Ciência
20/01/2018 às 04:00•2 min de leitura
Você — assim como eu! — deve ter lido diversas vezes que a sociedade humana floresceu com o surgimento da agricultura, ou seja, a partir do momento em que os nossos ancestrais decidiram abandonar a vida nômade de caçadores-coletores para se fixar em determinados locais, formando comunidades.
Contudo, de acordo com um artigo publicado pelo site The Knowledge Nuts, novas descobertas revelaram que, apesar de em um primeiro momento o novo estilo de vida ter provocado um aumento na população e no tamanho das comunidades, após algum tempo, ocorreu uma massiva morte de indivíduos, o que quase resultou no colapso da humanidade.
Segundo o artigo, cientistas conseguiram rastrear a forma como a ideia da agricultura e da formação de comunidades mais fixas se espalhou pelo mundo. Assim, há cerca de 8,5 mil anos o conceito de agricultura chegou na região do Mediterrâneo a partir da Ásia e, 500 anos depois, já tinha se difundido por quase toda Europa. Por último, cerca de 6 mil anos atrás, a ideia chegou à Grã Bretanha e Irlanda, assim como a outras áreas mais ao norte do continente.
No início, com o aumento da disponibilidade e variedade de alimentos, assim como dos índices de fertilidade proporcionados pelo novo estilo de vida, o número da população aumentou dramaticamente. E por muito tempo, ninguém se preocupou em avaliar o que aconteceu logo depois. Contudo, estudos realizados com base na datação por radiocarbono revelaram que por volta de 4 mil a.C. ocorreu um colapso massivo da população de toda a Europa.
De acordo com as estimativas, o número de mortos pode ser comparado ao das grandes pragas que assolaram a Europa ao longo da História. Os cientistas examinaram mais de 13 mil sítios, descobrindo que em muitos deles a população sofreu um declínio calculado entre 30 e 60%. Os estudos mostraram que existem mais restos mortais que correspondem a esse período e que a atividade humana decaiu significativamente.
Contudo, o mais curioso é que os cientistas não conseguiram encontrar nenhuma causa específica para isso, como, por exemplo, evidências sobre algum evento climático que pudesse afetar tanta gente. E mais curioso ainda é o fato de os pesquisadores terem descoberto que esse colapso ocorreu várias vezes e com vários graus de severidade.
Os cientistas acreditam que, quando a agricultura surgiu, nossos ancestrais não tinham conhecimento suficiente sobre o solo, e essa “novidade” não foi capaz de suportar o aumento da população. Nossos antepassados não sabiam nada sobre pragas, como preparar o solo ou como recuperar seus nutrientes. Assim, as plantações eram cultivadas sem intervalo entre as colheitas, o que acabou provocando seu enfraquecimento e aumentando sua susceptibilidade a doenças.
Além disso, para poder plantar, as comunidades eram obrigadas a limpar áreas que antes eram ocupadas por florestas, o que, por sua vez, reduziu a disponibilidade de caça. Desta forma, embora a população estivesse aumentando, a oferta de alimentos foi diminuindo ao ponto de não poder mais sustentá-la. Em outras palavras, o colapso quase aconteceu devido aos efeitos negativos de uma tecnologia que os nossos ancestrais não compreendiam completamente.
*Publicado em 2/1/2017