Artes/cultura
29/11/2012 às 06:16•2 min de leitura
(Fonte da imagem: Reprodução/The New York Times)
A água-viva imortal foi descoberta por acaso pelo estudante alemão de biologia marinha Christian Sommer em 1988, enquanto ele passava suas férias de verão na Riviera Italiana. Sommer, que coletava espécies de hidrozoários para um estudo, acabou capturando a pequena criatura misteriosa — da espécie Turritopsis dohrnii —, ficando espantado com o que observou no laboratório.
Após examiná-la durante alguns dias, Sommer percebeu que a água-viva simplesmente se recusava a morrer, regredindo ao seu estado inicial de desenvolvimento até reiniciar o seu ciclo de vida outra vez, sucessivamente, como se sofresse um envelhecimento reverso.
Assim, de acordo com um artigo publicado pelo The New York Times, desde a descoberta de Sommer, a pequena água-viva imortal vem sendo estudada por cientistas, que tentam entender esse aspecto “Benjamin Button” da criatura. E compreender o funcionamento da incrível habilidade da água-viva poderia desvendar os mistérios da vida eterna.
(Fonte da imagem: Thinkstock)
Os pesquisadores já descobriram que a Turritopsis dohrnii inicia seu incrível rejuvenescimento quando se encontra em uma situação de estresse ou ataque, e que durante esse período o organismo passa por um processo conhecido como transdiferenciação celular, ou seja, um evento atípico no qual um tipo de célula se transforma em outro, tal como ocorre com as células-tronco humanas.
Os cientistas também observaram que a água-viva imortal — que não é maior do que um pedacinho de unha — parece estar se espalhando extensivamente pelo mundo, no que os pesquisadores chamam de “invasão silenciosa”. Contudo, apesar do que já se sabe sobre a Turritopsis dohrnii, ninguém consegue entender como é que ela executa o envelhecimento reverso.
(Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia)
Isso se deve à dificuldade de manter espécimes da água-viva em cativeiro, e existe apenas um cientista atualmente empenhado em desvendar o mistério da imortalidade. Seu nome é Shin Kubota, e ele trabalha sozinho e sem muito financiamento em um pequeno laboratório localizado em Shirahama, perto de Kyoto, no Japão.
Kubota, ao contrário de muitos outros cientistas, acredita que a chave para o segredo da imortalidade da Turritopsis dohrnii também pode revelar o segredo para a imortalidade humana, e é por essa razão que ele vem estudando essas minúsculas criaturas há 15 anos, dedicando pelo menos 3 horas por dia às pequenas imortais. Todos os dias!
Segundo o The New York Times, graças ao Projeto Genoma, concluído em 2003, os cientistas descobriram que os humanos compartilham o mesmo número de genes com uma série de animais, e que, de fato, existe uma incrível similaridade genética entre os humanos e as águas-vivas.
Hidra (Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia)
Além disso, a Turritopsis dohrnii não é a única criatura marinha com superpoderes. Existem outros hidrozoários, como a hidra, por exemplo, capazes de se regenerar e adotar outras formas indefinidamente, em um ciclo que também pode ser considerado imortal.
O fato de que os humanos compartilhem tantas semelhanças com as águas-vivas pode, na verdade, ter implicações médicas importantes, especialmente relacionadas à cura do câncer e à longevidade. Assim, conforme acreditam os cientistas, a resposta para muitos dos males sofridos pela humanidade pode estar nessas criaturas.
De qualquer forma, se algum dia o mistério sobre o envelhecimento reverso da Turritopsis dohrnii for solucionado, e realmente for possível aplicar esse conhecimento para prolongar a vida dos humanos indefinidamente, novas questões também devem surgir, como quem é que gostaria de viver eternamente e como seria um mundo povoado por criaturas imortais?