Por que a maioria das pessoas prefere formas arredondadas às retas?

29/04/2015 às 09:333 min de leitura

Tudo bem que não se trata de uma completa unanimidade, mas quando o assunto é escolher entre formas mais arredondadas e as quadradonas, a verdade é que a maioria das pessoas tende a preferir objetos com linhas mais curvas. E antes de explicarmos o motivo disso, dê uma olhadinha na figura abaixo e veja qual delas parece mais agradável aos seus olhos:

Curvas?

Não estamos falando aqui daquela velha história de que “os homens adoram curvas”, mas sim sobre a predileção por formas arredondadas como fator universal. E o mais interessante é que vários estudos apontaram que essa inclinação por linhas menos abruptas não é apenas uma questão de estilo pessoal.

De acordo com Eric Jaffe do site Fast Company Design, nossos cérebros estão programados para preferir uma forma a outra por que elas afetam a atividade cerebral de áreas responsáveis pelo processamento de emoções primordiais nos seres humanos.

A ciência explica

Em um dos estudos, uma equipe de psicólogos da Universidade de Toronto em Scarborough, em parceria com designers europeus, exibiram uma seleção contendo 200 imagens retratando interiores decorados com linhas mais retas ou linhas mais arredondadas a um grupo de participantes.

Durante o experimento, os pesquisadores pediram que os voluntários qualificassem os ambientes como bonitos ou feios, enquanto observavam sua atividade cerebral. Os resultados mostraram que os participantes eram muito mais propensos a escolher os interiores contendo objetos com formas arredondadas — como tapetes ovalados, pisos com padrões curvos e móveis alongados — do que os que continham objetos com linhas mais retas.

Além disso, os pesquisadores também descobriram que quando as pessoas olhavam para formas arredondadas, uma região do cérebro chamada “cíngulo anterior do córtex” mostrava maior atividade do que quando imagens contendo linhas mais retas eram exibidas. Segundo explicaram, essa área cerebral está envolvida no processamento de emoções.

Mais experimentos

Escultura de Jean Arp digitalizada para o estudo

De acordo com Megan Gambino do portal Smithsonian.com, outro estudo conduzido por neurocientistas da Universidade Johns Hopkins, juntamente com o pessoal do Walters Art Museum de Baltimore, apresentou resultados parecidos. Neste caso, os experimentos envolveram criar uma exposição composta por conjuntos de imagens contendo 25 figuras diferentes e amorfas geradas a partir da digitalização de uma escultura do artista Jean Arp.

Ao entrar na exposição, os visitantes recebiam óculos para ver imagens em 3D e, depois de observar os conjuntos de figuras, eles deviam indicar de quais haviam gostamos mais — ou menos. Os pesquisadores então compararam as respostas com os resultados de obtidos em laboratório durante um teste anterior, no qual alguns voluntários qualificaram as mesmas imagens enquanto seus cérebros eram monitorados. E adivinhe quais foram as favoritas!

Orgânico x inorgânico

Apoiando essas descobertas, um estudo conduzido por um cientista da Universidade de Harvard revelou que ao observarmos objetos com elementos mais bruscos, como sofás quadradões ou mesas com cantos retos, outra região do cérebro — chamada “amígdala cerebelosa” — é ativada. Curiosamente, essa área cerebral é responsável por processar as sensações de medo.

Os pesquisadores especulam que a percepção que os humanos têm das formas pode estar relacionada com a maneira como o cérebro se adaptou para processar as informações recebidas da natureza. Eles explicaram que, geralmente, superfícies rasas e com curvatura convexa são características de organismos vivos, já que elas são produzidas pela pressão exercida por fluídos ou tecidos sob a pele.

Em contrapartida, elementos inorgânicos — como as rochas, por exemplo — tendem a contar com curvaturas mais bruscas e extremidades pontiagudas. Segundo os cientistas, como os seres humanos associam objetos retilíneos e extremidades pontiagudas com o perigo e risco de dano físico, essa pode ser a razão de sentirmos mais prazer na presença de formas arredondadas.

Questão de curvatura

Os cientistas concluíram que a curvatura parece afetar as nossas emoções e, como consequência, influenciar as nossas preferências na hora de escolher o formato do relógio de pulso que usamos, do nosso smartphone ou, ainda, entre uma marca de fio dental e outra — veja novamente a imagem ao início da matéria. E ao que tudo indica, os humanos parecem preferir as curvas por que elas são percebidas como inofensivas.

Embora as explicações oferecidas pelos neurocientistas façam sentido, vale lembrar que vários fatores podem afetar a nossa percepção das formas, como a cultura, a familiaridade e o contexto no qual o objeto está inserido — afinal, ninguém ficaria plantado apreciando uma cascavel curvilínea enquanto ela se enrola toda para dar o bote! Portanto, é inegável que em determinadas situações as linhas retas são mais agradáveis aos nossos olhos do que as curvas, você não acha?

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