Estilo de vida
08/03/2017 às 09:22•3 min de leitura
Hoje, como você sabe, é comemorado o Dia Internacional da Mulher, e como você também deve saber, a data marca a batalha das mulheres pela igualdade de direitos, contra a discriminação e pelo reconhecimento de seu valor e conquistas. Mas você conhece as raízes dessa longa luta?
A inspiração para o Dia Internacional da Mulher surgiu antes da Primeira Guerra Mundial, quando, no ano de 1909, o primeiro Dia da Mulher foi celebrado nos EUA, no dia 28 de fevereiro. A comemoração foi proposta pelo Partido Socialista Americano, e a ideia era marcar uma greve realizada um ano antes e que reuniu 15 mil operárias que protestaram pelas ruas de Nova York por melhores salários e condições de trabalho.
Mulheres participando dos protestos em Nova York
Não demorou até a Europa notar o exemplo norte-americano, e durante a Segunda Conferência Internacional de Mulheres Trabalhadoras, que aconteceu em Copenhagen, na Dinamarca, em 1910, as socialistas alemãs Luise Zietz e Clara Zetkin propuseram a criação do Dia Internacional da Mulher.
Clara Zetkin
A conferência reuniu representantes de sindicatos, partidos socialistas e grupos de trabalhadoras de 17 países e contou com a participação das três primeiras mulheres eleitas ao parlamento (finlandês). A proposta da criação do Dia Internacional da Mulher foi unanimamente aprovada, e as primeiras celebrações ocorreram na Dinamarca, Áustria, Suíça e Alemanha em 1911.
A Rússia se uniu à comemoração em 1913, ano em que o dia 8 de março foi estabelecido como data oficial do Dia Internacional da Mulher e, no ano seguinte, ocorreu uma marcha de mulheres em Londres em apoio às sufragistas. Então, a partir de 1914, quando a Primeira Guerra Mundial eclodiu, a celebração do dia das mulheres se transformou em um mecanismo de protesto contra o conflito.
Em 1917, lideradas pela feminista Alexandra Kollontai, as russas deram início a uma imensa manifestação que ficou conhecida como “Pão e Paz” no dia 8 de março. Os protestos tinham como objetivo chamar a atenção para as mortes dos soldados russos e para a calamitosa condição na qual a população da Rússia vivia. A iniciativa foi um tremendo sucesso, já que, quatro dias depois, o czar abdicou e o governo provisório concedeu às mulheres o direito de voto.
Alexandra Kollontai
Então, algumas décadas depois veio a Segunda Guerra Mundial e, mais uma vez, a data comemorativa voltou a ser usada como um mecanismo de oposição ao conflito, especialmente contra o fascismo. Assim, o dia 8 de março foi usado pelas mulheres das nações aliadas para protestar contra os países do Eixo e, evidentemente, contra Adolf Hitler.
Manifestações na Rússia que culminaram com a abdicação do czar
Ao final da guerra, no entanto, o Dia Internacional da Mulher passou a ser celebrado principalmente pelas nações comunistas e na União Soviética — tanto que, em 1965, a data foi definida como feriado nacional em reconhecimento à contribuição, patriotismo e bravura das soviéticas. Em contrapartida, devido às ligações da celebração com o comunismo e o socialismo, a festividade se tornou bastante malvista pela população norte-americana.
Aqui no Brasil, as iniciativas em favor aos direitos da mulher tiveram origem no começo do século 20, e foram propostas por grupos anarquistas da época. Entre as décadas de 20 e 30, os movimentos ganharam força graças à luta das sufragistas — que conquistaram o direito ao voto em 1932 —, e foi a partir dos anos 70 que as primeiras organizações focadas na discussão da igualdade entre gêneros, sexualidade e saúde da mulher começaram a surgir no país.
Sufragistas no Brasil
Também foi na década de 70, mais precisamente, em 1975, durante o “Ano Internacional das Mulheres”, que as Nações Unidas passaram a celebrar o Dia Internacional da Mulher anualmente no dia 8 de março. De lá para cá, não só a ONU, como muitos outros países pelo mundo se uniram à celebração, e hoje a data é comemorada em mais de 100 países. Aliás, é verdade que as mulheres conquistaram muito ao longo dos anos, mas a batalha está longe de terminar.
A luta está longe de chegar ao fim
Para você ter uma ideia, uma mulher é assassinada por seu companheiro — ou ex — a cada 10 minutos, e uma em cada três já sofreu algum tipo de agressão sexual. Aqui no Brasil, 13 mulheres são mortas todos os dias.
Além disso, ainda existem países que não possuem leis específicas de combate à violência contra a mulher, onde as meninas não têm acesso à educação, que proíbem as casadas de terem passaportes, abrir negócios próprios e até mesmo de assinar contratos de trabalho sem a permissão do marido.
A batalha pela igualdade de direitos continua
E mais: pode parecer inacreditável, mas, em um mundo onde cerca da metade da população mundial é composta por mulheres, terão que se passar 169 anos até que a igualdade econômica entre os gêneros seja alcançada. Cento e sessenta e nove anos até que mulheres de igual competência possam receber salários semelhantes aos de seus colegas homens! Restam dúvidas de que ainda existem muitas — muitas! — batalhas a serem vencidas?
E se você precisar de uma inspiraçãozinha para entrar para essa luta, não deixe de conferir a playlist que a nossa equipe aqui do Mega Curioso preparou no Spotify: