Ciência
04/04/2018 às 06:30•3 min de leitura
Histórias de canibais, embora despertem a nossa curiosidade — mórbida, diga-se de passagem —, geralmente são de arrepiar e revirar o estômago. A de Issei Sagawa não é diferente e traz uma pitadinha extra de perversidade: esse cara não só anda solto por aí, como qualquer cidadão, como pretende devorar carne humana de novo. Pois é, caro leitor, apesar de ter sido pego, esse cara conseguiu se livrar da prisão e alimenta o desejo de atacar outra vez.
Issei, que é de origem japonesa, foi um menino baixinho e franzino que começou a alimentar o desejo de provar carne humana quando ainda era criança e começou a prestar atenção nas coxas das garotas do colégio. No entanto, em vez de sentir a curiosidade normal que surge com o despertar da sexualidade, na mente doentia de Issei, esses desejos se confundiam com os de literalmente degustar a pele macia de suas coleguinhas.
Esse é o cara (Sixpegs)
Depois, na adolescência e juventude, em vez de ter fantasias com mulheres com as quais ele gostaria de se relacionar um dia, Issei imaginava que estava devorando sua carne e, durante anos, reprimiu seus mais insanos desejos. Até que, em 1981, quando ele tinha 32 anos de idade e se encontrava Paris — onde fazia uma pós-graduação em Literatura na prestigiosa Universidade Sorbonne —, Issei não resistiu mais e se deixou levar por seus instintos.
O estudante japonês começou levando prostitutas até seu apartamento na capital francesa quase todas as noites, com quem ensaiava como mataria a sua primeira vítima. Mas Issei não chegou a atacar nenhuma dessas mulheres — que não faziam ideia do risco que estavam correndo. Quem teve o azar de cair no gosto dele foi uma colega de curso, a estudante holandesa Renée Hartevelt, de 25 anos de idade.
Issei foi se aproximando da jovem aos poucos até conseguir fazer amizade com ela. Depois, pacientemente, ele foi conquistando sua confiança e, um dia, ele a convidou para jantar em sua casa — já planejando “quem” seria o prato principal. O japonês atirou com uma carabina de calibre 22 na nuca de Renée enquanto ela recitava um poema e, em um primeiro momento, sentiu remorso e inclusive pensou em chamar uma ambulância.
Renée Hartevelt (Sixpegs)
Mas esse sentimento durou até Issei lembrar que havia aguardado por aquele momento durante décadas. Então, o japonês abusou do corpo sem vida de Renée e, depois, começou a cortá-lo em pedaços, iniciando o processo pelas nádegas. Dois dias mais tarde, após devorar parcialmente o cadáver da estudante e congelar algumas partes, Issei colocou o que havia restado da estudante em duas malas e pediu que um táxi o deixasse no parque Bois de Boulogne.
Issei quando foi capturado na França (France Inter/AFP/Dominique Faget)
A intenção de Issei era jogar as malas em um lago que existe no interior do parque, mas várias pessoas viram sangue escorrendo pelas peças e alertaram as autoridades. O japonês foi preso rapidamente e em nenhum momento tentou esconder o que havia feito. Ele disse simplesmente que tinha assassinado Renée para poder devorar seu corpo e contou que seu único arrependimento era não ter provado sua carne enquanto ela ainda estava viva.
Issei explicou que seu objetivo não era necessariamente assassinar a estudante holandesa. Ele só queria mesmo saborear a sua carne. Então, durante 2 anos ele aguardou por seu julgamento em uma prisão francesa — até que um juiz o declarou insano, arquivou as acusações e o condenou a ficar em uma instituição mental por tempo indeterminado. Depois, Issei foi deportado e deveria ter passado a vida em um manicômio, mas, como o Direito tem suas particularidades...
De assombrar os sonhos de qualquer um (Documentary Heaven)
Uma vez no Japão, como as autoridades francesas arquivaram as acusações, as autoridades japonesas perderam acesso aos documentos do caso — o que significa que, legalmente, não existe nada para condenar Issei ou mantê-lo trancafiado em algum hospital psiquiátrico. Assim, ele foi solto, vive atualmente em Tóquio e inclusive ganhou dinheiro em cima de sua macabra história de celebridade!
O insano virou celebridade (France Inter/AFP/Dominique Faget)
O pior é que Issei descreve seu desejo de comer carne humana como um fetiche quase irresistível e confessou que, sim, sente uma vontade absurda de saciar sua vontade de degustar seres humanos novamente. Ele explica que o apetite aumenta especialmente no verão, quando as mulheres deixam mais pele à mostra, e admite que pretende se render aos seus anseios um dia — atacará outra vez antes de morrer e partir deste mundo satisfeito.