Será que medicamentos podem “amolecer” e “remendar” nossos corações?

16/06/2015 às 12:063 min de leitura

Mesmo que você nunca tenha tomado paracetamol na vida, você provavelmente já ouviu falar a respeito desse medicamento não é mesmo? Seu princípio ativo também é conhecido como acetaminofeno, e o remédio normalmente é indicado para ajudar a aliviar os sintomas de resfriados e todo tipo de dor leve, como dores de cabeça, de dente, nas costas, cólicas menstruais etc.

Pois, de acordo com Dan Lewis do portal Now I know, alguns pesquisadores acreditam que o paracetamol também poderia ser empregado para amolecer os nossos corações, bem como para tratar a dor da rejeição. Conforme explicou, estudos apontaram que o medicamento parece influenciar nossos níveis de ansiedade e nosso julgamento moral.

Corações de pedra

Para testar a teoria de que o paracetamol pode afetar nosso julgamento, cientistas da Universidade da Columbia Britânica conduziram experimentos com 120 pessoas divididas em dois grupos. Em um dos testes, os pesquisadores pediram que os integrantes de um dos grupos escrevessem sobre a morte, e que o outro escrevesse sobre uma atividade cotidiana qualquer.

Mas, antes de os participantes iniciarem suas tarefas, os pesquisadores dividiram cada grupo em dois, dando um placebo para metade dos integrantes e dois comprimidos de paracetamol para a outra metade. Depois, os cientistas pediram que todos os pensassem a respeito de uma situação hipotética, na qual deveriam decidir qual seria a fiança máxima que cada participante estaria disposto a pagar para liberar uma pessoa presa por prostituição.

Os resultados apontaram que os participantes que escreveram sobre a atividade foram menos duros moralmente e estabeleceram fianças bem mais baixas do que os que haviam escrito sobre a morte e tomado o placebo. Curiosamente, dentro do “grupo da morte”, os que receberam paracetamol também estabeleceram fianças mais baixas.

Em outro teste, os pesquisadores pediram que um dos grupos visse um episódio dos Simpsons, enquanto o outro grupo assistia a um filme — meio maluco — de David Lynch, no qual pessoas com cabeça de coelho perambulam por um apartamento. Aqui também metade de cada grupo recebeu um placebo ou a dose de paracetamol e, depois, todos tiveram que julgar indivíduos presos durante uma briga de rua. Pois o resultado foi semelhante ao do teste anterior.

Corações partidos

Com respeito à dor emocional, pesquisadores da Universidade do Kentucky conduziram uma pesquisa com base no fato de a dor física e a ansiedade causada pela rejeição social compartilharem de um mesmo processo neural, assim como de um componente subjetivo, que são percebidos por nós na forma de sofrimento. Sendo assim, será que o paracetamol poderia ser administrado para “remendar” os corações partidos?

Para isso, os cientistas dividiram 62 voluntários em dois grupos, e deram a eles doses diárias de paracetamol. Todos os dias, os participantes no estudo tinham que responder a questionários que mediam seu “sofrimento social” — baseados em questões como bullying, provocações etc. — e, conforme previam os pesquisadores, os níveis de ansiedade diminuíram entre os voluntários tomando o medicamento.

Em outro experimento, os cientistas aumentaram a dose de paracetamol e, depois de três semanas, colocaram os participantes para jogar um videogame desenvolvido para criar a sensação de rejeição social. Desta vez, os pesquisadores não usaram questionários, mas submeteram os voluntários a ressonâncias magnéticas, descobrindo que os cérebros dos indivíduos que tomaram o remédio respondiam menos intensamente à rejeição.

Implicações

É importante ter em mente que os experimentos que descrevemos acima foram conduzidos com uma quantidade muito pequena de participantes — o que significa que muitos outros testes precisam ser realizados para comprovar a ação do medicamento. No entanto, tudo parece indicar que o paracetamol parece afetar a forma como fazemos nossos julgamentos, nos tornando mais complacentes e bonzinhos.

Além disso, o medicamento também parece ser capaz de não só aliviar a dor física, como também o sofrimento provocado pela rejeição, o que significa que ele poderia abrir caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos para pessoas que sofrem com a ansiedade crônica, por exemplo.

Mas, ademais disso, as descobertas sobre os efeitos inusitados do paracetamol também levantam uma questão interessante: milhões de pessoas tomam esse medicamento regularmente — e nem sequer imaginam que ele pode agir em muito mais do que em sua dorzinha de cabeça ou resfriado.

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Vale destacar que a automedicação pode ser muito perigosa. Assim, caso você acredite que está sofrendo de coração partido ou que precisa dar uma amolecida no coração, procure um profissional da saúde para discutir o seu caso.

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