Assalto ao Trem Pagador: o lendário crime que chocou o Reino Unido

29/08/2021 às 11:003 min de leitura

Até aquela fatídica madrugada de 8 de agosto de 1963, o Reino Unido fazia questão de enaltecer seu orgulho por anos operando uma rede ferroviária postal sem episódios de roubo em seu histórico — mal sabendo que isso estava prestes a mudar e de maneira absurda.

Por volta das 19h de 7 de agosto daquele ano, o comboio postal que partiu de Glasgow, na Escócia, com destino a Estação Euston, em Londres, tinha apenas três policiais em meio aos 70 funcionários distribuídos pelos vários vagões.

Naquela noite em especial, graças a um feriado bancário na Escócia, a carga era um banquete para criminosos com as quantias mais altas do que de costume. Para a surpresa das autoridades bancárias, eles não eram os únicos que sabiam disso.

A intersecção

(Fonte: Social Deal/Reprodução)(Fonte: Social Deal/Reprodução)

Um trio aguardava o trem pagador naquela madrugada. Liderado pelo famoso ladrão de joias londrino Bruce Reynolds, estavam Ronnie Biggs e Buster Edwards. A 45 quilômetros de uma intersecção que o trem passaria, Reynolds esperava que seus 10 anos realizando roubos lucrativos valessem a pena para conseguir executar o feito que o eternizaria na História.

Às 3h15 da manhã, a gangue armada deu início a operação ao forçar a parada do comboio da Royal Mail adulterando o sinal da ferrovia na altura de Cheddington, perto de Leighton Buzzard.

Bruce Reynolds. (Fonte: Steemit/Reprodução)Bruce Reynolds. (Fonte: Steemit/Reprodução)

Foi o foguista David Whitby que pulou da composição e seguiu para o telefone ferroviário mais próximo; voltando instantes depois para comunicar ao maquinista Jack Mills que os fios telefônicos haviam sido cortados.

Foi nesse instante que Whitby foi atacado pelas costas por um dos membros da gangue. Mills nem sequer teve tempo para entender o que estava acontecendo quando foi gravemente ferido na cabeça com o cabo de uma machadinha.

Enquanto seu mundo “virava de cabeça para baixo”, um dos criminosos já estava no teto da locomotiva para desacoplá-la da composição com o vagão que transportava os pacotes de dinheiro. 

Mills foi obrigado a levá-los até a Ponte Bridego, onde o resto da quadrilha os aguardava para pegar o dinheiro, visto que os homens não sabiam conduzir aquele modelo de trem.

“É uma invasão!”

(Fonte: Nostalgia Central/Reprodução)(Fonte: Nostalgia Central/Reprodução)

Quando os policiais viram os dois vagões com a locomotiva desacoplados do resto do comboio, eles pensaram que o cabo de conexão havia se partido acidentalmente. Foi só quando uma das janelas foi quebrada no vagão onde estavam os malotes, e um dos oficiais gritou “É uma invasão!”, que eles tentaram agir. Mas já era tarde.

Os policiais foram imobilizados pelos criminosos, que transferiram os malotes para fora do trem através de uma corrente humana.

Os sete homens que trabalhavam no trem pagador só puderam soar o alarme depois que os assaltantes já haviam sumido pela noite com o equivalente a 50 milhões de euros em 120 dos 128 malotes contendo 636 pacotes de dinheiro, em uma operação que durou 20 minutos.

(Fonte: Mentality/Reprodução)(Fonte: Mentality/Reprodução)

Com a conspiração e frenesi da mídia, o diretor-geral dos Correios alimentou a possibilidade de que os três trens de alta segurança foram adulterados, possivelmente por alguém que havia trabalhado na companhia. O Departamento de Investigação da instituição deu início a uma megaoperação para vasculhar a vida de todos os funcionários dos Correios que trabalhavam no trem naquela noite.

Em paralelo, os investigadores tentavam descobrir a quantidade de dinheiro roubado para ajudar a rastrear os culpados, conter as informações escandalosas da imprensa e informar quanto os bancos haviam perdido.

Foi estabelecida uma recompensa de 260 mil euros para quem encontrasse os ladrões, sendo 10 mil oferecidos pelos Correios. O alto valor desencadeou uma verdadeira “caça às bruxas” pelo público, resultando em milhares de denúncias.

Até o último homem

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Em 13 de agosto daquele ano, o ex-policial John Wooley averiguou uma denúncia feita por John Maris, vizinho da fazenda Leatherslade. No dia anterior, Maris ligou para informar que os novos ocupantes da fazenda estavam se comportando de maneira comprometedora.

A polícia estava tão desacreditada que enviou apenas uma viatura, guiada por Wooley. No entanto, para a surpresa de todos, o policial descobriu um fosso semelhante a uma sepultura cavado atrás de uma cerca com vários sacos vazios dos Correios. 

Na casa, ele encontrou mais malotes, e no porão uma pilha deles com a inscrição “Banco Nacional Provincial”, uma das instituições que tinha seu dinheiro transportado pelo comboio rendido.

(Fonte: Britannica/Reprodução)(Fonte: Britannica/Reprodução)

Foram as impressões digitais espalhadas por toda a casa que ajudaram a polícia a caçar os criminosos. Os primeiros localizados e presos foram Roger Cordrey e Willian Boal, que viviam em um apartamento modesto sobre uma loja de flores em Londres. Em abril de 1964, a polícia já havia conseguido prender 11 acusados, condenados a penas de 20 a 30 anos de prisão.

No entanto, a polícia só conseguiu sossegar quando o último integrante, Bruce Reynolds, estivesse atrás das grades. O homem ficou foragido até maio de 1968, quando foi pego e sentenciado a 25 anos de prisão.

Do assalto ao trem pagador, o maior roubo da História da Inglaterra, apenas cerca de 300 mil euros foram recuperados da quantia total.

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