Artes/cultura
07/06/2016 às 10:04•3 min de leitura
O calendário marcava o dia 15 de novembro de 2004, uma manhã que parecia ser como qualquer outra. Na casa da família Porco, Peter e Joan já estavam acostumados a ficar sozinhos desde que os filhos, Jonathan, de 23 anos, e Chris, de 21 anos, haviam ido para a faculdade.
Peter se levantou, foi até a cozinha e preparou um lanche. Depois, sentou-se à mesa, assinou um cheque para pagar o estacionamento do filho e tentou tirar as louças que estavam limpas na máquina. Neste momento, ele caiu no chão e morreu. Peter não teve um ataque cardíaco ou um AVC, ele havia levado 16 golpes de machado na noite anterior.
Peter e Joan Porco
Ao chegarem na casa, os policiais encontraram uma cena digna de filme de terror – ou do seriado Dexter. O sangue estava espalhado, o alarme tinha sido adulterado e as linhas telefônicas estavam cortadas. A porta não havia sido arrombada e no trinco ainda estava uma chave reserva. O culpado sabia como a casa funcionava por dentro.
Depois de encontrarem Peter morto na cozinha, os oficiais se dirigiram até o quarto do casal, onde Joan, sua esposa, estava completamente ensanguentada. Ela havia perdido um pedaço do crânio, um olho e alguns dentes. Seu rosto estava desfigurado, mas, surpreendentemente, ela ainda estava viva.
Coincidentemente, um dos oficiais conhecia a família e logo questionou onde estariam os filhos do casal. Ele se ajoelhou ao lado de Joan e perguntou se o seu filho mais velho seria capaz de fazer aquilo com eles. Ela balançou a cabeça para “dizer” que não. Percebendo que a mulher ainda estava consciente, ele perguntou sobre o segundo filho, Chris. Desta vez, antes que fosse levada pela ambulância, Joan conseguiu confirmar que o seu filho mais novo era o responsável pelo ataque.
Joan depois da recuperação
Ao entrarem em contato com Chris, eles descobriram que o garoto estava em seu quarto, próximo a universidade e a 200 km da cena do crime. Durante o interrogatório, Chris afirmou que não saiu em momento algum do alojamento durante a noite em que seus pais foram atacados.
Sem acreditar nesta versão, os policias investigaram as câmeras da região e as imagens logo mostraram o jovem saindo com o seu Jipe do estacionamento, por volta das 22h30. Com essa informação, os promotores desenvolveram uma teoria sobre o que teria acontecido naquela noite: depois de realizar a viagem, a polícia acredita que Chris desativou o alarme com o código e, para despistar, quebrou o aparelho. Depois, ele teria pego o machado na garagem, subido até o quarto dos pais e os atacado.
Os registros da companhia telefônica apontaram que, às 4h54, as linhas foram cortadas. Possivelmente, foi neste horário que o jovem voltou para o seu dormitório, já que às 8h30, as câmeras mostram o veículo perto do campus.
Não demorou muito para que eles descobrissem a motivação: Chris ostentava uma vida de luxo, com roupas de marca e muitas festas. Seus hábitos de consumo desenfreados fizeram com que o jovem acumulasse muitas dívidas. Para piorar, ele ainda havia feito um empréstimo e comprado um carro em nome de seu pai.
Chris em seu julgamento
Após se recuperar da cirurgia, Joan disse não se lembrar do ataque e muito menos de ter acusado o seu filho caçula. O caso ganhou atenção nacional quando ela se recusou a testemunhar contra Chris no tribunal, afirmando que ela e o marido foram atacados por outra pessoa. Mesmo assim, depois de tantas evidências, Chris foi condenado a 50 anos de prisão.
Entre as muitas especulações sobre o caso de Peter Porco, há a explicação do médico Hubbard de que as lesões causadas pelo machado não foram suficientes para matá-lo instantaneamente, enquanto a polícia acredita que Peter agiu desta maneira por causa da adrenalina, sem realmente ter consciência do estado de sua esposa e dele próprio.
O palpite de um usuário do Reddit que, supostamente, teve acesso a autópsia é de que os graves danos só ocorreram na parte exterior do cérebro, que é responsável pelo controle dos movimentos voluntários e das funções sensoriais. Como a porção interior estava intacta, ele conseguiu realizar atividades que estava habituado, como fazer um sanduíche ou assinar cheques.