Estilo de vida
21/01/2014 às 13:28•2 min de leitura
No finalzinho do ano passado, alguns pesquisadores de entomologia retornaram à Floresta Amazônica no Peru para coletar dados sobre uma de suas maiores descobertas feitas no ano de 2012: uma espécie de aranha que usa insetos mortos e materiais da selva para construir grandes armadilhas em forma de aranha em sua teia.
Os especialistas queriam saber mais sobre essas aranhas peruanas que eles acreditam ser da espécie recém-descoberta Cyclosa. Porém, ela não é a única a construir armadilhas com o formato de aracnídeos. Outra aranha com essa característica vive nas matas das Filipinas, na ilha de Negros, e os pesquisadores ficaram intrigados com essa similaridade entre espécies que vivem separadas por uma distância de quase 18 mil quilômetros.
Por essa razão, os entomologistas queriam saber como o comportamento evoluiu e se as aranhas “iscas” servem como chamarizes para presas ou como um sistema de defesa antipredador. Durante as pesquisas, os especialistas também constataram que pode haver ainda mais aracnídeos escultores.
Fonte da imagem: Reprodução/Wired
"As espécies das Filipinas e as espécies peruanas fazem essas iscas, mas a arquitetura é diferente", disse o entomologista Lary Reeves, que encontrou a aranha filipina em março de 2012. Segundo ele, as pernas da aranha “isca” filipina irradiam para fora do corpo em todas as direções, enquanto as da versão peruana tendem a apontar para baixo.
Reeves estava estudando o desmatamento e as comunidades de borboletas no Monte Kanlaon quando notou algo estranho ao longo da trilha que levava até a parte de baixo da montanha onde ficava seu local de pesquisa. "Eu avistei essa teia com uma aranha no meio e percebi que não tinha visto isso na área em que passei antes. Então eu recuei e vi que era uma armadilha", disse Reeves.
Segundo ele, a aranha falsa da armadilha foi construída com restos de alimentos e carcaças, tendo oito pernas irradiando de seu centro volumoso. Reeves demorou algum tempo para encontrar a aranha verdadeira que esculpiu o falso aracnídeo, mas ele acabou achando o aracnídeo escondido em um tipo de bolso camuflado no abdômen da isca.
Reeves não poderia saber que o entomologista Phil Torres em breve encontraria uma aranha semelhante no Peru e que o talento artístico dos aracnídeos vistos por lá se tornaria notório na internet. No entanto, mais tarde, ele também tomou conhecimento das semelhanças entre essas espécies.
Com isso, em dezembro do ano passado Reeves se juntou a Phil Torres no Peru para tentar aprender mais sobre essas aranhas que criam aranhas de mentira. Esses aracnídeos vivem em uma área isolada da selva ao longo do Rio Tambopata.
Lá, Reeves, Torres e seus colegas observaram cerca de meia dúzia de aranhas desse tipo. A equipe fotografou e mediu as iscas feitas por elas diariamente, prestando muita atenção à forma como as aranhas as reconstruíram após chuvas sazonais transformá-las em pilhas de lixo de teias encharcadas.
O que mais espantou os pesquisadores foi como as aranhas eram rápidas para reconstruir as iscas. Eles estão planejando várias experiências para visitas de acompanhamento, incluindo a colocação de câmeras para gravar um período de 24 horas de como a aranha recolhe e incorpora materiais para construir a isca para a armadilha.