Imagem de História do movimento antivacina foi da liberdade ao negacionismo no megacurioso

Movimentos antivacina surgiram no século XIX, mas sua força e popularidade cresceram mesmo no século XX

<head></head><body>A pandemia do novo coronavírus trouxe aos holofotes um grupo que, não se engane, é antigo na arte de questionar a ciência — e passar vergonha por conta disso. Os primeiros relatos sobre o movimento antivacina remontam à Inglaterra do século XIX.Àquela época, o governo havia ordenado que a vacina contra a varíola fosse aplicada a toda a população. Houve, é claro, uma rebelião popular, que via exagero dos governantes em exigir a vacinação, enquanto alguns temiam que a vacina fosse perigosa e estivessem sendo utilizados como cobaias.Pode parecer piada, mas o <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/120221-5-pessoas-que-foram-antivacina-ao-longo-da-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">movimento antivacina</a> surgiu no mesmo instante que a primeira vacina foi criada. Historiadores apontam que a responsabilidade disso é dos próprios governantes, que tiveram dificuldades de se comunicar apropriadamente com a população.<h2>A origem libertária do movimento antivacina</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/03/07/07110310480114.jpg" alt="Obra &quot;A primeira vacinação de Edward Jenner&quot; (Fonte: Melingue Gaston/The Economist)">Obra "A primeira vacinação de Edward Jenner" (Fonte: Melingue Gaston/The Economist)O conceito que conhecemos até hoje de vacinação se originou com uma prática chamada de inoculação. Muito difundida no Oriente Médio e na China, a inoculação chegou à Europa no século XVIII. Resumidamente, médicos inoculavam uma quantidade controlada de varíola nos pacientes, de modo que seu organismo desenvolvesse resposta ao vírus.&nbsp;O método era eficaz, ainda que fosse perigoso para o paciente e para a população, afinal essa inoculação ainda era contagiosa. A solução veio quando, em 1790, Edward Jenner desenvolveu uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/120934-conheca-6-mitos-sobre-as-vacinas-que-devem-ser-combatidos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">vacina</a> para a varíola, ao perceber que pessoas que contraíram a forma bovina da doença eram imunes ao vírus que acometia humanos. Por sinal, a palavra "vacina" se origina da forma latina para vaca.Em 1853, a vacinação tornou-se obrigatória, o que levou ao surgimento de um movimento antivacinação organizado. Historiadores afirmam, porém, que neste caso, o movimento tinha menos apelo negacionista e mais libertário, já que a população acreditava que não deveria ser imposta pelo governo a maneira como cada cidadão cuidava de sua saúde.Isso, no entanto, não significa dizer que não existiam preocupações de cunho religioso ou ideológico, apenas que a resistência da população surge e se manifesta de diferentes formas.<h2>Negacionismo foi importado pela Inglaterra</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Historical Medical Library of The College of Physicians of Philadelphia/The Atlantic&nbsp;" data-fonte-url="https://cdn.theatlantic.com/thumbor/Ql0ePIy_nesFbn_p1Aq-EAyUqN8=/0x76:1093x691/976x549/media/img/mt/2015/07/antivaccination/original.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/03/07/07105947651109.jpg" alt="(Fonte: The Historical Medical Library/The Atlantic)">(Fonte: The Historical Medical Library/The Atlantic)Os inúmeros protestos que tomaram cidades inglesas se tornaram, em algum momento no final do século XIX, um dos principais produtos de exportação da Inglaterra. Mesmo com a eficácia da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119438-a-controversa-origem-da-vacina-da-variola.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">vacina da varíola</a>, que fez recuar em 50% a taxa de mortalidade entre crianças, os ativistas antivacinas se organizaram e espalharam a mensagem pela Europa, iniciando pela França. Mas foi atravessando os oceanos que os movimentos contrários à vacinação ganharam maior relevância.Comitiva de ativistas saíram do Reino Unido e foram até os Estados Unidos, onde disseminaram dúvidas a respeito da vacina. É neste momento que a roupagem deixa de ser somente libertária e assume a vergonhosa capa de negacionista. Isso persiste por quase toda a segunda metade do século XIX.Já na entrada do século XX, há uma considerável diminuição na relevância do agrupamento. Governantes foram, pouco a pouco, deixando a obrigatoriedade de vacinação de lado. Sem ter contra o que lutar, afinal você poderia escolher se tomaria ou não a vacina, os antivacinas quase somem. Este também foi um período de fortalecimento da confiança pública na medicina como ciência, com o crescimento dos serviços públicos de saúde e o consequente aumento da qualidade de vida das populações graças às medidas tomadas neste âmbito.<h2>Segunda metade do século XX viu reacender movimento antivacina</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/03/07/07110058558112.jpg" alt="(Fonte: Sasha Krasutska/Coda Story)">(Fonte: Sasha Krasutska/Coda Story)Apesar dos bons resultados das políticas de saúde pública em todo o mundo, a pesquisa científica passou por controversos episódios, como o <a href="https://www.megacurioso.com.br/policia/89519-4-falcatruas-escandalosas-que-foram-expostas-ao-longo-da-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">experimento Tuskegee</a>, que, mesmo com tratamento para a sífilis, permitiu que homens negros contaminados morressem para executarem seus estudos nos anos 1940.A imprensa, infelizmente, também contribuiu para o reavivamento destes grupos negacionistas, especialmente quando deu publicidade a estudos controversos e a pesquisadores que propagavam boatos ligando vacinas ao surgimento de doenças. Todas essas atitudes contribuem para certo descrédito público com as vacinas, e o distanciamento entre pesquisa e público parece ter aumentado ainda mais.Em um cenário com tantos países sem sistema público de saúde, ganhou peso, ainda, a ideia de que laboratórios de pesquisa estariam interessados apenas em aumentar seus lucros, criando falsas doenças e utilizando cidadãos como cobaias. Esse cenário ficou evidente com a pandemia de <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/120882-covid-19-5-duvidas-sobre-a-pandemia-que-ainda-nao-desvendamos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">covid-19</a> e o movimento de países em tornar a vacinação obrigatória. Talvez, o que a história ensine, é que essa confiança precisa ser conquistada, e uma maneira eficaz seria maior investimento em programas de saúde pública.</body>

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História do movimento antivacina foi da liberdade ao negacionismo

Imagem de 6 curiosidades sobre a Escherichia coli, a bactéria da diarreia no megacurioso

Comumente encontrada no trato gastrointestinal de mamíferos, a E. coli é responsável por mais da metade dos casos de alimentos contaminados

A Escherichia coli (E. coli) &eacute; a respons&aacute;vel por mais da metade dos problemas gerados pelos alimentos contaminados, deixando 550 milh&otilde;es de doentes e 230 mil mortos por ano, &eacute; o que diz a Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de (OMS). Inclusive, essa bact&eacute;ria bacilar tem algumas cepas patog&ecirc;nicas que normalmente apresentam sintomas como a <a href="https://www.megacurioso.com.br/olimpiadas/100038-diarreia-ataca-frances-favorito-ao-ouro-durante-marcha-atletica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">diarreia</a>.
Esta bact&eacute;ria coloniza o intestino de humanos poucas horas ap&oacute;s o nascimento, permanecendo como comensal durante toda a vida. &Eacute; por esse motivo que &eacute; bastante comum encontr&aacute;-la no trato gastrointestinal de mam&iacute;feros e nem sempre ela causar&aacute; problemas. Por&eacute;m, &eacute; melhor estar atento para esses casos. Confira seis curiosidades importantes sobre a E. coli para ficar preparado!
<h2>1. Entendendo a bact&eacute;ria</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/03/16/16105242637167.jpg" alt="a" />(Fonte: Shutterstock)
A maioria das formas de E. coli s&atilde;o inofensivas e podem at&eacute; manter seu trato digestivo saud&aacute;vel, como as boas <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115767-bacterias-avisam-outras-sobre-ataque-de-antibiotico-quando-morrem.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bact&eacute;rias</a> presentes nos probi&oacute;ticos. Por&eacute;m, outras cepas da bact&eacute;ria podem causar diarreia ou sintomas piores se voc&ecirc; consumir um alimento ou bebida contaminados.&nbsp;
Essa &eacute; a raz&atilde;o de constantemente associarmos ela &agrave; intoxica&ccedil;&atilde;o alimentar, mas voc&ecirc; tamb&eacute;m pode ter pneumonia, dificuldade para respirar ou at&eacute; mesmo uma infec&ccedil;&atilde;o do trato urin&aacute;rio &mdash; 75% a 95% das infec&ccedil;&otilde;es do trato urin&aacute;rio s&atilde;o causadas por essa bact&eacute;ria.
<h2>2. Alimentos contaminados</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/03/16/a-16105451107170.jpg" alt="a" />(Fonte: Shutterstock)
A E. coli pode contaminar uma pessoa mesmo se for ingerida em pequenas quantidades. Por isso, &eacute; interessante estar atento para quais alimentos t&ecirc;m a maior quantidade dessa bact&eacute;ria e o que fazer para evit&aacute;-la ao m&aacute;ximo. Grandes exemplos disso s&atilde;o a carne mo&iacute;da, o leite n&atilde;o tratado, <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118941-comer-uma-fruta-ou-verdura-com-larvas-faz-mal.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">frutas</a> e vegetais.
No caso das comidas, &eacute; importante que elas estejam bem cozidas e/ou limpas. J&aacute; para o leite, &eacute; preciso aquec&ecirc;-lo para matar as bact&eacute;rias antes de ingeri-lo.
<h2>3. M&eacute;todos de transmiss&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/03/16/16105652858263.jpg" alt="a" />(Fonte: Shutterstock)
Se voc&ecirc; pensa que ingerir alimentos contaminados &eacute; a &uacute;nica forma de ser infectado pela&nbsp;E. coli, voc&ecirc; est&aacute; completamente enganado. De f&aacute;cil transmiss&atilde;o, essa bact&eacute;ria pode estar presente na &aacute;gua da piscina que voc&ecirc; nada ou em recipientes infectados.&nbsp;
Al&eacute;m disso, outros seres humanos e animais tamb&eacute;m podem se tornar transmissores &mdash; dando destaque para a import&acirc;ncia de lavar as m&atilde;os. Por fim, a bact&eacute;ria tamb&eacute;m pode se espalhar ao usarmos a mesma faca para cortamos um alimento contaminado e outras partes da refei&ccedil;&atilde;o.
<h2>4. Probabilidades de ser infectado</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/03/16/a-16105740123315.jpg" alt="a" />(Fonte: Shutterstock)
Lendo esse texto voc&ecirc; se tornou paranoico sobre a possibilidade de contrair uma cepa agressiva da&nbsp;E. coli? Ent&atilde;o, &eacute; preciso estar atento para como a bact&eacute;ria se espalha e os n&uacute;meros por tr&aacute;s dessas situa&ccedil;&otilde;es. Em um intervalo de 10 anos, 68% dos casos de E. coli foram causados por alimentos contaminados.
Enquanto isso, a contamina&ccedil;&atilde;o por &aacute;gua correspondeu a 18% dos casos, seguido por animais e seus ambientes com 8% e, por fim, a transmiss&atilde;o de pessoa para pessoa com apenas 6% dos casos.
<h2>5. Complica&ccedil;&otilde;es raras</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/03/16/a-16105836014319.jpg" alt="a" />(Fonte: Shutterstock)
Cerca de 10% dos casos de E. coli causam a chamada S&iacute;ndrome Hemol&iacute;tica Ur&ecirc;mica (SHU), uma s&iacute;ndrome caracterizada por insufici&ecirc;ncia renal progressiva, anemia hemol&iacute;tica e les&atilde;o na parede dos vasos sangu&iacute;neos.
Em alguns casos muito graves, os portadores de SHU podem ter danos ao p&acirc;ncreas e comprometimento do sistema nervoso central.
<h2>6. Preven&ccedil;&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/03/16/a-16110322938321.jpg" alt="a" />(Fonte: Shutterstock)
Existem algumas coisas que voc&ecirc; pode fazer para prevenir ou reduzir o risco de contrair&nbsp;E. coli,&nbsp;isso inclui lavar bem as m&atilde;os antes e depois de comer ou ir ao banheiro. Outra forma de prevenir esta bact&eacute;ria &eacute; higienizar todas as frutas e vegetais, e lav&aacute;-los bem antes de comer.&nbsp;
Al&eacute;m disso, fique de olho em restaurantes locais com problemas de sa&uacute;de ou saneamento. Essas informa&ccedil;&otilde;es geralmente podem ser obtidas contatando diretamente o &oacute;rg&atilde;o do governo respons&aacute;vel.

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6 curiosidades sobre a Escherichia coli, a bactéria da diarreia

Imagem de Como os colonizadores trouxeram doenças para a América?  no megacurioso

Após a chega dos peregrinos em Massachusetts, nos Estados Unidos, a população indígena na região caiu de 30 mil pessoas para cerca de 300 em 1 década

A chegada dos&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120489-thanksgiving-o-que-celebra-o-feriado-americano-de-acao-de-gracas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">peregrinos</a> aos Estados Unidos no in&iacute;cio do s&eacute;culo XVII trouxe diversas transforma&ccedil;&otilde;es para a regi&atilde;o. Historiadores estimam que a popula&ccedil;&atilde;o ind&iacute;gena na Am&eacute;rica do Norte era de 18 milh&otilde;es de pessoas, mas foi dizimada em 90% ap&oacute;s a chegada dos colonos europeus, principalmente por conta de doen&ccedil;as que os viajantes trouxeram ao Novo Mundo.
Um exemplo disso ocorreu em 1620, quando colonizadores desembarcaram em Plymouth, em Massachusetts, e se depararam com dezenas de casas desocupadas. Colonos anteriores haviam de fato trazido doen&ccedil;as fatais do Velho Mundo para o Novo Mundo, incluindo var&iacute;ola, varicela, s&iacute;filis, mal&aacute;ria, gripe, sarampo e peste bub&ocirc;nica, mas naquele caso espec&iacute;fico um surto de leptospirose matou 9 a cada 10 pessoas da tribo Wampanoag.&nbsp;
<h2 class="uk-text-justify">Doen&ccedil;as do Velho Mundo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/30/30111813885123.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Crist&oacute;v&atilde;o Colombo chegou &agrave; regi&atilde;o do Caribe em 1492. Dentro de um per&iacute;odo de 25 anos ap&oacute;s esse marco, a popula&ccedil;&atilde;o ind&iacute;gena local caiu de 250 mil pessoas para menos de 14 mil &mdash; queda populacional significativa de 95%. Como o sistema imunol&oacute;gico dos nativos n&atilde;o estava preparado para enfrentar doen&ccedil;as vindas do Velho Continente, as taxas de mortalidade foram maiores do que na <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/118178-quais-sao-as-diferencas-entre-pandemia-epidemia-e-surto.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">epidemia</a> de peste bub&ocirc;nica na Europa Medieval.
Embora a Am&eacute;rica do Norte como um todo tenha sofrido do mesmo mal, a costa leste parecia ainda abrigar algumas comunidades ind&iacute;genas bastante pr&oacute;speras at&eacute; 1600. Naquela &eacute;poca, pesquisadores acreditam que os Wampanoag j&aacute; habitavam a regi&atilde;o h&aacute; 10 mil anos e tinham uma popula&ccedil;&atilde;o de 12 mil indiv&iacute;duos.
Por&eacute;m, em poucos anos, tudo mudou. Em 1616, o explorador Richard Vines relatou que a costa do Maine havia sido "gravemente atingida pela praga" e que a regi&atilde;o ficou sem habitantes. Esses n&uacute;meros disparariam at&eacute; 1619, com a taxa de sobreviv&ecirc;ncia ficando em apenas 10%. Enquanto o problema era descrito pelos Wampanoag como "A Grande Morte", os europeus a chamavam de "febre ind&iacute;gena".
<h2 class="uk-text-justify">Epidemia de leptospirose</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikimedia Commons&nbsp;" data-fonte-url="https://pt.wikipedia.org/wiki/Peregrinos#/media/Ficheiro:Robert_Walter_Weir_-_Embarkation_of_the_Pilgrims_-_Google_Art_Project.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/30/30111857573125.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Entre os primeiros Wampanoag a interagir com os peregrinos, esteve Tisquantum, tamb&eacute;m chamado de Squanto. Ele foi sequestrado em 1614 e levado para estudar em Londres, depois voltou para a sua terra natal em 1619. Em apenas 1 ano, o homem acabou falecendo apresentando um misterioso sangramento no nariz.
Esse sintoma, em particular, &eacute; um dos muitos atribu&iacute;dos &agrave; leptospirose, a doen&ccedil;a que os especialistas acreditam ter sido a principal respons&aacute;vel pela morte dos <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120493-o-dia-em-que-a-ku-klux-klan-foi-derrotada-por-nativos-americanos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">nativos americanos</a> no s&eacute;culo XVII. A bact&eacute;ria provavelmente chegou aos americanos por meio de ratos negros n&atilde;o nativos transportados a bordo de navios europeus.
Inclusive, o rato negro &eacute; o &uacute;nico animal que consegue sobreviver &agrave; infec&ccedil;&atilde;o de leptospirose no f&iacute;gado por tempo prolongado. Com centenas de milhares de bact&eacute;rias em cada gota de urina, a bact&eacute;ria foi facilmente depositada em &aacute;guas doces regionais ap&oacute;s a chegada do roedor e rapidamente se espalhou para outros animais da regi&atilde;o.
Como infec&ccedil;&otilde;es pr&eacute;vias n&atilde;o garantem imunidade para essa doen&ccedil;a, ainda n&atilde;o est&aacute; claro por que os ind&iacute;genas morreram com uma taxa mais elevada do que os europeus. No entanto, os especialistas acreditam que isso ocorre porque os Wampanoag se banhavam mais regularmente em &aacute;gua doce do que os colonos e usavam peles de animais selvagens para se protegerem do frio.

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Como os colonizadores trouxeram doenças para a América? 

Imagem de Como uma vila inglesa se sacrificou para evitar a Peste Bubônica? no megacurioso

Em 1666, a vila de Eyam estabeleceu um cordão sanitário para impedir que a doença se espalhasse para outros lugares

<head></head><body>Assim como outras cidades ao seu redor, a vila de Eyam, na Inglaterra, esteve vulnerável quando a peste bubônica chegou a Londres em 1655. A doença, que posteriormente ficaria conhecida como Peste Negra, desolou a Europa no século XVII e chegou a matar milhões de pessoas.Ao contrário do que acontecia no restante do país, entretanto, Eyam — um assentamento agrícola de 800 pessoas — decidiu tomar ações para impedir os avanços da doença durante os 14 meses em que ela atingiu a região, tornando-se historicamente uma comunidade importante na luta contra as doenças transmissíveis por centenas de anos.<h2>A chegada da peste em Eyam</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/30/30155803423354.jpg" alt="(Fonte: Eyam Museum)">(Fonte: Eyam Museum)Desde que chegou na Europa no século XIV, a <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/119673-6-fatos-para-entender-a-peste-bubonica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">peste bubônica</a> se mostrou altamente transmissível e sempre fatal. Assim como outras pandemias, disseminou-se principalmente através das rotas comerciais. Três séculos depois, não havia qualquer indício de que as pessoas faziam ideia sobre o que estava causando a praga.Algumas teorias incluíam punição divina ou poluição do ar. Por conta disso, muitos acreditavam que a cura para a Peste estava nas preces e arrependimento dos pecados, ou simplesmente na diminuição do lixo das cidades. Porém, a peste bubônica se espalhava principalmente por meio de uma bactéria espalhada por pulgas.E foi assim que a doença chegou em Eyam: por meio de um pano contaminado. No dia 7 de setembro de 1665, o primeiro contaminado apareceu na vila. Em questão de dias, ele e seus familiares estavam mortos. A situação continuou se agravando até o fim daquele ano, quando o novo vigário da região, William Mompesson, decidiu tomar providências.<h2>Vencendo a praga</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/30/30155911329357.jpg" alt="(Fonte: Museums Sheffield)">(Fonte: Museums Sheffield)Na primavera de 1666, Mompesson convenceu os habitantes do vilarejo a criarem um <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/113731-o-que-e-e-qual-e-a-importancia-da-quarentena-na-covid-19.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cordão sanitário</a>, ou zona de quarentena, para que ninguém saísse dos limites estabelecidos. Sinais nas fronteiras alertavam visitantes para se manterem afastados da região. Essa era uma medida inspirada nas práticas para tratar leprosos nos tempos bíblicos e no início da pandemia na Itália durante o século XV.Essa prática foi essencial para que a praga não continuasse se expandindo pela Inglaterra. Como Eyam não era uma vila autossuficiente, eles estabeleceram uma área de troca com as cidades vizinhas. Na fronteira entre Eyam e Stoney Middleton existiam uma pedra com seis buracos preenchidos com vinagre, onde as moedas de troca seriam depositadas e, teoricamente, desinfetadas.Além disso, eventos públicos eram feitos a céu aberto para diminuir as taxas de transmissão entre pessoas. Corpos eram enterrados às pressas para evitar aglomerações e disseminação da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/120479-teiu-o-lagarto-que-se-tornou-praga-em-fernando-de-noronha.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">praga</a>. Embora famílias inteiras tenham se tornado vítimas da Peste, a epidemia parecia controlada.<h2>Aprendizados com Eyam</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/30/30155519094353.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)">(Fonte: Wikimedia Commons)Ao total, 260 pessoas morreram por conta da peste bubônica em Eyam — mais de 25% da população da vila. A última morte registrada aconteceu em 1º de novembro de 1666, pouco mais de um ano depois que o primeiro caso foi confirmado na região. No fim da pandemia, o vigário Mompesson encorajou o restante dos habitantes a queimar suas roupas, móveis e roupas de cama, além de dedetizar suas casas para acabar com qualquer resquício da ameaça.Embora Eyam tenha pagado um preço muito caro para impedir a disseminação da praga, o sacrifício feito pelo vilarejo provavelmente salvou milhares de vidas ao redor da Inglaterra. Segundo o relatório publicado pelo The Washington Post, a Peste Negra não ultrapassou as fronteiras estabelecidas pelos habitantes.Por fim, a metodologia adotada por Mompesson tornou-se fruto de novos estudos científicos, que posteriormente serviram para guiar o manejo de outras epidemias, como poliomielite, ebola e covid-19.&nbsp;</body>

thumb-image-2024-02-29T14:05:53.690Z

Como uma vila inglesa se sacrificou para evitar a Peste Bubônica?

Imagem de Festa da catapora: a prática do séc. XX para adquirir imunidade no megacurioso

Pelo visto, essas 'festas' não são algo do passado...

Uma festa para a qual voc&ecirc; vai para se infectar de uma vez com uma doen&ccedil;a e for&ccedil;ar seu sistema imunol&oacute;gico a produzir anticorpos contra ela, levando, ent&atilde;o, &agrave; denominada "imunidade de rebanho&rdquo;.
A ideia parece muito com algo que era comum durante o s&eacute;culo XIX, quando a Medicina ainda era rudimentar e a ci&ecirc;ncia n&atilde;o era levada em considera&ccedil;&atilde;o. Mas n&atilde;o, isso est&aacute; acontecendo agora durante a pandemia do novo coronav&iacute;rus, que j&aacute; matou 5 milh&otilde;es de pessoas pelo mundo, das quais mais de 600 mil foram no Brasil.
Desde o ano passado, entre idas e vindas de lockdown, em decorr&ecirc;ncia da doen&ccedil;a mortal, consolidou-se no norte da It&aacute;lia essas "festas da covid" (covid parties), onde pessoas se re&uacute;nem para contrair de uma vez a doen&ccedil;a e ficar &ldquo;imunes&rdquo;. Isso aconteceu, principalmente, quando a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119390-voce-sabe-como-surgiram-as-vacinas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">vacina</a> ainda n&atilde;o estava pronta.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/23/23200133627699.jpg" alt="(Fonte: NoticiasYa/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: NoticiasYa/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A pr&aacute;tica virou tend&ecirc;ncia entre jovens em idade escolar, como afirma o coordenador de sa&uacute;de Patrick Franzoni, em entrevista ao The Daily Beast. &ldquo;Eles tentam adquirir a infec&ccedil;&atilde;o sem perceber que o v&iacute;rus tamb&eacute;m &eacute; perigoso em crian&ccedil;as e jovens. Existem consequ&ecirc;ncias a longo prazo e, mesmo os mais novos, podem acabar no hospital&rdquo;, disse ele.
Essas "festas" est&atilde;o acontecendo ao longo da fronteira com a &Aacute;ustria, que tem um dos maiores n&uacute;meros de casos e menores taxas de vacina&ccedil;&atilde;o em toda a Europa, e j&aacute; fez sua passagem nos Estados Unidos, no Canad&aacute;, na It&aacute;lia, em Roma e no Brasil.
<h2 class="uk-text-justify">A festa de gente estranha</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/23/23200254596701.jpg" alt="(Fonte: Medical News Today/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Medical News Today/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A vacina contra o v&iacute;rus varicela-zoster, que causa a doen&ccedil;a comumente chamada de catapora, foi desenvolvida no Jap&atilde;o no in&iacute;cio da d&eacute;cada de 1970 pelo m&eacute;dico Michiaki Takashi, mas foi apenas em meados de 1995 que passou a ser amplamente utilizada nos pa&iacute;ses ocidentais.
A catapora causa bolhas que se espalham principalmente pelo tronco, costas e no rosto da crian&ccedil;a, em um n&iacute;vel altamente contagioso. Durante cerca de 1 semana, as bolhas come&ccedil;am a formar uma crista enquanto o corpo luta contra a infec&ccedil;&atilde;o, sob sintomas de febre, fadiga e dor de cabe&ccedil;a. A doen&ccedil;a costuma ser benigna, exceto para mulheres gr&aacute;vidas, beb&ecirc;s e pessoas com o sistema imunol&oacute;gico comprometido.
Foi exatamente devido aos seus sintomas menos mortais que surgiu a irrespons&aacute;vel tend&ecirc;ncia de fazer as "festas da catapora" entre as crian&ccedil;as durante a d&eacute;cada de 1970 e 1980 pelos EUA. Quando uma crian&ccedil;a em alguma vizinhan&ccedil;a contra&iacute;a a doen&ccedil;a, os outros pais levavam seus filhos para a casa dela para exp&ocirc;-los &agrave; enfermidade.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/23/23200423908702.jpg" alt="(Fonte: CNN/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: CNN/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
As crian&ccedil;as eram encorajadas a distribu&iacute;rem beijos entre si, copos, guardanapos, brinquedos, assobios e tudo o que tivesse mais secre&ccedil;&atilde;o o poss&iacute;vel para confirmar a infec&ccedil;&atilde;o. A pr&aacute;tica motivou festas de cont&aacute;gio pelo mundo inteiro durante endemias e pandemias, como aconteceu com a gripe su&iacute;na em 2009.
Os &oacute;rg&atilde;os reguladores de sa&uacute;de e a Ci&ecirc;ncia sempre fizeram campanhas para desencorajar a pr&aacute;tica, que &eacute; irrespons&aacute;vel e perigosa. Afinal de contas, como foi observado pelo&nbsp;InfectionControl.Tips, a doen&ccedil;a n&atilde;o &eacute; o &uacute;nico elemento que ser&aacute; compartilhado nesses eventos.

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Festa da catapora: a prática do século XX para adquirir imunidade

Imagem de Mulher se livra de HIV sem tratamento e anima cientistas no megacurioso

Caso raro de mulher na Argentina que se livrou de HIV sem drogas ou tratamento é apenas o 2° na história 

Um milagre da sa&uacute;de parece ter acontecido com uma mulher na Argentina. Ap&oacute;s uma s&eacute;rie de exames, os m&eacute;dicos constataram que a paciente teria se livrado do seu diagn&oacute;stico de <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/120188-hiv-como-o-virus-da-aids-se-tornou-algo-tratavel.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">HIV</a>, v&iacute;rus causador da Aids, sem necessitar de qualquer tipo de drogas ou tratamento para lhe auxiliar nesse processo.
Segundo os arquivos hist&oacute;ricos, essa seria apenas a segunda vez que algo do tipo teria sido registrado. Especialistas acreditam que o sistema imunol&oacute;gico da mulher tenha eliminado o v&iacute;rus por conta pr&oacute;pria. Conforme apontado na revista cient&iacute;fica Archives of Internal Medicine, foram feitos testes em mais de 1 bilh&atilde;o de suas c&eacute;lulas e nenhum tra&ccedil;o da infec&ccedil;&atilde;o foi encontrado.
<h2 class="uk-text-justify">Elimina&ccedil;&atilde;o do HIV</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/18/18125726268261.jpg" alt="(Fonte: Shutterstock)" />(Fonte: Shutterstock)
O caso da "paciente Esperanza", nome dado para que ela permanecesse an&ocirc;nima, &eacute; uma amostra de que algumas pessoas nasceriam com uma resist&ecirc;ncia natural ao HIV. Portanto, alguns indiv&iacute;duos teriam genes capazes de evitar a infec&ccedil;&atilde;o por completo, enquanto outros podem at&eacute; contra&iacute;-la para depois erradic&aacute;-la.&nbsp;
Mesmo assim, isso n&atilde;o parece ser um fator comum na sociedade. Na maioria dos casos, os pacientes diagnosticados com HIV necessitam receber a terapia antirretroviral (TARV) para o restante da vida &mdash; correndo s&eacute;rios riscos caso interrompam o <a href="https://www.megacurioso.com.br/medicina-e-psicologia/69535-5-tratamentos-bizarros-que-a-medicina-antiga-considerava-como-eficazes.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tratamento</a>.
Ao que tudo indica, somente 1% das pessoas no mundo nasce com os genes que impedem o HIV de entrar e infectar as c&eacute;lulas. Caso os cientistas encontrem uma forma de controlar esse processo, esse seria o primeiro passo a ser dado para conseguirmos eliminar ou curar efetivamente o v&iacute;rus.
<h2 class="uk-text-justify">Possibilidade de novos tratamentos</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/18/18125729315262.jpg" alt="(Fonte: Shutterstock)" />(Fonte: Shutterstock)
Respons&aacute;vel pelo estudo, o pesquisador Xu Yu, do Instituto Ragon do Hospital Geral de Massachusetts, ligado ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, afirmou o desejo da comunidade m&eacute;dica em realizar novos estudos sobre a cura do HIV.
"Pode haver um caminho pr&aacute;tico a uma cura esterilizante para pessoas que n&atilde;o s&atilde;o capazes de fazer isso por conta pr&oacute;pria", disse em entrevista &agrave; BBC. Como pr&oacute;xima etapa, os cientistas devem analisar os casos de Esperanza, que passou 8 anos com o v&iacute;rus n&atilde;o detectado, e Loreen Willenberg, primeiro caso de imunidade contra o v&iacute;rus, para coletar mais informa&ccedil;&otilde;es.
"Estamos agora observando a possibilidade de induzir esse tipo de imunidade em pessoas em TARV, por meio da vacina&ccedil;&atilde;o, com o objetivo de educar seus sistemas imunol&oacute;gicos para serem capazes de controlar o v&iacute;rus sem a&nbsp;terapia antirretroviral", concluiu Yu.&nbsp;
<h2 class="uk-text-justify">Comprova&ccedil;&atilde;o da cura</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/18/18125732690263.jpg" alt="(Fonte: Shutterstock)" />(Fonte: Shutterstock)
Embora o caso de Esperanza chame a aten&ccedil;&atilde;o da comunidade m&eacute;dica, existe cautela a respeito do tema. Na vis&atilde;o de alguns especialistas, &eacute; praticamente imposs&iacute;vel afirmar se uma pessoa foi definitivamente curada do HIV, por mais que todos os recursos tecnol&oacute;gicos existentes atualmente tenham sido esgotados.
Uma das explica&ccedil;&otilde;es para isso &eacute; a possibilidade de um desses casos de "cura" ser na verdade uma "infec&ccedil;&atilde;o abortiva", isto &eacute;, a infec&ccedil;&atilde;o teria tentado progredir pelo organismo da pessoa, mas foi eliminada ainda precocemente. Portanto, esse tipo de situa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o poderia ser configurado como uma pessoa com HIV.
Pelo lado bom, a an&aacute;lise do <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/120028-como-funciona-nosso-sistema-imunologico.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">sistema imunol&oacute;gico</a> da paciente mostra ter uma lembran&ccedil;a de ter sido infectado, dando ind&iacute;cios de que ela teria contra&iacute;do o v&iacute;rus. Essa descoberta &eacute; especialmente importante porque pode oferecer uma nova vis&atilde;o para as terapias imunol&oacute;gicas existentes atualmente. Sendo assim, &eacute; poss&iacute;vel que o campo cient&iacute;fico continue progredindo para alcan&ccedil;ar a cura contra o HIV em breve.&nbsp;

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Mulher se livra de HIV sem tratamento e anima cientistas

Imagem de Como a cólera em Londres mudou os sistemas de esgostos para sempre no megacurioso

Conforme dados da Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de (OMS), a doen&ccedil;a bacteriana causada pela c&oacute;lera &eacute; respons&aacute;vel por 143 mil mortes anuais entre a quantidade estimada de 1,3 milh&atilde;o a 4 milh&otilde;es de casos notificados &agrave;s ag&ecirc;ncias de sa&uacute;de pelo mundo.
Por sua tend&ecirc;ncia de se espalhar pela &aacute;gua infectada, o acesso a suprimentos de &aacute;gua pot&aacute;vel e saneamento b&aacute;sico bem regulamentado &eacute; essencial para manter a doen&ccedil;a controlada.
Se hoje esse n&uacute;mero de mortos se mant&eacute;m, relativamente, controlado &mdash; apesar de mais de 4,2 bilh&otilde;es de pessoas viverem sem acesso a saneamento b&aacute;sico no mundo, segundo a Organiza&ccedil;&atilde;o das Na&ccedil;&otilde;es Unidas (ONU) &mdash;, isso &eacute; gra&ccedil;as &agrave; revolu&ccedil;&atilde;o feita no sistema de esgotos de Londres no s&eacute;culo XIX ap&oacute;s um surto de c&oacute;lera, o que serviu de modelo para outros pa&iacute;ses.
<h2>Prosperando na imund&iacute;cie</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;ThoughtCo&nbsp;" data-fonte-url="https://www.thoughtco.com/thmb/rchNBuCJQAJT2OhqegtLJ1tl2P0=/2852x2852/smart/filters:no_upscale()/choleralondon2-58b9de315f9b58af5cba4691.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/28/28175708049429.jpg" alt="(Fonte: ThoughtCo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: ThoughtCo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Al&eacute;m da m&aacute; <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/114891-o-grande-fedor-de-1858-que-quase-intoxicou-londres.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">administra&ccedil;&atilde;o das fezes e lixo</a>, a Londres do in&iacute;cio do s&eacute;culo XIX tinha t&uacute;neis estreitos que apenas pretendiam evitar alagamentos na cidade, encaminhando a &aacute;gua por um sistema de escoamento prec&aacute;rio para os rios Fleet e Walbrook, n&atilde;o servindo para a distribui&ccedil;&atilde;o saud&aacute;vel da &aacute;gua suja.
Principalmente quem morava no sub&uacute;rbio da metr&oacute;pole industrial mais infame da &eacute;poca por seu cheiro de pura podrid&atilde;o, toda a sujeira humana era lan&ccedil;ada no <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119893-em-1820-engenheiros-decidiram-construir-um-tunel-sob-o-rio-tamisa.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Rio T&acirc;misa</a> que, para milhares de habitantes, tamb&eacute;m servia como fonte de &aacute;gua pot&aacute;vel. Por incr&iacute;vel que pare&ccedil;a, ningu&eacute;m tinha conhecimento suficiente para saber que as &aacute;guas n&atilde;o se renovariam de um dia para o outro e levariam o lixo embora. O resultado desse contato com &aacute;gua contaminada veio em uma "onda" quente no ver&atilde;o de 1858, trazendo, al&eacute;m da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/113889-a-interminavel-quarentena-de-mary-mallon.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">febre tifoide</a>, a c&oacute;lera.
A situa&ccedil;&atilde;o foi pior no distrito de Soho, onde havia um grande fluxo de pessoas e nem havia chegado o rudimentar sistema de esgoto da cidade. Enquanto isso, matadouros que expeliam litros de gordura e sangue; os excrementos de animais e humanos; e outros agentes contaminantes flu&iacute;am para as valas que era o esgoto de Soho.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Science Museum&nbsp;" data-fonte-url="https://www.sciencemuseum.org.uk/sites/default/files/styles/social_facebook/public/2019-07/cholera-hero.jpg?h=c4133be5&amp;itok=7t5BKsfz"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/28/28175852034431.jpg" alt="(Fonte: Science Museum/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Science Museum/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 31 de agosto de 1854, ap&oacute;s v&aacute;rios surtos de c&oacute;lera que ocorreram por Londres quando o governo come&ccedil;ou a desaguar o fluxo de &aacute;gua de Soho no T&acirc;misa, um grande surto de c&oacute;lera ocorreu no distrito.
Na &eacute;poca, <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/119553-o-medico-que-descobriu-como-a-colera-contaminava-as-pessoas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">John Snow</a>, o m&eacute;dico que se envolveu na situa&ccedil;&atilde;o, denominou o caso como o "mais terr&iacute;vel surto de c&oacute;lera que j&aacute; ocorreu neste reino". Ao longo de 3 dias, 127 pessoas morreram na Broad Street e cercanias. Na semana seguinte, o n&uacute;mero cresceu para 500 baixas, sendo que a taxa de mortalidade era de 12,8% em algumas partes de Londres. At&eacute; o final do surto, 616 pessoas estavam mortas.
<h2>A solu&ccedil;&atilde;o do futuro</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Guardian&nbsp;" data-fonte-url="https://i.guim.co.uk/img/media/3c0ca73dcf3070e735758698afe261fe75c103c8/0_274_3676_2207/master/3676.jpg?width=465&amp;quality=45&amp;auto=format&amp;fit=max&amp;dpr=2&amp;s=02c5adc5d1c170e1bf254a3314af1223"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/28/28180034207433.jpg" alt="(Fonte: The Guardian/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Guardian/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ap&oacute;s publicar seu livro The Sanitary Conditions of the Labouring Population, em 1842, o advogado Edwin Chadwick se tornou o primeiro diretor do novo Conselho de Sa&uacute;de, que visava evitar e combater futuros surtos de qualquer esp&eacute;cie de doen&ccedil;a em Londres.
Chadwick deixou claro que uma reforma social e sanit&aacute;ria era o &uacute;nico meio de progresso, com a remo&ccedil;&atilde;o de lixo das ruas, promovendo acesso &agrave; &aacute;gua pot&aacute;vel e esgotos melhores. Foi engenheiro-chefe do Conselho Metropolitano de Obras, Joseph Bazalgette, que encabe&ccedil;ou o processo de moderniza&ccedil;&atilde;o dos esgotos.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/28/28180229254435.gif" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Custou cerca de US$ 240 milh&otilde;es para os cofres p&uacute;blicos para instalar um sistema subterr&acirc;neo com 131 quil&ocirc;metros de extens&atilde;o e 1.770 drenos que pudessem interceptar as &aacute;guas canalizadas e acompanhar o fluxo do T&acirc;misa, coletando todo o lixo ao longo das margens norte e sul.
Parte do trabalho foi conclu&iacute;do at&eacute; 1865, mostrando-se um grande sucesso. A c&oacute;lera voltou &agrave; cidade apenas mais uma vez, no ano seguinte, em uma parte de Londres onde ainda n&atilde;o tinha acesso &agrave; nova rede de esgotos, que ficou totalmente pronta em 1878.
O Servi&ccedil;o Nacional de Sa&uacute;de (NHS, sigla em ingl&ecirc;s) indica que a doen&ccedil;a j&aacute; n&atilde;o &eacute; mais encontrada no Reino Unido atualmente.

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Como a cólera em Londres mudou os sistemas de esgotos para sempre

Imagem de Como a sífilis fez a Europa culpar a América pela doença no século XVI no megacurioso

Epidemia da IST foi uma das maiores consequências do pós-peste bubônica, quando o mundo foi assolado por doenças vindas da crise

No s&eacute;culo XIV, cerca de um ter&ccedil;o da popula&ccedil;&atilde;o europeia foi devastada pela peste bub&ocirc;nica e, apesar de ter conseguido se recuperar tempos depois e reerguer parte da sociedade, as consequ&ecirc;ncias logo surgiram depois com a confirma&ccedil;&atilde;o do aparecimento de novas doen&ccedil;as. Foi ent&atilde;o que, em pouco menos de 100 anos de relativa paz, o mundo voltou a viver tens&otilde;es relacionadas &agrave; sa&uacute;de p&uacute;blica por causa do cont&aacute;gio por infec&ccedil;&otilde;es sexualmente transmiss&iacute;veis (IST), que se "aproveitaram" da euforia social para se espalhar rapidamente pelo planeta.
Sem registros em livros ou conhecimento armazenado na mente dos intelectuais, a s&iacute;filis foi um objeto de medo e pavor em parte da Europa. Reis e rainhas, pr&iacute;ncipes e princesas, maltrapilhos de bord&eacute;is e todos os tipos de grupo em diversas castas sociais passaram a tem&ecirc;-la, ao mesmo tempo que procuravam culpados para responsabilizar pelo iminente caos social que mais uma vez se aprofundava no continente. Veio da Fran&ccedil;a? Da It&aacute;lia? Por enquanto essa origem pouco importava, pois a &uacute;nica certeza que o povo tinha era de que a IST era contra&iacute;da pelo ato sexual.
<h2>Castigo divino e a rela&ccedil;&atilde;o com os deuses</h2>
Antes de ser conhecida como s&iacute;filis, o mal foi intitulado de "doen&ccedil;a ven&eacute;rea" por um m&eacute;dico franc&ecirc;s, fazendo refer&ecirc;ncia &agrave; deusa romana do <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120162-conheca-o-caso-de-amor-de-uma-brasileira-que-levou-farofa-ao-japao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">amor</a>, V&ecirc;nus. Sem estar vinculada a uma &eacute;poca do ano ou &agrave; hierarquia social, ela oferecia os mesmos riscos para todas as pessoas que praticassem atos sexuais com ou sem frequ&ecirc;ncia, causando dores terr&iacute;veis nos ossos, que surgiam pouco tempo ap&oacute;s a contra&ccedil;&atilde;o. Seria ent&atilde;o uma puni&ccedil;&atilde;o divina pela suposta libertinagem e pela pr&aacute;tica de sexo il&iacute;cito? Alguns diriam que sim.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18090718825030.jpg" alt="(Fonte: Getty Images / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Getty Images / Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Enquanto m&eacute;dicos da &eacute;poca acreditavam que a s&iacute;filis era uma puni&ccedil;&atilde;o pelos pecados cometidos pela sociedade, astr&oacute;logos a viam como causa de dois eclipses do Sol e da conflu&ecirc;ncia de Saturno e Marte. Isso acabaria, ent&atilde;o, gerando um alinhamento entre estrelas e a consequente contamina&ccedil;&atilde;o da terra, que deteriorava o corpo humano por meio de part&iacute;culas venenosas que se misturavam ao ar.
O primeiro rem&eacute;dio para a doen&ccedil;a teria surgido d&eacute;cadas depois, quando o merc&uacute;rio foi substitu&iacute;do por troncos de arbustos gu&aacute;iaco, encontrados no Haiti, que, ao serem misturados com l&iacute;quidos 2 vezes ao dia, forneciam recupera&ccedil;&atilde;o em at&eacute; 1 m&ecirc;s de tratamento. Por&eacute;m, a hereditariedade da IST e sua alta transmissibilidade resultou em uma verdadeira corrida contra a cura, e os americanos entraram na hist&oacute;ria ao sofrerem graves acusa&ccedil;&otilde;es de europeus.
<h2>Am&eacute;rica vs. Europa: a culpa foi de algu&eacute;m?</h2>
Na &eacute;poca, acreditava-se que a s&iacute;filis chegou &agrave; Europa junto dos navios de Crist&oacute;v&atilde;o <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120126-6-fatos-sobre-cristovao-colombo-que-nao-sao-contados-nos-livros.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Colombo</a>, que havia retornado em 1504 para a Espanha sob pedidos da rainha Isabel, trazendo peda&ccedil;os de ouro, p&eacute;rolas, joias dos nativos e, principalmente, os marinheiros e parte do ex&eacute;rcito. Assim, ap&oacute;s anos de expedi&ccedil;&atilde;o, os homens do navegador genov&ecirc;s teriam aproveitado seus dias em bord&eacute;is e festejos, tornando-se potenciais encarregados de espalhar a doen&ccedil;a pela regi&atilde;o.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18090600466029.jpg" alt="(Fonte: Getty Images / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Getty Images / Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Revoltados, m&eacute;dicos americanos se empenharam em desmistificar a lenda contada pelos <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119696-quais-sao-as-maiores-rivalidades-entre-paises-vizinhos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">rivais</a> do velho continente e afirmaram que franceses aliados do rei Carlos VIII n&atilde;o apenas espalharam a bact&eacute;ria pelos pa&iacute;ses vizinhos, mas tamb&eacute;m desenvolveram mutantes resistentes e com novas propriedades, dificultando o combate e aumentando a taxa de infec&ccedil;&atilde;o. Estima-se que quase 1 milh&atilde;o de pessoas foram infectadas com a s&iacute;filis.
Felizmente, especialistas descobriram, cerca de 4 s&eacute;culos depois, o 1&deg; tratamento efetivo do mal e a identifica&ccedil;&atilde;o da bact&eacute;ria, que, ao lado dos estudos sobre a penicilina, resolveram definitivamente o problema de uma poss&iacute;vel epidemia, com a chegada de uma cura definitiva.

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Como a sífilis fez a Europa culpar a América pela doença no século XVI

Imagem de HIV: como o vírus da AIDS se tornou algo tratável? no megacurioso

Rodeada de medo, preconceito e ignorância, epidemia de HIV matou milhares de pessoas ao redor do mundo na década de 1980

H&aacute; mais de 40 anos, o mundo passou a aprender sobre uma nova doen&ccedil;a: a S&iacute;ndrome da Imunodefici&ecirc;ncia Adquirida (<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/110198-a-foto-que-mudou-a-forma-como-as-pessoas-viam-a-aids-nos-anos-de-1990.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Aids</a>). Durante a d&eacute;cada de 1980, cientistas faziam o m&aacute;ximo de esfor&ccedil;o para tentar compreender o que estava causando uma epidemia de infec&ccedil;&otilde;es que estavam matando milhares de pessoas.
Foi ent&atilde;o que um novo v&iacute;rus chamado V&iacute;rus da Imunodefici&ecirc;ncia Humana (HIV) foi descoberto. Desde ent&atilde;o, o HIV deixou de ser considerado uma &ldquo;senten&ccedil;a de morte&rdquo; e passou a ser uma doen&ccedil;a cr&ocirc;nica control&aacute;vel. Ent&atilde;o, vamos entender um pouco mais sobre a hist&oacute;ria desse problema de sa&uacute;de e como tudo mudou com a chegada das pesquisas cient&iacute;ficas.
<h2>Origem do HIV</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18175825858430.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
A origem do HIV tem sido objeto de estudo da comunidade cient&iacute;fica desde a sua detec&ccedil;&atilde;o, que ocorreu no in&iacute;cio da d&eacute;cada de 1980. Atualmente, sabe-se que o HIV &eacute; um tipo de lentiv&iacute;rus &mdash; v&iacute;rus com longo per&iacute;odo de incuba&ccedil;&atilde;o associados a doen&ccedil;as neurol&oacute;gicas e imunossupressoras.
De maneira muito parecida, o V&iacute;rus da Imunodefici&ecirc;ncia S&iacute;mia (SIV) ataca o sistema imunol&oacute;gico dos macacos e tem muitas semelhan&ccedil;as com o HIV. Dessa forma, pesquisadores conclu&iacute;ram que o v&iacute;rus na vers&atilde;o humana teve origem nos chimpanz&eacute;s e de alguma forma foi transferido de uma esp&eacute;cie para outra em algum per&iacute;odo da hist&oacute;ria.
Apesar de muitas pessoas acreditarem que a epidemia de HIV come&ccedil;ou nos anos 80 nos Estados Unidos, estudos mostram que j&aacute; existiam tra&ccedil;os do v&iacute;rus na Rep&uacute;blica do Congo em 1937 &mdash; uma regi&atilde;o conhecida pela alta popula&ccedil;&atilde;o de migrantes e tamb&eacute;m pelo com&eacute;rcio sexual.
<h2>Estigma e preconceito</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18180247030437.jpg" alt="(Fonte: Pixabay)" />(Fonte: Pixabay)
Em 1981, um grande n&uacute;mero de casos de uma doen&ccedil;a rara estavam chamando aten&ccedil;&atilde;o nos EUA. Entre grupos de homossexuais nos estados de Nova York e da Calif&oacute;rnia, casos acima do normal de Sarcoma de Kaposi (um tipo de c&acirc;ncer raro) e uma infec&ccedil;&atilde;o pulmonar chamada PCP eram relatados.
Na &eacute;poca, ningu&eacute;m sabia como essas doen&ccedil;as estavam se espalhando, mas sabiam que essas condi&ccedil;&otilde;es estavam associadas ao sistema imunol&oacute;gico. Logo, os m&eacute;dicos conclu&iacute;ram que se tratava de uma doen&ccedil;a infecciosa, a qual abria caminho para outras doen&ccedil;as oportunistas.
Como a maioria dos casos naquele per&iacute;odo foram descobertos em homossexuais, criou-se um enorme <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115988-homofobia-e-baixa-inteligencia-estao-interligados-diz-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">preconceito</a> a respeito do tema. Ainda sem nome, a doen&ccedil;a infecciosa passou a ser chamada de v&aacute;rios nomes, os quais estavam associados &agrave; comunidade LGBTQI+ na maior parte do tempo.
Somente em meados de 1982 que os pesquisadores passaram a perceber que a doen&ccedil;a tamb&eacute;m estava se espalhando em outros grupos, como hemof&iacute;licos e usu&aacute;rios de drogas injet&aacute;veis. Foi da&iacute; que surgiu o nome para a S&iacute;ndrome da Imunodefici&ecirc;ncia Adquirida, popularmente chamada de Aids.&nbsp;
<h2>Controlando a epidemia</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18180328843438.jpg" alt="(Fonte: Pixabay)" />(Fonte: Pixabay)
Antes de 1996, quando o primeiro coquetel de medicamentos foi inventado para a doen&ccedil;a, controlar o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/116432-hiv-cientistas-observam-pela-1a-vez-comportamento-do-virus.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">HIV</a> era simplesmente um caos para os pacientes. Todos os rem&eacute;dios dispon&iacute;veis eram altamente intoxicantes e n&atilde;o suprimiam o v&iacute;rus muito bem. A maioria das pessoas precisava tomar de quatro a cinco p&iacute;lulas a cada quatro horas e sofriam com efeitos colaterais terr&iacute;veis, como v&ocirc;mitos, n&aacute;usea e dor nos nervos.
Durante esse per&iacute;odo, era comum que os portadores de HIV evolu&iacute;ssem para quadros graves de Aids e morressem. No Brasil, a doen&ccedil;a chegou a matar nomes importantes do cen&aacute;rio nacional como o ator Lauro Corona, e os cantores Renato Russo e Cazuza. Entretanto, tudo come&ccedil;ou a mudar gra&ccedil;as aos avan&ccedil;os da medicina.
Ap&oacute;s quase duas d&eacute;cadas de conhecimento do v&iacute;rus, pesquisadores descobriram uma combina&ccedil;&atilde;o de medicamentos capaz de suprimir a replica&ccedil;&atilde;o do v&iacute;rus ou at&eacute; mesmo sua dissemina&ccedil;&atilde;o para outras pessoas. Isso permitiu que o sistema imunol&oacute;gico dos enfermos pudesse se recuperar e combater outras infec&ccedil;&otilde;es.
Essa descoberta simplesmente transformou a vida de diversas pessoas, visto que a Aids se manifesta em indiv&iacute;duos com HIV que tiveram o sistema imunol&oacute;gico altamente danificado. Dado que esses novos medicamentos conseguem suprimir o v&iacute;rus e prevenir danos ao sistema autoimune, eles tamb&eacute;m impedem o desenvolvimento da Aids.
<h2>HIV nos tempos modernos</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18180449983439.jpg" alt="(Fonte: Unsplash)" />(Fonte: Unsplash)
Segundo os dados do governo brasileiro, atualmente existem cerca de 920 mil pessoas com HIV no Brasil. Dessas, 89% j&aacute; foram diagnosticadas e 77% fazem tratamento com antirretroviral. Por fim, 94% das pessoas em tratamento n&atilde;o transmitem o v&iacute;rus por via sexual e atingiram carga viral indetect&aacute;vel.
O Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de estima que 10 mil casos de Aids no pa&iacute;s foram evitados entre 2016 e 2019. Antigamente, buscar ajuda para o tratamento para HIV era um tanto quanto complicado, visto que os medicamentos existentes eram muito caros e boa parcela das pessoas n&atilde;o tinha dinheiro para compr&aacute;-los.
Com o passar das d&eacute;cadas, por&eacute;m, houve uma redu&ccedil;&atilde;o consider&aacute;vel dos pre&ccedil;os e o surgimento de programas de financiamento para pacientes com HIV. Entretanto, vale ressaltar que o HIV n&atilde;o &eacute; completamente cur&aacute;vel e o tratamento precisa ser realizado pelo resto da vida.
Embora o v&iacute;rus possa ser suprimido, isso n&atilde;o significa que doen&ccedil;as secund&aacute;rias causadas pelo HIV n&atilde;o possam surgir com o passar do tempo. Por esse motivo, o HIV &eacute; considerado fator de risco para doen&ccedil;as cardiovasculares, c&acirc;ncer, doen&ccedil;as renais, e doen&ccedil;as &oacute;sseas como a osteoporose.

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HIV: como o vírus da Aids se tornou algo tratável?

Imagem de Como um vírus pode escapar de um laboratório? no megacurioso

Com o extremismo pol&iacute;tico e os gabinetes de dissemina&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&otilde;es falsas, a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/118980-por-que-e-importante-sabermos-de-onde-veio-o-coronavirus.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pandemia causada pelo novo coronav&iacute;rus</a> cultivou a ideia de que o v&iacute;rus causador da doen&ccedil;a, o Sars-COV-2, tenha sido liberado deliberadamente pelo governo chin&ecirc;s para causar uma "reviravolta pol&iacute;tica" no cen&aacute;rio mundial &mdash; ainda que isso significasse a morte de milhares de pessoas e a ruptura econ&ocirc;mica de v&aacute;rios pa&iacute;ses.
Apesar de essa ideia de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119826-bioterrorismo-qual-a-sua-origem.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bioterrorismo&nbsp;</a>ter sido muito cultuada nos Estados Unidos e no Brasil, no mundo todo reacendeu a quest&atilde;o de como um v&iacute;rus pode escapar de um laborat&oacute;rio de conten&ccedil;&atilde;o, como aconteceu com a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119438-a-controversa-origem-da-vacina-da-variola.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">var&iacute;ola</a> na Gr&atilde;-Bretanha, e a febre aftosa.
<h2>A conten&ccedil;&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/13/13195803925550.jpg" alt="(Fonte: Scientific American/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Scientific American/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Segundo o Centro de Controle e Preven&ccedil;&atilde;o de Doen&ccedil;as (CDC), os laborat&oacute;rios de t&ecirc;m 4 n&iacute;veis de seguran&ccedil;a: do N&iacute;vel de Biosseguran&ccedil;a 1 (BSL-1) ao BSL-4, dependendo do tipo de pat&oacute;genos que est&aacute; sendo manuseado.
Os n&iacute;veis BSL-3 e 4 operam com os mais rigorosos protocolos de seguran&ccedil;a porque lidam com agentes j&aacute; conhecidos por infectar laborat&oacute;rios, especialmente ao entrar em contato com o ar. Portanto, foram desenvolvidos ao longo de d&eacute;cadas de estudos recursos de seguran&ccedil;a para minimizar as possibilidades de uma pat&oacute;geno escapar pela porta.&nbsp;
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/13/13200145442551.jpg" alt="(Fonte: Bulb Laboratories/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Bulb Laboratories/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Isso inclui controle de engenharia especializada, como opera&ccedil;&atilde;o de ar com press&atilde;o negativa e ar de exaust&atilde;o filtrado; processos de descontamina&ccedil;&atilde;o de res&iacute;duos, como autoclavagem; esteriliza&ccedil;&atilde;o a vapor ou incinera&ccedil;&atilde;o; e equipamentos de alta prote&ccedil;&atilde;o. Al&eacute;m disso, a entrada &eacute; restrita a trabalhadores que passaram por rigorosos exames para verifica&ccedil;&atilde;o do quadro de sa&uacute;de e um treinamento intensivo de repeti&ccedil;&atilde;o.
Cada laborat&oacute;rio tem seus procedimentos para minimizar as possibilidades de viola&ccedil;&otilde;es da conten&ccedil;&atilde;o, por&eacute;m existem tr&ecirc;s maneiras b&aacute;sicas pelas quais um pat&oacute;geno pode escapar do per&iacute;metro de seguran&ccedil;a.
<h2>Vazamento por aerossol</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/13/13200445583554.jpg" alt="(Fonte: The Economic Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Economic Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Esse m&eacute;todo &eacute; considerado improv&aacute;vel, visto que os laborat&oacute;rios t&ecirc;m sistemas muito tecnol&oacute;gicos de tratamento de ar, que incluem filtragem de part&iacute;culas de alta efici&ecirc;ncia (HEPA) antes que o ar seja liberado do ambiente. Portanto, torna-se muito dif&iacute;cil que um v&iacute;rus consiga driblar esses filtros, principalmente porque pat&oacute;genos n&atilde;o sobrevivem bem ao entrarem em contato com luz solar.
Sobretudo, cientistas trabalham com pequenos volumes de organismos; ent&atilde;o, um pat&oacute;geno se dispersaria rapidamente na atmosfera se acabasse escapando, devido &agrave; sua insufici&ecirc;ncia para causar infec&ccedil;&atilde;o.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/13/13200714755555.jpg" alt="(Fonte: CDC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: CDC/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 1979, na cidade de Sverdlovsk, na Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica, uma instala&ccedil;&atilde;o de armas biol&oacute;gicas, chamada Composto 19, causou a morte de 66 pessoas por inala&ccedil;&atilde;o a antraz depois que os esporos de pat&oacute;genos escaparam do laborat&oacute;rio quando um t&eacute;cnico esqueceu de substituir um filtro de ar. Al&eacute;m do erro humano, na &eacute;poca os cientistas trabalhavam com volumes muito grandes do v&iacute;rus, considerados mais resistentes ao ar.
A falha foi encoberta por meio de um esfor&ccedil;o massivo das autoridades sovi&eacute;ticas, usando dados falsos na m&iacute;dia para provar que a doen&ccedil;a foi originada da carne contaminada, que teria causado o antraz gastrointestinal.
<h2>Exposi&ccedil;&atilde;o acidental</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/13/13200954052557.jpg" alt="(Fonte: Healthline/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Healthline/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
&Eacute; exatamente porque as pessoas cometem erros e os sistemas falham que as medidas de seguran&ccedil;a em laborat&oacute;rios t&ecirc;m m&eacute;todos de redund&acirc;ncia, como as travas de uma montanha-russa.
A checagem de todos os procedimentos acontece de maneira meticulosa e cansativa sempre que um cientista vai entrar ou, principalmente, sair de um laborat&oacute;rio. &Eacute; por isso que os trabalhadores se despem e vestem as roupas antes de entrar no per&iacute;metro laboratorial, removendo-nas e tomando banho no fim do expediente. Isso &eacute; uma maneira simples de evitar que pat&oacute;genos sejam transportados para fora por meio de roupas ou cabelo.
Mas, mesmo assim, eles podem cometer o erro de enviar um pat&oacute;geno acidentalmente para fora do limite de conten&ccedil;&atilde;o ao se contaminar com ele. Isso aconteceu em 2004 com Antonina Presnuakova, uma cientista altamente experiente da R&uacute;ssia, que morreu da doen&ccedil;a causada pelo v&iacute;rus ebola ao se espetar em uma agulha contaminada.
<h2>Libera&ccedil;&atilde;o proposital</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/13/13201339177559.jpg" alt="(Fonte: Strickendots/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Strickendots/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Esse tipo de bioterrorismo &eacute; o primeiro que vem em mente quando o assunto &eacute; um v&iacute;rus mortal, devido &agrave;s conspira&ccedil;&otilde;es e ao hist&oacute;rico de algumas superpot&ecirc;ncias ao longo do s&eacute;culo XX.&nbsp;
Apesar de laborat&oacute;rios de conten&ccedil;&atilde;o terem sistemas de monitoramento de v&iacute;deo 24 horas, existem hist&oacute;rias de pat&oacute;genos que foram contrabandeados para fora do per&iacute;metro.&nbsp;
Em Dalles (Oregon, EUA), o movimento Rajneesh, um grupo de pessoas que seguem os preceitos de Osho, tinha o pr&oacute;prio laborat&oacute;rio e buscava melhorar sua posi&ccedil;&atilde;o nas elei&ccedil;&otilde;es do condado contaminando saladas locais com Salmonella. Essa atitude conseguiu causar diarreia severa em pelo menos 751 pessoas. Mais tarde, o culto acabou se dissolvendo, e alguns de seus membros foram presos.
Existem um percentual de possibilidade em cada um dos cen&aacute;rios indicados, por&eacute;m as diretrizes de seguran&ccedil;a e os n&iacute;veis de tecnologia dos laborat&oacute;rios tentam garantir a cada dia que nenhum deles se concretize.

Vírus, Bactérias e Protozoários

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