Chindogu: a arte japonesa de criar gadgets inúteis só porque sim

08/11/2018 às 10:302 min de leitura

Embora seja um local louvável, o Japão é reconhecido principalmente por conta de sua cultura excêntrica e seus costumes, digamos, pouco convencionais. Como exemplo disso, podemos citar o chindogu, a arte de criar invenções (geralmente, mas não necessariamente, tecnológicas) inúteis. Tal termo, que para nós mais se assemelha a um xingamento, pode ser traduzido como “ferramenta estranha”.

Quem iniciou essa moda foi Kenji Kawakami, que, há 30 anos, era editor-chefe de uma revista de vendas por correspondência. Só pelo “lulz”, Kenji passou a usar as últimas páginas da publicação com alguns protótipos bizarros que ele mesmo inventava e que sequer haviam sido feitos para serem adquiridos. Acredite ou não, as pessoas começaram a se interessar pelas maluquices do asiático — e foi aí que o termo nasceu.

“Basicamente, o chindogu é o mesmo que a Revolução Industrial britânica. A diferença é que, enquanto a maioria das invenções focam em tornar a vida mais conveniente, o chindogu tem mais desvantagens do que os produtos precursores, então as pessoas não podem vendê-los”, explica o malucão. “Chindogus não são exatamente úteis, mas também não são completamente inúteis”, completa.

Nem tão útil, nem tão inútil  só desnecessário

A primeira invenção maluca que Kenji divulgou era um par de óculos com um funil para facilitar o uso de colírios sem que eles escorressem pelas bochechas. Ele também desenvolveu uma lanterna equipada com placas de luz solar — porém, sem baterias recarregáveis, o que significa que ela só funciona com energia direta e é inútil durante a noite (período em que uma lanterna é efetivamente utilizada).

Quer mais exemplos de chindogus? Que tal hashis (aqueles talheres de madeira) equipados com um ventilador para esfriar aquele miojo que está quente demais? E um desentupidor para você grudar nas paredes de trens e usar como apoio para não cair durante as viagens? Também existem roupas para bebês equipadas com esfregões — assim, os pequenos engatinham e limpam o chão ao mesmo tempo.

A cultura do chindogu se tornou algo tão sério que já existe um site da “Sociedade Internacional do Chindogu”, com notícias a respeito do tema e agenda com exibições públicas de invenções inúteis. Aliás, vendo que sua arte ganhou adeptos não apenas no Japão, mas também ao redor do mundo, Kenji estabeleceu uma série de regras para que um invento possa ser considerado um legítimo chindogu.

Segundo essas delimitações, os itens não podem ser verdadeiramente úteis, mas precisam existir de verdade (ou seja, ser algo palpável), respeitar o espírito da anarquia (representando a liberdade de pensamento e criatividade) e jamais ser vendido. Além disso, chindogus não podem ser patenteados ou licenciados.

Uma contracultura industrial

No fim das contas, essa tradição não tem nada a ver com comércio ou empreendedorismo. Trata-se, de fato, de uma forma de arte ou até mesmo de um passatempo — além de, claro, uma crítica às “invenções millennials” que se tornaram febre após a popularização de plataformas de financiamento coletivo, como o Kickstarter e o Indiegogo. Agora, sejamos sinceros… Um mini-guarda-chuva para câmeras no intuito de tirar fotos em dias chuvosos até que é útil de verdade… 

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