Artes/cultura
28/01/2014 às 06:47•2 min de leitura
Em meados de janeiro, a poluição do ar em Pequim estava em uma situação tão preocupante que o governo emitiu alertas de saúde urgentes e fechou quatro grandes rodovias, levando ainda a população a uma busca desesperada por filtros de ar e uso de máscaras.
Porém, em Nova Deli, na Índia, a situação não é diferente e está até bem pior. A poluição avaliada em algumas medições mostrou níveis perigosíssimos, mas houve poucos sinais para alarmar a população.
De acordo com o The New York Times, uma análise das medições diárias de poluição, que foram coletadas de ambas as cidades, sugere que o ar de Nova Deli atualmente está mais carregado de perigosas partículas tóxicas do que o de Pequim.
A Embaixada dos Estados Unidos em Pequim fez o alerta a partir da metade de janeiro, quando o índice de material particulado fino prejudicial conhecido como PM 2,5 ficou muito elevado. O índice verifica a quantidade de partículas inaláveis com diâmetro inferior a 2,5 micrômetros por metro cúbico.
Vale ressaltar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera seguro um valor de 25 microgramas. Pequim, neste mês de janeiro, tem apresentado valor acima dos 600 microgramas; essas partículas representam o maior risco para a saúde, pois penetram profundamente nos pulmões.
Fonte da imagem: Reprodução/Gizmodo
Durante as três primeiras semanas deste ano, a média na medição de pico diário de Nova Deli de partículas finas, feita no bairro de Punjabi Bagh, foi de 473, sendo mais do que o dobro da média de 227 em Pequim.
Até o momento, a poluição alcançou 500 em Pequim pela primeira vez na noite de 15 de janeiro, enquanto Nova Deli já tinha registrado esse número por oito dias. Na verdade, apenas por uma vez nessas três semanas o valor do pico diário da cidade ficou abaixo de 300, sendo um nível mais de 12 vezes maior do que o limite de exposição recomendado pela OMS.
"Sempre me intrigou que o foco esteja sempre na China e não a Índia", disse o Dr. Angel Hsu, diretor do programa de medição de desempenho ambiental do Centro Yale para o Direito e a Política Ambiental.
"A China se deu conta de que não pode se esconder atrás de sua escuridão de costume, enquanto a Índia não recebe pressão suficiente para liberar dados melhores. Então, simplesmente, não há bons dados públicos sobre a Índia, como há para a China”, conclui Dr. Angel.
Fonte da imagem: Reprodução/The New York Times
Apesar de ser noticiado com mais ênfase agora, os especialistas sabem há muito tempo que o ar da Índia está entre os piores do mundo. Uma pesquisa recente da Universidade de Yale descobriu que sete dos dez países com as piores exposições de poluição do ar estão no sul da Ásia — e há evidências de que os indianos pagam um preço mais elevado por isso.
Um estudo recente mostrou que os indianos têm os pulmões mais fracos do mundo, com muito menos capacidade do que os chineses. Os pesquisadores estão começando a suspeitar que a mistura altamente tóxica da Índia de ar poluído, falta de saneamento e água contaminada pode colocar o país entre os mais perigosos do mundo para os pulmões e a saúde geral.
A Índia possui a taxa de mortalidade mais alta do mundo devido às doenças respiratórias crônicas, tendo mais mortes por asma do que qualquer outra nação, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Além disso, a poluição por partículas finas tem sido fortemente associada com morte prematura, ataques cardíacos, derrames e insuficiência cardíaca.
Apesar de todos os alertas e da situação crítica, o governo indiano não mencionou a poluição do ar entre as suas 18 prioridades anunciadas recentemente. A ministra do Meio Ambiente da Índia deixou o cargo em dezembro em meio a críticas generalizadas de que ela estava atrasando projetos industriais cruciais.