Ciência
03/06/2014 às 10:21•3 min de leitura
Você já pode conferir aqui no Mega Curioso que algumas aranhas espertinhas constroem teias com um amontoado de insetos mortos e materiais da selva para fazer armadilhas em forma de aranha. Tudo isso para confundir seus predadores e, quem sabe, ainda sair ganhando uma refeição.
Agora, os biólogos descobriram uma nova modalidade de disfarce das aranhas: se camuflar como coco de passarinho. Sim! Sabe aquele splash branco que você vê em calçadas, no capô do seu carro (grrr) ou mesmo leva na cabeça num dia de azar? É com esse visual que as aranhas da espécie Cyclosa ginnaga se disfarçam para driblar os inimigos.
Elas fazem isso decorando a sua teia com um padrão espiral e minúsculos pedaços de folhas, carcaças de insetos e outros materiais vegetais para fazer seu cantinho se parecer com excrementos de pássaros. A Cyclosa ginnaga é uma espécie encontrada nos países orientais, como Japão, China e Coreia (do Sul e do Norte).
Segundo o Daily Mail, embora os cientistas já tenham conhecimento sobre esta prática há algum tempo, somente agora eles descobriram as razões pelas quais essa aranha escolhe este disfarce em particular. De acordo com os pesquisadores, o disfarce é eficaz para repelir os possíveis predadores (como as vespas) e capturar os que vacilaram, tornando-os comida das aranhas.
"Para o olho humano, o tamanho, a cor e a forma do corpo da aranha com sua decoração se assemelham com excrementos de pássaros, e a hipótese é que estes aracnídeos se disfarçam dessa forma para evitar a predação”, diz o estudo publicado na Scientific Reports.
Os pesquisadores estudaram como as aranhas e as suas teias, bem como excrementos reais de pássaros nas folhas, se parecem para as vespas, que são os principais predadores da Cyclosa ginnaga.
Eles coletaram dez aranhas e utilizaram um espectrômetro para medir os comprimentos de ondas de luz emitidas pelos corpos dos aracnídeos, as suas teias e os excrementos de pássaros em uma floresta de Taiwan, segundo o que foi relatado no site científico Smithsonian.
Feito isso, um programa de computador que imita as células sensoriais do olho de vespas mostrou à equipe se o predador principal da aranha poderia perceber as diferenças entre a aranha, a teia e as fezes das aves. O resultado foi que todos eram indistinguíveis.
Quando os cientistas apagaram os corpos das aranhas ou a “decoração” da teia com tinta ou pó, o programa indicava que as vespas seriam capazes de ver a sua presa. Testar a percepção de um olhar “cibernético” das vespas em um computador foi um começo, mas os especialistas queriam confirmar isso em campo natural, no próprio habitat das espécies.
Então, todos os dias durante 13 dias, os autores configurar câmeras de vídeo na frente de doze teias de Cyclosa ginnaga e gravaram o que acontecia em cada uma delas. Mais uma vez, eles cobriram os corpos de algumas aranhas com tinta preta, esconderam a camuflagem branca de outras aranhas com um pó preto, e, em alguns casos, deixaram as outras teias e aranhas intocadas.
No início de cada dia de filmagens, eles mediram o tamanho da aranha, da camuflagem branca e o tamanho dos excrementos das aves nas proximidades. Em ambos os testes visuais e observações na natureza, os predadores poderiam mais facilmente ver aranhas de teias normais, bem como aranhas normais contra teias escurecidas pelo pó.
As vespas eram muito mais propensas a atacar a teia se o corpo ou camuflagem das aranhas se destacavam graças ao pó e tinta, enquanto as predadoras não conseguiam distinguir aqueles aracnídeos inalterados em seu habitat (com a camuflagem branca).
A conclusão foi que quando a cor da teia foi alterada, deixando a aranha em evidência, a taxa de ataques dos predadores aumentou significativamente. Tudo isso quer dizer que, sim, o disfarce branco estilo coco de passarinho funciona para as aranhas.
Os pesquisadores terão que investigar mais como vespas respondem aos excrementos de pássaros isolados e como elas percebem as teias que tem esse visual para confirmar se a coloração e comportamento da aranha realmente se encaixam no padrão biológico de camuflagem.