashoka Chakra, a mais alta condecoração da Índia. Com o dinheiro do seguro, sua família criou o Neerja Bhanot Pan Am Trust, que premia, anualmente, comissários de bordo de todo o mundo que agem além do que é esperado deles. A instituição também oferece o prêmio Neerja Bhanot para jovens indianas que lutam para diminuir a desigualdade social no país.

Em 2016, Bollywood contou a história da aeromoça no filme “Neerja”, lançado aqui no Brasil sob o título “O Poder da Coragem”. Ele foi dirigido por Ram Madhvani, um dos mais respeitados da Índia, e traz a estrela Sonam Kapoor no papel de Neerja.  

cartazCartazes do filme indiano que conta a história da heroína

O julgamento dos sequestradores aconteceu em 1988 – eles foram condenados à morte, mas, posteriormente, tiveram a pena capital alterada para prisão perpétua. Porém, relatos apontam que quatro sequestradores foram colocados em liberdade em 2009 e posteriormente deportados para territórios palestinos. Porém, alguns acreditam que eles na verdade fugiram.

Já Zayd Safarini, o mentor do sequestro, conseguiu ser libertado em 2001, depois de anos preso no Paquistão. Porém, a anistia durou apenas um dia, e Safarini foi novamente preso e julgado, escapando da pena de morte e sendo condenado a 160 anos de prisão – algo que reduz drasticamente a chance de uma condicional.

sequestradoresJamal Saeed Abdul Rahim, Muhammad Ahmed al-Munawar, Muhammad Abdullah Khalil Hussain ar-Rahayyal e Wadoud Muhammad Hafiz al-Turki foram colocados em liberdade – ou fugiram – em 2009

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