Estilo de vida
22/09/2024 às 21:00•2 min de leituraAtualizado em 22/09/2024 às 21:00
Localizada no centro de Porto Alegre, a rua Fernando Machado guarda uma história sombria. Foi lá que, durante o século 19, ocorreu uma história com ares de filme de terror.
O caso beira o inacreditável: foi lá que um casal matou e esquartejou pessoas para depois enviar os pedaços dos corpos para um açougue. Era lá que essa carne se tornava linguiça que era então consumida por membros da alta sociedade de Porto Alegre.
O caso envolveu principalmente a atuação de três pessoas. Um deles é José Ramos, um soldado da polícia que, depois de uma tentativa de assassinato, foi rebaixado para o cargo de informante. Durante a juventude, ele teria matado o pai depois que o flagrou tentando agredir a sua mãe, o que o fez mudar-se para a Província de São Pedro.
Foi na cidade de Porto Alegre que ele se apaixonou e se casou com Catarina Palse, uma filha de família pobre de origem húngara, que havia perdido seus pais assassinados por soldados durante a revolução húngara contra a Áustria. Ela havia se casado previamente com um homem que emigrou ao Brasil, mas acabou se suicidando durante a viagem, em que os dois vinham até o país.
Em 1857, ela chegou à capital do Rio Grande do Sul. Cinco anos depois, envolveu-se com José Ramos, e juntos foram viver em um casarão na Rua do Arvoredo, localidade que no futuro trocaria de nome para Fernando Machado.
Perto de sua casa, um imigrante alemão chamado Carlos Claussner mantinha um açougue que logo se tornou muito próspero. Era nesse local que as senhoras ricas da cidade mandavam seus empregados para comprar a carne que seria consumida pelas famílias. Muito sozinho, Claussner se tornaria muito amigo de José Ramos, sem saber que isso selaria a ele um destino trágico.
Alguns anos depois, desaparecem em Porto Alegre um comerciante português e um caixeiro viajante. Os vizinhos de José Ramos e Catarina Palse haviam visto os homens chegando na casa deles um dia antes de seu desaparecimento, o que fez com que Ramos fosse intimado a ir até a delegacia esclarecer o mistério.
Ocorre que o chefe de polícia não se convenceu com a sua explicação e resolveu investigá-lo, indo até a casa de José Ramos e Catarina. Chegando lá, deparou-se com uma cena terrível: no porão da residência, estavam enterrados pedaços de um corpo humano. A vítima era Carlos Claussner, o dono do açougue e amigo do casal. Perto do local, em um poço, estavam os corpos das duas outras vítimas e de um cachorro.
Ao investigar, a polícia concluiu que José Ramos e Catarina Palse mataram os três para roubar os bens. Catarina Palse acabou confessando que, no total, seis pessoas haviam sido assassinadas e transformadas em linguiça pelo açougueiro Carlos Claussner. Não se sabe com certeza por que ele acabou sendo morto.
Os autos revelaram que Catarina abordava e atraía as vítimas em um beco escuro e as levava até um um sobrado. No casarão da Rua do Arvoredo, elas eram esquartejadas e descarnadas. Em seguida, toda a carne era vendida no próprio açougue de Carlos Claussner, e supostamente era muito apreciada pelos clientes.
Clausser teria sido o mentor do crime, mas depois acabou sendo morto pelo casal. José Ramos pegou a pena de crime por latrocínio e foi condenado à morte, mas acabou cumprindo prisão perpétua. Já Catarina foi condenada como cúmplice, recebeu sentença de 13 anos e morreu anos depois em um manicômio. Mas a história em torno dos crimes da Rua do Arvoredo em Porto Alegre segue viva até hoje.