Ciência
05/07/2016 às 05:37•2 min de leitura
Você se recorda de uma descoberta estranha feita pelo telescópio Kepler no final do ano passado? O equipamento — que foi lançado ao espaço em 2009 — tem como missão principal vasculhar o cosmos em busca de exoplanetas em órbita ao redor de estrelas distantes. No entanto, seus sensores teriam detectado o que parecia ser o trânsito de um enorme objeto diante de uma estrela chamada KIC 8462852, localizada na constelação de Cygnus.
Segundo as leituras do telescópio, o que quer que estivesse passando diante de KIC 8462852 fazia isso em intervalos irregulares, provocando variações também irregulares na emissão de luz da estrela. Mais precisamente, o equipamento detectou uma diminuição na emissão luminosa entre 15% e 22% — quando o normal no caso do trânsito de planetas é que ela seja de apenas 1% e em intervalos regulares.
Diversas teorias foram propostas para explicar a redução luminosa, como a presença de um disco circunstelar ao redor da estrela, de um aglomerado de cometas ou a ocorrência de uma colisão planetária. Contudo, como os astrônomos não conseguiram encontrar uma explicação se baseando em fenômenos naturais, eles chegaram a considerar que a diminuição nas emissões podia ser resultado da presença de uma megaestrutura alienígena capturando sua energia.
Será?
As 42 antenas do radiotelescópio Allen Telescope Array (ATA), localizado nos EUA, chegaram a ser apontadas para a KIC 8462852 com o objetivo de capturar possíveis sinais de rádio vindos de lá, mas nada foi detectado — o que significa que o mistério rondando a estrela continua sem uma explicação concreta.
Entretanto, de acordo com Shannon Hall, do portal New Scientist, cientistas da Universidade de Uppsala, na Suécia, decidiram apostar no conceito de que a redução na emissão de luz de estrelas distantes e até o seu desaparecimento pode ser sim um sinal de que existem megaestruturas alienígenas em órbita ao redor desses astros.
Segundo Shannon, o time já analisou cerca de 300 mil fontes luminosas monitoradas por meio de vários levantamentos e conseguiu identificar reduções luminosas dramáticas e até sumiços estelares suspeitos entre um levantamento e outro. Na verdade, a abordagem se baseia na busca de comportamentos impossíveis associados com estrelas e galáxias e pode revelar uma porção de informações que estão nos registros há tempos, mas nunca haviam sido notadas.
Nova abordagem para a busca de vida inteligente pelo cosmos
Evidentemente, o fato de os levantamentos mostrarem o desaparecimento de estrelas entre um registro e outro não prova que sua energia esteja sendo explorada por extraterrestres. A luminosidade desses astros pode ser bastante variável, e os quasares, por exemplo, que se encontram no centro das galáxias e se alimentam de buracos negros supermassivos, podem simplesmente “apagar” no período de menos de uma década.
Por outro lado, quando uma estrela desaparece, os astrônomos deveriam encontrar sinais de uma supernova ou, ainda, se uma galáxia sumir de vista deve haver uma explicação para isso. Portanto, a iniciativa dos pesquisadores suecos não deixa de ser muito válida, já que representa mais uma forma de buscar sinais de vida inteligente no Universo.