Imagem de Ciência confirma data exata da chegada dos vikings à América no megacurioso

Artefatos foram encontrados em assentamento nórdico no Canadá, que foi povoado quase cinco séculos antes da chegada dos espanhóis à América

<head></head><body>Muito se fala sobre <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121534-o-que-teria-acontecido-se-colombo-nao-tivesse-descoberto-a-america.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">a "descoberta da América", em 1492, por Cristóvão Colombo</a>. Esse ideia é muito relativa, uma vez que já existiam civilizações no continente antes disso — mas também porque outros povos europeus chegaram aqui antes dos espanhóis.&nbsp;Sabia-se que os <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123485-arqueologos-descobrem-joias-da-era-viking-na-suecia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">nórdicos vikings</a> tinham passado pela América antes de Colombo, mas uma pesquisa de 2021 conseguiu precisar a exata data em que isso aconteceu: foi há pouco mais de mil anos, em 1021. Anteriormente, os únicos registros eram sagas nórdicas, que contavam os feitos dos vikings na <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/123221-7-fotos-historicas-que-mostram-expedicoes-na-america-latina.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">América</a>, mas foram escritas mais de 200 anos depois dos fatos.O artigo, publicado na revista Nature, afirma que: "nossa nova data define um marco para o reconhecimento europeu das Américas e representa o primeiro ponto conhecido em que a humanidade circulou o globo". Mas como isso foi possível?&nbsp;<h2>Um inusitado cruzamento de informações</h2>A localidade de L'Anse aux Meadows, no extremo norte de Newfounland, uma região na costa leste do <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/124424-romana-didulo-a-rainha-do-canada-que-manda-matar-migrantes.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Canadá</a>, é o único local com evidências comprovadas de vikings na América. De lá, os cientistas colheram artefatos de madeira — datados do século VIII a XI.&nbsp;Para descobrir a data exata, os cientistas da Universidade de Groningen, dos Países Baixos, foram um pouco além. Para começar, eles sabiam que os artefatos tinham marcas de corte por metal — e como os povos locais não usavam metais, esses cortes só poderiam ter sido feitos pelos vikings. Então, eles encontraram a resposta naqueles pedaços de madeira.Tudo porque os pedaços de madeira tinham marcas de uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124372-5-sons-curiosos-e-surreais-captados-por-cientistas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tempestade solar</a>.&nbsp;Sim, pode parecer inusitado fazer uma descoberta histórica por meio do Sol, mas esse foi um cruzamento de informações muito perspicaz dos cientistas. Isso porque a tempestade solar de Miyake, registrada entre os anos 992 e 993, é um evento bastante conhecido — e que deixou marcas de radioatividade nas cascas das árvores.&nbsp;Isso é observado em árvores do mundo inteiro e o mesmo aconteceria com árvores que já estivessem de pé em Newfoundland, naquela época. Se houvesse marcas da radiação nos artefatos de madeira dos vikings, significaria que eles chegaram depois da tal tempestade.&nbsp;<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/28/28190348444624.jpg" alt="Fonte: M. Kuittens/Reprodução">Fonte: M. Kuittens/ReproduçãoAnalisando o interior da madeira, foi possível encontrar essas marcas. Além disso, os cientistas contaram 29 anéis na madeira, indicando que 29 anos tinham se passado entre a tempestade e o corte da árvore. Dessa maneira, o corte aconteceu no ano 1021. <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121624-pesquisa-mostra-como-e-possivel-gostar-de-matematica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Matemática</a> básica.Essa pesquisa dá mais credibilidade às histórias das sagas vikings, mas também traz um novo panorama sobre a "descoberta da América". Além disso, a equipe de cientistas acredita que os dados de tempestades solares podem ajudar em mais pesquisas históricas pelo mundo.De qualquer maneira, outras questões ainda precisam ser respondidas, como a dimensão da exploração viking na América — será que eles ficaram só nessa pontinha do Canadá? Acredita-se que os povos nórdicos passaram só alguns anos no continente antes de retornarem para suas terras originais.&nbsp;</body>

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Ciência confirma data exata da chegada dos vikings à América

Imagem de Entendendo o trabalho análogo à escravidão no Brasil de 2023 no megacurioso

Ainda que a escravidão tenha sido abolida em 1888, brasileiros ainda são resgatados de trabalhos análogos à escravidão nos dias atuais

<head></head><body>De tempos em tempos, as notícias sobre trabalho análogo à escravidão — mais de um século depois da <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/118715-lei-aurea-entenda-como-foi-a-abolicao-da-escravatura-no-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Lei Áurea</a> — dominam as manchetes e deixam muitas pessoas chocadas. No fim de fevereiro de 2023, outro caso foi registrado: <a href="https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2023/02/27/trabalhadores-resgatados-em-situacao-de-escravidao-no-rs-o-que-se-sabe-e-o-que-falta-saber.ghtml" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cerca de 200 pessoas foram resgatadas</a> em tais condições, em vinícolas de Bento Gonçalves, na serra gaúcha.Os trabalhadores eram contratados por uma empresa terceirizada, que mantinha contrato com várias vinícolas da região para fornecer mão-de-obra durante a colheita da uva.&nbsp;Alguns dos homens resgatados foram entrevistados pelo G1 e contaram que foram recrutados na Bahia, com promessas de bons salários para um emprego de dois meses no Rio Grande do Sul. Mas, ao chegar, já encontraram condições bem piores que as prometidas: os alojamentos eram sujos e mal iluminados, além de não ter itens básicos, como lençóis e talheres.Todos os itens, inclusive alimentos, precisavam ser comprados de um mercadinho próximo ao alojamento — fazendo com que os trabalhadores contraíssem dívidas com a empresa. E se os homens falassem em ir embora, eram ameaçados com essas dívidas, além de não terem dinheiro para voltar para a Bahia.&nbsp;<h2>Trabalho análogo à escravidão, com condições degradantes</h2>A escravidão moderna é diferente daquela que era legalizada até 1888. Pode-se dizer que ela é disfarçada, uma vez que são prometidos salários aos trabalhadores — porém esses ganhos são corroídos pelas dívidas que as empresas criam para os escravizados. Além disso, existem ameaças e trabalhos forçados, muito além das jornadas permitidas por lei.O artigo 149 do Código Penal Brasileiro define que o trabalho análogo à escravidão:"É caracterizado pela submissão de alguém a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou seu preposto."Isso tudo foi observado no caso de Bento Gonçalves de acordo com apurações do G1: os 200 homens trabalhavam das 5h da manhã às 20h, de domingo a sexta-feira, sem descansos e sob forte ameaça, caso fizessem qualquer reclamação. A restrição à circulação e a impossibilidade de quebrar o contrato é outra característica do trabalho análogo à escravidão, nesse caso.Ou seja, criam-se condições degradantes dentro desse suposto contrato de trabalho para que, na prática, essas pessoas sejam mantidas como escravas — trabalhando muito sem receber.&nbsp;<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/28/28211241340659.jpg" alt="Fonte: Repositório de imagens NZN">Fonte: Repositório de imagens NZN<h2>De quem é a culpa do trabalho análogo à escravidão?</h2>As vinícolas Salton, Aurora e Garibaldi — ligadas ao caso de trabalho análogo à escravidão em Bento Gonçalves — emitiram notas se justificando e se eximindo de culpa. Em resumo, as três empresas disseram que desconheciam as condições dos trabalhadores e não concordam com essas práticas criminosas.&nbsp;Ainda assim, as vinícolas podem ser responsabilizadas pela justiça e obrigadas a indenizar os trabalhadores escravizados. Elas também foram suspensas da Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), até segunda ordem.Essa lógica de terceirização da responsabilidade é uma das causas da escravidão moderna, segundo especialistas no tema. A maioria dos trabalhos análogos à escravidão acontece em propriedades rurais ou oficinas, que são contratadas por fornecedores, que são contratadas pelas empresas... — são muitas "camadas". Em busca dos lucros, os últimos elos da corrente acabam abrindo margem para o trabalho escravo na ponta.Tantas camadas de terceirização também facilita para as empresas se eximirem de culpa — e dificulta para os consumidores que querem boicotar essas marcas de suas compras. Isso tudo resulta ainda na impunidade de quem lucra com o trabalho escravo.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/28/28211424961665.jpg" alt="Fonte: Repositório de imagens NZN">Fonte: Repositório de imagens NZN<h2>Os mitos e crenças que perpetuam a escravidão moderna</h2>Outra justificativa para esse problema é a falta de políticas públicas de educação. Tanto para que as pessoas pobres não sejam "presa fácil" para esses recrutadores, quanto para que eles saibam de seus direitos e possam lutar por eles.&nbsp;No caso de Bento Gonçalves, outros lados do problema ficaram evidentes. Uma entidade que representa o empresariado local <a href="https://veja.abril.com.br/coluna/radar-economico/vinicolas-culpam-programas-sociais-por-acusacao-de-trabalho-escravo/" rel="noopener noreferrer" target="_blank">justificou a situação</a> pela "falta de mão de obra" e afirmou haver pessoas que não querem trabalhar por causa dos <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/124061-o-que-e-o-auxilio-reclusao-e-como-funciona-esse-beneficio.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">programas assistenciais do governo</a>.Essa justificativa encontra eco na fala xenofóbica de um vereador de Caxias do Sul, noticiada em 28 de fevereiro. Segundo ele, as vinícolas da região não deveriam contratar "esse pessoal lá de cima", pois eles seriam "preguiçosos" e tais denúncias de trabalho análogo à escravidão seriam um exagero. Ele diz, ainda, que contratar argentinos seria muito melhor, já que eles são limpos e "agradecem pelo emprego".Essa oposição entre "preguiçosos" e "trabalhadores", sempre com viés racista e xenofóbico, pode ser relacionada à própria cultura da imigração europeia. Vinícolas como a Salton foram fundadas por famílias de origem italiana — e, frequentemente, nós ouvimos que os imigrantes italianos prosperaram no Brasil com "o suor de seu trabalho".<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/28/28211200788657.jpg" alt="Fonte: Repositório de imagens NZN">Fonte: Repositório de imagens NZN<ul><li>Leia também:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/123107-favelizacao-um-fenomeno-impulsionado-pela-escravidao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Favelização: um fenômeno impulsionado pela escravidão</a></li></ul>A historiadora Carla Menegat explica que os italianos não chegaram na serra gaúcha sem condições, como muitos defendem. De fato, eram regiões que recebiam menos atenção do estado que as capitais, mas os italianos chegavam lá com direito de usufruir das terras com ótimas condições de compra. Em muitos casos, homens negros livres ou os indígenas eram removidos dessas terras para cedê-las aos italianos.Nesse contexto, esse mito do "esforço próprio" é mais uma ferramenta utilizada para colocar os supostos "preguiçosos" em oposição aos "trabalhadores que prosperaram" — e tentar justificar essa exploração de uns pelos outros.&nbsp;No fim das contas, os trabalhadores baianos queriam trabalhar. Mas em condições adequadas e não análogas à escravidão.</body>

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Entendendo o trabalho análogo à escravidão no Brasil de 2023

Imagem de Ciclone de Bhola: o desastre natural que fez um novo país nascer  no megacurioso

A indignação com a resposta do governo paquistanês à pior tempestade tropical da história estimulou a independência de Bangladesh

<head></head><body>Os desastres naturais podem ser agravados por e utilizados com objetivos políticos. O terrível Ciclone de Bhola de 1970, a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123058-qual-ciclone-causou-mais-danos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tempestade tropical</a> mais mortal de que se tem notícia, é um dos maiores exemplos disso. Seus desdobramentos levaram ao nascimento de uma nova nação com a independência de Bangladesh.Mas essa história começa muito antes disso: o Raj Britânico era o domínio do Reino Unido no sudeste asiático — compreendendo os territórios dos atuais Paquistão, <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123993-populacao-da-india-deve-superar-a-da-china-em-abril-de-2023-segundo-onu.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Índia</a> e Bangladesh. A partir dos movimentos de independência dos anos 1940, os britânicos organizaram a transição de poder em suas ex-colônias com base na religião.Na chamada "Partição da Índia", de 1947, foram criados dois estados nacionais: um de maioria hindu, a Índia, e outro da maioria islâmica, o Paquistão. O problema é que o país islâmico tinha seu território totalmente dividido pelo vizinho hindu. Ficava metade para cada lado.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/23/23040621981390.jpg" alt="O Raj Britânico foi dividido em países pela religião, criando o Paquistão Ocidental e Oriental (Fonte: Wikimedia Commons)">O Raj Britânico foi dividido em países pela religião, criando o Paquistão Ocidental e Oriental (Fonte: Wikimedia Commons)<h2>Um país dividido — e destruído pelo ciclone</h2>Embora tivesse praticamente metade da população, o Paquistão Oriental (atual Bangladesh) tinha muito menos representação política, já que o centro das decisões ficava no lado Ocidental, em Islamabad. Os investimentos governamentais também ficavam no Ocidente.Entre os anos 1950 e 1960, a tensão política entre os dois lados do país crescia continuamente. O Paquistão Ocidental tentava, inclusive, reprimir os movimentos políticos, a cultura e o idioma bengalês — elegendo o urdu como sua língua oficial.&nbsp;Alheios a essas discussões, milhares de cidadãos comuns viviam da pesca e da agricultura nas inúmeras ilhas da Baía de Bengala, no Paquistão Oriental. Quando muito, alguma notícia vinha da capital da província, <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121259-as-7-maiores-cidades-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Dhaka</a>, ou pela rádio. Até que o desastre bateu à porta.&nbsp;<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/23/23042058350395.png" alt="Mapa de Bangladesh, com suas inúmeras ilhas na Baía de Bengala (Fonte: Wikimedia Commons)">Mapa de Bangladesh, com suas inúmeras ilhas na Baía de Bengala (Fonte: Wikimedia Commons)<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/23/23042159380398.jpg" alt="Foto de satélite mostra o ciclone se aproximando da Baía (Fonte: Britannica/Reprodução)">Foto de satélite mostra o ciclone se aproximando da Baía (Fonte: Britannica/Reprodução)Na noite de 12 de novembro de 1970, uma tempestade tropical — depois batizada de Bhola, uma ilha da região — atingiu a Baía de Bengala. Ciclones eram comuns nessa região, mas nenhum com tal intensidade.&nbsp;Ventos de mais de 220 km/h e ondas de mais de 10 m de altura invadiram as ilhas. O ciclone chegou em época de maré alta e lua cheia, o que contribuiu para aumentar o nível da água. Há relatos de pessoas que não conseguiram se proteger nem no segundo andar das casas, tendo que se agarrar no topo de palmeiras para não serem levadas pelas águas.&nbsp;<ul><li>Leia também:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121542-3-desastres-ambientais-causados-pelo-homem.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">3 desastres ambientais causados pelo homem</a></li></ul><h2>Um desastre natural, mas também político</h2>Estima-se que algo entre 300 mil e 500 mil bengaleses tenham morrido durante a passagem do Ciclone de Bhola pelo Paquistão Oriental. Em ilhas como Manpura, mais de 80% das pessoas pereceram — além das colheitas e animais, fazendo os sobreviventes lutarem contra a fome.O ciclone atingiu o país quando faltavam apenas duas semanas para as eleições presidenciais do Paquistão — as primeiras democráticas, com participação dos dois lados do país. O general Yahya Khan esperava que seu colega ocidental ganhasse "de lavada", já que os bengaleses só iriam participar por formalidade, para dar um verniz democrático à eleição.&nbsp;O que Yahya Khan não contava era com a indignação dos bengaleses com desastre político que foi sua atuação no desastre natural.&nbsp;<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/23/23042501222399.jpeg" alt="Ciclone de Bhola de 1970 vitimou entre 300 e 500 mil pessoas em Bangladesh (Fonte: Banco Mundial)">Ciclone de Bhola de 1970 vitimou entre 300 e 500 mil pessoas em Bangladesh (Fonte: Banco Mundial)<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/23/23042648496400.jpeg" alt="Algumas ilhas perderam 80% de sua população (Fonte: Get Bengal/Reprodução)">Algumas ilhas perderam 80% de sua população (Fonte: Get Bengal/Reprodução)A princípio, o mandatário culpou oficiais do Paquistão Oriental e estrangeiros por não avisarem sobre a chegada do ciclone. Mas investigações mostraram existirem sistemas de detecção de desastres, que poderiam ter sido utilizados para fazer a população procurar um abrigo adequado. Sistemas que foram ignorados.&nbsp;Os oficiais do Paquistão Oriental afirmaram ter avisado o Ocidente — mas eles precisavam de autorização de Islamabad para emitir avisos. Quando os avisos chegaram, mandaram o recado errado, sem dar a dimensão real da gravidade do ciclone. Por isso, ainda que 90% das pessoas soubessem que uma tempestade estava chegando, só 1% procurou abrigo adequado.Enquanto isso, em Islamabad, alguns militares até respiraram aliviados: o desastre tirou 500 mil votos do partido Liga Awami, que lutava pela independência de Bangladesh.<h2>Do desastre à Guerra de Libertação</h2>O Paquistão Ocidental esqueceu dos bengaleses e se preocupou com sua eleição. Eles até recusaram ajuda dos vizinhos indianos, com quem viviam em tensão. Assim, os próprios civis tiveram que organizar os esforços de resgate e reconstrução, após o ciclone.Contudo, partidos como a Liga Awami foram às ilhas para prestar algum auxílio. Isso fez com que milhares de pessoas que estavam alheias à política se interessassem em votar. Isso levou à inesperada vitória do líder bengalês Sheikh Mujibur Rahman nas eleições de 1970.&nbsp;Yahya Khan e o Paquistão Ocidental não aceitaram esse resultado. Ele arquitetou uma invasão ao Paquistão Oriental, dando início a uma guerra civil. Bangladesh declarou sua independência em março de 1971.&nbsp;<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/23/23040911739391.jpeg" alt="Yahya Khan com o presidente estadunidense Richard Nixon (Fonte: Wikimedia Commons)">Yahya Khan com o presidente estadunidense Richard Nixon (Fonte: Wikimedia Commons)<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/23/23040953743392.jpeg" alt="A rendição das tropas paquistanesas, em dezembro de 1971 (Fonte: Wikimedia Commons)">A rendição das tropas paquistanesas, em dezembro de 1971 (Fonte: Wikimedia Commons)O novo país recebeu apoio da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123993-populacao-da-india-deve-superar-a-da-china-em-abril-de-2023-segundo-onu.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Índia</a> — que, por sua vez, era próxima da União Soviética. No contexto da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121911-5-ideias-equivocadas-que-temos-sobre-a-guerra-fria.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra Fria</a>, a separação do Paquistão e um eventual domínio indiano na região preocupavam os Estados Unidos. Então, o governo Nixon apoiou Islamabad — mas de forma discreta, já que grande parte da opinião pública estimulava o apoio a Bangladesh.Nixon tentou negociar um cessar-fogo com a primeira-ministra indiana <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/124136-5-lideres-mundiais-que-governavam-pela-astrologia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Indira Gandhi</a>, sem sucesso. Com o envolvimento do vizinho na guerra, o Paquistão Ocidental perdeu força e ofereceu sua rendição em 16 de dezembro de 1971. E assim nasceu Bangladesh. &nbsp; </body>

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Ciclone de Bhola: o desastre natural que fez um novo país nascer 

Imagem de Síndrome de pica: a vontade de comer coisas não comestíveis no megacurioso

Esse distúrbio alimentar, também chamado pelo nome técnico de alotriofagia, faz as pessoas sofrerem com desejo de ingerir objetos não comestíveis

Geralmente ouvimos histórias de <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/121392-6-fatos-surpreendentes-sobre-a-gravidez-que-voce-nao-sabia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">gestantes</a> com desejos alimentares estranhos, sentindo uma vontade incontrolável de comer todo tipo de coisa que não é alimento — desde sabonetes ou outros objetos de casa, até terra e tijolos. Isso também é relativamente comum em crianças com menos de dois anos, que levam tudo à boca. Mas em adultos não-gestantes, isso pode ser um grave distúrbio alimentar.&nbsp;A chamada síndrome de pica, que tem chamado certa atenção nas redes sociais por seu nome curioso, é uma condição séria — que demanda tratamento nutricional e <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/122618-psicanalista-psicologo-e-psiquiatra-qual-e-a-diferenca.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">psiquiátrico</a>.&nbsp;O nome, aliás, não é nenhum trocadilho. É uma referência ao nome científico de um <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123008-por-que-passaros-colocam-pedacos-de-papel-em-suas-penas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pássaro</a> da família dos corvídeos: o&nbsp;Pica pica. Essa espécie é conhecida por se alimentar de quase tudo, sem muito critério. Daí a associação com quem sofre de síndrome de pica. Inclusive, o distúrbio tem esse nome também em inglês e vários outros idiomas, pelo mesmo motivo.&nbsp;<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/28/28150012541408.jpg" alt="O pássaro Pica pica é típico do hemisfério norte, vivendo entre a Europa e a Ásia (Fonte: Wikimedia Commons)">O pássaro Pica pica é típico do hemisfério norte, vivendo entre a Europa e a Ásia (Fonte: Wikimedia Commons)<h2>Vontade incontrolável de comer objetos específicos</h2>Mas, ao contrário do pássaro, que come de tudo, quem sofre de síndrome de pica tem um vício direcionado, com uma vontade incontrolável daquele objeto específico.&nbsp;Há casos de gente que já devorou milhares de esponjinhas de lavar louça ou que é viciada em talco. A pessoa até sabe que não deve comer aquilo, mas tem um desejo muito forte de ingerir aquele objeto, como se fosse um alimento saborosíssimo.&nbsp;Apenas provar objetos estranhos por diversão, comer pontualmente ou <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/121510-5-bizarras-experiencias-gastronomicas-ao-redor-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">como parte da cultura</a> — como certos povos, que comem argila em rituais — não é um problema. A questão se torna digna de preocupação quando a pessoa passa mais de 30 dias com aquele desejo insaciável, de modo que isso começa a lhe causar problemas.Vale lembrar que ela é relativamente comum em pessoas grávidas e crianças menores de dois anos, que levam tudo à boca. Mas em crianças maiores, isso pode ser um grave problema: se a criança comer tinta, por exemplo, <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/122504-6-alimentos-mortais-se-nao-forem-preparados-corretamente.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pode se intoxicar</a>. É interessante observar, ainda, que alguns tipos de vontades recebem nomes específicos na medicina:<ul><li>Acufagia: objetos pontiagudos</li><li>Coprofagia: fezes</li><li>Geofagia: terra</li><li>Hematofagia: sangue</li><li>Litofagia: pedras</li><li>Mucofagia: muco</li><li>Tricofagia: cabelo</li></ul><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/28/28151532960413.jpeg" alt="Fonte: Trip Advisor/Reprodução">Fonte: Trip Advisor/ReproduçãoA imagem acima é uma peça exposta no Museu Psiquiátrico Glore, nos Estados Unidos, que mostra os objetos extraídos de um paciente com pica. Entre os 1446 itens, estão 453 pregos, 42 parafusos, alfinetes, além de partes de colheres, saleiros e pimenteiros.&nbsp;<h2>O que pode causar a síndrome de pica — e como tratá-la?</h2>De modo geral, comer coisas estranhas não causa nenhum problema de saúde físico — a não ser que o vício esteja relacionado a objetos tóxicos ou pintados com tinta. Também há notícias de pessoas com vício em ingerir pregos e canetas, que podem ferir o organismo.De modo geral, os médicos fazem testes de anemia, intoxicação e para possíveis problemas no trato intestinal, por conta da ingestão de objetos estranhos.Caso não exista nenhum problema, o tratamento deve ser multidisciplinar, incluindo um clínico geral (ou pediatra/geriatra, dependendo da idade do paciente), bem como os profissionais de psicologia e nutrição. Se for diagnosticado um problema psiquiátrico, essa área também deve fazer parte do tratamento.Isso porque a síndrome de pica também é um problema multifatorial: ela pode ter origem em deficiências nutricionais (falta de zinco e ferro, por exemplo), mas também pode estar ligada a <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/124209-transtornos-mentais-distintos-podem-ter-origem-em-comum-sugere-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">questões psiquiátricas</a> (como esquizofrenia, transtorno obsessivo-compulsivo e depressão). A pica também ocorre em pessoas no espectro autista ou com deficiência intelectual.&nbsp;Se você ou alguém da sua família exibir os sintomas da pica, o primeiro passo é reconhecer se o vício é potencialmente tóxico e afastar a pessoa desses objetos, procurando ajuda médica o mais rápido possível.

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Síndrome de pica: a vontade de comer coisas não comestíveis

Imagem de 5 técnicas de sobrevivência que você deveria conhecer no megacurioso

Ainda que você não queira participar de um reality show de sobrevivência, algumas técnicas podem ser importantes em emergências

Em filmes de cat&aacute;strofe ou reality shows, n&oacute;s observamos as pessoas fazendo de tudo para se protegerem, garantirem alimento e continuarem vivas. E a&iacute; voc&ecirc; pensa que nunca vai precisar de nenhuma dessas t&eacute;cnicas de sobreviv&ecirc;ncia...&nbsp;
Mas a realidade &eacute; que muitas delas podem ser bem &uacute;teis em emerg&ecirc;ncias &mdash; afinal, <a href="http://v" rel="noopener noreferrer" target="_blank">nenhum de n&oacute;s est&aacute; imune a desastres</a>. Eles podem chegar quando a gente menos espera e, por isso, &eacute; melhor se preparar. A seguir, n&oacute;s compartilhamos algumas t&eacute;cnicas de sobreviv&ecirc;ncia que, pelo sim ou pelo n&atilde;o, &eacute; melhor voc&ecirc; conhecer.&nbsp;
<h2>1. Como obter &aacute;gua pura</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/21/21215332118002.jpg" alt="Fonte: Travescape/Freepik" />(Fonte: Travescape/Freepik)
A primeira t&eacute;cnica &eacute; simples, mas talvez seja a mais importante, j&aacute; que n&oacute;s <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/118714-6-extremos-que-o-corpo-humano-consegue-aguentar.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">sobrevivemos por muito pouco tempo sem &aacute;gua</a>...&nbsp;
Simplesmente beber &aacute;gua de uma fonte natural, como um riacho, pode ser perigoso. Por mais que a &aacute;gua pare&ccedil;a cristalina, ela pode estar repleta de parasitas e impurezas. Ent&atilde;o, o melhor &eacute; encontrar uma fonte, como na nascente de um rio. Caso contr&aacute;rio, &eacute; mais garantido ferver a &aacute;gua, para purific&aacute;-la totalmente.
Se houver algum res&iacute;duo s&oacute;lido, voc&ecirc; pode usar um tecido limpo para filtrar. Como ferver &aacute;gua demanda tempo, n&atilde;o espere at&eacute; estar <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/112725-saliva-nao-mata-a-sede-e-o-motivo-e-simples-saiba-por-que.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">morrendo de sede</a> para fazer isso.
<h2>2. Como fazer fogo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/21/21215428993004.jpg" alt="Freepik" />(Fonte: Freepik)
Para ferver a &aacute;gua, voc&ecirc; precisa de fogo, certo? A verdade &eacute; que criar uma chama friccionando dois gravetos ou pedras &eacute; bem mais complicado do que parece &mdash; ent&atilde;o, &eacute; melhor ter sempre uma pederneira, isqueiro ou f&oacute;sforos &agrave; m&atilde;o.&nbsp;
Com essas ferramentas, voc&ecirc; inicia o fogo na palha seca, adicionando os peda&ccedil;os de madeira quando as chamas estiverem maiores. Se voc&ecirc; quiser chamar a aten&ccedil;&atilde;o com sinais de fuma&ccedil;a, certifique-se de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/118968-por-que-fazemos-fogueiras-no-dia-de-sao-joao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">fazer sua fogueira</a> numa &aacute;rea aberta e adicionar folhas ou grama.&nbsp;
Se for mesmo contar com os gravetos, verifique se que eles est&atilde;o bem secos, mas n&atilde;o a ponto de apodrecer. Coloque-os sobre a palha seca e friccione bastante.&nbsp;
<h2>3. Como encontrar comida</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/21/21215518290005.jpg" alt="Fonte: bearfotos/Freepik" />(Fonte: bearfotos/Freepik)
Al&eacute;m de &aacute;gua, os seres humanos precisam de comida. Numa situa&ccedil;&atilde;o de vida ou morte, n&atilde;o podemos contar com <a href="https://www.megacurioso.com.br/papo-de-bar/102342-voce-sabe-quando-aconteceu-a-primeira-entrega-de-pizza-da-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">aplicativos de delivery</a> &mdash; mas podemos recorrer &agrave; natureza.&nbsp;
Muitos podem pensar em ca&ccedil;ar ou pescar, mas a realidade &eacute; que isso pode ser bem dif&iacute;cil, se voc&ecirc; n&atilde;o tem experi&ecirc;ncia. Para n&atilde;o gastar energia &agrave; toa e n&atilde;o se frustrar, o melhor &eacute; recorrer &agrave;s plantas. Evite cogumelos e frutos que voc&ecirc; n&atilde;o conhece, pois podem acabar sendo t&oacute;xicos &mdash; mas se encontrar alguma &aacute;rvore frut&iacute;fera confi&aacute;vel, aproveite.&nbsp;
<h2>4. Como criar abrigo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/21/21215659232007.jpg" alt="Fonte: wirestock/Freepik" />(Fonte: wirestock/Freepik)
Passando para a pr&oacute;xima necessidade b&aacute;sica:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/neurociencia/102765-voce-sabe-por-que-precisamos-dormir.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">todo ser humano precisa dormir</a>. Mas, para isso, &eacute; essencial se proteger da a&ccedil;&atilde;o de chuvas, do vento e de outras amea&ccedil;as.&nbsp;
Se voc&ecirc; encontrar uma caverna (que j&aacute; n&atilde;o esteja ocupada por um animal), &oacute;timo. Se n&atilde;o, fa&ccedil;a um pequeno abrigo: use dois peda&ccedil;os de pau para criar uma estrutura triangular e apoie outro maior para criar a base do seu abrigo. Ent&atilde;o, use outros v&aacute;rios peda&ccedil;os de madeira para cobrir toda essa estrutura. Se voc&ecirc; tiver lona, para facilitar o processo de cobertura, &eacute; bem melhor.&nbsp;
<h2>5. Como tomar decis&otilde;es</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/21/21215737161008.jpg" alt="Fonte: juan mendez/Pexels" />(Fonte: juan mendez/Pexels)
Para terminar, t&atilde;o importante quanto encontrar &aacute;gua, fogo, comida e abrigo, &eacute; saber como tomar decis&otilde;es em situa&ccedil;&otilde;es extremas.&nbsp;
Isso porque &eacute; importante manter a calma para n&atilde;o se precipitar e colocar sua vida em risco. Busque encarar cada decis&atilde;o de forma pr&aacute;tica e racional &mdash; e n&atilde;o como um grande desafio para sua sobreviv&ecirc;ncia. Pense sempre nos riscos e nos custos de cada escolha.
Como vimos na hist&oacute;ria da Juliane Koepcke, <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/124290-juliane-koepcke-o-incrivel-caso-da-unica-sobrevivente-do-voo-508.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">que contamos h&aacute; algum tempo aqui no Mega Curioso</a>, &eacute; poss&iacute;vel sobreviver a desastres horr&iacute;veis com coragem, capacidade de tomar decis&otilde;es e mais algumas t&eacute;cnicas de sobreviv&ecirc;ncia.

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5 técnicas de sobrevivência que você deveria conhecer

Imagem de Circuncisão: por que os judeus ainda fazem e os cristãos não? no megacurioso

Estima-se que cerca de um terço dos bebês do sexo masculino do mundo tenha passado pela circuncisão, a maioria por motivos culturais e religiosos

Cerca de um ter&ccedil;o dos beb&ecirc;s do sexo masculino no mundo s&atilde;o circuncidados, de acordo com estimativas divulgadas pela Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de.&nbsp;
O procedimento envolve a retirada do prep&uacute;cio, aquele peda&ccedil;o de pele do p&ecirc;nis que cobre a glande. O procedimento est&aacute; ligado &agrave; redu&ccedil;&atilde;o das formas cancer&iacute;genas do HPV, de infec&ccedil;&otilde;es urin&aacute;rias e <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/121900-amputacao-de-penis-cresce-mais-de-1600-no-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">outros problemas no p&ecirc;nis</a> &mdash; mas tais benef&iacute;cios &agrave; sa&uacute;de n&atilde;o justificam a realiza&ccedil;&atilde;o do procedimento, ainda mais em beb&ecirc;s pequenos.
At&eacute; porque a enorme maioria das circuncis&otilde;es &eacute; realizada por motivos culturais e religiosos. O juda&iacute;smo e o islamismo incluem a retirada do prep&uacute;cio como regra em suas religi&otilde;es. Por isso, embora o procedimento seja pouco presente na Am&eacute;rica Latina e Europa (de tradi&ccedil;&atilde;o crist&atilde;), &eacute; muito comum no mundo isl&acirc;mico, em Israel e em partes da &Aacute;frica e &Aacute;sia.&nbsp;
Os <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/124200-5-bizarrices-que-os-norte-americanos-acreditam-segundo-pesquisas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Estados Unidos</a> s&atilde;o um caso a parte: a circuncis&atilde;o se popularizou por l&aacute; no s&eacute;culo XIX, pela recomenda&ccedil;&atilde;o de m&eacute;dicos, e nunca deixou de ser popular &mdash; ainda que a pr&aacute;tica n&atilde;o tenha um embasamento cient&iacute;fico.&nbsp;
Contudo, considerando que o juda&iacute;smo, islamismo e cristianismo s&atilde;o as tr&ecirc;s principais religi&otilde;es monote&iacute;stas do mundo &mdash; derivadas da mesma tradi&ccedil;&atilde;o abra&acirc;mica &mdash; por que duas mantiveram a regra da circuncis&atilde;o e uma n&atilde;o?&nbsp;
<h2>Um s&iacute;mbolo do pacto com Deus</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/14/14212717852002.jpg" alt="A Circuncis&atilde;o de Jesus Cristo, do artista italiano Ludovico Mazzolino (Fonte: Wikimedia Commons)" />A Circuncis&atilde;o de Jesus Cristo, do artista italiano Ludovico Mazzolino (Fonte: Wikimedia Commons)
Para os&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/fotografia/69962-15-rituais-fascinantes-que-os-judeus-ortodoxos-praticam-em-israel.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">judeus</a>, o pr&oacute;prio Deus teria dito a Abra&atilde;o que a circuncis&atilde;o de todos os homens de seu povo seria um s&iacute;mbolo de seu pacto com Ele. Ent&atilde;o, todos os beb&ecirc;s judeus deveriam ter seu prep&uacute;cio cortado. A tradi&ccedil;&atilde;o &eacute; retir&aacute;-lo no oitavo dia depois do nascimento, em um ritual conhecido "brit mil&aacute;".&nbsp;
Mas cortar a pele do p&ecirc;nis n&atilde;o &eacute; um ritual que come&ccedil;ou com os judeus: acredita-se que esse seja o procedimento cir&uacute;rgico mais antigo do mundo, ocorrendo h&aacute; 15 mil anos. A partir disso, muitas culturas o incorporaram como quest&atilde;o de higiene ou rito de passagem &agrave; maturidade. E como tudo era ligado &agrave; religi&atilde;o na &eacute;poca, a circuncis&atilde;o tamb&eacute;m tinha esse significado.
Um povo que pensava diferente era o&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121465-6-filosofias-da-grecia-antiga-que-voce-precisa-conhecer.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">grego</a>: para eles, um prep&uacute;cio grande, que cobrisse bem a glande, era considerado um s&iacute;mbolo de beleza. E os judeus eram alvo de chacota por tirarem a pele de seus beb&ecirc;s. Isso se tornou uma quest&atilde;o quando uma nova religi&atilde;o abra&acirc;mica tentou se expandir para o mundo greco-romano.
<h2>O pacto agora &eacute; diferente</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/22/22164535461261.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Ao contr&aacute;rio do juda&iacute;smo, o cristianismo incentivava os fi&eacute;is a "espalhar a boa-nova", buscando converter o m&aacute;ximo de pessoas para a nova religi&atilde;o.&nbsp;
Muitos crist&atilde;os nasceram como judeus. O pr&oacute;prio Jesus e a maioria dos ap&oacute;stolos passaram pelo ritual, no oitavo dia ap&oacute;s o nascimento. Mas uma multid&atilde;o de homens que se converteu nas prega&ccedil;&otilde;es de Paulo de Tarso (S&atilde;o Paulo) era "gentio" &mdash; denomina&ccedil;&atilde;o da B&iacute;blia para os n&atilde;o-judeus. Ser&aacute; que eles precisariam fazer a circuncis&atilde;o?
Alguns, como S&atilde;o Pedro, acreditavam que sim. Mas S&atilde;o Paulo argumentava que n&atilde;o. Vale ponderar que, al&eacute;m de ser um tabu no mundo greco-romano, a circuncis&atilde;o seria algo muito doloroso para um homem adulto daquela &eacute;poca.&nbsp;
Em sua <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/123608-a-biblia-sagrada-e-a-mesma-desde-que-foi-escrita.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Carta aos Cor&iacute;ntios</a>, o ap&oacute;stolo escreve: "N&atilde;o vale de nada ser circuncidado ou n&atilde;o; importa &eacute; cumprir os mandamentos de Deus". O Conc&iacute;lio de Jerusal&eacute;m decidiu a celeuma: ao que Paulo contou sobre os in&uacute;meros "gentios" que converteu, outros ap&oacute;stolos entenderam que retirar essa exig&ecirc;ncia era uma forma de facilitar o ingresso de novos fi&eacute;is na religi&atilde;o.&nbsp;
Assim, crist&atilde;os nascidos judeus poderiam continuar com a pr&aacute;tica, enquanto aqueles que vieram do "povo gentio" n&atilde;o precisariam adot&aacute;-la. No s&eacute;culo IV, quando as duas religi&otilde;es se separaram definitivamente, a circuncis&atilde;o at&eacute; chegou a ser proibida para os crist&atilde;os &mdash; mas, depois de algum tempo, alguns grupos crist&atilde;os (especialmente na &Aacute;frica) voltaram a faz&ecirc;-la.

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Circuncisão: por que os judeus ainda fazem e os cristãos não?

Imagem de Anticoncepcional masculino já está em estudos e é muito promissor no megacurioso

A ideia é que os homens tomem o remédio uma hora antes 'do ato', voltando a ser férteis já no dia seguinte

Os homens s&oacute; tem duas op&ccedil;&otilde;es para evitar uma gravidez indesejada: o uso de preservativos ou a vasectomia. Al&eacute;m disso, existem diversos tipos de p&iacute;lulas anticoncepcionais &mdash; mas elas s&atilde;o tomadas pelas mulheres. Por serem baseadas nos horm&ocirc;nios, a maioria delas t&ecirc;m muitos efeitos colaterais e devem ser usadas continuamente.
Essa situa&ccedil;&atilde;o pode mudar no futuro, com o desenvolvimento de um anticoncepcional para homens. Uma pesquisa publicado em fevereiro de 2023, na renomada revista Nature, traz resultados bastante promissores. O rem&eacute;dio n&atilde;o &eacute; hormonal e teria poucos efeitos colaterais, al&eacute;m de ser utilizado sob demanda, tomando uma p&iacute;lula antes do ato.
<ul>
<li>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="http://6%20sinais%20de%20que%20voc%C3%AA%20pode%20estar%20gr%C3%A1vida" rel="noopener noreferrer" target="_blank">6 sinais de que voc&ecirc; pode estar gr&aacute;vida</a></li>
</ul>
<h2>Rem&eacute;dio impede a movimenta&ccedil;&atilde;o dos espermatozoides</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/24/a-24173923390659.jpg" alt="a" />(Fonte: Getty Images)
Tudo come&ccedil;ou quando os cientistas estavam estudando um rem&eacute;dio para uma doen&ccedil;a rara nos olhos e descobriram que a subst&acirc;ncia tamb&eacute;m bloqueava uma enzima chamada adenilil ciclase sol&uacute;vel (sAC, na sigla em ingl&ecirc;s). Os homens que n&atilde;o produzem sAC s&atilde;o inf&eacute;rteis, j&aacute; que a enzima &eacute; essencial para a movimenta&ccedil;&atilde;o dos espermatozoides at&eacute; o &oacute;vulo.
Sem essa enzima, os espermatozoides n&atilde;o s&atilde;o capazes de nadar. Logo, tornam-se in&uacute;teis.
A partir da&iacute;, surgiu a ideia de testar a subst&acirc;ncia bloqueadora de sAC como anticoncepcional masculino. Nos testes com camundongos, uma &uacute;nica dose do rem&eacute;dio horas antes de acasalar impediu que eles engravidassem. Com o passar das horas, o efeito do rem&eacute;dio cessava &mdash; e, em 24 horas, todos estavam f&eacute;rteis novamente.
Ou seja, o bloqueador de sAC poderia ser tomado um pouco antes do ato, sem qualquer efeito de longo prazo na fertilidade. Ele age rapidamente, sendo revertido com rapidez semelhante. E outro estudo, de 2019, aponta que o maior problema para homens sem essa enzima &eacute; um risco de desenvolver pedras no rim.&nbsp;
Isso &eacute; muito diferente de outras drogas hormonais que estavam sendo testadas &mdash; ou mesmo <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/123103-anticoncepcional-uso-indiscriminado-traz-riscos-diz-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">daquelas que est&atilde;o dispon&iacute;veis para mulheres</a> &mdash;, que demandam tratamento cont&iacute;nuo, levam muito mais tempo para fazer efeito e tem mais contraindica&ccedil;&otilde;es. Tamb&eacute;m &eacute; bem diferente da vasectomia, que at&eacute; pode ser revertida, por&eacute;m &eacute; mais complicada.&nbsp;
<h2>Anticoncepcional masculino ainda vai demorar</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/24/w-24174053710661.jpg" alt="w" />(Fonte: Getty Images)
Os testes com camundongos foram muito promissores, mas o artigo na revista Nature explica que s&atilde;o apenas uma "prova-de-conceito": um primeiro teste em seres vivos, para provar que a ideia tem fundamento. Muitos outros testes s&atilde;o necess&aacute;rios: uma das pr&oacute;ximas etapas &eacute; testar o rem&eacute;dio em coelhos, por exemplo.
Os testes em humanos, se tudo der certo, devem ocorrer s&oacute; em 2025. Al&eacute;m disso, os autores salientam que o rem&eacute;dio busca evitar somente a gravidez &mdash; portanto, <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/122468-dst-ou-ist-qual-e-a-nomenclatura-correta.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">o preservativo continua sendo importante para evitar ISTs</a>.&nbsp;

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Anticoncepcional masculino já está em estudos e é muito promissor

Imagem de Eldorado: o tesouro de Outer Banks existe de verdade? no megacurioso

Na 3ª temporada de Outer Banks, protagonistas buscam Eldorado, a mítica cidade feita inteiramente de ouro — uma história baseada em fatos reais

A <a href="https://www.tecmundo.com.br/minha-serie/260913-outer-banks-3-temporada-disponivel-netflix.htm" target="_blank" rel="sponsored">terceira temporada de Outer Banks acabou de chegar</a> e traz um novo mist&eacute;rio que promete deixar os f&atilde;s grudados na tela. Alerta de spoiler: os protagonistas v&ecirc;m para a Am&eacute;rica do Sul em busca da lend&aacute;ria cidade de Eldorado &mdash; tamb&eacute;m chamada de El Dorado &mdash; que seria feita inteiramente de ouro.
O nome n&atilde;o &eacute; novo: j&aacute; apareceu em livros, m&uacute;sicas, num cl&aacute;ssico poema de Edgar Allan Poe e at&eacute; numa anima&ccedil;&atilde;o da DreamWorks, de 2000, chamada O Caminho Para El Dorado. Isso levou muita gente a se perguntar se o tal lugar realmente existe.&nbsp;
A resposta mais simples para a pergunta &eacute;: n&atilde;o. A cidade feita inteiramente de ouro nunca foi encontrada. Mas sua hist&oacute;ria &mdash; quer dizer, a hist&oacute;ria de sua busca &mdash; &eacute; muito verdadeira.&nbsp;
<ul>
<li>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/124170-5-cidades-perdidas-que-estao-sendo-redescobertas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">5 cidades perdidas que est&atilde;o sendo redescobertas</a></li>
</ul>
<h2>Os primeiros relatos sobre El Dorado</h2>
Na s&eacute;rie, os jovens descobrem vest&iacute;gios de ouro, que teriam vindo da cidade &mdash; e as in&uacute;meras fatalidades que aconteceram na busca por ela seriam fruto de uma maldi&ccedil;&atilde;o ind&iacute;gena.
Na vida real, o interesse por Eldorado come&ccedil;ou ainda no s&eacute;culo XVI, pouco tempo depois da chegada dos <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/124187-simon-bolivar-o-libertador-que-queria-unir-toda-a-america.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">europeus na Am&eacute;rica do Sul</a>. Os espanh&oacute;is encontraram muitos nativos com ouro e joias, presumindo que uma fonte de riquezas gigante existia no interior do continente. Ent&atilde;o, quando ouviram lendas sobre um ritual envolvendo o metal, ficaram bem curiosos.
Uma das lendas dizia que um povo coroava seu rei cobrindo-o inteiramente de p&oacute; de ouro, da cabe&ccedil;a aos p&eacute;s. Ele seria "El Dorado" &mdash; O Dourado. Coberto de ouro e joias, ele navegava at&eacute; o centro do Lago Guatavita, jogando mais pedras preciosas na &aacute;gua e pulando no lago. Por&eacute;m, esse ritual teria parado de acontecer quando a tribo foi derrotada por outra, d&eacute;cadas antes da chegada dos espanh&oacute;is ao continente.&nbsp;
Outras hist&oacute;rias dizem que o festival do ouro no lago era anual. Tamb&eacute;m h&aacute; relatos de uma cidade na parte leste dos Andes que seria toda coberta de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/122668-qual-a-origem-do-ouro-ele-teria-vindo-no-espaco.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ouro</a> &mdash; nessa vers&atilde;o, a cidade que seria "El Dorado".&nbsp;
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/24/24013140108237.jpg" alt="Representa&ccedil;&atilde;o do festival lend&aacute;rio do lago Guatavita (Fonte: Wikimedia Commons)" />Representa&ccedil;&atilde;o do festival lend&aacute;rio do lago Guatavita (Fonte: Wikimedia Commons)
<h2>A busca incessante por Eldorado</h2>
Independentemente disso, os espanh&oacute;is come&ccedil;aram a fazer de tudo para encontrar essa quantidade absurda de ouro. Diego de Ordaz foi um dos primeiros: ainda no s&eacute;culo XVI, ele navegou pelo Rio Orinoco (entre a Col&ocirc;mbia e a Venezuela), mas morreu na viagem de volta.&nbsp;
Algum tempo depois, o governador de Quito, Gonzales Pizarro, levou centenas de homens floresta adentro. Ele esperava encontrar a grande cidade facilmente &mdash; afinal, quem n&atilde;o veria tanto ouro &agrave; dist&acirc;ncia? Mas ele ficou um ano explorando, torturando os nativos em busca das coordenadas de Eldorado, mas sem encontrar nada. Um de seus homens, Francisco de Orellana, prometeu buscar ajuda pelas &aacute;guas &mdash; mas nisso, descobriu o <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/124341-5-fatos-completamente-surpreendentes-sobre-o-rio-amazonas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Rio Amazonas</a>, navegou por ele e nunca mais voltou.
Mas n&atilde;o foram s&oacute; os espanh&oacute;is que ficaram malucos por Eldorado. Holandeses, alem&atilde;es e v&aacute;rios outros pa&iacute;ses organizaram expedi&ccedil;&otilde;es. Uma miss&atilde;o <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/122342-ingles-x-britanico-qual-e-a-diferenca-entre-aos-termos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">brit&acirc;nica</a>, por exemplo, terminou quando o filho do organizador morreu em confronto com os espanh&oacute;is. Walter Raleigh, ent&atilde;o, acusou um sobrevivente de deixar seu filho morrer &mdash; e o acusado cometeu suic&iacute;dio. Raleigh voltou para o Reino Unido furioso, mas foi decapitado por desobedecer ordens de n&atilde;o entrar em confronto com os espanh&oacute;is. Uma miss&atilde;o muito produtiva, n&atilde;o?
<h2>Um mito com fundo de verdade</h2>
Tanta gente falhou na busca por Eldorado que a cidade de ouro foi considerada um mito j&aacute; no s&eacute;culo XVIII. Mas em anos recentes, novas descobertas demonstraram que a hist&oacute;ria pode, sim, ter um fundinho de verdade.
Objetos de ouro foram realmente encontrados no Lago Guatavita &mdash; que hoje fica na regi&atilde;o de Bogot&aacute;, capital da <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/123281-6-paises-com-bandeiras-muito-parecidas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Col&ocirc;mbia</a>. Talvez tenham realmente existido rituais envolvendo ouro e joias nas tribos nativas da Am&eacute;rica do Sul. N&atilde;o do tamanho que os espanh&oacute;is esperavam, mas com ouro e joias, como contavam as hist&oacute;rias.&nbsp;
Ainda n&atilde;o se sabe se os objetos encontrados no Lago Guatavita t&ecirc;m rela&ccedil;&atilde;o direta com essas lendas que geram fasc&iacute;nio h&aacute; tanto tempo. Mas novas pesquisas est&atilde;o sendo realizadas para compreender melhor a hist&oacute;ria.

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Eldorado: o tesouro de Outer Banks existe de verdade?

Imagem de 6 produtos em exposição no Museu do Fracasso, a casa dos objetos falhos no megacurioso

Ao contrário do que o nome sugere, o Museu do Fracasso celebra a criatividade de produtos que não tiveram sucesso, mas tentaram inovar

<head></head><body>Museus costumam exaltar os grandes feitos da humanidade: obras de arte importantes, ideias bem sucedidas, pessoas que contribuíram positivamente para seus campos de atuação... Mas o Museu do Fracasso (Museum of Failure, no original em inglês) se propõe a fazer exatamente o contrário disso: expõe 150 produtos que falharam no mercado e logo saíram de linha.&nbsp;O psicólogo Samuel West, que inaugurou a exposição, explica que sua ideia não é ridicularizar esses fracassos — e, sim, celebrar a coragem e a criatividade. Afinal, antes de inovações bem sucedidas, é normal que alguns fracassos aconteçam pelo caminho. A ideia surgiu durante um trabalho acadêmico que pesquisava o medo de errar — e inovar — em grandes empresas.A exposição, que está viajando pelos Estados Unidos, termina com um mural onde os visitantes podem escrever seus próprios fracassos. A seguir, nós listamos alguns produtos mega curiosos que estão expostos no Museu do Fracasso.<h2>1. Google Glass</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/06/06143635402253.jpg" alt="(Fonte: Google/Divulgação)">(Fonte: Google/Divulgação)O <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119860-7-tecnologias-e-midias-audiovisuais-que-fracassaram-totalmente.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Google Glass</a> foi um projeto ambicioso de computador portátil com o qual a pessoa poderia visualizar o tempo todo por uma telinha no canto do olho. Além disso, ele teria uma câmera embutida na armação, que o usuário poderia aproveitar para ler informações com realidade aumentada e gravar detalhes do seu dia a dia.&nbsp;Assim que o produto foi disponibilizado, em 2013, o burburinho foi enorme. Algumas pessoas se animaram com a ideia, porém as críticas foram muito mais numerosas: havia preocupações com <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/106553-gdpr-a-nova-lei-cibernetica-que-pode-afetar-todo-o-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">privacidade</a>, devido à câmera, e com segurança — afinal, uma tela no canto do olho poderia distrair os usuários enquanto dirigem ou andam. E muita gente simplesmente não viu utilidade em ter um computador o tempo todo nos óculos.&nbsp;Em 2015, o dispositivo saiu de linha, com promessas de voltar em 2017. Até voltou em outras incarnações, mas sempre passou longe de ser um sucesso de vendas.&nbsp;<h2>2. Apple MessagePad</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/06/06161404516322.jpeg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)">(Fonte: Wikimedia Commons)Além do Google Glass, a seção de tecnologia do Museu do Fracasso tem outros produtos muito curiosos. O Nokia N-Gage, por exemplo, era um misto de Game Boy e celular que não funcionava bem em nenhuma das funções. Ou o DIVX, um formato que competia com <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/122094-lembra-quando-a-netflix-era-uma-locadora-de-filmes.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">locadoras de DVD</a>, mas através de discos que paravam de passar os filmes após 48 horas.Já o MessagePad, da Apple, de 1993, tinha tela sensível ao toque e uma caneta para escrever à mão. Mas a conectividade com o computador precisava ser feita com cabos comprados a parte, as baterias duravam pouco e o reconhecimento de escrita não funcionava da forma que as pessoas esperavam.Anos depois, publicações especializadas em tecnologia afirmaram que o MessagePad foi até mais revolucionário que o iPhone, na época do lançamento. Mas foi um fracasso comercial.&nbsp;<h2>3. Os carros Edsel</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/06/06145339180265.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)">(Fonte: Wikimedia Commons)Em setembro de 1957, a expectativa para o lançamento do Edsel era grande: a Ford iria lançar uma nova marca de automóveis intermediários, para superar qualquer produto da Chrysler ou General Motors. Eles garantiram que pesquisaram a concorrência e o público por muito tempo para desenvolver um carro que ia vender como pão quente.&nbsp;Na verdade, os carros Edsel eram desenvolvidos a partir dos chassis Ford, mas com uma ou outra tecnologia a mais e um estilo diferente, que as pessoas odiaram. Especialmente a grade frontal que, diziam as más línguas, lembrava o <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/121288-6-fatos-interessantes-sobre-a-vagina.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">órgão sexual feminino</a>.&nbsp;Mas essa não foi a única causa do fracasso. A Ford investiu 400 milhões de dólares em um carro que ela pensava que os clientes queriam — mas não mostrou nenhum detalhe para o público ou a imprensa, para criar expectativa. Uma expectativa alta demais, aliás.Além disso, o preço dos Edsel era muito parecido com o da Mercury, que já era conhecida no portfólio da Ford. Para piorar, esse segmento todo entrou em baixa no final dos anos 1950. Já no ano seguinte, a Ford modificou a dianteira dos modelos Edsel, mas eles vendiam cada vez menos. Então, já em 1959, dois anos depois do lançamento, a marca foi descontinuada.<h2>4. A bicicleta Itera</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/06/06154443478307.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)">(Fonte: Wikimedia Commons)No final dos anos 1970, a sueca Volvo queria produzir um meio de transporte urbano pequeno e revolucionário. Em pesquisas, identificou a possibilidade de fazer bicicletas com compósitos plásticos — que deveriam atrair muitos consumidores.&nbsp;Quando o projeto começou, já em 1980, a mídia sueca dava bastante destaque à bicicleta de plástico e o banco nacional do país financiou sua construção. Mas, quando a Itera chegou às lojas, em 1982, o interesse tinha diminuído. E quem comprou, não gostou nada.&nbsp;A bicicleta de plástico vinha desmontada, mas muitas caixas vieram com peças faltando. Além disso, a Itera era pesada e frágil: as peças de plástico quebravam e era difícil repor. Em 1985, o produto saiu de linha, com apenas 30 mil unidades fabricadas. O estoque que ficou encalhado na Suécia foi vendido para países do Caribe — a <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/107256-a-ferrugem-realmente-transmite-tetano.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ferrugem</a> era um problema para as bicicletas por lá, então o plástico foi uma ótima solução, mesmo que com alguns problemas.&nbsp;<h2>5. Fracassos alimentares</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/06/06163610628340.jpg" alt="(Fonte: Coca-Cola/Divulgação)">(Fonte: Coca-Cola/Divulgação)O Museu do Fracasso também tem diversos produtos alimentícios que fracassaram muito nas vendas. O mais famoso deles, provavelmente, é a "Nova Coca-Cola", lançada em 1985.&nbsp;Outros produtos bizarros são o EZ Squirt, um ketchup Heinz em cores como verde e roxo, ou a Olestra, uma possível substituta para a gordura que não adicionava calorias aos produtos. Até Pringles Light com essa substância foi lançada... Não tinha calorias, mas causava <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121867-o-que-os-astronautas-fazem-caso-tenham-diarreia-no-espaco.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">diarreia</a>.&nbsp;Um dos casos mais interessantes dessa seção é a Coca Cola Clear. Ela foi lançada logo depois da Crystal Pepsi, uma versão transparente da bebida, supostamente mais pura que a original. Conta a história que a Coca Cola fez um produto intencionalmente ruim, para que as pessoas achassem que todos os refrigerantes transparentes são ruins — e voltassem a comprar a Coca normal, felizes e contentes. Em 1994, os dois produtos tinham saído de linha.<h2>6. UroClub</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/06/06164252393345.jpg" alt="(Fonte: Uro Club/Reprodução)">(Fonte: Uro Club/Reprodução)Além de produtos que merecem algum crédito por tentar inovar, há aqueles que não tem como levar a sério. Um desses é o UroClub, um taco de golfe com espaço para você <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/120497-fazer-xixi-em-pe-ou-sentado-o-que-e-mais-saudavel-para-os-homens.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">fazer xixi</a> dentro. Isso porque campos de golfe costumam ser enormes e é difícil encontrar banheiros por perto — mas fazer xixi dentro do taco é uma solução bem inusitada para esse problema, né?O UroClub vem até com uma toalhinha para você ter mais "privacidade". O produto ainda está à venda, mas como uma piada: sugerem que você dê de presente, para sacanear amigos.</body>

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6 produtos em exposição no Museu do Fracasso, a casa dos objetos falhos

Imagem de A tribo que doou 14 vacas para os EUA após o 11 de setembro no megacurioso

Um membro do povo Maasai, do Quênia, estudou nos Estados Unidos e contou sobre a tragédia para seus compatriotas, que resolveram ajudar

<head></head><body>O que vacas podem ter a ver com o 11 de setembro? Como um povo nativo do Quênia ficou sabendo da tragédia a ponto de resolver ajudar? E em que eles achavam que suas 14 vacas poderiam colaborar?&nbsp;Esse título sobre doação de vacas <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/121350-3-situacoes-problematicas-criadas-apos-o-11-de-setembro-nos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">após o 11 de setembro</a> traz muitas perguntas, né? Mas tudo faz bastante sentido, depois que você conhece a história.<h2>De volta para minha terra</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/04/04001234483025.jpg" alt="(Fonte: Josh Haner/9/11 Memorial &amp; Museum)">(Fonte: Josh Haner/9/11 Memorial &amp; Museum)O povo Maasai vive entre o interior do <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/108759-monumento-de-5-mil-anos-no-quenia-ocultava-quase-600-corpos-humanos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Quênia</a> e da Tanzânia, relativamente separados do resto da sociedade desses países. Mas um membro de uma das tribos desse povo, Kimeli Naiyomah, saiu do país para estudar medicina nos Estados Unidos.Quando voltou, Kimeli descobriu que sua tribo sabia pouco sobre esse desastre que chocou o mundo. Alguns tinham ouvido vagamente pelo rádio e poucos tinham visto algo pela TV — até porque muitas tribos do povo Maasai são nômades, sem residência fixa.&nbsp;Mas se tem algo em que eles acreditam, é na tradição oral. Então, Kimeli se sentou com sua tribo e contou os horrores que acompanhou naquela terra tão distante, os <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119442-excepcionalismo-americano-porque-os-eua-se-acham-o-centro-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Estados Unidos</a>. Os compatriotas do jovem queniano ficaram chocados, mas aliviados porque ele voltou bem.&nbsp;A partir disso, eles resolveram demonstrar seu apoio aos Estados Unidos da melhor maneira que sabem: doando vacas, o animal sagrado.<h2>Um presente sagrado</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/15/15083149656022.jpg" alt="(Fonte: Thomas Gonzalez/New York Times/Reprodução)">(Fonte: Thomas Gonzalez/New York Times/Reprodução)Em junho de 2002, a tribo de Kimeli organizou uma cerimônia em uma vila remota, perto da fronteira entre o Quênia e a Tanzânia. O embaixador dos Estados Unidos no país foi até essa aldeia para receber o presente: 14 das melhores vacas da tribo.Os anciões vestiam suas melhores vestes vermelhas e joias, além de carregar faixas com mensagens de apoio: "Ao povo da América, damos essas vacas para ajudar vocês".&nbsp;Kimeli explica que as vacas são o centro de tudo para os povos Maasai. "É sagrado. É mais que uma propriedade. Eu não sei se vocês tem uma comida sagrada na América, algo que traz um sentimento sobrenatural quando você come. Essa é a vaca para nós", explicou ele, na época.O embaixador, William Brencick, disse que o presente dos Maasai era "a mais alta expressão de consideração e empatia".&nbsp;<h2>O que fazer com as vacas?</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/02/04/04001330215026.jpeg" alt="&quot;Ao povo da América, com compaixão dos Maasai.&quot; (Fonte: Matt Flynn/9/11 Memorial &amp; Museum)">"Ao povo da América, com compaixão dos Maasai." (Fonte: Matt Flynn/9/11 Memorial &amp; Museum)Por mais maravilhosa que a história pareça, havia um problema prático: o que a embaixada dos Estados Unidos no Quênia poderia fazer com os animais? Restrições logísticas e de saúde animal impediam o transporte das vacas para os Estados Unidos.Diversas hipóteses foram levantadas, como levar os animais para o zoológico do <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118266-seneca-village-a-historia-oculta-da-construcao-do-central-park.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Central Park</a>. Outra pessoa sugeriu vender as vacas e usar o dinheiro para comprar joias Maasai de presente para os nova-iorquinos — mas isso pareceu meio insensível com o significado do presente.Três anos depois, as 14 vacas continuavam na tribo, estavam engordando e os Maasai estavam começando a sentir que seu presente tinha sido esnobado. Então, o novo embaixador sugeriu que as vacas continuassem na tribo, trazendo recursos para o povo, e os Estados Unidos iria agradecer o presente oferecendo bolsas de estudo para crianças Maasai. Um final feliz.A história rendeu uma pintura, feita por Kimeli e um amigo, que é exposta no Memorial do 11 de setembro, em Nova York. Também foi transformada em um livro infantil, usado para falar sobre a tragédia de uma forma sensível — focando na união de dois povos tão diferentes.&nbsp;</body>

Evandro Voltolini