Imagem de Conheça os cientistas que se opuseram ao Projeto Manhattan, criador da bomba atômica no megacurioso

Alguns trabalhadores perceberam o potencial destrutivo imenso da arma – e se recusaram a fazer parte do projeto

Enquanto observava a forma&ccedil;&atilde;o da primeira nuvem cogumelo nuclear sobre o deserto de Jornada del Muerto, no Novo M&eacute;xico, o f&iacute;sico <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126835-4-erros-do-filme-oppenheimer-em-relacao-a-vida-do-verdadeiro-cientista.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">J. Robert Oppenheimer</a> disse a si mesmo: "Agora eu me tornei a Morte, o destruidor de mundos".
Essa famosa cita&ccedil;&atilde;o, retirada de um antigo texto hindu chamado Bhagavad-Gita, traz uma quest&atilde;o relevante, por&eacute;m frequentemente negligenciada: por que Oppenheimer e seus colegas concordaram em criar uma arma que, al&eacute;m de acabar com a vida de centenas de milhares de cidad&atilde;os japoneses, poderia, um dia, extinguir toda a vida na Terra?
Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126819-projeto-manhattan-como-cientistas-reagiram-a-1-bomba-atomica.htm" target="_blank" rel="sponsored">Projeto Manhattan: como cientistas reagiram &agrave; 1&ordf; bomba at&ocirc;mica?</a>
Dentre os cerca de 130 mil indiv&iacute;duos envolvidos no Projeto Manhattan, a grande maioria n&atilde;o fazia ideia do que estava realmente construindo. Como trabalhadores em uma linha de montagem, eles executavam suas tarefas especializadas sem jamais imaginar o quadro geral. Mas, aqueles que tiveram essa vis&atilde;o, possu&iacute;am suas pr&oacute;prias raz&otilde;es para continuar a empreitada.
<h2>Custo moral envolvido</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/07/27/27132152719289.jpg" alt="Bomba at&ocirc;mica Little Boy, lan&ccedil;ada sobre Hiroshima, no Jap&atilde;o, em 1945. (Fonte: GettyImages)" />Bomba at&ocirc;mica Little Boy, lan&ccedil;ada sobre Hiroshima, no Jap&atilde;o, em 1945. (Fonte:&nbsp;&nbsp;MPI/Getty Images)
Alguns envolvidos eram motivados pelo dinheiro &mdash; j&aacute; que os sal&aacute;rios do projeto eram supostamente superiores &agrave; m&eacute;dia. Outros agiam por patriotismo, buscando vingan&ccedil;a pelas vidas perdidas em Pearl Harbor. Havia, ainda, aqueles movidos pela curiosidade cient&iacute;fica. O qu&iacute;mico Glenn Seaborg, que chefiava a divis&atilde;o de plut&ocirc;nio, atra&iacute;a novos recrutas ao afirmar: '"Estamos trabalhando em algo mais importante do que a descoberta da eletricidade'". Essa declara&ccedil;&atilde;o quase sempre os deixava empolgados para fazer parte do projeto.
Precisamos dar um &ecirc;nfase ao termo "quase", pois alguns poucos <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126819-projeto-manhattan-como-cientistas-reagiram-a-1-bomba-atomica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cientistas</a> consideraram que as promessas de fama e fortuna n&atilde;o valiam o custo moral envolvido. Quando abordada para participar do Projeto Manhattan, Lise Meitner, uma f&iacute;sica austr&iacute;aca creditada com a descoberta da fiss&atilde;o nuclear, respondeu: "Eu n&atilde;o quero ter nada a ver com uma bomba".
Ao lado dela, estavam o f&iacute;sico italiano Franco Rasetti, colaborador de longa data de Enrico Fermi, e o vencedor do Pr&ecirc;mio Nobel, Isidor Rabi. Embora Rabi tenha se recusado a se tornar vice-diretor de todo o projeto, aceitou ser consultor em uma capacidade limitada.
<h2 style="text-align: justify;">Mudan&ccedil;as de opini&atilde;o ao longo do projeto</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/07/28/fonte-wikimedia-commons-28160152378077.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />Los Alamos. (Fonte: Wikimedia Commons)
Alguns cientistas se juntaram ao Projeto Manhattan inicialmente, mas depois se opuseram quando entenderam o seu potencial destrutivo. Um exemplo &eacute; o f&iacute;sico polon&ecirc;s-brit&acirc;nico Joseph Rotblat, que chegou ao laborat&oacute;rio de Los Alamos em 1944 para liderar a divis&atilde;o te&oacute;rica, mas abandonou o projeto ainda no mesmo ano.
Isso aconteceu quando os cientistas descobriram que a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/126770-operacao-valquiria-o-plano-alemao-que-tentou-matar-adolf-hitler.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Alemanha nazista</a>&nbsp;estava longe de desenvolver sua pr&oacute;pria bomba at&ocirc;mica&nbsp;&ndash; preocupa&ccedil;&atilde;o essa&nbsp;que foi uma das principais raz&otilde;es para a cria&ccedil;&atilde;o do Projeto Manhattan. Rotblat chegou a enfrentar acusa&ccedil;&otilde;es de espionagem sovi&eacute;tica por muito tempo, e s&oacute; foi autorizado a retornar aos Estados Unidos em 1964. No entanto, tais acusa&ccedil;&otilde;es n&atilde;o o impediram de continuar sua cruzada antinuclear. Em 1993, ele publicou um livro defendendo a desativa&ccedil;&atilde;o de todas as armas de destrui&ccedil;&atilde;o em massa do planeta.
<span data-fonte="Hulton Archive/Getty Images" data-fonte-url="https://www.gettyimages.com.br/detail/foto-jornal%C3%ADstica/adolf-hitler-german-dictator-ascending-the-steps-at-foto-jornal%C3%ADstica/2658539" class="img-fc"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/07/28/hulton-archive-getty-images-28160242557081.jpg" alt="Hulton Archive/Getty Images" />(Fonte: Hulton Archive/Getty Images)
Leo Szilard, um cientista h&uacute;ngaro-americano, foi mais um dos que acabaram se arrependendo do tempo que passou em Los Alamos. Ele foi uma das pessoas, juntamente com Albert Einstein, que ajudou a dar in&iacute;cio ao Projeto Manhattan. Em 1945, Szilard percorreu diversos departamentos coletando assinaturas para uma peti&ccedil;&atilde;o que tinha o objetivo de persuadir o presidente Harry Truman a n&atilde;o lan&ccedil;ar suas terr&iacute;veis cria&ccedil;&otilde;es sobre Hiroshima e Nagasaki.&nbsp;
A peti&ccedil;&atilde;o, assinada por mais de 70 especialistas, argumentava que, embora fosse necess&aacute;rio concluir rapidamente a Segunda Guerra Mundial com sucesso, qualquer ataque ao Jap&atilde;o n&atilde;o poderia ser justificado at&eacute; que o pa&iacute;s tivesse a oportunidade de se render. Al&eacute;m disso, os assinantes da peti&ccedil;&atilde;o acreditavam que os Estados Unidos, como a primeira na&ccedil;&atilde;o a possuir armas nucleares, deveriam dar o exemplo ao restante do mundo e se abster de utiliz&aacute;-las.&nbsp;
<h2>O arrependimento de Oppenheimer&nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/07/27/27133543461313.jpg" alt="(Fonte: GettyImages)" />(Fonte:&nbsp;Hulton Archive/Getty Images)
Com sua peti&ccedil;&atilde;o, Szilard criou uma inimizade com o governo federal, militares e <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126752-oppenheimer-5-historias-incriveis-sobre-o-pai-da-bomba-atomica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Oppenheimer</a>, que assegurou que nenhum dos cientistas no laborat&oacute;rio de Los Alamos tivesse a oportunidade de assinar o documento. Oppenheimer acreditava que n&atilde;o havia sentido em desenvolver algo que nunca seria testado.
Durante seu discurso de despedida em 1945, ele afirmou: "Se voc&ecirc; &eacute; um cientista, n&atilde;o pode impedir uma coisa assim. Se voc&ecirc; &eacute; um cientista, acredita que &eacute; importante descobrir como o mundo funciona; que &eacute; importante descobrir quais s&atilde;o as realidades; que &eacute; importante entregar &agrave; humanidade o maior poder poss&iacute;vel para controlar o mundo e lidar com ele de acordo com suas pr&oacute;prias ideias e valores."
Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126835-4-erros-do-filme-oppenheimer-em-relacao-a-vida-do-verdadeiro-cientista.htm" target="_blank" rel="sponsored">4 erros do filme Oppenheimer em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; vida do verdadeiro cientista</a>
Mais tarde na vida, J. Robert Oppenheimer experimentou uma mudan&ccedil;a de opini&atilde;o e passou a se opor ao surgimento das bombas de hidrog&ecirc;nio, alegando que eram ainda mais devastadoras do que as bombas at&ocirc;micas. No entanto, seus apelos, assim como os de seus colegas anteriores, vieram tarde demais. Rotblat n&atilde;o conseguiu persuadir os l&iacute;deres mundiais a concordarem com um desarmamento nuclear global e a peti&ccedil;&atilde;o de Szilard nunca chegou a Truman &mdash; o Secret&aacute;rio de Estado, James F. Byrnes, recusou-se a mostr&aacute;-la a ele.
E, assim, Hiroshima e Nagasaki foram <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/126799-as-5-das-maiores-explosoes-na-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">consumidas</a> pela fuma&ccedil;a e radia&ccedil;&atilde;o.

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Conheça os cientistas que se opuseram ao Projeto Manhattan, criador da bomba atômica

Imagem de As 5 das maiores explosões na história no megacurioso

Sejam naturais ou provocadas pelo homem, essas incríveis explosões causaram espanto e terror durante séculos

<head></head><body>Se ficamos impressionados por como o nosso Universo nasceu de uma enorme explosão, as explosões geradas pelos próprios seres humanos para fins destrutivos causaram medo e espanto por séculos seguidos. Afinal, a vida e a morte parecem estar conectadas com esse caos organizado.Desde trágicos acidentes com munições a cataclismos cósmicos espontâneos, exemplos de explosões que marcaram a história de tudo ao nosso redor não são poucos. Quer saber mais sobre esse assunto? Veja só essa lista memorável com as cinco das maiores explosões de todos os tempos!<h2>1. Explosão Trinity</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/07/20/20174336245443.jpg" alt="(Fonte: Getty Images)">(Fonte: Getty Images)Antes de Hiroshima e Nagasaki serem atingidas por bombas nucleares na Segunda Guerra Mundial, testes tiveram que ser conduzidos. A primeira bomba atômica na história da humanidade foi detonada no <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121544-trinity-o-teste-da-bomba-atomica-que-matou-dezenas-nos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Trinity Site</a>, no Novo México, em 1945. O armamento explodiu com uma força de aproximadamente 20 quilotons de TNT.Quem liderou o projeto foi <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126752-oppenheimer-5-historias-incriveis-sobre-o-pai-da-bomba-atomica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Robert Oppenheimer</a>, que depois disso citou a frase da escritura hindu Bhagavad Gita: "Eu me tornei a Morte, o destruidor de mundos". Posteriormente, os cientistas descobriram que a população local foi exposta a milhares de vezes o nível recomendado de radiação pública.&nbsp;<h2>2. Desastre de Chernobyl</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/07/20/20174356400446.jpg" alt="(Fonte: Getty Images)">(Fonte: Getty Images)Uma das explosões mais famosas entre os seres humanos aconteceu na Ucrânia em 1986, quando um reator nuclear da usina de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/118761-chernobyl-por-que-o-desastre-nuclear-foi-bom-para-a-natureza.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Chernobyl</a> foi detonado. Esse foi o pior acidente nuclear na história da Terra, enviando 400 vezes mais precipitação radioativa do que a bomba de Hiroshima.Estima-se que cerca de 600 mil pessoas foram expostas a altas doses de radiação e mais de 350 mil pessoas tiveram que ser evacuadas de áreas contaminadas. Mesmo quase 40 anos depois do incidente, Chernobyl ainda é considerado um dos lugares mais radioativos do mundo.<h2>3. Monte Tambora</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/07/20/20174438387448.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)">(Fonte: Wikimedia Commons)Em 1815, o Monte Tambora, na Indonésia, explodiu com a força de aproximadamente 1 mil megatons de TNT — o que é a maior erupção vulcânica de todos os tempos. A explosão foi responsável por lançar cerca de 140 bilhões de toneladas de magma para o solo e matou mais de 71 mil pessoas na ilha de Sumbawa e nas proximidades de Lombok.Além disso, as cinzas do vulcão também criaram anomalias climáticas globais. O ano de 1816 ficou conhecido como o "Ano Sem Verão", uma vez que quantidades de neve exorbitantes foram registradas caindo durante o verão nos Estados Unidos e em outras partes do mundo.<h2>4. Extinção dos Dinossauros</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/07/20/20174504161450.jpg" alt="(Fonte: Getty Images)">(Fonte: Getty Images)A Era dos Dinossauros terminou devido a um incrível cataclisma há cerca de 65 milhões de anos, que matou cerca de metade de todas as espécies do planeta. Mesmo que pesquisas sugiram que o mundo estava à beira de uma crise ambiental antes da extinção do Cretáceo-Terciário, a gota d'água teria sido um impacto cósmico como um asteroide ou cometa de 10 km de largura.O astro, então, teria explodido com a força de aproximadamente 10 mil gigatoneladas de TNT, o que representa mil vezes o tamanho do arsenal nuclear mundial. A colisão teria coberto o mundo com poeira, provocado tempestades de fogo, desencadeado tsunamis e deixado um rastro de destruição imprescindível.<h2>5. A maior explosão desde o Big Bang</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/07/20/20174518604452.jpg" alt="(Fonte: Getty Images)">(Fonte: Getty Images)No Universo, as explosões de raios gama (GRBs) são as mais poderosas conhecidas pela humanidade. No dia 9 de outubro de 2022, os astrônomos avistaram o GRB mais brilhante já registrado, lançado no espaço quando uma estrela massiva localizada a cerca de 2,4 bilhões de anos-luz da Terra entrou em colapso — dando origem a um buraco negro.Segundo os pesquisadores, o GRB 221009A foi considerado a maior explosão no Universo desde a existência do <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121771-5-ideias-que-contrariam-a-teoria-do-big-bang.htm#:~:text=A%20teoria%20do%20Big%20Bang%20prev%C3%AA%20que%20certas%20quantidades%20de,trilh%C3%A3o%20de%20%C3%A1tomos%20de%20hidrog%C3%AAnio." rel="noopener noreferrer" target="_blank">Big Bang</a>, o qual não precisa nem mesmo ser mencionado, devido a sua importância histórica.&nbsp;</body>

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As 5 das maiores explosões na história

Imagem de Cientistas tentaram evitar que a bomba atômica fosse jogada no Japão no megacurioso

Membros do Projeto Manhattan chegaram a propor uma alternativa para 'parar' o avanço dos japoneses

<head></head><body>Foi em meados de 1939 que cientistas norte-americanos pediram ao então presidente <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/122869-a-expedicao-na-amazonia-que-quase-matou-o-presidente-roosevelt.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Franklin Roosevelt</a> insumos para estabelecer um programa que estudasse o uso militar potencial da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123756-tecnica-de-fusao-nuclear-pode-gerar-energia-limpa-infinita.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">fissão nuclear</a>.Em 1942, temendo que os alemães estivessem trabalhando em uma arma destrutiva de larga escala produzida com tecnologia nuclear, a pesquisa de fissão foi estendida para a criação do <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119975-projeto-manhattan-cientistas-injetaram-plutonio-em-pacientes.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Projeto Manhattan</a>, em homenagem ao local da Universidade de Columbia, onde grande parte do estudo inicial foi feito antes de se mudar para o laboratório de Los Alamos, no Novo México, em 13 de agosto daquele ano.No ano seguinte à construção do primeiro reator nuclear, o<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119408-chicago-pile-1-o-primeiro-reator-nuclear-construido-pelo-homem.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">&nbsp;Chicago Pile-1</a>, uma equipe de cientistas já se preparava para a produção da primeira bomba atômica da história, detonada como teste perto de Alamogordo, no sul do Novo México. Em 6 e 9 de agosto de 1945, o projeto terminou com a queda dos dispositivos atômicos Little Boy e Fat Man em Hiroshima e Nagasaki, respectivamente, custando a vida de cerca de 135 mil pessoas.Contudo, alguns cientistas envolvidos na criação da bomba atômica tentaram impedir que ela fosse usada.<h2>O relatório de Franck</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/10/10143412345421.jfif" alt="James Franck. (Fonte: Online Archive of California/Reprodução)">James Franck. (Fonte: Online Archive of California/Reprodução)Entre<a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118071-albert-einstein-o-que-aconteceu-com-os-filhos-do-genio.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">&nbsp;Albert Einstein</a>, Richard Feyman, Joseph Rotblat, Leo Szilard, Edward Teller, Herbert York e Enrico Fermi, envolvidos no Projeto Manhattan –, o físico James Franck publicou um documento intitulado "Relatório Franck", em junho de 1945, listando os motivos pelos quais ele discordava do uso da bomba atômica.Ele falou sobre os problemas políticos e sociais que a ameaça atômica acarretaria para a imagem dos Estados Unidos, que “sacrificaria o apoio público em todo o mundo”, precipitando a corrida armamentista e prejudicando a possibilidade de chegar a um acordo internacional sobre o futuro controle daquele tipo de dispositivo.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/10/10143722195422.jpg" alt="(Fonte: U.S National Archive/Reprodução)">(Fonte: U.S National Archive/Reprodução)A alternativa sugerida por Franck era que os norte-americanos jogassem a bomba em uma área despovoada apenas para ilustrar ao governo imperial japonês o dano que causaria se fosse em um local urbanizado.&nbsp;A ideia era fazer o Japão se render ao testemunhar tamanho estrago. Contudo, embora alguns concordassem com o físico, uma análise de seu relatório determinou que nenhum teste técnico convenceria o Japão a se render.<h2>A última tentativa</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/01/17/17185028025416.jpg" alt="Leo Szilárd. (Fonte: Wikimedia Commons)">Leo Szilárd. (Fonte: Wikimedia Commons)Leo Szilárd escreveu uma petição observando como o uso de armas nucleares seria prejudicial para os EUA por tempo indeterminado, salientando que o país (e as demais nações) corria o risco de uma aniquilação repentina caso as armas nucleares caíssem em mãos erradas. Além disso, havia a enorme possibilidade de que eles acabassem, em um futuro próximo, se tornando vítimas da própria criação ao receberem ataques.Portanto, Szilárd considerava ser obrigação do governo impedir que isso acontecesse, e que deveriam “assumir a responsabilidade de abrir a porta para uma era de devastação em escala inimaginável”. Mais de 70 cientistas, consultores e químicos assinaram a petição.Em abril de 1945, o último esforço do físico foi se reunir com James F. Byrnes, futuro secretário de Estado, para convencê-lo de que a bomba não poderia ser detonada. Sua esperança era que Harry Truman, que assumiu a presidência após a morte de Roosevelt, considerasse suas observações.&nbsp;Mas isso nunca aconteceu, como você sabe, e as bombas foram detonadas, mais para reafirmar a imagem de poder e soberania do governo norte-americano – com um toque de vingança –, do que por algum tipo de "necessidade de guerra".</body>

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Cientistas tentaram evitar que a bomba atômica fosse jogada no Japão

Imagem de As perturbadoras sombras criadas pela bomba atômica de Hiroshima no megacurioso

Certamente um dos vestígios mais doentios do estrago que a bomba causou

&Agrave;s 9h15 de 6 de agosto de 1945, o bombardeiro Thomas Ferebee abriu as comportas do avi&atilde;o B-29 Superfortress, Enola Gay, e lan&ccedil;ou aos ares de Hiroshima a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115935-castle-bravo-a-maior-bomba-nuclear-ja-detonada-pelos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bomba at&ocirc;mica&nbsp;</a><a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119302-taramae-e-matsuo-duas-sobreviventes-de-hiroshima-e-nagasaki.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Little Boy,</a> que despencou 9 mil metros em apenas 43 segundos antes de detonar a uma altitude de 609 metros do ch&atilde;o.
A bomba explodiu com a for&ccedil;a de mais de 15 mil toneladas de TNT diretamente sobre uma cl&iacute;nica cir&uacute;rgica a 152 metros da Ponte Aioi. Menos de 2% do ur&acirc;nio contido na bomba atingiu o ponto de fiss&atilde;o, mas foi o suficiente para a rea&ccedil;&atilde;o envolver a cidade em um flash ofuscante de luz e calor, com o solo atingindo uma temperatura de 3 mil graus Celsius em menos de 1 segundo.
A explos&atilde;o vaporizou pessoas a 800 metros do marco zero e derreteu est&aacute;tuas de bronze, telhas fundidas e peles expostas a quil&ocirc;metros de dist&acirc;ncia, devido &agrave; energia infravermelha desencadeada pela rea&ccedil;&atilde;o. Cerca de 80 mil pessoas morreram instantaneamente.
Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119302-taramae-e-matsuo-duas-sobreviventes-de-hiroshima-e-nagasaki.htm" target="_blank">Taramae e Matsuo: duas sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki</a>
<h2>As sombras &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;&nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/02/14/14211517407064.jpg" alt="(Fonte: Forum Outer Space/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Forum Outer Space/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ainda que todo o dano f&iacute;sico desse atentado de 77 anos atr&aacute;s tenha se dissipado gra&ccedil;as ao tempo e perseveran&ccedil;a japonesa, restando apenas a mem&oacute;ria avassaladora, ainda assim existem alguns ind&iacute;cios horripilantes do estrago causado pela Little Boy. Um exemplo disso s&atilde;o as denominadas&nbsp;"Sombras de Hiroshima".
Logo ap&oacute;s a explos&atilde;o at&ocirc;mica, que aconteceu tanto em Hiroshima como em Nagasaki, v&aacute;rias sombras de humanos e objetos surgiram espalhadas pelas cal&ccedil;adas e edif&iacute;cios das cidades.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/02/14/14211819454065.jpg" alt="(Fonte: Forum Outer Space/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Forum Outer Space/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Segundo o Dr. Michael Hartshorne, administrador em&eacute;rito do Museu Nacional de Ci&ecirc;ncia e Hist&oacute;ria Nuclear de Albuquerque, no Novo M&eacute;xico, em entrevista &agrave; LiveScience, a luz intensa e o calor se espalharam fora do ponto de implos&atilde;o quando a bomba detonou. Os objetos e pessoas no caminho dela protegeram os objetos atr&aacute;s deles, absorvendo a luz e energia, enquanto a luz circundante branqueava o concreto ou a pedra ao redor da sombra feita.
Ou seja, essas sombras que surgiram s&atilde;o, na verdade, como a cal&ccedil;ada ou o pr&eacute;dio pareciam antes da explos&atilde;o nuclear. S&atilde;o os restos das superf&iacute;cies branqueadas, fazendo a &aacute;rea regularmente colorida parecer uma sombra escura.
<h2>Formando as sombras</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikipedia&nbsp;" data-fonte-url="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/2f/Atomic_cloud_over_Hiroshima_-_NARA_542192_-_Edit.jpg/640px-Atomic_cloud_over_Hiroshima_-_NARA_542192_-_Edit.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/02/14/14212200157067.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
A intensa energia liberada durante uma explos&atilde;o at&ocirc;mica &eacute; o resultado de uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117474-nucleo-do-demonio-a-massa-nuclear-que-matou-seus-criadores.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">fiss&atilde;o nuclear</a>, que acontece quando um n&ecirc;utron atinge o n&uacute;cleo de um &aacute;tomo pesado. Durante essa colis&atilde;o, o n&uacute;cleo do elemento &eacute; quebrado, liberando uma grande quantidade de energia, e essa colis&atilde;o inicial desencadeia uma rea&ccedil;&atilde;o em cadeia que s&oacute; acaba quando todo o material original se esgota.
A bomba de Hiroshima foi alimentada com ur&acirc;nio 235 e plut&ocirc;nio 239, que liberaram energia em uma enorme quantidade de calor e radia&ccedil;&atilde;o gama de ondas muito curtas. Nessas ondas longas e curtas est&atilde;o os comprimentos das ondas vis&iacute;veis que cont&eacute;m energia &mdash; que nossos olhos percebem como cores. Contudo, diferente das ondas de r&aacute;dio, que s&atilde;o do tipo longas, as ondas da radia&ccedil;&atilde;o gama s&atilde;o destrutivas para o corpo humano porque atravessam as roupas e a pele, danificando tecidos e o DNA.
A radia&ccedil;&atilde;o gama liberada pela bomba viajou com uma energia t&eacute;rmica que pode atingir 5 mil graus Celsius e, quando atingiu um objeto ou uma pessoa, foi absorvida, protegendo os objetos no caminho e criando um efeito de branqueamento fora da sombra.
Estima-se que havia milhares de sombras logo ap&oacute;s a explos&atilde;o, mas a maioria delas foi destru&iacute;da pelas ondas e o calor subsequente.&nbsp;Uma das poucas sombras que prevaleceram foi a de uma pessoa sentada nos degraus do Banco Sumitomo. Esta permaneceu no local por mais de 20 anos antes de ser removida e levada para o Museu Memorial da Paz de Hiroshima.

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As perturbadoras sombras criadas pela bomba atômica de Hiroshima

Imagem de Explosão no porto de Beirute foi uma das maiores já registradas no megacurioso

Estudo sugere que a explosão teve potência equivalente à detonação de 500 a 1,1 mil toneladas de TNT

A <a rel="noopener noreferrer" href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/115512-5-imagens-de-satelite-mostram-beirute-antes-e-depois-da-explosao.htm" target="_blank">explosão na região do porto de Beirute</a>, ocorrida em agosto, deixando centenas de mortos, milhares de feridos e um enorme estrago na capital do Líbano, foi uma das maiores explosões não nucleares já registradas. É o que revela o estudo feito por engenheiros da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, publicada na revista Shock Waves, em 22 de setembro.



Para chegar à conclusão, eles analisaram vídeos do desastre compartilhados nas redes sociais. Foram usadas 16 gravações, feitas em diferentes pontos ao redor do porto, revelando uma visão desobstruída do evento e as suas consequências.



Em seguida, eles coletaram 38 pontos de dados das filmagens. Isso permitiu identificar, por exemplo, a chegada da onda da explosão, com base nos sons registrados pelos celulares e câmeras, e o tamanho da <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/114878-misteriosa-bola-de-fogo-cruza-o-ceu-da-australia-veja-o-video.htm" target="_blank" rel="noopener noreferrer">bola de fogo</a>, por meio de uma análise detalhada, quadro a quadro.



<div class="mt-2"><figure class="aligncenter"><a class="fonte_imagem" href="https://www.sheffield.ac.uk/news/nr/beirut-explosion-what-happened-impact-force-analysis-investigation-engineering-blast-study-1.916971"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/10/07/07140807472182.jpg" alt="Pontos de onde foram feitas as imagens usadas no estudo. (Fonte: Universidade de Sheffield/Reprodução)"/></a><figcaption>Pontos de onde foram feitas as imagens usadas no estudo. (Fonte: Universidade de Sheffield/Reprodução)</figcaption></figure></div>



Com essas evidências em mãos, os engenheiros foram capazes de fazer um cálculo estimado da força da detonação, causada pelo aquecimento de 2,7 mil toneladas de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115478-nitrato-de-amonio-o-que-e-a-substancia-que-explodiu-em-beirute.htm" target="_blank" rel="noopener noreferrer">nitrato de amônio</a>, material altamente inflamável e que estava armazenado na região do porto.



<h2>Potência devastadora</h2>



De acordo com o estudo, a explosão na capital libanesa foi equivalente à detonação de 550 a 1,1 mil toneladas de trinitrotolueno (TNT). Essa quantidade representa 5% da força da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/115482-bomba-de-hiroshima-completa-75-anos-e-ameaca-nuclear-ainda-assombra.htm" target="_blank" rel="noopener noreferrer">bomba atômica lançada pelos Estados Unidos em Hiroshima</a>, em 1945.



A pesquisa também calculou que o desastre liberou, em questão de milissegundos, cerca de 1 GWh de energia. Essa quantidade é a mesma produzida em uma hora por 400 turbinas eólicas ou 3 milhões de painéis solares, sendo suficiente para abastecer mais de 100 casas durante um ano.



<div class="mt-2"><figure class="aligncenter"><a class="fonte_imagem" href="https://visualhunt.com/f4/photo/50218711986/c3e1b4efd2/"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/10/07/07144051134211.jpg" alt="A cidade foi sacudida pela detonação ocorrida no dia 4 de agosto. (Fonte: Visualhunt)"/></a><figcaption>A cidade foi sacudida no dia 4 de agosto. (Fonte: Visualhunt)</figcaption></figure></div>



“O desastre que atingiu Beirute neste verão foi devastador e esperamos que nada parecido volte a acontecer”, comentou o professor de Engenharia de Explosão e Impacto da Universidade de Sheffield Sam Rigby.



A expectativa dos pesquisadores é que os dados da pesquisa sejam usados no planejamento de resposta a emergências futuras, ajudando a prever danos estruturais em edifícios e os tipos de lesões provocadas a diferentes distâncias do ponto zero.

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Explosão no porto de Beirute foi uma das maiores já registradas

Imagem de Hisashi Ouchi e o desastre radioativo de Tokaimura no megacurioso

A instalação de tratamento de combustível de urânio da Japan Nuclear Fuel Conversion (JCO) — uma empresa subsidiária da Sumitomo Metal Mining Co — es

A instalação de tratamento de combustível de urânio da Japan Nuclear Fuel Conversion (JCO) — uma empresa subsidiária da Sumitomo Metal Mining Co — está localizada ao longo da costa do oceano Pacífico Norte, em Tokaimura, na Prefeitura de Ibaraki, a cerca de 120 km a nordeste de Tóquio.Inaugurada em 1966 e estabelecida como a 1ª usina nuclear do Japão, ela apresenta 3 reatores auxiliares de conversão de urânio: o reator 1 com capacidade anual de cerca de 220 toneladas por ano para baixo enriquecimento (por volta de 5%); o reator 2 com capacidade de 495 toneladas de urânio por ano para baixo enriquecimento (menos de 5%); e o reator 3 com capacidade anual superior a 3 toneladas de urânio para alto enriquecimento (sem ultrapassar 20%).<div class="mt-2"><figure class="aligncenter"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/09/16/16165423418591.jpg" alt="(Fonte: Money Inc/Reprodução)">(Fonte: Money Inc/Reprodução)</figure></div>O processo de preparação do combustível nuclear consistiu na dissolução do pó de óxido de urânio em ácido nítrico em um tanque de dissolução, seguido pela transferência dele (já como solução de nitrato de uranila pura) para uma coluna de armazenamento que fazia a mistura antes de ser transferida para um tanque de precipitação.&nbsp;O processo foi bem pensado e desenvolvido com base nos requisitos gerais de licenciamento para limitação de massa e volume tanto do tanque quanto da coluna de armazenamento, que definia a quantidade de material transferido para o tanque.No entanto, em novembro 1996, o procedimento de trabalho da usina foi modificado sem a permissão das autoridades. O objetivo era permitir que o óxido de urânio fosse dissolvido em baldes de aço inoxidável ao invés do tanque de dissolução, tudo para acelerar o processo ao despejar a substância diretamente no tanque de precipitação.&nbsp;Desse modo, o que era para acontecer na coluna de armazenamento foi feito por agitação mecânica, impedindo um controle de criticalidade (uma reação em cadeia de fissão autossustentável). Para piorar, não havia um controle da quantidade despejada no tanque de precipitação de 100 litros, só aumentando o risco de algo dar errado.<h2>Desastre silencioso</h2><div class="mt-2"><figure class="aligncenter"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/09/16/16165701076596.jpg" alt="Hisashi Ouchi. (Fonte: Time Toast/Reprodução)">Hisashi Ouchi. (Fonte: Time Toast/Reprodução)</figure></div>Em 29 de setembro de 1999, Hisashi Ouchi (35), Masato Shinohara (39) e Yutaka Yokokawa (54) estavam preparando o combustível para despejar no reator JOYO — o de número 3 da usina. Apesar de exercerem a função há muitos anos, eles não tinham nenhum conhecimento científico de como todo o processo funcionava, portanto só estavam cumprindo ordens.Eles dissolveram o pó de octóxido de triurânio em ácido nítrico nos baldes de aço inoxidável e despejaram a solução diretamente no tanque de precipitação. Foram 16 litros de óxido de urânio enriquecido a 18%, mais 8 litros de urânio-235 distribuídos entre 4 baldes.<div class="mt-2"><figure class="aligncenter"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/09/16/16165807326600.jpg" alt="(Fonte: Time Toast/Reprodução)">(Fonte: Time Toast/Reprodução)</figure></div>Na manhã de 30 de setembro daquele ano, quando o volume alcançou 40 litros, o equivalente a 16 quilos de urânio, uma capacidade muito maior do que a indicada, a massa crítica necessária para iniciar uma reação de fissão nuclear foi alcançada, mantida e acompanhada pela emissão de neutrões e radiação gama.Na ocasião, Ouchi e Shinohara misturavam o combustível no tanque enquanto Yokokawa, que deveria inspecionar esse processo, estava sentado a uma mesa cerca de 4 metros de distância dos colegas. Era aproximadamente 10h35 quando Ouchi acrescentou o 7º balde de nitrato de urânio e viu um clarão azul que se espalhou por todo o local. A criticalidade havia acontecido, causando a fissão nuclear e disparando uma rajada de raios gama e nêutrons.Imediatamente, eles vomitaram, sentiram falta de ar e começaram a passar mal. Os homens desmaiaram assim que colocaram os pés na sala de descontaminação. O desastre nuclear estava acontecendo.<h2>Um homem destruído</h2><div class="mt-2"><figure class="aligncenter"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/09/16/16170146547603.jpg" alt="(Fonte: Mangowa Norka/Reprodução)">(Fonte: Mangowa Norka/Reprodução)</figure></div>Não houve explosão, mas a reação disparou o alarme para imediata evacuação. Dos 39 edifícios residenciais dentro de um raio de 350 metros da usina, 161 pessoas foram evacuadas e só foram autorizadas a retornar a suas casas após 2 dias. Os 3 trabalhadores, porém, não tiveram a mesma sorte.Ouchi e Shinohara foram expostos à 17 sieverts de radiação, sendo que 8 sieverts já são o suficiente para causar uma morte, mesmo com tratamento. Enquanto os produtos da fissão contaminavam o prédio e os arredores da usina, eles foram levados para o Hospital Mito.Os médicos disseram durante uma testagem que os cromossomos de Ouchi foram “destruídos como vidro” devido à letal exposição que ele sofrera, tanto que a sua contagem de glóbulos brancos caiu para quase zero e seus órgãos estavam entrando em colapso por conta das graves queimaduras internas. Uma vez sem cromossomos, as células do homem não podem se regenerar, resultando na falha irreversível de seu sistema imunológico.<div class="mt-2"><figure class="aligncenter"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/09/16/16170238922604.jpg" alt="(Fonte: Zap Facts/Reprodução)">(Fonte: Zap Facts/Reprodução)</figure></div>Ouchi foi considerado a única pessoa em todo o Japão a receber uma quantidade tão mortal de radiação em tão pouco tempo. Estima-se que ele tenha sido exposto a uma quantidade de energia equivalente à do hipocentro do bombardeio de Hiroshima.Em 1 semana de hospitalização, os médicos se mobilizaram para fazerem o 1º transplante mundial de células-tronco periféricas para que Ouchi pudesse gerar glóbulos brancos novamente. A irmã dele era compatível e doou as células. Alguns dias depois, a pele dele começou a descamar e ficar exposta em carne viva, sem nenhuma membrana de regeneração.<h2>83 dias</h2><div class="mt-2"><figure class="aligncenter"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/09/16/16170426079606.jpg" alt="(Fonte: Unbelievable Facts/Reprodução)">(Fonte: Unbelievable Facts/Reprodução)</figure></div>Sem conseguir respirar, ele declarou: “Não aguento mais. Eu não sou uma cobaia”. Porém, os médicos não obedeceram à vontade dele e o colocaram em coma induzido. No 18º dia, a contagem de leucócitos dele voltou ao normal, mas 1 semana depois os exames acusaram que a radiação estava atacando as células transplantadas. No 27º dia, o intestino de Ouchi começou a “derreter”, e em 3 semanas ele sofreu de uma hemorragia contínua.Ele chegou a receber 10 transfusões de sangue em 12 horas, à medida que começou a perder cerca de 10 litros de líquidos por dia através da carne, de modo que precisaram envolvê-lo em gaze. Com sangue saindo até pelos olhos, a esposa e familiares de Ouchi pediram aos médicos que o sofrimento do homem acabasse, mas não foram ouvidos. Em 1 semana, os músculos do homem começaram a cair.No 59º dia, quando o coração de Ouchi parou 3 vezes em menos de 40 minutos, ele foi ressuscitado. Após muito sofrimento desnecessário, no 83º dia no hospital, Hisashi Ouchi morreu de falência múltipla dos órgãos, em 21 de dezembro de 1999.<div class="mt-2"><figure class="aligncenter"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/09/16/16170717518609.jpg" alt="(Fonte: CBS News/Reprodução)">(Fonte: CBS News/Reprodução)</figure></div>Por outro lado, seu colega Shinohara teve um destino menos cruel, ainda que igualmente doloroso. Ele conseguiu se recuperar bem no início de 2000, mas em fevereiro contraiu pneumonia e foi colocado em um respirador. A última mensagem que escreveu para sua família foi: “Mamãe, por favor”. Ele morreu em 27 de abril de 2000 de falência múltipla dos órgãos. Yokokawa foi o único que conseguiu se recuperar.<ul><li><a href="https://www.tecmundo.com.br/produto/402699-cupom-amazon-com-ate-80-off.htm?ab=true&amp;">É fã de química? Aproveite os cupons Amazon e economize nos melhores livros!</a>&nbsp;</li></ul>A morte dos dois trabalhadores serviu para debater a relação do Japão com a energia nuclear e também para punir Tokaimura pelo seu histórico de tomar atalhos para acelerar a produção sem pensar em seus funcionários. O desastre foi considerado o pior envolvendo radiação nuclear no país antes do de Fukushima.Foi concluído que o desastre aconteceu por erro humano. Seis funcionários foram presos e acusados de negligência, inclusive Yokokawa, o qual afirmou “esquecer” que o nível havia sido ultrapassado. Ainda assim, isso não teria acontecido se a usina seguisse os protocolos para usar os equipamentos corretamente.

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Hisashi Ouchi e o desastre radioativo de Tokaimura

Imagem de Castle Bravo: a maior bomba nuclear já detonada pelos EUA no megacurioso

Em 1954, o país causou um desastre radiológico quando algo deu errado na explosão do dispositivo nuclear

<head></head><body>Após as cidades de Hiroshima e Nagasaki terem sido mortalmente bombardeadas no final da Segunda Guerra Mundial, a década de 1950 ficou marcada pela corrida armamentista nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética, no intuito de descobrir qual país desenvolveria o próximo dispositivo nuclear que poderia ser imprescindível em algum momento na Guerra Fria.Enquanto os soviéticos trabalhavam em seu <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115768-area-de-testes-de-semipalatinsk-desastre-na-uniao-sovietica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Polígono&nbsp;</a>no meio do deserto do Cazaquistão, os norte-americanos traçavam o escopo da Operação Castelo. Eles elaboravam uma bomba termonuclear, ou bomba de hidrogênio, cujo poder de detonação estava previsto para ser mil vezes mais forte do que as lançadas sobre o Japão. Contudo, um erro fatal durante a sua concepção teve graves consequências.<h2>A bomba Castle Bravo</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Atomic Shadows&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/IS6BgBAE1xkR0D9DqJ_vIH-rjef3Tx_OCRDrWJyu359RENY0AcAka1IeWHcZwQQQ8Uqcl8VxfCVFiF6HUh-mlyKkoLt7VLrQJpLF_lObrEXfeJCZCmwI3iHl5SBn"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/08/28/28163003733233.jpg" alt="(Fonte: Atomic Shadows/Reprodução)">(Fonte: Atomic Shadows/Reprodução)A principal diferença entre uma bomba atômica e uma de hidrogênio está em sua composição e processo de detonação. As bombas atômicas liberam uma onda de energia causada pela fissão (separação) dos núcleos de um elemento químico pesado, como o plutônio ou o urânio. Por outro lado, uma bomba de hidrogênio começa com a explosão de uma bomba atômica para que a temperatura de milhões de graus crie energia suficiente para forçar a aproximação de dois núcleos leves, causando a fusão nuclear – nesse caso, de isótopos de hidrogênio.O Laboratório Científico de Los Alamos projetou um invólucro que carregava um cilindro com combustível sólido, ou “seco”, de deutereto de lítio sob uma vela de ignição de plutônio que seria utilizada para “inflamar” a reação de fusão. Assim, ao redor de uma bomba atômica primária de fissão, foi adicionado um casco de urânio.O resultado foi de um dispositivo nuclear que pesava 10,7 toneladas, media quase 5 metros de comprimento e 137 centímetros de diâmetro. Foi chamado de Bravo e era a primeira bomba termonuclear da Operação Castelo.<h2>Impacto profundo</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/08/28/28163101404235.jpg" alt="(Fonte: The Nuclear Secrecy Blog/Reprodução)">(Fonte: The Nuclear Secrecy Blog/Reprodução)Em 1º de março de 1954, os cientistas e os militares do Exército dos Estados Unidos levaram Bravo até o Atol de Bikini, localizado no oceano Pacífico, nas Ilhas Marshall. A bomba foi montada em uma plataforma que possuía um arco de espelhos ao seu redor, onde foram posicionados instrumentos de medição e câmeras.A detonação ocorreu às 6h45 do horário local e formou uma bola de fogo com quase 7,2 quilômetros de diâmetro que pôde ser vista do Atol Kwajalein, a mais de 400 quilômetros de distância de Bikini. Em apenas 1 minuto, a nuvem em formato de cogumelo alcançou 40 quilômetros de altura e teve cerca de 11 quilômetros de diâmetro. Em aproximadamente 10 minutos, a nuvem se expandiu a mais de 100 metros por segundo, totalizando uma velocidade de 360 quilômetros por hora.No local onde a bomba foi posicionada, formou-se uma cratera com 2 mil metros de diâmetro e 76 metros de profundidade. A radiação espalhada contaminou 18 mil quilômetros quadrados do oceano Pacífico.<h2>Ventos mortais</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/08/28/28163235295236.jpg" alt="(Fonte: Insider/Reprodução)">(Fonte: Insider/Reprodução)Cerca de 5 horas após a explosão da bomba, a precipitação radioativa chegou até os habitantes dos atóis vizinhos, em Rongelap, Ailinginae e Utrik. Uma vez que a Operação Castelo era ultrassecreta, os 236 moradores dessas ilhas não foram alertados, tampouco evacuados da área. O resultado da exposição à radiação se manifestou nas pessoas através de vômito, diarreia e queda de cabelo imediata.“Eu estava brincando quando o resíduo venenoso da bomba caiu sobre mim. Sei o que era, mas como parecia neve, eu comecei a brincar com ela, mas de repente meus olhos e minha boca queimaram. Mais tarde, à noite, eu fiquei muito doente, todos ficaram. Minha pele rachou inteira e ficou coberta por feridas, tive queimaduras muito fortes e meu cabelo caiu todo. Ficamos comendo alimentos e bebendo água contaminados até sermos enfim evacuados do local”, relatou em 2012 uma das testemunhas que morava na ilha ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/08/28/28163737234241.jpg" alt="(Fonte: Bulletin of Atomic Scientists/Reprodução)">(Fonte: Bulletin of Atomic Scientists/Reprodução)A Marinha dos Estados Unidos transferiu os habitantes para receberem tratamento somente 50 horas após a explosão. Quatro dias depois, pessoas que estavam a 500 quilômetros do epicentro ficaram expostas a um índice radioativo entre 14 R e 3,3 mil R (roentgens), sendo que doses de 5 R já são suficientes para causarem doenças e mutações genéticas a longo prazo.No bunker de controle do teste, localizado na Ilha Eneu, a 2,5 quilômetros do marco zero, o deslocamento de ar foi tão desmesurado que uma porta de 20 toneladas feita para isolar a radiação foi lançada contra outra parede a 4,6 metros de distância. Em 15 minutos, o nível de radiação atingiu 40 R.Os 23 tripulantes do navio pesqueiro japonês Daigo Fukuryu Maru (Quinto Dragão da Sorte), que passava a quilômetros do atol quando a Bravo foi detonada, foram altamente contaminados com 300 R de radiação. Isso causou uma crise diplomática internacional com o Japão.<h2>O cálculo imprevisto</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/08/28/28164642394248.jpg" alt="(Fonte: The Nuclear Secrecy Blog/Reprodução)">(Fonte: The Nuclear Secrecy Blog/Reprodução)Um erro teórico na concepção da bomba Castle Bravo foi o motivo de ela ter explodido com a força de 15 em vez de 6 megatons. Os cientistas consideraram apenas o trítio, o deutério e o lítio-6 como substâncias combustíveis, portanto não se importaram de deixar o lítio-7, que constituía 60% da bomba. O resultado foi uma produção de trítio além do normal, o que aumentou a taxa de fusão nuclear e, consequentemente, a de fissão. O cálculo errado se repetiria com a Castle Romeo, mas a sucessão de erros não parou por aí.&nbsp;A detonação da Bravo foi a maior explosão nuclear já feita na história dos Estados Unidos e causou o pior desastre radiológico nele também. Apesar de os cientistas terem visto na véspera da detonação que os ventos tinham mudado, o que implicava no trajeto da poeira radioativa , o general Percy Clarkson, comandante da força-tarefa militar responsável pela Operação Castelo, e o Dr. Alvin C. Graves, diretor científico do projeto, ordenaram que o teste seguisse como planejado.&nbsp;Como consequência, vestígios radioativos se espalharam até a Austrália, a Índia, o Japão, a Europa e até algumas partes dos Estados Unidos. Milhares de pessoas foram afetadas para sempre.</body>

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Castle Bravo: a maior bomba nuclear já detonada pelos EUA

Imagem de Rússia divulga vídeo da maior explosão nuclear da história no megacurioso

A Bomba Czar, detonada em 1961, tinha um poder destrutivo 700 vezes maior do que a que destruiu a cidade de Hiroshima, no Japão

Imagens da maior bomba de todos os tempos, conhecida como Bomba Czar, foram recentemente divulgadas pela Rosatom, agência atômica russa. A explosão, datada em 30 de outubro de 1961, foi um teste realizado em um arquipélago da <a href="https://www.tecmundo.com.br/ciencia/156013-44-anos-russia-retoma-programa-exploracao-lunar.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Rússia</a> no Círculo Ártico.Os testes com armas nucleares na antiga União Soviética começaram em 1949. Nos anos 60, eles estavam a todo vapor, devido à corrida armamentista com os Estados Unidos. Em razão disso, em 1958, a URSS já tinha realizado 36 detonações controladas.<h2 data-track-category="Link no Texto" data-track-links="">Registros da Bomba Czar</h2><iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/zDv-XPNOz2s" frameborder="0" allowfullscreen=""></iframe>No vídeo de 40 minutos divulgado pela Rosatom, é possível ver as preparações para a detonação, imagens da nuvem de fumaça e o estrago causado pelo teste.&nbsp;A Bomba Czar era uma arma de hidrogênio RDS 220, com energia equivalente a 57 milhões de toneladas de TNT e <a href="https://www.tecmundo.com.br/ciencia/155924-bomba-hiroshima-completa-75-anos-ameaca-nuclear-ainda-assombra.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">um poder destrutivo 700 vezes maior do que a explosão que destruiu a cidade de Hiroshima, no Japão, durante o fim da Segunda Guerra Mundial.</a><h2 data-track-category="Link no Texto" data-track-links="">Bombas de hidrogênio</h2>Enquanto a explosão das bombas atômicas é gerada apenas pela liberação repentina de energia após a fissão do núcleo de um elemento químico pesado, a detonação das bombas de hidrogênio inclui diversas etapas.&nbsp;Curiosamente, a primeira delas é a detonação de uma bomba atômica, que gera temperaturas de milhões de graus, forçando a aproximação dos núcleos de elementos leves (no caso, de isótopos de <a href="https://www.tecmundo.com.br/mobilidade-urbana-smart-cities/145691-explosao-deixa-carros-movidos-hidrogenio-parados-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">hidrogênio</a>). Esse processo vai gerar o que conhecemos como fusão nuclear.<h2 data-track-category="Link no Texto" data-track-links="">Explosão letal</h2><div data-block-id="9" data-block-type="unstyled" data-block-weight="58">Segundo a BBC, para que os pilotos dos aviões que derrubaram a Bomba Czar tivessem chance de viver, ela foi solta com um paraquedas no ar. A nuvem gerada pela explosão atingiu 64 quilômetros de distância — destruindo uma vila localizada a 54 km do ponto de detonação. A explosão aconteceu a 4 mil metros do solo e pôde ser vista a 1.000 km de distância.&nbsp;</div><a href="https://www.tecmundo.com.br/internet/176542-russia-divulga-video-maior-explosao-nuclear-da-historia.htm">Rússia divulga vídeo da maior explosão nuclear da história</a> via <a href="https://www.tecmundo.com.br">TecMundo</a>

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Rússia divulga vídeo da maior explosão nuclear da história

Imagem de Área de testes de Semipalatinsk: desastre na União Soviética no megacurioso

Milhares de mortos e doentes foram apenas algumas das consequências do programa atômico

Foi em meados de 1910 que a R&uacute;ssia deu in&iacute;cio aos estudos sobre elementos radioativos, valendo-se de uma pesquisa feita por Vladimir Vernadsky acerca dos dep&oacute;sitos de ur&acirc;nio encontrados em 1905 no pa&iacute;s. No entanto, a comunidade cient&iacute;fica s&oacute; foi discutir a possibilidade de uma bomba at&ocirc;mica depois que o f&iacute;sico Otto Hahn e o qu&iacute;mico Fritz Strassmann descobriram a fiss&atilde;o nuclear, em 1939.
Suspeitando que os Estados Unidos estavam em pleno desenvolvimento de uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/polemica/22160-top-secret-eua-criaram-cidade-para-desenvolver-bomba-atomica-nos-anos-40.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">arma nuclear</a>, o russo Georgy Flyrov enviou uma carta a Josef Stalin pedindo permiss&atilde;o e recursos para iniciar um programa sovi&eacute;tico para o desenvolvimento de uma bomba at&ocirc;mica em 1942, no auge da Segunda Guerra Mundial.
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/08/18/18195337042172.jpg" alt="(Fonte: TheAltWorld/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: TheAltWorld/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
A invas&atilde;o alem&atilde; &agrave; Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica em 1941 retardou o processo de produ&ccedil;&atilde;o da bomba, pois grande parte dos cientistas foi convocada para o desenvolvimento ou aprimoramento de outros equipamentos essenciais para os conflitos, assim como aconteceu com a <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/115094-a-revolta-do-nylon-levou-milhares-as-ruas-em-1941.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">produ&ccedil;&atilde;o t&ecirc;xtil nos Estados Unidos</a> no in&iacute;cio da Segunda Guerra Mundial. Enquanto isso, uma comunidade pequena de f&iacute;sicos ficou encarregada de continuar a explorar os efeitos do ur&acirc;nio em uma bomba at&ocirc;mica.
Em outubro daquele ano, Pyotr Kapitsa descobriu que as perspectivas para uma bomba de ur&acirc;nio eram muito promissoras. Em adi&ccedil;&atilde;o a isso, os l&iacute;deres sovi&eacute;ticos souberam, atrav&eacute;s de agentes infiltrados, que os EUA e a Alemanha j&aacute; estavam avan&ccedil;ados na constru&ccedil;&atilde;o de suas armas letais.
Em fevereiro de 1943, o f&iacute;sico Igor Kurchatov e o diretor pol&iacute;tico Lavrenti Beria come&ccedil;aram oficialmente o seu programa nuclear.
<h2>O Pol&iacute;gono</h2>
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/08/18/18195633121173.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Tendo como base o Chicago Pile-1, primeiro reator nuclear artificial criado pelos EUA, em meados de 1948 a Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica conseguiu fazer o pr&oacute;prio reator de produ&ccedil;&atilde;o funcionar. Beria, que era chefe do programa de armas at&ocirc;micas e bra&ccedil;o direito de Stalin e estava &agrave; frente do projeto, come&ccedil;ou a procurar um local para instalar a &aacute;rea de testes de bombas at&ocirc;micas.
Ele estava em busca de uma cidade fechada longe o suficiente principalmente dos olhos de poss&iacute;veis espi&otilde;es de pot&ecirc;ncias inimigas, ainda mais com a Guerra Fria atingindo o seu &aacute;pice. Desde 1940, a Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica usava esses locais para desenvolvimento militar e cient&iacute;fico ultrassecreto, por isso n&atilde;o apareciam em mapas e tinham as fronteiras cercadas, para que s&oacute; o alto escal&atilde;o do governo tivesse acesso.
Beria encontrou uma regi&atilde;o a nordeste da ent&atilde;o Rep&uacute;blica Socialista Sovi&eacute;tica do Cazaquist&atilde;o, que era uma das 15 entidades governadas pelo Kremlin. Com 18,5 mil quil&ocirc;metros quadrados e nomeado como Pol&iacute;gono, Beria considerou o local "desabitado", mas na verdade ele estava a cerca de 120 quil&ocirc;metros da cidade de Semipalatinsk (atual Semey), o cora&ccedil;&atilde;o industrial do Cazaquist&atilde;o, que tinha popula&ccedil;&atilde;o m&eacute;dia de 200 mil habitantes na &eacute;poca e muitas &aacute;reas rurais posicionadas a uma curta dist&acirc;ncia de pequenas cidades.
<h2>Nuvens de morte</h2>
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/08/18/18195848044174.jpg" alt="(Fonte: Science Photo Library/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Science Photo Library/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Em 29 de agosto de 1949, os sovi&eacute;ticos testaram com sucesso o primeiro dispositivo nuclear, chamado RDS-1. At&eacute; 1989, foram efetuadas 340 explos&otilde;es subterr&acirc;neas e 116 atmosf&eacute;ricas que abriram centenas de crateras ao longo da plan&iacute;cie. Os habitantes de Semipalatinsk n&atilde;o foram evacuados ou alertados, apenas serviram de cobaia para as precipita&ccedil;&otilde;es radioativas que eram carregadas para o centro do Cazaquist&atilde;o e da Sib&eacute;ria russa.
As taxas de c&acirc;ncer dispararam e v&aacute;rias crian&ccedil;as nasceram com patologias neurol&oacute;gicas raras e graves deformidades &oacute;sseas, como a falta de membros. Cerca de 60 mil pessoas sofreram com doen&ccedil;as infecciosas oriundas da radia&ccedil;&atilde;o e mais de 1,5 milh&atilde;o delas ainda sofrem com os efeitos, segundo dados do Centro de Oncologia e Medicina Nuclear de Semey.
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/08/18/18200147889177.jpg" alt="(Fonte: Nature/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Nature/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Al&eacute;m disso, desastrosas falhas levaram ao vazamento de materiais e gases radioativos no meio ambiente, atingindo a fauna e a flora. Anos mais tarde, a vaca Chupatka foi parte de um experimento para determinar os n&iacute;veis de radionucl&iacute;deos em plantas na &Aacute;rea de Testes de Semipalatinsk e nos animais que as comiam, na tentativa de descobrir se o gado das regi&otilde;es afetadas pela radia&ccedil;&atilde;o ainda pode ter a carne abatida para consumo.
<h2>Reflexos de uma trag&eacute;dia</h2>
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/08/18/18200338484180.jpg" alt="(Fonte: Boston.com/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Boston.com/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
At&eacute; 26 de abril de 1986, quando o reator 4 da usina de <a href="https://www.megacurioso.com.br/acidentes-estranhos/58749-21-fatos-surpreendentes-sobre-o-acidente-nuclear-de-chernobyl.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Chernobyl</a> explodiu e espalhou radia&ccedil;&atilde;o por milhares de quil&ocirc;metros, o debate acerca dos pr&oacute;s e dos contras do programa de armas at&ocirc;micas n&atilde;o era um t&oacute;pico a ser discutido pelo governo da Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica.
Em 1989 foi criado o Movimento Antinuclear Nevada-Semipalatinsk, que definia um paralelo com o que os EUA faziam em <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/114962-turismo-atomico-testes-nucleares-na-las-vegas-de-1950.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Las Vegas com suas bombas at&ocirc;micas</a>. J&aacute; em decad&ecirc;ncia, em 19 de outubro de 1989, o Pol&iacute;gono explodiu a sua &uacute;ltima ogiva nuclear e em 1991 foi desativado para sempre.
<figure style="position: relative; display: inline-block;"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/08/18/18200518406181.jpg" alt="(Fonte: Alexia Foundation/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" /><figcaption style="text-align: center;">(Fonte: Alexia Foundation/Reprodu&ccedil;&atilde;o)</figcaption></figure>
Mesmo ap&oacute;s tr&ecirc;s gera&ccedil;&otilde;es, as taxas de doen&ccedil;as ainda s&atilde;o muito altas. Os pesquisadores oncol&oacute;gicos de Semipalatinsk afirmam que a preval&ecirc;ncia de c&acirc;nceres no leste do pa&iacute;s &eacute; 50% superior &agrave; m&eacute;dia nacional, sendo os tumores de mama e de pulm&atilde;o os mais frequentes. Al&eacute;m de leucemia, infertilidade e depress&atilde;o, 1 em cada 20 crian&ccedil;as ainda nasce com deformidades. Especialistas apontam que h&aacute; doen&ccedil;as infecciosas e dist&uacute;rbios hematol&oacute;gicos na regi&atilde;o.
Sendo uma das &aacute;reas mais pobres do Cazaquist&atilde;o, poucas pessoas conseguiram se mudar da cidade depois que ela entrou no mapa e os testes foram encerrados. Aqueles que ficaram dependem de colheitas e &aacute;gua contaminada para sobreviverem, arriscando-se nas ru&iacute;nas do Pol&iacute;gono para conseguir sucata para vender, apesar dos &iacute;ndices cr&iacute;ticos de radia&ccedil;&atilde;o.

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Área de testes de Semipalatinsk: desastre na União Soviética

Imagem de Novo método de fusão nuclear pode alimentar espaçonaves no futuro no megacurioso

Forma inédita de conduzir reações em cadeia dispensaria o uso de equipamentos gigantes

Ainda que a gera&ccedil;&atilde;o de <a href="https://www.tecmundo.com.br/ciencia/155646-engenheiros-iniciam-construcao-maior-reator-fusao-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">energia por meio de fus&atilde;o nuclear esteja engatinhando</a>, pesquisadores da&nbsp;<a href="http://www.tecmundo.com.br/nasa/" target="_blank" title="NASA">NASA</a> sugerem um m&eacute;todo que dispensaria o uso de estruturas massivas como o tokamak e exigiria apenas um pouco de metal, um pouco de hidrog&ecirc;nio e um acelerador de el&eacute;trons. Com a novidade, pode ser que no futuro <a href="https://www.tecmundo.com.br/nave-espacial/117763-nasa-foguetes-movidos-fusao-nuclear.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">naves espaciais sejam alimentadas desse jeito inovador</a>.
De acordo com os cientistas, atrav&eacute;s de uma t&eacute;cnica chamada de fus&atilde;o por confinamento de rede, uma estrutura formada por &aacute;tomos que constituem um fragmento de metal s&oacute;lido &eacute; submetida a alta press&atilde;o com g&aacute;s deut&eacute;rio, is&oacute;topo de hidrog&ecirc;nio com um pr&oacute;ton e um n&ecirc;utron. Nos testes, foram utilizados &eacute;rbio e tit&acirc;nio, e no processo os metais "capturam" os n&uacute;cleos de deut&eacute;rio at&eacute; a hora da fus&atilde;o.
Theresa Benyo, f&iacute;sica anal&iacute;tica e l&iacute;der de diagn&oacute;stico nuclear do projeto, explica: "Durante o carregamento, a estrutura met&aacute;lica come&ccedil;a a se quebrar para reter o g&aacute;s, tornando-se uma esp&eacute;cie de p&oacute;". Isso permite superar a repuls&atilde;o eletrost&aacute;tica m&uacute;tua entre os n&uacute;cleos deut&eacute;rio carregados positivamente, a chamada barreira de Coulomb, e dar in&iacute;cio &agrave; <a href="https://www.tecmundo.com.br/ciencia/112142-nova-teoria-deixa-humanidade-proxima-controlar-fusao-nuclear.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">gera&ccedil;&atilde;o de energia</a> por meio de uma sequ&ecirc;ncia de colis&atilde;o e intera&ccedil;&atilde;o de part&iacute;culas que atingem velocidade suficiente para se fundirem.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2020/08/10/10202544866086.jpeg" alt="Theresa Benyo, Jim Scheid e Larry Forsley, respons&aacute;veis pelo estudo." />Theresa Benyo, Jim Scheid e Larry Forsley, respons&aacute;veis pelo estudo.
<h2>Otimiza&ccedil;&atilde;o m&aacute;xima</h2>
Mesmo em alta velocidade, &eacute; poss&iacute;vel que as coisas n&atilde;o ocorram de acordo com o esperado, e a fus&atilde;o, de fato, n&atilde;o aconte&ccedil;a. Entretanto, a "rede" d&aacute; uma ajuda e tanto. "Os el&eacute;trons na estrutura met&aacute;lica formam uma tela ao redor do deut&eacute;rio estacion&aacute;rio", conta Benyo, prendendo-o e submetendo-o &agrave;s colis&otilde;es mesmo "contra a vontade". Entretanto, a otimiza&ccedil;&atilde;o de gera&ccedil;&atilde;o de energia n&atilde;o para por a&iacute;.
Ainda que dois deut&eacute;rios acabem n&atilde;o se tornando um s&oacute;, a colis&atilde;o de um deles com um dos &aacute;tomos do metal d&aacute; origem a um novo elemento, produzindo, tamb&eacute;m, sua parcela de eletricidade. Lawrence Forsley, l&iacute;der s&ecirc;nior do projeto, comenta que essa n&atilde;o &eacute; uma "fus&atilde;o a frio", mas uma nova maneira de conduzir os acontecimentos.
Agora, os cientistas buscam criar rea&ccedil;&otilde;es mais consistentes, para, quem sabe, empreender uma miss&atilde;o no espa&ccedil;o profundo ou <a href="https://www.tecmundo.com.br/ciencia/145507-sol-artificial-fusao-nuclear-impactar-futuro-energetico.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">beneficiar a Terra</a> com novas tecnologias.<a href="https://www.tecmundo.com.br/ciencia/156088-novo-metodo-fusao-nuclear-alimentar-espaconaves-futuro.htm">Novo método de fusão nuclear pode alimentar espaçonaves no futuro</a> via <a href="https://www.tecmundo.com.br">TecMundo</a>

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