Ciência
03/12/2021 às 09:30•2 min de leitura
Uma festa para a qual você vai para se infectar de uma vez com uma doença e forçar seu sistema imunológico a produzir anticorpos contra ela, levando, então, à denominada "imunidade de rebanho”.
A ideia parece muito com algo que era comum durante o século XIX, quando a Medicina ainda era rudimentar e a ciência não era levada em consideração. Mas não, isso está acontecendo agora durante a pandemia do novo coronavírus, que já matou 5 milhões de pessoas pelo mundo, das quais mais de 600 mil foram no Brasil.
Desde o ano passado, entre idas e vindas de lockdown, em decorrência da doença mortal, consolidou-se no norte da Itália essas "festas da covid" (covid parties), onde pessoas se reúnem para contrair de uma vez a doença e ficar “imunes”. Isso aconteceu, principalmente, quando a vacina ainda não estava pronta.
(Fonte: NoticiasYa/Reprodução)
A prática virou tendência entre jovens em idade escolar, como afirma o coordenador de saúde Patrick Franzoni, em entrevista ao The Daily Beast. “Eles tentam adquirir a infecção sem perceber que o vírus também é perigoso em crianças e jovens. Existem consequências a longo prazo e, mesmo os mais novos, podem acabar no hospital”, disse ele.
Essas "festas" estão acontecendo ao longo da fronteira com a Áustria, que tem um dos maiores números de casos e menores taxas de vacinação em toda a Europa, e já fez sua passagem nos Estados Unidos, no Canadá, na Itália, em Roma e no Brasil.
(Fonte: Medical News Today/Reprodução)
A vacina contra o vírus varicela-zoster, que causa a doença comumente chamada de catapora, foi desenvolvida no Japão no início da década de 1970 pelo médico Michiaki Takashi, mas foi apenas em meados de 1995 que passou a ser amplamente utilizada nos países ocidentais.
A catapora causa bolhas que se espalham principalmente pelo tronco, costas e no rosto da criança, em um nível altamente contagioso. Durante cerca de 1 semana, as bolhas começam a formar uma crista enquanto o corpo luta contra a infecção, sob sintomas de febre, fadiga e dor de cabeça. A doença costuma ser benigna, exceto para mulheres grávidas, bebês e pessoas com o sistema imunológico comprometido.
Foi exatamente devido aos seus sintomas menos mortais que surgiu a irresponsável tendência de fazer as "festas da catapora" entre as crianças durante a década de 1970 e 1980 pelos EUA. Quando uma criança em alguma vizinhança contraía a doença, os outros pais levavam seus filhos para a casa dela para expô-los à enfermidade.
(Fonte: CNN/Reprodução)
As crianças eram encorajadas a distribuírem beijos entre si, copos, guardanapos, brinquedos, assobios e tudo o que tivesse mais secreção o possível para confirmar a infecção. A prática motivou festas de contágio pelo mundo inteiro durante endemias e pandemias, como aconteceu com a gripe suína em 2009.
Os órgãos reguladores de saúde e a Ciência sempre fizeram campanhas para desencorajar a prática, que é irresponsável e perigosa. Afinal de contas, como foi observado pelo InfectionControl.Tips, a doença não é o único elemento que será compartilhado nesses eventos.