Descoberto em um túnel na Síria, o escudo revela detalhes de batalhas, tecnologia e o fim trágico de um soldado romano. 

Perdido por quase dois milênios sob as areias de Dura-Europos, na Síria, um escudo romano de madeira e couro voltou à luz no início do século 20. Esse artefato, conhecido como scutum, pertenceu a um soldado romano que possivelmente encontrou a morte em combate. Hoje, ele é uma janela para a vida militar e os desafios enfrentados por Roma em suas fronteiras.<ul><li style="text-align:justify;">Leia mais:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128942-o-sabor-do-vinho-na-roma-antiga-pode-ter-sido-picante-diz-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">O sabor do vinho na Roma Antiga pode ter sido 'picante', diz estudo</a></li></ul>O escudo, decorado com símbolos de vitória, como águias e leões, é um dos poucos exemplares preservados desse tipo de armamento. Com 105 centímetros de altura, sua construção laminada com camadas de madeira revela o cuidado com a proteção dos soldados. Apesar de fragmentado em 13 pedaços, o&nbsp;scutum ajuda arqueólogos a entender mais sobre as batalhas e as técnicas de defesa usadas há quase 1.800 anos.<h2 style="text-align:justify;">Batalha no subsolo</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/09/09151201282186.jpg" alt="Ruínas da cidade de Dura-Europos, que permaneceu oculta sob as areias do deserto sírio por séculos. (Fonte: Heretiq/Reprodução)"><figcaption>Ruínas da cidade de Dura-Europos, que permaneceu oculta sob as areias do deserto sírio por séculos. (Fonte: Heretiq/Reprodução)</figcaption></figure></figure>O escudo foi encontrado em 1933 sob uma torre de fortificação, junto aos restos de 19 soldados romanos. Esses homens, enterrados vivos ou sufocados por armas químicas rudimentares usadas pelos sassânidas, enfrentaram uma morte trágica durante a invasão de Dura-Europos, em 256 d.C.<ul><li style="text-align:justify;">Saiba também:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/122527-conheca-as-esquisitices-da-vida-cotidiana-dos-romanos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Conheça as 'esquisitices' da vida cotidiana dos romanos</a></li></ul>Acredita-se que os sassânidas, inimigos do Império Romano, tenham usado naphtha — uma substância inflamável que liberava gases tóxicos — para incapacitar os romanos. Esse evento foi uma das muitas estratégias brutais que marcaram os conflitos da época.Depois da batalha, a cidade foi abandonada e, por séculos, permaneceu oculta sob as areias do deserto sírio. Sua redescoberta revelou não apenas esse escudo, mas também segredos sobre a vida na fronteira oriental do império.<h2 style="text-align:justify;">Símbolo de resistência</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/09/09151443054188.jpg" alt="O scutum pertenceu a um soldado romano que possivelmente encontrou a morte em combate. (Fonte: Yale University Art Gallery)"><figcaption>O scutum pertenceu a um soldado romano que possivelmente encontrou a morte em combate. (Fonte: Yale University Art Gallery)</figcaption></figure></figure>O scutum de Dura-Europos não é apenas uma peça militar. Sua decoração com imagens de águias e vitórias aladas era um reflexo da glória que Roma buscava alcançar, mesmo em seus momentos mais difíceis.<ul><li style="text-align:justify;">Conheça também: <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128680-arqueologos-descobrem-loja-de-vinhos-do-imperio-romano.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Arqueólogos descobrem loja de vinhos do império romano</a></li></ul>Preservado no Yale University Art Gallery, o escudo é um lembrete tangível do poder e da resiliência dos romanos. Para além das batalhas, ele simboliza o esforço humano por sobrevivência e vitória.Hoje, o scutum é mais do que uma peça de museu. Ele conta a história de um soldado, de uma cidade e de um império que enfrentaram o tempo e os desafios do mundo antigo, deixando um legado de coragem e luta.

large_GettyImages-458600779.jpg

medium_GettyImages-458600779.jpg

small_GettyImages-458600779.jpg

thumbnail_GettyImages-458600779.jpg

GettyImages-458600779.jpg

Escudo romano perdido na história ressurge com 1.800 anos de segredos

Análises de ossos infantis revelam o papel vital dos mamutes na dieta e mobilidade dos Clóvis.

Há 13 mil anos, enquanto mamutes gigantes vagavam pelas Américas, o povo Clóvis explorava essas criaturas como fonte essencial de sobrevivência. Uma pesquisa recente revelou que esses antigos habitantes da América do Norte eram especialistas em caçar e consumir megafauna, especialmente mamutes, o que não só moldou sua dieta, mas também impulsionou sua expansão pelo continente.&nbsp;A análise isotópica de um menino de 18 meses, conhecido como Anzick-1, trouxe novas perspectivas sobre a relação entre esses humanos e os mamutes, mostrando que a carne desses animais representava impressionantes 40% da dieta do grupo.<h2 style="text-align:justify;">Caçadores de herbívoros</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/10/10202929582010.jpg" alt="Segundo estudo, os mamutes faziam parte da alimentação dos Clóvis. (Fonte: GettyImages/ Reprodução) "><figcaption>Segundo estudo, os mamutes faziam parte da alimentação dos Clóvis. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Os Clóvis, famosos por suas ferramentas sofisticadas e armas de projéteis, viviam em um vasto território que ia do Canadá ao México. No entanto, as evidências mais diretas sobre sua dieta vieram de ossos descobertos em Montana, onde Anzick-1 foi enterrado há cerca de 12.800 anos.&nbsp;Estudos isotópicos do esqueleto revelaram que sua mãe, e provavelmente todo o grupo, dependiam principalmente de grandes herbívoros para alimentação, incluindo mamutes, alces e bisões, enquanto animais menores e plantas tinham pouca relevância no cardápio.<ul><li style="text-align:justify;">Leia mais: <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/127094-conheca-o-povo-clovis-uma-das-primeiras-sociedades-das-americas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Conheça o povo Clóvis: uma das primeiras sociedades das Américas</a></li></ul>Esse foco em mamutes explica muito sobre como o povo Clóvis conseguiu se espalhar tão rapidamente por todo o continente. Diferentemente de outros caçadores-coletores, que precisavam adaptar suas estratégias às presas menores de cada região, esse grupo se especializou em uma fonte de alimento que era altamente nutritiva e relativamente previsível.&nbsp;Mamutes eram uma rica fonte de gordura e proteínas e, como migravam por grandes distâncias, permitiam que os Clóvis mantivessem seu estilo de vida móvel, explorando novas áreas sem grandes ajustes na dieta.<h2 style="text-align:justify;">Mudanças climáticas e ação humana</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/10/10204646183012.jpg" alt="Pontas-de-lança utilizadas pelo povo Clóvis. (Fonte: Tim Evanson, Wikimedia Commons/ Reprodução)"><figcaption>Pontas-de-lança utilizadas pelo povo Clóvis. (Fonte: Tim Evanson, Wikimedia Commons/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>A pesquisa também lançou luz sobre a extinção dos mamutes e outras megafaunas do Pleistoceno, cerca de 10.000 anos atrás. Enquanto as mudanças climáticas da época já estavam afetando os habitats desses gigantes, a caça humana pode ter sido um fator adicional que acelerou seu desaparecimento.&nbsp;<ul><li style="text-align:justify;">Veja também: <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127152-quando-os-primeiros-humanos-chegaram-nas-americas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Quando os primeiros humanos chegaram nas Américas?</a></li></ul>De acordo com os pesquisadores, a pressão de caçadores tão eficazes como os Clóvis, somada ao estresse ecológico, criou uma "tempestade perfeita" para o declínio dessas espécies.Embora a extinção dos mamutes tenha encerrado um capítulo significativo da história natural, estudos como esse continuam a revelar como a interação entre humanos e megafauna moldou o passado e oferece insights sobre a relação entre mudanças climáticas, ação humana e biodiversidade.<ul><li style="text-align:justify;">Saiba mais: <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/115182-polinesios-e-indios-americanos-se-cruzaram-antes-do-que-se-pensava.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Polinésios e índios americanos se cruzaram antes do que se pensava</a></li></ul>Os dados isotópicos de Anzick-1 indicam ainda que o modo de vida dos Clóvis era altamente adaptável e flexível. &nbsp;Ao transportar ferramentas e focar em grandes presas, eles exploraram amplos territórios, demonstrando uma estratégia de sobrevivência e profundo entendimento do ambiente.Assim, os Clóvis, com suas ferramentas, suas habilidades de caça e seu apetite por mamutes, deixaram uma marca indelével na história das Américas — e no mundo que herdamos.

large_como-o-povo-clovis-transformou-mamutes-em-chave-para-sua-expansao-thumb.png

medium_como-o-povo-clovis-transformou-mamutes-em-chave-para-sua-expansao-thumb.png

small_como-o-povo-clovis-transformou-mamutes-em-chave-para-sua-expansao-thumb.png

thumbnail_como-o-povo-clovis-transformou-mamutes-em-chave-para-sua-expansao-thumb.png

como-o-povo-clovis-transformou-mamutes-em-chave-para-sua-expansao-thumb.png

Como o povo Clóvis transformou mamutes em chave para sua expansão

Escavações feitas na Igreja de São Nicolau, em Demre, revelaram um sarcófago de calcário que poderia ser o local de sepultamento do homem que inspirou a história do bom velhinho. 

Escavações recentes na Igreja de São Nicolau, em Demre, na Turquia, revelaram um sarcófago que pode ser o túmulo original do próprio São Nicolau — o bispo grego que inspirou a lenda do Papai Noel. A descoberta faz parte do projeto Legacy for the Future, liderado pela professora Ebru Fatma Findik, e está agitando tanto os arqueólogos quanto os amantes do Natal.O sarcófago de calcário estava enterrado a cerca de dois metros de profundidade, escondido em um anexo de dois andares da igreja. Datado do século 4, o túmulo possui uma tampa elevada e um teto inclinado, típicos dos estilos de sepultamento da época.Como a igreja foi construída no século 5 por ordem do imperador bizantino Teodósio II, os indícios apontam que esse pode realmente ser o descanso final do santo mais generoso da história.&nbsp;<h2>A busca por São Nicolau</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/10/10183405232230.jpg" alt="Igreja de São Nicolau (foto), em Demre, foi local de pesquisa de arqueólogos. (Fonte: Wikimedia Commons)"><figcaption>Igreja de São Nicolau (foto), em Demre, foi local de pesquisa de arqueólogos. (Fonte: Wikimedia Commons)</figcaption></figure></figure>São Nicolau, famoso por sua generosidade e milagres, foi bispo de Myra e faleceu em 343 d.C. Após sua morte, a igreja foi construída sobre seu túmulo, mas a história não parou por aí. No século 6, seus restos mortais foram levados para Bari, na Itália, e parte deles acabou indo parar em Veneza durante as Cruzadas.&nbsp;<ul><li>Leia também:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/128322-por-que-algumas-criancas-sentem-medo-do-papai-noel.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Por que tantas crianças sentem medo do Papai Noel?</a></li></ul>Um detalhe interessante: em 1953, estudos científicos confirmaram que os ossos de Bari e Veneza pertencem à mesma pessoa — mas se é realmente São Nicolau, ainda não se sabe ao certo. Essa dança dos ossos deixou os pesquisadores com uma pulga atrás da orelha por décadas. As escavações começaram em 1989 e, nos últimos dois anos, ganharam novo fôlego.&nbsp;Além do sarcófago, os arqueólogos encontraram fragmentos de lâmpadas de argila e ossos de animais, sugerindo que o local era mesmo usado para sepultamentos importantes. Para a equipe, a localização do túmulo tão perto da igreja reforça a teoria de que finalmente encontraram o verdadeiro Papai Noel.<h2>A importância da descoberta</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/10/10183619128231.jpeg" alt="Sarcófago encontrado na igreja teria abrigado os restos mortais de São Nicolau até 1087. (Fonte: Sjoehes/Reprodução) "><figcaption>Sarcófago encontrado na igreja teria abrigado os restos mortais de São Nicolau até 1087. (Fonte: Sjoehes/Reprodução)</figcaption></figure></figure>Essa descoberta vai além das escavações e datações. São Nicolau é o patrono das crianças e dos marinheiros, e sua imagem se transformou ao longo dos séculos até se tornar o Papai Noel que conhecemos hoje. Todos os anos, em dezembro, o espírito generoso do santo é celebrado mundo afora.&nbsp;Encontrar seu possível túmulo não é apenas uma vitória para a arqueologia, mas também um lembrete de como uma história pode atravessar o tempo e se tornar parte da cultura global. Por enquanto, os arqueólogos aguardam novas pistas.<ul><li>Veja mais:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/56668-discussao-natalina-confira-3-teorias-sobre-a-existencia-do-papai-noel.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Discussão natalina: confira 3 teorias sobre a existência do Papai Noel</a></li></ul>Quem sabe, nos próximos meses, uma inscrição ou outro detalhe possa confirmar de vez essa descoberta. Enquanto isso, o mundo pode continuar sonhando com a ideia de que, afinal, o bom velhinho tem um lugar real na história — e que esse lugar está em Demre, na ensolarada Turquia.

small_papai-noel-existe-possivel-sarcofago-de-sao-nicolau-e-achado-na-turquia-thumb.png

thumbnail_papai-noel-existe-possivel-sarcofago-de-sao-nicolau-e-achado-na-turquia-thumb.png

papai-noel-existe-possivel-sarcofago-de-sao-nicolau-e-achado-na-turquia-thumb.png

Papai Noel existe? Possível sarcófago de São Nicolau é achado na Turquia

Escavações feitas por arqueólogos polonesas e kuwaitianos no deserto de Al-Subiyah resgataram um misteriosa cabeça de barro com aparência reptiliana.

Ao concluir recentemente a temporada de trabalho deste ano no sítio pré-histórico Bahra 1, a Missão Arqueológica Polonesa-Kuwaitiana (KPAM) anunciou uma importante descoberta: uma cabeça de cerâmica representando uma figura humanoide com características reptilianas.A pequena escultura consiste em um crânio alongado, com nariz achatado, sem boca e olhos estreitos e semicerrados. O estilo é parecido com outra estatueta, já conhecida dos arqueólogos, associada à cultura pré-histórica Ubaid, uma antiga civilização mesopotâmica que floresceu aproximadamente entre 6500 a.C. e 3800 a.C., no Oriente Médio.<ul><li>Descubra: <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/127924-comunidade-recria-pratos-mesopotamicos-de-5-mil-anos-atras.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Comunidade recria pratos mesopotâmicos de 5 mil anos</a></li></ul>Em um comunicado de imprensa, o arqueólogo Piotr Bielinski, da Universidade de Varsóvia, na Polônia, que estudou a peça, explica: "Sua presença levanta questões intrigantes sobre seu propósito e o valor simbólico, ou possivelmente ritualístico, que tinha para as pessoas desta antiga comunidade". A população Ubaid é anterior aos sumérios na Mesopotâmia.<h2>A importância do sítio de Bahra 1</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;text-align:center;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/07/07081019594000.jpg" alt="Cerâmica vermelha local chamada Coarse Red Ware árabe. (Fonte: Adam Oleksiak/Divulgação)"><figcaption>Cerâmica vermelha local chamada Coarse Red Ware árabe. (Fonte: Adam Oleksiak/Divulgação)</figcaption></figure></figure>Localizado no atual Kuwait, o sítio de Bahra 1 vem atraindo a atenção dos arqueólogos por ser um dos poucos exemplos de ocupação Ubaid fora da Mesopotâmia. Suas características arquitetônicas únicas incluem uma estrutura descrita como "edifício de culto", considerado surpreendentemente complexo para uma comunidade pré-histórica daquela época.Uma outra descoberta marcante foi feita no local: uma oficina artesanal, que pode ter servido para fabricar a famosa cerâmica Coarse Red Ware (algo como cerâmica rústica vermelha em português), um conjunto de artefatos muito presentes em culturas arqueológicas (inclusive Ubaid).&nbsp;São artefatos de argila geralmente feitos à mão, com acabamento simples e destinados a armazenar alimentos ou líquidos no dia a dia. Como essas peças foram encontradas ao lado de restos de trabalhos manuais Ubaid contendo material vegetal embutido na argila, irão permitir a conexão do local com a cultura Ubaid, e também esboçar um painel da ecologia circundante há mais de sete mil anos.<h2>Estatuetas de mulheres-cobra</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;text-align:center;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/07/07083416755000.jpg" alt="Estatuetas ofídicas da cultura B. (Fonte: Pinterest)"><figcaption>Estatuetas ofídicas da cultura Ubaid. (Fonte: Pinterest)</figcaption></figure></figure>Enquanto desenterravam pratos e potes incrivelmente decorados pelos artesãos da cultura Ubaid, os arqueólogos se depararam com mais exemplos de esculturas com características híbridas entre humanos e serpentes. São as chamadas estatuetas ofídicas, representando figuras femininas estranhamente magras e com cabeças de pássaros ou lagartos.Feitas de terracota, essas pequenas estátuas, assim como a máscara, têm olhos do tipo “grãos de café” e alguns pontinhos pintados por todo o corpo como se fossem escamas.<ul><li>Leia também: <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127768-cobra-de-pedra-asteca-de-500-anos-surge-apos-terremoto-no-mexico.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Cobra de pedra asteca de 500 anos surge após terremoto no México</a></li></ul>Essas estatuetas Ubaid em forma de serpente foram encontradas principalmente em contextos domésticos e funerários. E, apesar de continuar sendo um mistério para os arqueólogos, têm um papel significativo na compreensão do tempo e da relação entre elas e a fascinante cultura pré-histórica.

medium_misteriosa-cabeca-de-argila-de-homem-cobra-revela-segredos-antigos-thumb.png

small_misteriosa-cabeca-de-argila-de-homem-cobra-revela-segredos-antigos-thumb.png

thumbnail_misteriosa-cabeca-de-argila-de-homem-cobra-revela-segredos-antigos-thumb.png

misteriosa-cabeca-de-argila-de-homem-cobra-revela-segredos-antigos-thumb.png

Misteriosa cabeça de argila de "homem cobra" revela segredos antigos

Peça de ouro extremamente rara com a imagem de Brutus, que liderou o assassinato do ditador Júlio César, será leiloada neste mês. 

Uma moeda de ouro extremamente rara, cunhada por ninguém menos que Marcus Junius Brutus depois do assassinato de Júlio César, será leiloada na próxima semana. Essa relíquia, uma das apenas 17 unidades conhecidas no mundo, data de 43 ou 42 a.C. e mostra o próprio Brutus em um dos lados e, no outro, uma referência a uma vitória naval. Para colecionadores e aficionados por história romana, é uma oportunidade única – e, como toda boa história romana, não falta polêmica.<ul><li>Saiba mais:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/como-foi-a-morte-do-ditador-julio-cesar" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Como foi a morte do ditador Júlio César?</a></li></ul>O assassinato de César é um dos eventos mais marcantes da Antiguidade. Em 15 de março de 44 a.C., conhecido como os “Idos de Março”, Brutus e seu parceiro na conspiração, Cássio, lideraram um grupo de senadores para esfaquear o ditador 23 vezes. A ideia era salvar a República Romana do que eles viam como uma tirania iminente. Apesar da justificativa política, o povo romano não gostou nada dessa traição, e Brutus e Cássio acabaram fugindo para o Oriente, onde tentaram dominar as províncias e montar seu próprio exército.<h2>Um tesouro da guerra civil romana</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/09/09091647770028.jpg" alt="A moeda, cunhada por volta de 43 a.C., será leiloada neste mês, oferecendo um vislumbre da história antiga. (Fonte: Numismatica Genevensis SA/Reprodução)"><figcaption>A moeda, cunhada por volta de 43 a.C., será leiloada neste mês, oferecendo um vislumbre da história antiga. (Fonte: Numismatica Genevensis SA/Reprodução)</figcaption></figure></figure>Para financiar suas tropas, Brutus começou a cunhar moedas, incluindo o famoso aureus, feito de ouro e equivalente a um mês de salário na época. Essa moeda específica tem um detalhe interessante: a inscrição “BRVTVS IMP” (Brutus Imperador) celebra uma vitória militar sobre a tribo dos Bessi na Trácia em 43 a.C., segundo Lucia Carbone, curadora associada da American Numismatic Society.&nbsp;<ul><li>Leia também:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/98337-conheca-4-dos-traidores-mais-famosos-da-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Conheça 4 dos traidores mais famosos da História</a></li></ul>O verso, por sua vez, traz as proas de dois navios, representando as vitórias navais de Brutus e Cássio em 42 a.C. Mas a ironia é cruel. Essas vitórias foram, na verdade, o prelúdio da derrota definitiva na Batalha de Filipos.&nbsp;Esticados entre muitas frentes de batalha, Brutus e Cássio não resistiram aos aliados de César, encerrando a guerra civil e selando o destino dos conspiradores. Ainda assim, essa moeda é um testemunho fascinante de uma época em que a história era escrita a golpes de espada – e cunhada em ouro.<h2>Autenticidade em debate</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/09/09092111423030.jpg" alt="A moeda foi anteriormente propriedade de Giuseppe Mazzini, político, maçom e revolucionário central na unificação da Itália. (Fonte: Getty Images)"><figcaption>A moeda foi anteriormente propriedade de Giuseppe Mazzini, político, maçom e revolucionário central na unificação da Itália. (Fonte: Getty Images)</figcaption></figure></figure>Apesar de seu valor histórico, há quem questione se essa moeda é realmente autêntica. Um estudo de 2016 na revista The Numismatic Chronicle levantou dúvidas sobre o eixo do molde usado para estampar a peça. Enquanto os aureus genuínos têm o verso alinhado exatamente às 12 horas, a moeda que vai a leilão apresenta um alinhamento próximo das 6 horas, o que fez alguns especialistas franzirem a testa.<ul><li>Relacionado:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/116921-5-imperadores-romanos-que-tiveram-fins-terriveis.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">5 imperadores romanos que tiveram fins terríveis</a></li></ul>Por outro lado, Alain Baron, fundador da casa de leilões Numismatica Genevensis SA, garante que a autenticidade nunca foi questionada por quem viu a moeda pessoalmente. Ela foi, inclusive, certificada pela Numismatic Guaranty Company (NGC), que a colocou em um suporte lacrado. E para colecionadores, o histórico da moeda também pesa. Esta peça já pertenceu à coleção de Giuseppe Mazzini, político italiano do início do século 20.Independentemente das controvérsias, a moeda será leiloada entre os dias 9 e 10 de dezembro. Para os fãs de história, é uma chance de levar para casa um pedaço do passado – ou, pelo menos, sonhar com isso enquanto contam suas moedas de ouro.

small_moeda-de-ouro-rara-cunhada-apos-a-morte-de-julio-cesar-vai-a-leilao-thumb.png

thumbnail_moeda-de-ouro-rara-cunhada-apos-a-morte-de-julio-cesar-vai-a-leilao-thumb.png

moeda-de-ouro-rara-cunhada-apos-a-morte-de-julio-cesar-vai-a-leilao-thumb.png

Moeda de ouro rara cunhada após a morte de Júlio César vai a leilão

Estudo feito com restos mortais descobertos em cidade belga revelou que as partes do cadáver pertenciam a múltiplos indivíduos nascidos com milhares de anos de diferença. 

Um esqueleto encontrado na Bélgica parecia ser apenas mais um achado comum da época romana. No entanto, uma análise mais profunda revelou algo surpreendente: ele não era de uma única pessoa, mas sim&nbsp;composto por partes de pelo menos sete indivíduos diferentes, nascidos e mortos em períodos separados por milhares de anos.<ul><li>Leia também:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/homem-do-poco-esqueleto-encontrado-pode-confirmar-saga-nordica" rel="noopener noreferrer" target="_blank">'Homem do Poço': esqueleto encontrado pode confirmar saga nórdica</a></li></ul>A história começa na década de 1970, quando escavações na antiga cidade de Pommerœul, na Bélgica, revelaram 76 sepulturas de cremação típicas da era romana. Entre elas, uma sepultura destoava: em vez de restos cremados, havia um corpo enterrado de forma estranha, com as pernas flexionadas e deitado de lado. Um estilo bem diferente dos enterros comuns da época romana, mas que, devido a um pequeno broche de osso encontrado junto ao crânio, foi classificado como romano mesmo assim. Mas será que essa conclusão estava correta?<h2>Confusão de datas</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/09/09094920245051.jpg" alt="O crânio encontrado é datado do período romano, mas pertence a um esqueleto composto por restos de várias pessoas de épocas distintas. (Fonte: Antiquity/Reprodução)"><figcaption>O crânio encontrado é datado do período romano, mas pertence a um esqueleto composto por restos de várias pessoas de épocas distintas. (Fonte: Antiquity/Reprodução)</figcaption></figure></figure>A dúvida começou a surgir em 2019, quando exames de radiocarbono deram resultados inesperados. Enquanto as sepulturas de cremação eram, de fato, do período romano (séculos 2 e 3 d.C.), o enterro suspeito parecia ter uma origem muito mais antiga — da época Neolítica, milhares de anos antes.<ul><li>Veja também:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124883-esqueleto-antigo-com-raro-crescimento-osseo-e-encontrado-em-portugal.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Esqueleto antigo com raro crescimento ósseo é encontrado em Portugal</a></li></ul>A posição do corpo, com as pernas flexionadas e deitado de lado, era típica dos rituais funerários daquela época. Então, por que o broche romano estava ali? Ao reexaminar os ossos, a equipe de pesquisadores descobriu algo ainda mais chocante: o esqueleto era um quebra-cabeça feito de pelo menos sete pessoas diferentes.“Embora todos os ossos datem amplamente do final do Neolítico, os intervalos de tempo não se sobrepõem”, explicaram os cientistas em seu estudo. Isso significa que esses indivíduos viveram e morreram em pelo menos três períodos distintos. E o crânio? Esse complicava ainda mais a história, pois exames de DNA revelaram que ele pertencia a alguém enterrado em um cemitério romano a 150 km dali.<h2>Quem montou esse esqueleto e por quê?</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/09/09094607958050.jpg" alt="O esqueleto encontrado na Bélgica, inicialmente identificado como pertencente a uma pessoa da Roma Antiga, na verdade contém restos de pelo menos sete indivíduos de épocas distintas. (Fonte: Antiquity/Reprodução)"><figcaption>O esqueleto encontrado na Bélgica, inicialmente identificado como pertencente a uma pessoa da Roma Antiga, na verdade, contém restos de pelo menos sete indivíduos de épocas distintas. (Fonte: Antiquity/Reprodução)</figcaption></figure></figure>Essa descoberta gerou várias teorias entre os especialistas. Uma hipótese sugere que o esqueleto original foi perturbado durante os enterros romanos e a comunidade da época decidiu “completar” o corpo, adicionando um crânio romano. Outra ideia, mais ousada, é que o esqueleto inteiro tenha sido montado durante a era romana, usando um crânio relativamente recente e ossos mais antigos, recolhidos localmente.<ul><li>Saiba mais:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/dna-de-esqueleto-com-17-mil-anos-revela-que-bebe-era-fruto-de-incesto" rel="noopener noreferrer" target="_blank">DNA de esqueleto com 17 mil anos revela que bebê era fruto de incesto</a></li></ul>Mas a explicação preferida pelos pesquisadores é que a montagem inicial foi feita por uma comunidade neolítica. Depois, cerca de 2.500 anos mais tarde, os romanos descobriram o enterro, mexeram nos restos e, talvez por respeito ou superstição, restauraram o esqueleto com um toque da sua própria época. Como afirmou a equipe no estudo, “o cenário mais provável é que o enterro composto foi montado por um grupo neolítico local e depois foi ‘restaurado’ pelos habitantes galo-romanos”.Esse achado não só mexe com a imaginação, mas também desafia nossa compreensão das práticas funerárias antigas. Um esqueleto que atravessa milênios, carregando partes de diferentes vidas e histórias, é o tipo de mistério que torna a arqueologia tão fascinante.

large_arqueologos-encontram-esqueleto-bizarro-formado-por-7-pessoas-na-belgica-thumb.png

medium_arqueologos-encontram-esqueleto-bizarro-formado-por-7-pessoas-na-belgica-thumb.png

small_arqueologos-encontram-esqueleto-bizarro-formado-por-7-pessoas-na-belgica-thumb.png

thumbnail_arqueologos-encontram-esqueleto-bizarro-formado-por-7-pessoas-na-belgica-thumb.png

arqueologos-encontram-esqueleto-bizarro-formado-por-7-pessoas-na-belgica-thumb.png

Arqueólogos encontram esqueleto 'bizarro' formado por 7 pessoas na Bélgica

Cobiça e mistério cercam o roubo de um tesouro perdido há mais de 300 anos.

Quando 101 moedas de ouro de um naufrágio espanhol de 1715 foram encontradas na costa da Flórida, parecia um conto clássico de tesouros perdidos e encontrados. Mas o que era para ser uma celebração da história acabou virando um caso policial digno de filme. Das moedas descobertas em 2015 por uma equipe de salvamento contratada, 50 foram desviadas e escondidas pelos próprios descobridores, iniciando uma saga que envolveu investigações, roubos e até manobras para enganar novos investidores.A história começa em julho de 1715, quando uma frota espanhola carregada de ouro e prata naufragou em um furacão ao largo da costa leste da Flórida. Os tesouros, destinados a aliviar a crise financeira da Espanha após a Guerra de Sucessão Espanhola, afundaram com 11 dos 12 navios da frota. Apenas um navio sobreviveu, enquanto o resto foi tragado pelas águas, levando consigo mais de US$ 400 milhões em riquezas e centenas de vidas humanas.<h2 style="text-align:justify;">Piratas modernos</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/07/07231257659003.jpg" alt="Além de valiosos, muitos dos artefatos são muito bonitos. "><figcaption>Além de valiosos, muitos dos artefatos são muito bonitos. (Fonte: Florida Fish &amp; Wildlife Conservation Commission/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Séculos depois, os destroços dessa frota, conhecidos como Frota de 1715, tornaram-se uma atração para caçadores de tesouros. A Treasure Coast (Costa do Tesouro), como a região passou a ser chamada, é repleta de histórias de descobertas fascinantes. Em 2015, uma empresa chamada 1715 Fleet - Queens Jewels, LLC, especializada na recuperação de artefatos históricos, contratou a família Schmitt para explorar os naufrágios.&nbsp;<ul><li style="text-align:justify;">Leia mais:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/127140-veja-os-4-maiores-tesouros-historicos-ja-encontrados-em-escavacoes.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Veja os 4 maiores tesouros históricos já encontrados em escavações</a></li></ul>Eles anunciaram a descoberta de 51 moedas de ouro, além de uma corrente de ouro de 12 metros, avaliadas em mais de US$ 1 milhão. O que ninguém sabia é que havia mais 50 moedas escondidas.O esquema veio à tona quando Eric Schmitt, membro da equipe e da família envolvida, tentou vender algumas das moedas entre 2023 e 2024.&nbsp;<ul><li style="text-align:justify;">Veja também:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124658-naufragios-como-funciona-a-degradacao-de-materiais-no-mar.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Naufrágios: como funciona a degradação de materiais no mar?</a></li></ul>Uma investigação conduzida pelo FBI e pela Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem da Flórida (FWC) revelou não apenas o roubo, mas também que Eric havia “plantado” três moedas no fundo do mar para enganar novos investidores e reforçar a credibilidade de sua equipe. Metadados digitais e geolocalização ajudaram a conectar Eric às moedas, incluindo fotos tiradas em sua própria casa.<h2 style="text-align:justify;">Em busca do tesouro roubado</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/07/07230421865002.jpg" alt="No momento, segundo as autoridades, existem 13 moedas com paradeiro desconhecido. (Fonte: Florida Fish &amp; Wildlife Conservation Commission/ Divulgação)"><figcaption>Segundo as autoridades, existem 13 moedas com paradeiro desconhecido. (Fonte: Florida Fish &amp; Wildlife Conservation Commission/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Até agora, 37 das 50 moedas desaparecidas foram recuperadas, avaliadas em mais de US$ 1 milhão. Algumas estavam escondidas em cofres, outras foram vendidas a casas de leilão ou indivíduos que nem sequer sabiam que eram roubadas. As investigações continuam para localizar as 13 moedas restantes e responsabilizar os envolvidos.A 1715 Fleet - Queens Jewels, LLC, declarou-se “chocada e decepcionada” com o roubo, mas colabora com as autoridades para garantir que as moedas retornem aos seus legítimos guardiões.&nbsp;<ul><li style="text-align:justify;">Saiba mais:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127950-mergulhadores-recuperam-tesouro-de-30-mil-moedas-de-bronze-na-italia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Mergulhadores recuperam tesouro de 30 mil moedas de bronze na Itália</a></li></ul>É importante destacar que esse caso vai além do crime moderno e toca em um tema maior: a preservação do patrimônio cultural. Para historiadores e arqueólogos, os naufrágios da Frota de 1715 são uma cápsula do tempo, oferecendo um vislumbre das perigosas expedições marítimas da época e das riquezas que moviam impérios. A ganância moderna, no entanto, ameaça essa herança.A saga das moedas de ouro — da tempestade mortal de 1715 ao roubo engenhoso de 2015 — mostra que, mesmo séculos depois, o apelo do ouro perdido continua irresistível. Enquanto as buscas pelas moedas desaparecidas seguem, a história desse naufrágio épico segue inspirando tanto exploradores quanto os que sonham com riquezas escondidas.

medium_caca-ao-tesouro-o-misterio-das-moedas-do-naufragio-de-1715-thumb.png

small_caca-ao-tesouro-o-misterio-das-moedas-do-naufragio-de-1715-thumb.png

thumbnail_caca-ao-tesouro-o-misterio-das-moedas-do-naufragio-de-1715-thumb.png

caca-ao-tesouro-o-misterio-das-moedas-do-naufragio-de-1715-thumb.png

Caça ao tesouro: o mistério das moedas do naufrágio de 1715

Tigelas de barro no Iraque revelam o surgimento e a queda de um dos primeiros governos centralizados do mundo.

No coração do atual Curdistão iraquiano, as ruínas de um assentamento de 5 mil anos guardam uma história intrigante sobre poder, organização social e resistência. Escavações em Shakhi Kora, conduzidas por uma equipe internacional de arqueólogos, trouxeram à luz dezenas de tigelas de barro que eram usadas para servir refeições comunitárias, um sistema aparentemente simples, mas que, segundo os pesquisadores, sustentava um dos primeiros experimentos de governo centralizado da humanidade.&nbsp;Este modelo, baseado na troca de trabalho por comida, floresceu, mas acabou sendo rejeitado, marcando o colapso de um dos primeiros estados conhecidos na história.<h2 style="text-align:justify;">Controle econômico e social</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/08/08130831366002.jpg" alt="Pesquisadores acharam muitas tigelas em Shakhi Kora. (Fonte: University of Glasgow / Divulgação)"><figcaption>Pesquisadores acharam muitas tigelas em Shakhi Kora. (Fonte: University of Glasgow / Divulgação)</figcaption></figure></figure>As tigelas encontradas no local, conhecidas como tigelas de borda chanfrada, são testemunhas silenciosas de uma prática que misturava pragmatismo econômico e controle social. Análises revelaram que muitas delas continham vestígios de ensopados de carne, provavelmente feitos de carneiros e cabras criados na região.&nbsp;<ul><li style="text-align:justify;">Leia mais: <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127901-escultura-de-2-7-mil-anos-e-descoberta-no-iraque.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Escultura de 2,7 mil anos é descoberta no Iraque</a></li></ul>Essas refeições não eram apenas uma questão de sustento; elas simbolizavam a força de um sistema que conectava famílias institucionais a trabalhadores temporários, alimentando uma rede de colaboração que era, de certa forma, a essência desse governo.A influência da antiga cidade de Uruk, situada a cerca de 355 quilômetros ao sul, também foi detectada em Shakhi Kora. Fragmentos de cerâmica e estilos arquitetônicos apontam para uma progressão das tradições locais para práticas associadas a essa grande cidade mesopotâmica, reconhecida como uma das primeiras da história.&nbsp;<ul><li style="text-align:justify;">Saiba mais: <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127147-tijolo-de-2-9-mil-anos-releva-dna-de-plantas-antigas-no-iraque.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Tijolo de 2,9 mil anos releva DNA de plantas antigas no Iraque</a></li></ul>Durante o chamado "período Uruk", surgiram inovações como a escrita e a urbanização, que moldaram a civilização suméria. Shakhi Kora, ao que tudo indica, foi um reflexo dessa influência, uma peça periférica de um quebra-cabeça maior.<h2 style="text-align:justify;">Anarquismo?</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/08/08131103050003.jpg" alt="Chapéus? Não, são tigelas chanfradas descobertas em sítio iraquiano. (Fonte: Cláudia Glatz et al. / Divulgação)"><figcaption>Chapéus? Não, são tigelas chanfradas descobertas em sítio iraquiano. (Fonte: Cláudia Glatz et al. / Divulgação)</figcaption></figure></figure>Porém, o que torna Shakhi Kora fascinante não é apenas o seu papel como centro administrativo e comunitário, mas o fato de que, por volta do final do quarto milênio a.C., o assentamento foi abandonado. Sem sinais de guerra ou de mudanças climáticas catastróficas, os arqueólogos acreditam que a população local simplesmente escolheu se desvincular do modelo de autoridade centralizada.&nbsp;As evidências sugerem que as pessoas retornaram a um estilo de vida mais familiar e independente, rejeitando hierarquias e estruturas de controle que, para elas, já não faziam sentido.<ul><li style="text-align:justify;">Veja também: <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127170-seca-no-iraque-revelou-cidade-submersa-com-mais-de-3-mil-anos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Seca no Iraque revelou cidade submersa com mais de 3 mil anos</a></li></ul>Essa decisão coletiva de resistir à centralização do poder desafia a noção de que sociedades complexas evoluíram de forma linear em direção à urbanização e ao governo hierárquico. Claudia Glatz, líder da pesquisa, observa que formas centralizadas de governo não eram um caminho inevitável para a organização social. Em vez disso, as comunidades locais encontravam maneiras de resistir, adaptando-se às suas necessidades e realidades.Shakhi Kora, portanto, é mais do que um sítio arqueológico. É um lembrete de que o curso da história é moldado não apenas por avanços e conquistas, mas também pelas escolhas humanas — incluindo a escolha de dizer "não" a sistemas que já não servem ao bem coletivo. Em suas tigelas de barro e estruturas abandonadas, esse antigo assentamento mesopotâmico nos conta uma história de inovação, cooperação e, por fim, de uma rejeição que ressoou por milênios.

large_refeicoes-e-rebeldia-os-vestigios-do-colapso-de-governo-mesopotamico-ha-5-mil-anos-thumb.png

medium_refeicoes-e-rebeldia-os-vestigios-do-colapso-de-governo-mesopotamico-ha-5-mil-anos-thumb.png

small_refeicoes-e-rebeldia-os-vestigios-do-colapso-de-governo-mesopotamico-ha-5-mil-anos-thumb.png

thumbnail_refeicoes-e-rebeldia-os-vestigios-do-colapso-de-governo-mesopotamico-ha-5-mil-anos-thumb.png

refeicoes-e-rebeldia-os-vestigios-do-colapso-de-governo-mesopotamico-ha-5-mil-anos-thumb.png

Refeições e rebeldia: os vestígios do colapso de governo mesopotâmico há 5 mil anos

Segundo pesquisadores, laços emocionais entre humanos e cachorros no mundo selvagem do Alasca pré-histórico pode ter acontecido 2 mil anos antes do que se pensava. 

Esqueça tudo o que você sabia sobre a história de amor entre humanos e cães. Uma descoberta em um sítio arqueológico no Alasca sugere que essa relação começou cerca de 12 mil anos atrás, ou seja, 2 mil anos antes do que se pensava. Um osso de perna, pertencente a um cão adulto, foi encontrado em 2018 no sítio arqueológico Swan Point, a 112 km de Fairbanks. A datação por radiocarbono revelou que o animal viveu durante esse período, sendo alimentado e cuidado por humanos.<ul><li>Relacionado:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/quando-exatamente-os-caes-se-tornaram-nossos-melhores-amigos" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Quando exatamente os cães se tornaram nossos melhores amigos?</a></li></ul>E as descobertas não pararam por aí. Em junho de 2023, outra escavação na região encontrou um maxilar canino de 8,1 mil anos no sítio vizinho Hollembaek Hill. Para os pesquisadores, essas evidências físicas reforçam a ideia de que a relação entre humanos e cães nas Américas tem raízes muito mais profundas do que imaginávamos. “Agora temos provas de que canídeos e pessoas tinham vínculos próximos mais cedo do que sabíamos”, comentou François Lanoë, principal autor do estudo e professor de antropologia da Universidade do Arizona.<h2>Cães, salmão e uma conexão ancestral</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/05/05172215799223.jpeg" alt="Análise de restos mortais indicam que cães daquela época tinham dieta rica em salmão. (Fonte: Zach Smith/Reprodução)"><figcaption>Análise de restos mortais indicam que cães daquela época tinham dieta rica em salmão. (Fonte: Zach Smith/Reprodução)</figcaption></figure></figure>Análises químicas feitas nos ossos revelaram uma curiosidade surpreendente: esses cães antigos consumiam uma dieta rica em salmão. Como os caninos não pescavam por conta própria, isso indica que eles eram alimentados por humanos, reforçando a teoria de um vínculo de dependência.&nbsp;Ben Potter, coautor do estudo e arqueólogo da Universidade do Alasca Fairbanks, destacou a importância da descoberta: “Isso é a prova definitiva, porque eles realmente não estavam caçando salmão na natureza”.<ul><li>Saiba mais: <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/128245-as-incriveis-vidas-de-6-caes-que-mudaram-o-rumo-da-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">As incríveis vidas de 6 cães que mudaram o rumo da história</a></li></ul>Além disso, evidências genéticas apontam que cães chegaram às Américas há cerca de 15 mil anos, acompanhando os primeiros migrantes vindos da Eurásia. No entanto, encontrar restos físicos desses animais é raro, tornando os achados no Alasca ainda mais valiosos. A pesquisa também identificou 76 canídeos na região, incluindo cães, lobos antigos, híbridos de lobo-cachorro e até coiotes, mostrando que esses companheiros ancestrais eram muito diferentes dos chihuahuas ou bulldogs que conhecemos hoje.Os canídeos encontrados, mesmo com características genéticas variadas, comportavam-se de maneira semelhante aos cães modernos, formando laços com os humanos e dependendo deles para se alimentar. Essa interação mostra que o processo de domesticação foi tudo menos simples. “Foi uma jornada cheia de idas e vindas, cruzamentos e momentos de falha”, explicou Lanoë.<h2>Evolução compartilhada</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/05/05172319112225.jpeg" alt="Mandíbula canina foi desenterrada em sítio arqueológico há muito tempo visado por pesquisadores. (Fonte: Joshua Reuther/Reprodução)"><figcaption>Mandíbula canina foi desenterrada em sítio arqueológico há muito tempo visado por pesquisadores. (Fonte: Joshua Reuther/Reprodução)</figcaption></figure></figure>A relação entre humanos e cães ao longo dos séculos levanta questões existenciais sobre o que define um “cachorro”. “Comportamentalmente, eles agiam como cães, mas geneticamente não se parecem com nada que conhecemos hoje”, apontou Lanoë. A domesticação foi um processo complexo, fruto de uma evolução compartilhada, moldada pelas necessidades e oportunidades de sobrevivência mútua.<ul><li>Saiba também:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/por-que-os-caes-se-sacodem-quando-molhados" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Por que os cães se sacodem quando molhados?</a></li></ul>Esse vínculo ancestral evidencia como cães e humanos caminharam juntos, dividindo não só o alimento, mas também estratégias de adaptação em ambientes desafiadores. Para Potter, os achados levantam um debate intrigante: “Isso nos leva a perguntar: o que realmente é um cachorro?”.Enquanto as respostas definitivas talvez nunca sejam alcançadas, uma coisa é certa: a parceria entre humanos e cães resistiu ao teste do tempo e continua a nos surpreender com suas raízes profundas e suas implicações para a história da humanidade.

large_GettyImages-1278248706.jpg

medium_GettyImages-1278248706.jpg

small_GettyImages-1278248706.jpg

thumbnail_GettyImages-1278248706.jpg

GettyImages-1278248706.jpg

Humanos e cães americanos criaram amizade muito antes do que se achava

Tábua babilônica preserva a matemática confusa de um estudante e reflete uma época de transformações culturais.

Imagine cometer um erro de matemática na lição de casa e ele ser preservado por 4.000 anos. Foi exatamente isso que aconteceu com um estudante da antiga Babilônia. Escavada em 1931 no sítio arqueológico de Kish, no atual Iraque, uma pequena tábua redonda de argila, hoje no Museu Ashmolean da Universidade de Oxford, traz uma lição de geometria incompleta.&nbsp;Com apenas 8,2 cm de diâmetro, a tábua registra o cálculo da área de um triângulo, mas revela um erro aritmético que, longe de ser descartado como um simples engano, se tornou um marco histórico sobre como os humanos começaram a registrar e transmitir conhecimento.<h2 style="text-align:justify;">Evolução da educação</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/07/07222015718000.jpg" alt="Exemplo de tábua cuneiforme com exercícios de um estudante. (Fonte: Wikimedia Commons/ Reprodução)"><figcaption>Exemplo de tábua cuneiforme com exercícios de um estudante. (Fonte: Wikimedia Commons/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Na tábua, o aluno representou um triângulo retângulo com três números em escrita cuneiforme: 3,75 para a altura, 1,875 para a base e 3,1468 como o valor calculado para a área. O problema? A matemática correta diz que a área deveria ser 3,5156. Embora o deslize possa parecer banal, ele reflete um momento crucial na história da humanidade: a transição de uma cultura baseada na memória oral para o registro escrito.<ul><li style="text-align:justify;">Leia mais:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/como-uma-formula-esculpida-em-uma-ponte-mudou-a-historia-da-matematica" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Como uma fórmula esculpida em uma ponte mudou a história da matemática?</a></li></ul>A antiga Babilônia era um centro de aprendizado, especialmente em matemática. Com um sistema numérico de base 60 — o mesmo que ainda usamos para medir o tempo —, os babilônios dominavam técnicas de álgebra e geometria. Eles entenderam, por exemplo, o teorema de Pitágoras muito antes do filósofo grego que lhe deu nome.&nbsp;O avanço na matemática não era apenas um exercício intelectual; ele estava diretamente ligado à administração de grandes impérios, facilitando o cálculo de impostos, a gestão do comércio e a organização de calendários.<ul><li style="text-align:justify;">Você sabia?:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127537-babilonios-escreveram-o-teorema-de-pitagoras-mil-anos-antes-do-matematico.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Babilônios escreveram o Teorema de Pitágoras mil anos antes do matemático</a></li></ul>Essa tábua, porém, vai além de ser apenas um testemunho de práticas matemáticas antigas. Ela nos dá um vislumbre do processo educacional da época. Muitos desses artefatos encontrados em Kish incluem o trabalho do professor de um lado e a tarefa do aluno no outro. Infelizmente, no caso dessa peça, não há correções ou comentários do professor.&nbsp;Mas o mais interessante é que o simples fato de os estudantes usarem tábuas de argila como "blocos de rascunho" mostra como a educação evoluía em resposta às necessidades de uma civilização cada vez mais complexa.<h2 style="text-align:justify;">Errar faz parte</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/12/07/07222332844001.jpg" alt="A história — e a arqueologia — nos mostra que errar faz parte. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>A história — e a arqueologia — nos mostra que errar é um meio para aprender. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Curiosamente, o erro preservado por milênios serve como lembrete de que a aprendizagem envolve tropeços. Quem nunca errou numa conta ou se confundiu em uma prova? A diferença é que nossos erros modernos dificilmente serão encontrados por arqueólogos daqui a milhares de anos. Esse pequeno pedaço de argila nos conecta a um estudante do passado, cujos erros revelam uma humanidade que não mudou tanto assim.<ul><li style="text-align:justify;">Saiba mais:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121144-aprendemos-com-os-erros-e-a-neurociencia-pode-comprovar.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Aprendemos com os erros e a neurociência pode comprovar</a></li></ul>Hoje, graças à digitalização promovida pelo Museu Ashmolean, artefatos como essa tábua estão mais acessíveis do que nunca. Essa preservação digital garante que essas lições do passado continuem disponíveis para estudo e inspiração. Afinal, ao olharmos para trás, vemos que a introdução da escrita, em torno de 3500 a.C., foi tão revolucionária para a sociedade quanto a transição para o digital tem sido no século XXI.No fim, o erro de um estudante babilônico não foi apenas um deslize matemático; foi um reflexo de uma transformação cultural. A escrita, inicialmente usada para comércio e contabilidade, tornou-se uma ferramenta poderosa para perpetuar o conhecimento. E mesmo que os números desse estudante não tenham batido, sua tábua nos ensina algo muito maior: os erros podem, sim, moldar a história.

Arqueologia

Novidades