Ciência
17/06/2015 às 10:26•4 min de leitura
Em meados da década de 1990, Toy Story surgia não apenas para tirar a Pixar do seu semianonimato, mas também para provocar uma revolução entre os desenhos animados. Além de dar origem a uma das franquias mais lucrativas da história do cinema, o primeiro Toy Story ainda elevou as animações baseadas em computação gráfica de curiosidades tecnológicas a um dos principais paradigmas cinematográficos — às vezes explorados à exaustão, inclusive.
Entretanto, diferentemente do que possam sugerir os valores obtidos em bilheteria por Toy Story, Toy Story 2 e Toy Story 3, as desventuras de Andy, Woody, Buzz, Jesse e Cia. não vingaram sem uma boa dose de desvios de percursos — alguns deles surgindo como jogos de cintura, para evitar o baixo orçamento inicial e até mesmo a sabotagem interna.
Sem mais delongas, confira abaixo 8 curiosidades sobre Toy Story que você talvez não conheça. Mesmo que não façam cair ciscos nos olhos, como a cena final de Toy Story 3, é certo que pode haver aí coisas bem surpreendentes.
Originalmente, a Pixar não pretendia que Woody fosse o protagonista de Toy Story. Na verdade, a ideia era que o cowboy ocupasse o posto de sidekick do do celebrado herói de Tin Toy, uma das animações anteriores do estúdio.
Mas os planos iniciais também divergiam no que se refere à natureza do boneco. Conforme mostram alguns dos primeiros esboços para o longa, Woody quase se tornou um boneco de ventríloquo. Quando Buzz Lightyear foi incluído, entretanto, a equipe decidiu que Woody deveria ser o extremo oposto de um brinquedo espacial high tech, tornando-se um cowboy feito de tecido e estofo.
Originalmente, a Pixar pretendia colocar Paul Newman para dublar Woody. Buzz Lightyear também ganharia uma voz famosa, a do comediante Jim Carrey. O problema foi que verba era insuficiente, já que o estúdio ainda era relativamente pequeno à época.
A equipe também procurou Billy Crystal, que declinou a oferta — apenas para perceber a enorme oportunidade que havia perdido assim que Toy Story chegou aos cinemas. Posteriormente, o ator ganharia uma nova chance com o estúdio, emprestando sua voz a Mike Osawski, a simpática bolota verde de “Monstros S. A.”.
Nos primeiros roteiros de Toy Story, a ideia era que Woody se envolvesse romanticamente com uma Barbie. Entretanto, surgiu novamente o problema da falta de dinheiro, de forma que a Pixar não conseguiu chegar a um acordo de licença com a Mattel. Na verdade, a fabricante acreditava que a animação seria um enorme fracasso, e realmente não tinha intenções de associar sua marca.
Dado o sucesso colossal do primeiro filme, entretanto, a Mattel reviu sua decisão, e as sequências passaram a ostentar dezenas de Barbies e Kens. Outra curiosidade diz respeito à voz de Barbie. Trata-se do gogó de Jodi Benson, dubladora de Ariel em “A Pequena Sereia” (The Little Mermaid).
Conforme contou o cofundador da Pixar, Ed Catmull, no livro Creativity Inc., Toy Story 2 foi um título problemático logo de saída: bloqueios criativos, desenvolvimento atrasado, a exaustão do diretor John Lasseter (ainda não recuperado da maratona do primeiro filme) etc.
Mas as coisas conseguiram piorar: em certo dia do ano de 1998, um funcionário não revelado adicionou a linha de comando “/bin/rm -r -f *” nos drives em que os arquivo do filme estavam armazenados.
O código traz, basicamente, a informação de que o conteúdo deve ser removido rapidamente e de forma eficiente de determinada localização — o que acabou mandando para o espaço cenários, modelos de personagens e sequências inteiras do filme. Para ajudar, o backup do sistema falhou, e a equipe chegou a acreditar que tudo estivesse mesmo perdido.
Providencialmente, entretanto, uma das diretoras da Pixar à época, mesmo estando em licença-maternidade, optou por levar os conteúdos da animação para casa, a fim de trabalhar em home office. Embora não dispusesse de todo o conteúdo deletado, o que ela pode repor fez com que os danos fossem “significativamente reduzidos”.
Considerados os tropeços iniciais de Toy Story 2 — apesar do sucesso de Toy Story original —talvez não soe estranho o fato de que nem mesmo o estúdio andava muito confiante na sequência. Tanto que os planos de lançamento eram bem menos glamurosos. A ideia original era que Toy Story 2 ganhasse apenas versões para DVD e VHS, seguindo a fórmula que normalmente era aplicada a sequência de filmes baseados em animação.
Concluído o trabalho, entretanto, Disney e Pixar perceberam que tinham algo especial nas mãos e optaram por colocar o longa-metragem nos cinemas — terminando por arrecadar US$ 246 milhões em bilheteria, além de outros US$ 415 milhões angariados em Toy Story 3. Com certeza uma boa escolha.
A cena inicial com o voo de Buzz Lightyear em Toy Story 2 lhe pareceu familiar? Não? Bem, pois saiba que o belo universo alienígena mostrado ali é, na verdade, um dos cenários da animação “Vida de Inseto” (Bug’s Life) devidamente remaquiado e reciclado.
Entretanto, ao diminuir o nível do solo para tornar as montanhas do planeta alienígena mais altas do que os morros originais, algum programador gráfico se esqueceu de baixar também as pedras, que ficaram flutuando na superfície. Ocorre que os diretores da Pixar viram isso, adoraram, e o engano foi mantido — embora alguma rotação tenha sido colocada nas rochas, para tornar tudo ainda mais extraterrestre.
Embora Lotso apareça apenas em Toy Story 3, o urso malévolo havia sido concebido vários anos antes, durante o desenvolvimento do primeiro filme. Os criadores queriam um personagem ao estilo do urso de pelúcia Teddy Ruxpin, devidamente dotado de capacidades de fala (uma fita K7 e tal).
Entretanto, à época, dadas as limitações técnicas, as animações criadas para a pelugem e para as texturas de Lotso simplesmente não convenceram, fazendo com que ele fosse engavetado. Pois é. Um urso traumatizado dentro e fora das telas.