A tribo que doou 14 vacas para os EUA após o 11 de setembro

20/02/2023 às 02:002 min de leitura

O que vacas podem ter a ver com o 11 de setembro? Como um povo nativo do Quênia ficou sabendo da tragédia a ponto de resolver ajudar? E em que eles achavam que suas 14 vacas poderiam colaborar? 

Esse título sobre doação de vacas após o 11 de setembro traz muitas perguntas, né? Mas tudo faz bastante sentido, depois que você conhece a história.

De volta para minha terra

(Fonte: Josh Haner/9/11 Memorial & Museum)(Fonte: Josh Haner/9/11 Memorial & Museum)

O povo Maasai vive entre o interior do Quênia e da Tanzânia, relativamente separados do resto da sociedade desses países. Mas um membro de uma das tribos desse povo, Kimeli Naiyomah, saiu do país para estudar medicina nos Estados Unidos.

Quando voltou, Kimeli descobriu que sua tribo sabia pouco sobre esse desastre que chocou o mundo. Alguns tinham ouvido vagamente pelo rádio e poucos tinham visto algo pela TV — até porque muitas tribos do povo Maasai são nômades, sem residência fixa. 

Mas se tem algo em que eles acreditam, é na tradição oral. Então, Kimeli se sentou com sua tribo e contou os horrores que acompanhou naquela terra tão distante, os Estados Unidos. Os compatriotas do jovem queniano ficaram chocados, mas aliviados porque ele voltou bem. 

A partir disso, eles resolveram demonstrar seu apoio aos Estados Unidos da melhor maneira que sabem: doando vacas, o animal sagrado.

Um presente sagrado

(Fonte: Thomas Gonzalez/New York Times/Reprodução)(Fonte: Thomas Gonzalez/New York Times/Reprodução)

Em junho de 2002, a tribo de Kimeli organizou uma cerimônia em uma vila remota, perto da fronteira entre o Quênia e a Tanzânia. O embaixador dos Estados Unidos no país foi até essa aldeia para receber o presente: 14 das melhores vacas da tribo.

Os anciões vestiam suas melhores vestes vermelhas e joias, além de carregar faixas com mensagens de apoio: "Ao povo da América, damos essas vacas para ajudar vocês". 

Kimeli explica que as vacas são o centro de tudo para os povos Maasai. "É sagrado. É mais que uma propriedade. Eu não sei se vocês tem uma comida sagrada na América, algo que traz um sentimento sobrenatural quando você come. Essa é a vaca para nós", explicou ele, na época.

O embaixador, William Brencick, disse que o presente dos Maasai era "a mais alta expressão de consideração e empatia". 

O que fazer com as vacas?

"Ao povo da América, com compaixão dos Maasai." (Fonte: Matt Flynn/9/11 Memorial & Museum)"Ao povo da América, com compaixão dos Maasai." (Fonte: Matt Flynn/9/11 Memorial & Museum)

Por mais maravilhosa que a história pareça, havia um problema prático: o que a embaixada dos Estados Unidos no Quênia poderia fazer com os animais? Restrições logísticas e de saúde animal impediam o transporte das vacas para os Estados Unidos.

Diversas hipóteses foram levantadas, como levar os animais para o zoológico do Central Park. Outra pessoa sugeriu vender as vacas e usar o dinheiro para comprar joias Maasai de presente para os nova-iorquinos — mas isso pareceu meio insensível com o significado do presente.

Três anos depois, as 14 vacas continuavam na tribo, estavam engordando e os Maasai estavam começando a sentir que seu presente tinha sido esnobado. Então, o novo embaixador sugeriu que as vacas continuassem na tribo, trazendo recursos para o povo, e os Estados Unidos iria agradecer o presente oferecendo bolsas de estudo para crianças Maasai. Um final feliz.

A história rendeu uma pintura, feita por Kimeli e um amigo, que é exposta no Memorial do 11 de setembro, em Nova York. Também foi transformada em um livro infantil, usado para falar sobre a tragédia de uma forma sensível — focando na união de dois povos tão diferentes. 

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: