Conheça Tarrare, o homem que comia literalmente tudo

19/08/2018 às 06:003 min de leitura

As competições de “quem come mais” são muito populares nos Estados Unidos e até já apareceram em dezenas de filmes e séries; porém, a vantagem é que atualmente isso só rende prêmios e certa dose de fama. Acabada a competição, os desafiantes com uma fome absurdamente fora do comum simplesmente vão para a casa e seguem a vida.

Na época de Tarrare, a coisa era um pouquinho pior em diversos sentidos: essas pessoas costumavam virar atrações de circo, eram tema de estudo e, normalmente, tinham que comer coisas muito piores que cachorros-quentes ou tortas.

Essa é a história de Tarrare, o homem de fome insaciável que foi motivo de pesquisas e chegou a ingerir animais vivos e carne humana!

Quem foi Tarrare

Tarrare nasceu na França, em torno de 1770, e sempre teve um apetite desmedido. O rapaz comia tanto que seus pais, impossibilitados de pagar por suas despesas alimentares, decidiram expulsá-lo de casa.

Depois disso, ele se tornou um showman itinerante, apresentando-se em todos os cantos do país como alguém capaz de comer de tudo. Nesses eventos, Tarrare ingeria cestos repletos de maçãs, objetos como rolhas, garfos e até pedras, além de animais vivos. Exibições grotescas eram bastante populares na época, e Tarrare viu nelas uma forma de ganhar dinheiro saciando seu apetite.

Incrivelmente, Tarrare nunca foi um homem gordo, não pesava mais de 50 kg – quando não estava alimentado, parecia quase uma “bexiga murcha”, pois sua barriga se assemelhava muito a um avental de pele, completamente vazio. Na verdade, de acordo com relatos da época, ele era bastante fraco e tinha uma aparência subnutrida.

Seu papel na guerra

Terrare, tomado de um espírito patriótico, desistiu de seus shows e se alistou no exército com a intenção de defender a França. O problema é que a sua cota de comida nunca lhe foi suficiente, o que levava a dois cenários: ou ele se contentava com sua parte, mas ficava fraco e subnutrido; ou comia pelo menos quatro vezes mais do que seus companheiros. Isso fez com que ele fosse tirado do front e mandado para um grupo de cirurgiões “para fins de estudo”.

Seu papel de cobaia, no entanto, não anulou sua participação na guerra: um general acreditava que era possível utilizar os “dons” de Tarrare, tornando-o assim um espião que engoliria mensagens secretas e as levaria sem ser pego.

O plano não deu certo. Ele estava disfarçado de camponês prussiano, mas não sabia falar uma palavra em alemão, e embora um camponês pudesse passar despercebido como só mais uma pessoa no meio da multidão, havia outro problema: ele fedia demais. Seu odor ia muito além da falta de banho; um fedor pútrido emanava de dentro do rapaz, e isso chamava atenção. Não demorou para ele ser reconhecido como um espião e torturado até “despejar” a mensagem que estava carregando. Como não havia nada demais no conteúdo, o general prussiano que o capturou decidiu libertá-lo.

O canibalismo

Os eventos na Prússia deixaram Tarrare traumatizado o bastante para que, ao retornar ao hospital, implorasse para os cirurgiões descobrirem uma solução para seu problema. Mas as curas buscadas não só não tiveram efeito, como também desencadearam algo pior: o canibalismo.

Tarrare se sentia absolutamente faminto dentro do hospital, então começou a ingerir lixo, foi flagrado bebendo sangue que havia sido tirado de outros pacientes, bem como comendo os cadáveres do necrotério.

Apesar de todos esses problemas, ele foi mantido no hospital por ser considerado um caso fascinante demais para simplesmente ser ignorado. As coisas só mudaram quando um bebê de pouco mais de 1 ano desapareceu, fazendo com que todas as suspeitas recaíssem sobre Tarrare. Essa foi definitivamente a gota d’água, e ele foi expulso no hospital, tendo que, a partir daquele momento, voltar a se virar sozinho.

Morte e autópsia

Anos depois, um de seus médicos descobriu que Tarrare estava internado em um hospital de Versalhes, com tuberculose e já à beira da morte. Quando ele morreu, os especialistas decidiram realizar uma autópsia – coisa que não se fazia muito na época, por ser considerada uma profanação.

Ao abrirem o glutão, encontraram todos os órgãos cobertos de pus, e muitos eram bem maiores do que o normal, especialmente o estômago, que mal cabia dentro do corpo; sua garganta era extremamente larga, e sua mandíbula era capaz de abrir em níveis anormais, o que explicava bem como ele conseguia engolir coisas inteiras com tanta facilidade.

Depois de sua morte, ele fedia ainda mais do que em vida, o que fez com que os cirurgiões desistissem de levar o procedimento adiante, mas a investigação que conseguiram realizar foi suficiente para determinar que Tarrare não tinha uma condição psiquiátrica como compulsão alimentar, mas sim um problema físico que de fato o levava a sentir fome o tempo todo.

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