5 candidatos ao próximo Oscar são criticados por imprecisão histórica

A corrida para o próximo Oscar já começou, e alguns candidatos que podem concorrer ao prêmio máximo da indústria cinematográfica ganham a atenção da mídia e viram concomitantemente alvos de críticas.

Isso porque sempre que há um produtor tentando vender o seu peixe, há outro tentando minar as chances do oponente. Esse é uma prática bastante comum no meio, especialmente nessa época de campanha quando os principais títulos do ano começam a aparecer em listas de jornalistas e especialistas da área.

Este ano não é diferente, e alguns canais de comunicação passaram a mostrar como é sangrenta essa batalha pelo maior prêmio de Hollywood. Cinco produções deste ano, que têm conquistado a simpatia dos críticos de cinema, estão sendo criticadas por conta de imprecisões históricas ou factuais.

Essa é a maneira como os estúdios estão se digladiando nesta temporada de premiação, acusando obras que se baseiam em histórias reais ou, como no caso de “Gravidade”, que trabalham com o realismo em cena, de erros e equívocos que tirariam o prestígio de suas histórias e realizações.

1) “12 Anos de Escravidão”

Um dos títulos mais cogitados a entrar na disputa de melhor filme, “12 Anos de Escravidão” se tornou alvo de uma polêmica entre historiadores que contradizem a narrativa de Solomon Northup, o homem negro do Norte que foi capturado e tornado escravo no Sul dos Estados Unidos na metade do século 19.

Fonte da imagem: Reprodução/12 Anos de Escravidão

O jornal The New York Times publicou uma matéria trazendo um estudo realizado pelo acadêmico James Olney que questiona a história de Solomon. Olney diz, nesse artigo, que o homem para quem Solomon contou sua vida modificou alguns dados para deixar o relato mais atraente com o objetivo de conquistar a opinião pública pelo fim da escravidão.

Outro historiador, Henry Louis Gates, que conhece o artigo de 1985 de Olney e trabalhou como consultor na obra cinematográfica, diz que não há dúvida da precisão histórica apresentada no filme, e que a produção seguiu com muita fidelidade o texto sobre a vida de Solomon Northup.

2) “Capitão Phillips”

A fama do verdadeiro Capitão Phillips pode não ser tão boa quanto os realizadores do filme querem fazer você crer. Isso é o que conta o jornal The New York Post, que ouviu tripulantes que estiveram a bordo do navio Maersk Alabama durante o sequestro reproduzido no filme.

Fonte da imagem: Reprodução/Capitão Phillips

De acordo com esses relatos, o tal Capitão Phillips não tinha nada de heroico, e foi a sua atitude negligente e imprudente, desrespeitando os avisos sobre pirataria, que levou ao incidente.

Para defender a produção, o diretor Paul Greengrass disse que ele e o produtor do filme fizeram muita pesquisa sobre a história antes de rodar a película e estão certos sobre a autenticidade dos eventos apresentados.

3) “Gravidade”

Já no caso da ficção-científica “Gravidade”, a polêmica foi em torno da representação do espaço e do ambiente em gravidade zero. Tudo começou depois que o astrofísico Neil deGrasse Tyson postou no Twitter uma série de erros que ele encontrou no filme.

Fonte da imagem: Reprodução/Gravidade

Algumas dessas discrepâncias sobre como é a realidade da viagem ao espaço e como o filme retrata esse ambiente, você pode conferir aqui na nossa página “11 acertos e erros do filme Gravidade”.

Após a repercussão sobre sua postagem, Tyson comentou que ele na verdade gostou muito do filme e que considera “um elogio” uma obra cinematográfica ser criticada em níveis científicos. Além disso, o astrofísico disse que deveria ter tweetado primeiro as inúmeras coisas que o filme acertou em sua reprodução das condições no espaço.

4) “O Mordomo da Casa Branca”

O filme de Lee Daniels pode evitar toda crítica a respeito da imprecisão histórica que apresenta simplesmente informando que a narrativa é apenas inspirada em fatos reais. De fato, o roteiro tem uma liberdade criativa imensa no retrato do mordomo Eugene Allen, que trabalhou na Casa Branca da época de Truman até Ronald Reagan.

Fonte da imagem: Reprodução/O Mordomo da Casa Branca

A produção modifica bastante a sua história, incluindo mais drama e ligando o personagem a fatos históricos dos quais não participou (ele não conheceu Barack Obama, por exemplo). As modificações históricas são tantas que o filme está sendo considerado para a categoria de roteiro original e não de roteiro adaptado, ignorando o artigo no qual foi “inspirado”.

5) “Walt nos Bastidores de Mary Poppins”

Tom Hanks está definitivamente no centro das críticas este ano. Além do Capitão Phillips, o seu personagem em “Walt nos Bastidores de Mary Poppins” também tem gerado controvérsia. Isso porque ele interpreta ninguém menos do que o lendário Walt Disney e, sendo esta uma produção do estúdio, é claro que o retrato do grande fundador é um tanto generoso.

Fonte da imagem: Reprodução/Walt nos Bastidores de Mary Poppins

Porém, há quem diga que Walt não era assim uma das pessoas mais admiráveis do mundo, especialmente quando se tratava de suas convicções políticas (de direita) e suas opiniões fortes sobre as minorias raciais e religiosas. Os poucos que o conheciam bem, como o compositor Richard Sherman, aprovam, no entanto, a interpretação de Hanks para o pai do Mickey. 

E você, acha que é importante uma produção ser historicamente correta para levar o Oscar de melhor filme?