Laqueadura antes dos 30 é radical? Quem deve decidir: a mulher ou o Estado?

28/04/2016 às 09:302 min de leitura

Você possivelmente já conheceu uma mulher que disse que não quer ter filhos, certo? Da mesma forma, há muitos homens que não têm vontade de ser pais. Valerie é uma britânica que, desde o início da adolescência, percebeu que não tinha desejo algum de ser mãe. Aos 23 anos de idade, depois de uma ida ao ginecologista, ela teve a liberação que tanto queria, para que pudesse fazer uma laqueadura, que é o procedimento cirúrgico que impede que ocorra a gestação.

Hoje, 40 anos após a cirurgia, Valerie se solidariza com a luta de outra britânica, Holly Brockwell, que há anos tenta, sem sucesso, realizar o mesmo procedimento pelo qual Valerie passou há tanto tempo. O que mudou de lá para cá, pelo menos na Grã-Bretanha, foi a característica legal do procedimento.

Aqui no Brasil, por exemplo, a laqueadura é regulada com base em uma lei de planejamento familiar, criada em 1996. Ainda que se possa optar por fazer o procedimento, a mulher precisa ter mais de 25 anos e já ter pelo menos dois filhos vivos.

Antes e agora

Valerie

No caso de Valerie, a laqueadura foi liberada depois de seis meses de solicitação. À época, ela era casada e já tinha decidido, em pleno acordo com o marido, que não teria filhos realmente. Atualmente, em entrevista à BBC, a britânica disse que a decisão teve um impacto positivo em sua vida, e que foi importante ter a liberdade de decidir, a autorização para realizar o procedimento e o apoio das pessoas envolvidas.

Ela contou também que, quando tinha apenas 12 anos, percebeu que não tinha sentimentos maternais nem vontade de ter filhos. Depois de casada, ela não queria tomar anticoncepcional durante anos: “Avaliamos a ideia de o meu marido ser esterilizado, mas eu queria estar no controle daquela parte da minha vida”, disse ela, que já não é mais casada com a mesma pessoa de então e afirma não se arrepender da decisão que tomou.

Anos depois, Holly, que tem 29 anos e não consegue a liberação do governo britânico para realizar o procedimento, contou que já foi a quatro médicos diferentes e que todos se negaram a realizar o procedimento, alegando que ela é jovem demais.

Quem deve decidir, afinal?

Holly

“Podemos decidir engravidar aos 16 anos, mas não podemos renunciar à maternidade aos 29. Parece que nossas decisões são levadas a sério somente quando se alinham à tradição”, desabafou ela, que foi alvo de inúmeras críticas nas redes sociais após a entrevista.

A ginecologista Kate Guthrie lembra que a laqueadura nem sempre funciona em mulheres jovens – além disso, ela reforça que fazer o procedimento antes dos 30 anos aumenta as chances de arrependimento. “Dito isso, se uma mulher já pensou em todas as opções e procurou aconselhamento com um especialista em contracepção, então ela deve ter acesso a serviços de esterilização”, finalizou.

Para Valerie, não dar à mulher o direito de decidir o que fazer com o próprio corpo é um regresso e uma espécie de infantilização também. Na época em que fez seu procedimento, Valerie diz ter sido chamada de egoísta: “Não é mais egoísta colocar uma criança no mundo para sua própria gratificação? Escolher não ter um filho não é egoísta, pois a única pessoa afetada é você”, defendeu ela.

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