Artes/cultura
30/07/2019 às 11:30•7 min de leitura
Por que as pessoas morrem? Essa é, talvez, a mais intrigante e curiosa de todas as perguntas. Filósofos têm tentado achar uma resposta para ela por milênios e nunca conseguiram. Muitos de nós esquentamos a cabeça pensando sobre a origem da morte e não chegamos a uma conclusão concreta. A verdade é que cada um aceita e segue a teoria do que acredita.
Por exemplo: para o Cristianismo, a morte se dá porque Deus baniu Adão e Eva do Jardim do Éden após ela morder o fruto proibido. Já para a mitologia grega, nós morremos por causa da abertura da caixa de Pandora. A verdade é que existem muitas teorias sobre a origem da morte e elas causam uma grande curiosidade em todos nós.
Assim como você já pode ler aqui no Mega Curioso algumas teorias sobre a origem da vida, conheça dez origens da morte e veja qual se acredita em alguma.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
Esse é um mito divulgado pelo povo americano Caddo, nativo do Texas. Quando o homem foi criado, todos viviam para sempre. Preocupados com o problema da superpopulação, os chefes se reuniram com o deus Coyote para resolver esse problema. Todos queriam uma morte temporária, em que as pessoas pudessem voltar depois de um tempo. Assim, a dor e a tristeza no mundo seriam inexistentes.
Coyote defendia a morte permanente. Porém, seu voto foi minoria e ganhou a decisão de que as pessoas voltariam à vida quando seus espíritos fossem chamados de dentro de uma pequena cabana. Quando chegou a hora das primeiras pessoas voltarem, Coyote bloqueou a entrada da cabana.
Forçados a vagarem sem rumo, os espíritos encontraram um caminho para outra terra e a morte tornou-se permanente. Todos queriam matar Coyote e ele foi obrigado a fugir. E o arrependimento chegou quando seu filho foi mordido por uma cobra e o curandeiro lhe disse que não havia salvação.
Mesmo diante da raiva de Coyote, seu irmão lembrou: "Não se esqueça de que foi você que queria que acabasse assim".
Fonte da imagem: Reprodução/Pixabay
Segundo os nativos das ilhas Andaman, no Oceano Índico, a primeira pessoa a morrer foi um homem chamado Yaramurud. Ele vivia com sua mãe e seu irmão em uma cabana. Certo dia, depois de uma caçada mal sucedida, sua mãe lhe deu um pouco de carne de porco e, ao pegar a faca que estava em suas costas, ele acidentalmente se cortou profundamente.
Sua mãe, revoltada, disse: "Você está morto! Você tem que ir agora, nós não queremos mais você aqui!". Ela e seu outro filho sepultaram Yaramurud na floresta. Mas ele não havia morrido. Saiu de sua sepultura e voltou para casa, dizendo: "Mãe, eu não morri. Por que me enterrou?".
Então ela respondeu: "Achei que estivesse morto!". Essa foi uma das mais impressionantes demonstrações de agressão da mitologia. Ela tentou enterrá-lo mais duas vezes e Yaramurud sempre voltava. Bastante farta da situação, sua mãe o levou para a floresta, chutou uma árvore oca e pediu para o filho entrar na árvore.
Quando ele fez isso, ela perguntou se ele podia ouvir os espíritos. Ele afirmou que podia, e ela declarou que ele havia ido embora para sempre e foi para casa satisfeita. Poucos dias depois, Yaramurud retornou como um espírito e matou seu irmão Toau. A morte foi trazida ao mundo e todos foram destinados a morrer como Yaramurud.
Fonte da imagem: Reprodução/Pixabay
Esse conto foi divulgado pelas pessoas que viviam nas margens do lado Kivu, na África do Sul. Deus criou o mundo para que todas as pessoas fossem imortais, mas a morte rondava, brigando com os humanos. Deus passou a rondar a morte, evitando que ela colocasse a mão em seus filhos.
Tendo Deus que se ausentar por uns dias, a morte aproveitou e matou uma mulher. Deus ficou furioso com a morte e passou a persegui-la. Ela pediu para uma velha mulher para que pudesse se esconder debaixo de sua saia e a mulher consentiu.
Quando Deus encontrou a morte, ela entrou no corpo da mulher, o que fez com que Deus também ficasse bravo com a velha, deixando que ela morresse. Isso aconteceu com mais algumas pessoas: a morte pedia para se esconder e as pessoas a ajudavam.
Então Deus decidiu que não valia a pena deixar as pessoas imortais, tornando as coisas mais difíceis para ele. Deus permitiu que a morte fizesse o que gostava. Agora a morte é livre para se apossar de todos nós.
Fonte da imagem: Reprodução/Pixabay
Vindas dos povos aborígenes da Austrália, as origens da morte aparecem em diversas versões, e muitas delas possuem a lua como grande protagonista. Em uma das versões mais comuns, os espíritos estavam criando o mundo e a lua pediu ao Dugongo (um dos espíritos) para ser como ele e renascer a cada mês.
No entanto, ele queria que a morte fosse permanente, inclusive para os seres humanos, e assim foi feito. Em outra versão, um Gambá bate na lua com um pedaço de pau. Ela revida com uma lança e joga uma maldição: "Todas as pessoas que vêm depois de mim, as gerações futuras, quando morrerem, morrerão para sempre".
Fonte da imagem: Reprodução/ListVerse
Para o povo Kono da Guiné, a origem da morte está diretamente ligada à origem da vida. O deus Sa começou a criar o mundo e ele morava com sua esposa e filha em uma extensão que só tinha lama escura. O deus Alatangana ficou indignado com a situação, solidificou a lama e cobriu-a com plantas.
Sa ficou eternamente grato e pediu para que Alatangana ficar como convidado. Ele ficou e apaixonou-se pela filha de Sa. Depois de um tempo, Alatangana pediu a mão da filha de Sa em casamento, mas o pai não permitiu, pois tinha criado um mundo inteiro para sua menina.
Alatangana e a filha de Sa fugiram e tiveram 14 filhos. Eles foram, dessa forma, os pais da raça humana. Porém, o mundo continuava sem luz e todos viviam no escuro. Alatangana não sabia ao certo como criar a luz e quis pedir a ajuda de Sa, mas não queria enfrentar o sogro.
Mandou dois pássaros que voltaram com a resposta: ele simplesmente precisava cantar duas canções especiais e a luz viria. Alatangana achou que era mentira e ameaçou matar os pássaros, mas quando eles cantaram ao amanhecer, a luz realmente veio.
Sa então colocou Alatangana em dívida consigo. Como pagamento, Sa pediu para ser capaz de tomar as almas dos descendentes de Alatangana quando quisesse, e essa é a razão pela qual todos nós morremos.
Fonte da imagem: Reprodução/Deviantart
Esse mito é contado pelo povo Luba da África Central. No começo da criação da Terra, eles tinham um deus chamado Kalumba. Ele criou os primeiros seres humanos, um macho e uma fêmea, que passaram a povoar o mundo. Kalumba mantinha a vida e a morte amarradas a um poste, mas sabia que ambos tentariam se libertar.
Kalumba contou com a ajuda de um cão e uma cabra para fazer a vigia e recomendou que a vida pudesse passar, mas não a morte. Infelizmente, os animais não se deram bem e brigavam o tempo todo. Ambos entraram em uma discussão e a cabra deu as costas, ofendida, e foi embora.
O cão adormeceu e a morte se aproveitou da situação: fugiu! Quando a cabra descobriu o que aconteceu, amaldiçoou o cão e ficou acordada a noite toda para mostrar como deve ser feito, mas não teve jeito: a morte já havia ganhado a liberdade.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons
O que muitos desses mitos tentam nos mostrar é que os animais estragaram a nossa imortalidade. O povo Nuer da fronteira do Sudão do Sul e Etiópia reverenciava um deus onipresente chamado Kwoth que morava no céu. Kwoth mantinha uma corda entre o Céu e a Terra e quando a pessoa ganhava certa idade, elas subiam para o céu para ver Kwoth.
Lá, elas se tornavam jovens novamente e voltavam para a Terra para continuar suas vidas através da corda mantida por Kwoth. Um dia, uma hiena subiu para o Céu. Irritado, Kwoth proibiu que a hiena voltasse à Terra. Ela se irritou e, certo dia, escapou, cortando a corda para que ela não pudesse ser perseguida. Por isso, quando as pessoas subiam para o céu, não conseguiam mais voltar!
Fonte da imagem: Reprodução/Pixabay
A luxúria talvez seja a explicação para a mortalidade, é o que conta o povo Tiwi do norte da Austrália. O primeiro homem da Terra era imortal e chamava-se Purukapali. Ele era casado com Bima e tinha três filhos. Ele também tinha um irmão chamado Tapara cuja relação com Bima era um pouco íntima demais.
Em seus encontros com Tapara, Bima esquecia-se dos filhos. Dependendo da versão dessa história que você ouve, o filho mais novo de Purukapali morreu de fome ou queimado de sol por causa da negligência da mãe. Quando Purukapali descobriu, ficou furioso, espancou seu irmão, cobrindo-o de cicatrizes e hematomas e obrigando-o a fugir.
Tapara morreu e tornou-se a lua (cujas crateras são as marcas deixadas pelo ataque). Bima também fugiu, sendo perseguida por aves irritadas, tornando-se também um pássaro. Ela ainda voa sem rumo, dando gritos de angústia por causa de seu erro. Purukapali levou o corpo do filho e, em sua fúria, declarou que todos os homens morreriam. Entrou no mar com o filho e nunca mais foi visto.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons
Esse mito conta a história do deus Sno-Nyosa, do país Libéria, do oeste africano. Sno-Nyosa criou o mundo e enviou seus quatro filhos para visitar a Terra. Porém, um dia, ele chamou-os para voltar para o Céu, o qual foi recusado. Os filhos estavam felizes na Terra. Mas Sno-Nyosa, sendo o criador do mundo, não aceitou.
Então chamou a alma dos filhos de volta, deixando o corpo deles sem vida na Terra. Ele continuou a fazer isso com todas as pessoas. Porém, a humanidade não aceitou essa situação e descobriram que um curandeiro tinha uma poção que trazia os mortos de volta à vida.
Para buscar essa poção, as pessoas queriam uma criatura com uma reputação leal e confiável. Porém, foi mandado um gato para a tarefa. No caminho de volta com a poção, o gato colocou o frasco em um toco de árvore para tomar um banho no rio e esqueceu-se de pegar novamente ao voltar para casa.
Todos ficaram extremamente irritados com o gato, inclusive o curandeiro. Os seres humanos estavam destinados a morrer para sempre!
Fonte da imagem: Reprodução/ListVerse
Tane foi um dos primeiros deuses a habitar a Terra. Ele talhou uma mulher a partir do barro vermelho e, juntos, eles conceberam uma filha: Hine, uma deusa maori que cuida das almas do submundo. Tane tomou sua filha como esposa sem avisar-lhe que era seu pai.
Quando Hine lhe questionou sobre isso, ela ficou tão envergonhada que fugiu. Tane perseguiu-a, mas ela lhe disse para criar seus filhos, deixando-os ficar por ali. Os filhos de Tane e Hine foram os primeiros seres humanos. No entanto, a chance de imortalidade não foi perdida.
Era necessário que um herói matasse a deusa ancestral e a única maneira de fazer isso seria voltar para dentro de Hine, no reverso ao parto, saindo pela boca da deusa. Um jovem se ofereceu para essa tarefa, seu nome era Maui.
Umas versões dessa história dizem que Maui entrou na forma humana (como a escultura da imagem). Outras contam que ele se transformou em um verme. Os pássaros, ao verem Maui entrando pelas partes íntimas da deusa, começaram a rir histericamente, o que despertou Hine.
Ela assustou-se ao ver uma criatura dentro dela e esmagou-lhe entre as coxas. Maui foi partido em dois e a oportunidade da imortalidade foi totalmente perdida.
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Essas e muitas outras histórias que podem ser encontradas por aí tentam dar um fim a uma das questões que mais martelam na nossa cabeça. A morte é uma coisa que fascina e dá medo, e o motivo pelo qual ela realmente acontece continua indefinido. E você? Conhece alguma origem realmente convincente?
*Publicado originalmente em 21/03/2014.
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