Verdade ou mito? Tudo o que você precisa saber sobre dietas

22/08/2012 às 12:174 min de leitura

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Quem fez alguma dieta, mesmo que tenha sido apenas uma vez na vida, sabe que é comum ouvirmos falar de uma série de “truques” para potencializar os efeitos e alcançar o emagrecimento de maneira mais rápida ou eficiente.

Contudo, muitas dessas informações que se espalham pela internet ou mesmo através do boca a boca, podem acabar causando o efeito inverso ou até mesmo trazendo prejuízos para a sua saúde. Para que a busca pelo peso ideal seja saudável e eficaz, é preciso seguir as orientações de um médico, manter uma rotina de exercícios físicos e estar atento com o que as pessoas falam por aí.

Para nos ajudar a desvendar esses mitos que assombram as dietas, conversamos com o nutricionista Ney Felipe Fernandes, responsável pela Nutrição Avançada, em Curitiba. O profissional nos explica melhor como realmente funciona o nosso organismo e, assim, o que é verdade ou não quando falamos em dietas.

Os mitos e verdades

É comum ouvirmos falar muito sobre alguns “truques” que podem contribuir para as dietas. Entre essas frases célebres que circular por aí, selecionamos 12 delas para que o nutricionista Ney Felipe Fernandes pudesse explicar melhor como realmente funciona a ingestão de alimentos, a contagem de calorias, a digestão e outros processos importantes para o organismo.

Confira cada um dos itens – que você certamente já ouviu por aí – e saiba como seguir com uma dieta saudável.

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Comer carboidratos à noite engorda.

Mito. Isso realmente não existe. O que existe é que o excedente de calorias oriundas destes carboidratos pode, sim, se converter em gordura. As pessoas têm a visão de que se engorda em um determinado momento do dia (à noite, durante o sono etc), porém, você está constantemente “engordando e emagrecendo”. Na verdade, o saldo final de calorias é o que prevalece. Se eu preciso de 200 gramas de carboidratos para me manter vivo e deixar para consumir tudo na última refeição não há problema algum, visto que só estou fechando minha cota diária de carboidratos. É preciso sempre avaliar o contexto geral da dieta.

Alimentos termogênicos – como a cafeína, o gengibre e a pimenta – aceleram a queima de calorias.

Verdade. A termogênese é manipulada sobretudo pela tireoide. Alguns alimentos têm o poder de influenciar nossa taxa metabólica basal, ou seja, as calorias que gastamos em repouso. No entanto, é preciso avaliar a sensibilidade de cada pessoa aos componentes, mesmo que sejam naturais. A cafeína, por exemplo, exerce efeito termogênico – agindo sobre enzimas específicas nas células musculares –, mas também ativa o sistema nervoso simpático, acelerando os batimentos cardíacos, o que para uma pessoa com problemas de disritmia cardíaca poderia ser um agravante.

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Beber água junto com as refeições engorda.

Mito. O que engorda mesmo é ingerir mais calorias do que se gasta no final do dia. Sobretudo as calorias dos nutrientes energéticos, que são os carboidratos e as gorduras. Já os construtores, que são as proteínas, possuem uma menor propensão a se converter em tecido adiposo (o aminoácido leucina, por exemplo, não pode ser convertido em ácido graxo). Ingerir água durante as refeições não engorda porque o trânsito gástrico da água é um e do sólido é outro. Enquanto vamos formando o quimo – o bolo alimentar no estômago –, parte da água ingerida já não esta mais no estômago, mas, sim, está sendo encaminhada ao intestino grosso, onde ocorre a maior absorção desse líquido.

Passar longos períodos em jejum contribui para o emagrecimento.

Em termos. Não contribui, mas também não atrapalha. Pensemos em um exemplo: se uma pessoa ficar o dia todo em jejum e nas últimas duas refeições consumir 2000 calorias (sendo que ela precisa de 1500 calorias), as 500 calorias que sobrarem vão se converter em gordura. Entretanto, se ela precisa de 1500 calorias e fizer apenas uma refeição de 1000 calorias por dia vai emagrecer, sim. Porém, é preciso salientar que algumas pessoas se sentem fracas durante o dia e o relógio metabólico delas funciona melhor comendo aos pouquinhos, de 3 em 3 horas ou de 4 em 4 horas.

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Fazer pequenas refeições ao longo do dia é melhor do que apenas as três principais.

Verdade. Esse hábito é melhor. O que não significa necessariamente que se emagrece melhor. Mas algumas pessoas se sentem bem comendo pouquinho e sempre, pois os níveis de insulina estão mais estáveis – considerando a ingestão de alimentos estrategicamente selecionados – e o catabolismo (perda) muscular é menor e isso influencia positivamente na flacidez, por exemplo.

Para perder peso é preciso cortar os doces.

Em termos. É preciso ter um senso crítico apurado diante dessas afirmações. Se os doces estiverem dentro do orçamento calórico, é possível emagrecer comendo doces, sim.

Além de eliminar o açúcar, é preciso reduzir o consumo de sal.

Verdade. E não se trata apenas de uma questão estética. Além do sal reter água subcutânea, nos deixando com maior retenção de líquidos, o excesso de sódio aumenta a pressão dentro dos vasos justamente por sua característica hidrofílica, que o açúcar também apresenta. Além do fator hidrofílico, é comum consumirmos doces em excesso, o que resulta facilmente na ingestão de um número maior de calorias, fazendo com que o risco de diabetes fique bem aumentado.

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Ingerir chá verde ou branco após as refeições acelera a queima de gorduras.

Verdade. Alguns estudos já demonstraram que após as refeições observa-se um aumento de 4% a 6% na taxa metabólica pós-prandial, ou seja, no aumento do consumo de calorias após uma refeição. No entanto, sem uma boa dieta associada não há efeito visível algum. Isso não descarta a possibilidade de seu uso como alimento funcional, anticancerígeno etc.

A ingestão de frutas está liberada entre aquelas que desejam perder peso.

Mito. Outra confusão pela falta de esclarecimento que temos ou pelo excesso de informações que alguns veículos da mídia divulgam e confundem os incautos. Calorias são calorias. Não importa se elas virão das frutas, do leite, do açúcar, do chocolate ou de bons alimentos – como nozes, oliva e outros. Em excesso, essas calorias vão promover o aumento de peso. E não há escapatória para essa incrível lei da termodinâmica.

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Saladas são sempre uma boa opção para quem está de dieta.

Verdade, pois são menos densas de calorias. Em 100 gramas de alface existem muito (mas muito!) menos calorias do que em 100 gramas de chocolate. As fibras das saladas ainda ajudam a ampliar a saciedade gástrica, deixando-nos menos expostos às beliscadinhas durante o dia!

Dormir logo depois de comer engorda.

Mito. “Ah sabe o que acontece, tenho comido muito tarde, tenho ido dormir logo depois que como”, é comum ouvir isso como uma desculpa para justificar que se engordou. Isso não existe. O que pode acontecer é uma pessoa comer muito e muito tarde. Quando se adota uma postura como uma reeducação alimentar, buscando o que é melhor para o seu corpo – o que é determinado através de uma anamnese que aborde desde a tipagem sanguínea, hábitos da infância etc –, você pode comer e ir dormir sem problemas, desde que as calorias estejam estrategicamente colocadas na sua dieta para você perder peso. Lembro que ao me preparar para um campeonato (quando cheguei aos 4% de gordura corporal), deixava quase 1000 calorias para a ceia, que era o horário em que eu mais sentia fome. No entanto, tinha o exato controle de quantas calorias haviam sido ingeridas durante o dia.

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Homens perdem peso mais rapidamente do que as mulheres.

Verdade. Os homens produzem mais testosterona e possuem mais massa muscular. E todo esse ambiente hormonal é mais propício para que eles sejam mais fortes, acumulem menos gordura e tenham um maior aproveitamento das calorias. Isso é quase como uma seleção natural, pois o corpo masculino se desenvolveu assim. Atualmente, somos seres com cérebros mais evoluídos do que quando morávamos em cavernas, porém nossa fisiologia ainda semelhante àquela época. O homem precisava caçar para trazer comida para a esposa e seus filhos. Escalava árvores, montanhas e corria atrás da caça. Já a mulher desenvolveu um biótipo com maior facilidade de acúmulo de gordura pra proteger a criança no ventre, por exemplo. Se não entendermos como nosso corpo foi programado para ser, jamais entenderemos nosso metabolismo e nossas diferenças.

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Colaborou neste artigo:
Ney Felipe Fernandes - Nutricionista
www.nutricaoavancada.com.br

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