Ciência
09/11/2017 às 05:00•3 min de leitura
Quando a Segunda Guerra Mundial chegou ao fim, a Alemanha foi dividida em quatro zonas ocupadas por países que saíram vitoriosos no conflito. Um dos maiores símbolos desse período pós-guerra foi a construção do Muro de Berlim – uma fortificação de mais de 60 km de extensão que dividiu a capital do país em duas, criando dois países que praticamente não se comunicavam.
Atravessar essa barreira, que durou 28 anos, era algo extremamente burocrático e perigoso, tanto que, quando ela caiu, em 1989, o momento histórico gerou imagens que permanecem até hoje na lembrança de várias pessoas mundo afora.
Confira agora 10 curiosidades sobre o Muro de Berlim, um dos maiores símbolos do século passado:
Quase 3 milhões de pessoas abandonaram a Alemanha Oriental entre 1949 e 1961. A grande maioria buscava melhores colocações profissionais no Ocidente – tanto que grande parte dos refugiados era de pessoas com menos de 25 anos. Além disso, muitas cabeças “pensantes”, como médicos, engenheiros, professores e estudantes, estavam nesse contingente.
Ao contrário de outras grandes muralhas construídas ao longo da História, que tinham o intuito de proteger o território contra a entrada de pessoas, o Muro de Berlim foi feito justamente para impedir que elas “fugissem” do lado oriental.
À meia-noite do dia 13 de agosto de 1961, o então presidente do lado oriental da Alemanha, Walter Ulbricht, ordenou que tropas do exército, com o auxílio de veículos blindados, fizessem uma espécie de barreira humana que impediria qualquer civil de atravessar para o outro lado. Na manhã seguinte, começou, de fato, a construção do muro. No início, todas as instalações e guaritas eram improvisadas. Foram adicionados arame farpado e torres de vigilância às pressas.
Depois de um início quase amador, com barricadas e arames farpados, o Muro de Berlim passou por algumas décadas de constante construção. Novas lajes de concreto foram instaladas, e a área de fronteira foi reforçada. O lugar também ganhou mais de 300 torres de observação, com monitoramento feito por mais de 11 mil soldados!
O nome Zona da Morte faz jus à região do muro que era praticamente impossível de atravessar. Um gramado com pregos e minas enterradas, holofotes, cerca eletrificada e cães de guarda faziam das tentativas de travessia um verdadeiro terror para os “desertores” da Alemanha Oriental.
Claro que a travessia não era totalmente inviável: ultrapassar o muro era possível através de lugares específicos. O mais famoso deles se chamava Checkpoint Charlie, mas, ainda assim, a burocracia para isso era extremamente grande. Um diplomata norte-americano chamado Edwin Allan Lightner, por exemplo, demorou vários dias para conseguir a liberação, já que se recusava a mostrar a documentação necessária, com a alegação de que só precisaria mostrá-la aos soviéticos, e não aos alemães ocidentais.
Quem tentava burlar a segurança corria risco de morrer, e isso acontecia constantemente: oficialmente, 138 pessoas perderam a vida tentando cruzar o Muro de Berlim. Porém, alguns estudiosos acreditam que esse número pode passar de 200. A primeira pessoa foi Ida Siekmann, de 58 anos, que se jogou do terceiro andar do seu prédio por ter sido separada de sua irmã por poucas quadras de distância. Já a primeira vítima do exército foi Günter Litfin, que trabalhava e vivia no lado ocidental, mas tinha acabado de ir para o lado oriental quando o muro foi erguido – na tentativa de cruzar o local, ele levou um tiro na cabeça.
Claro que teve gente que conseguiu passar de um lado ao outro. Estima-se que 10 mil tentaram, mas apenas metade teria conseguido, sendo que a grande maioria foi através de suborno. Entretanto, histórias inusitadas aconteceram, como a de pessoas que tentaram sair do lado oriental em um balão ou jogando o carro contra o muro.
O cantor Bruce Springsteen se apresentou para um público estimado de 300 mil pessoas no lado oriental de Berlim em julho de 1988. Em alemão, ele deu um discurso icônico: “Eu não estou aqui a favor ou contra qualquer governo. Eu vim aqui tocar rock and roll para os berlinenses orientais na esperança de que um dia todas as barreiras acabem”.
Quando 500 mil pessoas se manifestaram em Berlim em 1989, o porta-voz do governo oriental da Alemanha, Günter Schabowski, deu o pontapé inicial para a caída do Muro. Durante uma conferência com a imprensa, um jornalista perguntou quando as novas leis de trânsito livre seriam implementadas e obteve a seguinte resposta de Schabowski: “Imediatamente”.
O dia era 9 de novembro, mas as palavras do porta-voz não deveriam ter sido interpretadas literalmente. A ideia era fazer a transição ser gradual, mas o discurso de Schabowski fez uma enorme massa tomar os portões de Berlim e exigir a passagem “imediata”. Sem ter o que fazer, os guardas liberaram a passagem, e os berlinenses de ambos os lados começaram naquela mesma noite a demolição de um dos maiores símbolos da Guerra Fria.
Como a derrubada do Muro de Berlim começou a ser feita por cidadãos comuns, muita gente conseguiu guardar um pedacinho da construção como relíquia ou souvenir. Até hoje, inúmeras pessoas negociam esses artefatos em sites de leilão, como o eBay.
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Você visitou Berlim depois da unificação? Ou é daqueles que conseguiram ir à Alemanha durante os 28 anos em que ela esteve dividida? Quais são suas impressões sobre esse importante momento histórico da humanidade?