Ciência
21/07/2016 às 13:56•2 min de leitura
Se o vírus da zika já havia feito as pessoas ligarem o sinal de alerta por ser transmitido pelo Aedes aegypti, o que dizer agora que ele foi identificado em um inseto muito mais comum? Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) encontraram o zika no Culex quinquefasciatus – o pernilongo doméstico!
A pesquisa da Fiocruz aconteceu na Região Metropolitana de Recife, em Pernambuco, e colocou os cientistas em alerta: até então, não havia comprovação alguma sobre o zika existir em outros mosquitos. Em Recife, a incidência de pernilongos domésticos, também conhecidos como muriçocas, é até 20 vezes mais alta do que a de Aedes aegypti.
“Os resultados preliminares da pesquisa de campo identificaram a presença de Culex quinquefasciatus infectados naturalmente pelo vírus zika em três dos 80 grupos de mosquitos analisados até o momento. Em duas dessas amostras os mosquitos não estavam alimentados, demonstrando que o vírus estava disseminado no organismo do inseto e não em uma alimentação recente num hospedeiro infectado”, descreveu Solange Argenta no site oficial da instituição.
População de pernilongos é até 20 vezes maior do que a de Aedes aegypti
A pesquisa foi feita em aproximadamente 500 pernilongos, coletados perto de endereços com comprovações de pessoas infectadas pelo zika. O objetivo do projeto é analisar o papel de algumas espécies comuns de mosquitos na disseminação de algumas doenças – o vírus da zika teve prioridade por estar causando uma epidemia de microcefalia em todo o país.
Em laboratório, foi investigada a competência vetorial tanto do Aedes aegypti quanto do Culex quinquefasciatus; isto é, o quanto eles podem transmitir o vírus. Para isso, ambas as espécies foram alimentadas com sangue e vírus, para os cientistas acompanharem o processo de replicação do patógeno dentro dos insetos.
Depois de três dias de alimentação artificial, foi detectada a presença do vírus zika nas glândulas salivares de ambos os mosquitos. Depois de uma semana a concentração de vírus nessas glândulas estava praticamente idêntica nas duas espécies. “Serão necessários estudos adicionais para avaliar o potencial da participação do Culex na disseminação do vírus zika e seu real papel na epidemia”, escreveu Solange Argenta.
Cientistas detectaram o vírus em igual proporção nas glândulas salivares das duas espécies