Ciência
03/08/2019 às 09:00•3 min de leitura
A série “CSI – Investigação Criminal” aterrissou nas telinhas mundiais no ano 2000. De lá para cá, aprendemos muita coisa sobre a análise de assassinatos e a resolução de crimes inacreditáveis. E isso foi reforçado ainda mais com seus spin-offs, “CSI – Miami” e “CSI – NY”.
Esse filão, entretanto, possui inúmeros outros representantes. “Dexter”, “Whitout a Trace”, “Cold Case”, “Criminal Minds” e “Monk” se aproveitaram do sucesso de “CSI” para contar histórias interessantes dentro do universo policial. Porém, até mesmo clássicos como “Arquivo X” e “Law and Order” mostram investigações complexas para solucionar casos que desafiam a polícia.
Mas será que eles são realistas? O investigador forense Paige Green desmistificou várias bobagens e nós selecionamos sete dessas mentiras que assimilamos como verdades ao longo de nossas vidas em frente aos seriados de televisão:
Mentira! Testes dessa natureza levam bastante tempo para serem conclusivos. Ainda que a tecnologia chamada RapidDNA prometa resultados em até 90 minutos, a quantidade de exames que a polícia necessitaria fazer atrasaria um parecer final sobre o caso. Além disso, o RapidDNA ainda não é aprovado pelo FBI nem é compatível com o seu banco de dados.
Outra bobagem... Ainda que o recurso ajude a solucionar diversos crimes mundo afora, conseguir coletar uma digital perfeita é um trabalho bastante complicado. Você se lembra de quando foi cadastrar as suas ao fazer seu RG? Foi necessário todo um cuidado e um trabalho para elas não borrarem. Agora imagina um bandido que está com a adrenalina a mil segurando uma arma? Além da superfície não ser das melhores para as impressões digitais ficarem “impressas”, a probabilidade de elas saírem apenas parciais ou borradas é gigante.
Não, não, não, não! Isso é mais um recurso televisivo para facilitar os enredos das histórias contadas. Apesar disso, a luz ultravioleta pode ajudar a detectar diversos outros fluidos corporais na cena do crime: sêmen, urina, saliva e leite materno brilham sob a incidência de seus raios.
“Mas Mega Curioso, e o luminol?”. Se você pensou nesse produto, mostra que está muito mais familiarizado que a maioria dos telespectadores: você é um assíduo investigador criminal de sofá! O luminol, de fato, faz o sangue brilhar com uma cor azulada, porém ele não é totalmente eficiente. É necessária uma escuridão quase total para isso acontecer – e o brilho dura apenas alguns segundos.
Em muitas dessas séries, vemos os investigadores forenses como uma figura de autoridade. São os bambambam da polícia e chegam às cenas de crime para solucionar qualquer caso. Mas isso é pura lorota! A maioria desses profissionais sequer é habilitada a carregar armas, por exemplo. Normalmente, eles são técnicos responsáveis por coletar e analisar as provas – tendo, por isso, um salário muito menor do que imaginamos e estando bem abaixo na cadeia hierárquica de um departamento policial.
Tirando os personagens como Fox Mulder e Dana Scully, de “Arquivo X”, a maioria dos especialistas forenses não têm o conhecimento de tudo que é mostrado na televisão. Normalmente, uma pessoa se especializa em apenas um ramo da investigação criminal. Saber todos os detalhes de todos os crimes e com todas as variantes possíveis são artifícios usados apenas na ficção.
Os seriados focam os investigadores forenses com suas vidas corridas, trabalhos complexos e muitos mistérios. Porém, nenhum deles mostra a realidade: papel sobre papel, burocracia sobre burocracia e horas de investigação dentro do escritório. Toda prova coletada precisa ser selada, registrada, carimbada, avaliada e rotulada (citando um trecho de “Plunct Plact Zum”) para ter algum valor. Isso requer horas e mais horas de trabalho extremamente burocrático.
Cenas criminais na ficção mostram sangue espalhado do chão ao teto, mas isso é muito difícil de acontecer. Mesmo em casos com diversas facadas ou vários tiros, algumas vítimas morrem antes de perder muito sangue. O cenário ensanguentado da ficção ajuda a deixar a narrativa dos seriados mais atraente e prende mais a atenção dos telespectadores. Apenas traumatismo craniano e artérias cortadas jorram muito sangue – mas, ainda assim, não é como vemos nas telinhas.
*Publicado em 24/7/2015.