Como morar perto de uma ferrovia pode prejudicar sua saúde?

No começo de fevereiro, um acidente envolvendo um trem Norfolk Southern, que descarrilhou em uma pequena cidade de Ohio, gerou preocupação nos Estados Unidos. Naquela época, 11 vagões de materiais perigosos foram derramados no solo. Nenhuma pessoa se feriu no impacto, mas a cidade de East Palestine precisou ser evacuada para que os bombeiros pudessem lidar com a situação.

Embora pareçam bastante raros, acidentes de trem são relativamente comuns. Apenas em 2023, os EUA já registraram mais de uma dezena de casos de descarrilamentos em dois meses. E embora colisões violentas sejam o assunto que mais chame atenção, esse não é o único risco que os trens trazem para a vida humana. Veja só como morar perto de uma linha de trem pode ser prejudicial para a sua saúde!

Diversos tipos de poluição

(Fonte: Pixabay)

Para quem vive a menos de 1 km de distância de uma ferrovia, a poluição sonora e as vibrações dos trens ao passarem por essa região são algumas das coisas que mais geram incomodo rotineiramente. Em entrevista ao National Geographic, a especialista em saúde pública da Universidade de Gotemburgo, Natalia Caldeira Loss Vincens, afirmou que essa quantidade de ruído tende a trazer problemas maiores para os seres humanos.

“A ideia é que essas exposições ao ruído e outras coisas sejam estressantes”, diz Vincens. Sendo assim, indivíduos que moram perto de uma linha de trem tendem a apresentar níveis elevados de cortisol, um tipo de hormônio do estresse, que por sua vez costuma ser responsável por causar vários outros problemas de saúde.

Por exemplo, um estudo de 2022 publicado na revista Environmental Research encontrou uma ligação entre o ruído ferroviário e a incidência de diabetes. O estresse crônico gerado pela quantidade de ruídos sonoros pode levar a uma "cascata de alterações fisiopatológicas", incluindo alterações na sensibilidade à insulina de uma pessoa, inflamação e alterações no apetite. 

Intoxicação no ar

(Fonte: Pixabay)

Se não bastassem os guinchos, assobios e freios rangendo dos trens serem incômodos suficientes para uma pessoa que mora perto de um trilho do trem — gerando problemas de sono, cognição e outras reações mentais —, a quantidade de ruídos sonoros gerados pelos vagões está longe de ser o problema mais preocupante para quem convive com esse cenário.

Embora os trens possam ser considerados uma alternativa ecológica aos meios de transporte pesados com combustíveis fósseis, como carros e aviões, eles ainda são responsáveis por queimar óleo diesel. Um estudo feito pela Estação Ferroviária de Paddington, no Reino Unido, descobriu que seus trens contribuíram para as emissões de dióxido de nitrogênio que excederam os limites da União Europeia para a qualidade do ar externo.

Além disso, outra pesquisa feita pela Agência de Proteção Ambiental da Califórnia (EUA) estimou que os residentes que vivem perto de um pátio ferroviário experimentaram um risco maior de exposição a carcinógenos. Isso significa que os habitantes dessas áreas apresentaram aumento do risco de câncer entre 100 e 3 mil vezes em comparação com áreas vizinhas.