Artes/cultura
24/07/2018 às 05:01•3 min de leitura
O Vaticano é sempre lembrado como o menor país do mundo, mas ele também é alvo de grandes teorias da conspiração. Enquanto parte das acusações são provavelmente infundadas, outras levantam suspeitas pouco mais palpáveis de ligações com o crime organizado, conexão com agências de inteligência e pessoas de grande influência.
Envolvido em mistério e uma conjunção de grande parte dos boatos que rondam a instituição, está o Chronovisor. Ele recebeu destaque em comunidades conspiratórias em 2002, após o lançamento do livro “Le Nouveau Mystere du Vatican”(O Novo Mistério do Vaticano, tradução livre), escrito pelo padre Francois Brune e sem edição em português.
Mas o religioso, especialista na ligação entre acontecimentos paranormais e religião, só reacendeu a chama sobre a máquina que fotografa o passado, citada em um artigo publicado em um jornal italiano, em 1972. A história dela é conturbada e, em alguns momentos, parece o centro das atenções de diversos pesquisadores, fazendo crer que é real.
Considerando a longa existência do Vaticano, o fato de os indícios sobre a origem do Chronovisor datarem dos anos 1950 talvez traga um pouco mais de credibilidade para a história. Nada impede também que, para encobrir algo muito mais antigo, as informações tenham sido forjadas. Mas sigamos.
O artigo acima dizia que o padre Pellegrino Ernetti entrou para o sacerdócio já em uma idade avançada, com uma história no meio acadêmico antes da decisão. Ele seria o responsável por liderar o desenvolvimento da criação do aparelho, que seria composto somente por materiais preciosos. Informações técnicas sobre a máquina teriam sido fornecidas por Enrico Fermi, físico e ganhador de Prêmio Nobel, que era amigo próximo de Ernetti.
Outro físico de renome e ex-membro da SS nazista, Wernher von Braun, também teria auxiliado Ernetti no desenvolvimento do Chronovisor; ou seja, existia um embasamento teórico de peso no projeto. Há também a informação de que algo semelhante estava sendo desenvolvido pelo III Reich, com o nome de Die Glocke ou Nazi Bell.
Nesse ponto, é bom lembrar que a Igreja Católica apoiou, oficialmente ou não, Hitler nos seus primeiros anos de governo, e essa ligação pode ter gerado troca de informações entre cientistas das instituições.
O Chronovisor utilizaria radiação eletromagnética residual, deixada por inúmeros processos, para possibilitar a visualização de momentos do passado, assim como o futuro próximo. Essa energia permitiria a criação de um “filme” de determinada época, através da junção de diversas imagens.
Ernetti tinha uma grande preocupação sobre o uso do aparelho, que em mãos erradas poderia ser extremamente perigoso. Ele alegava ter visualizado a fundação de Roma, em 753 a.C., a destruição de Sodoma e Gomorra e, obviamente, a crucificação de Jesus Cristo.
Outra conexão que mantém a conspiração de pé foi o assassinato de Douglas K. DeVorss, em 1953. O crime ocorreu por um motivo fútil, em uma época em que ele trabalhava na publicação do trabalho da vida de Baird T. Spalding, que havia falecido alguns meses antes, com 95 anos. A obra se chamaria “Vida e Ensinamentos dos Mestres do Extremo Oriente”.
Spalding alegava ter viajado por China, Tibete e Irã entre 1894 e 1897, adquirindo conhecimento de “irmãos mais velhos” do Himalaia. Apesar do tempo que passou fora, Spalding não possuía fonte de renda para tal, fato que fundamentou uma acusação de fraude.
Mesmo assim, após seu retorno, Spalding se juntou a um engenheiro para o desenvolvimento de uma câmera de eventos passados. A reunião desses fatos torna suspeitas as morte de ambos, colaborando para a conspiração.
Os dados vazados pelo Wikileaks recentemente mostraram que, nos anos 1960, houve troca de informações entre o Vaticano e a CIA, especificamente na questão de tecnologia quântica. Pequenos detalhes como esse tornam a história ainda mais interessante, pois o teor de mensagens entre grandes instituições não é divulgado com frequência. Além disso, por qual motivo o Vaticano teria informações sobre tecnologia quântica que seria de interesse dos EUA, país com alto desenvolvimento tecnológico?
Por mais que Ernetti insistisse na existência do equipamento, provavelmente o Chronovisor não passa de um boato com uma história bem contada. Apesar disso, o Vaticano decretou que o simples uso de uma máquina com tais características seria motivo para excomungar o usuário.
É quase impossível surgir um esclarecimento sobre o aparelho, mas caso ele realmente exista os riscos em seu uso seriam altos demais para que ele fosse deixado disponível para todos.
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