Ano Novo: entenda por que nem todos os seus desejos viram realidade

01/01/2018 às 03:005 min de leitura

O final de um ano é marcado por momentos de festas entre familiares e amigos. Ceias, presentes, abraços, reuniões e, claro, algumas superstições. Comer 12 uvas, pular 12 ondas, usar uma cor específica de lingerie e, inclusive, fazer uma lista de coisas que você quer realizar no ano que começa.

No dia 30 de dezembro as pessoas geralmente se lembram de toda e qualquer frustração vivida durante o ano e acabam depositando no ano seguinte a esperança de fazer tudo do jeito certo. Outra coisa que você já sabe, ainda que não admita com muita facilidade, é que essa listinha de metas para o ano quase sempre morre antes mesmo de chegar fevereiro.

Você já se perguntou por que isso acontece? Será que você conseguiu fazer tudo o que queria ter feito em 2017? Se conseguiu, parabéns. Se não conseguiu, fique tranquilo, você faz parte da maior parcela de pessoas que fazem promessas de ano novo – e, só para você ter ideia, 88% das pessoas falham ao tentar cumprir suas promessas.

Como assim?

 />Fonte da imagem: Pixabay

Antes de desistir de melhorar sua vida – isso não pode, hein! –, fique sabendo que a Ciência explica como nosso cérebro, esse danado, entende nossas metas, listas e promessas. Além disso, alguns pesquisadores descobriram o que deve ser feito para que uma lista de desejos possa se tornar uma lista de conquistas.

Para você entender bem certo como funciona esse mecanismo da autossabotagem, basta seguir uma linha de raciocínio bem simples, então nos acompanhe: para alcançar um objetivo, é preciso ter uma coisa abstrata conhecida como força de vontade. Da mesma forma que Força é uma grandeza que vence a inércia quando o assunto é Física, no sentido motivacional da coisa, é a força de vontade que move você em direção a seus objetivos, mas de um jeito menos óbvio.

Você consegue!

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Força de vontade, por exemplo, é aquele esforço que seu cérebro faz para que você pule da cama todos os dias mesmo querendo dormir até o meio-dia. É a força de vontade também que faz com que você faça faxina mesmo quando queria ficar deitado assistindo a um filme e comendo pipoca. Isso vale para tudo: dieta, academia, rotina de trabalho, cronogramas de estudo. Se você parar para pensar, vai perceber que seu cérebro está impulsionando você a todo o momento.

A área cerebral que trabalha quando a missão é transmitir a tal força de vontade fica atrás da sua testa, em uma região conhecida como córtex pré-frontal. Esse segmento tem outras funções também, sendo que entre elas estão a de se manter focado, armazenar memórias de curtos períodos e resolver tarefas abstratas.

Sobrecarga

 width=Fonte da imagem: Reprodução/Buffer

Quando você faz aquela sua listinha com 72 metas de ano novo, essa mesma região do seu cérebro vai sofrer uma espécie de sobrecarga e simplesmente não vai conseguir administrar todas as tarefas que você gostaria de ser capaz de fazer. Aí nada dá certo e você termina mais um ano reclamando e fazendo uma lista um pouco maior do que a do ano anterior.

O professor Baba Shiv fez um estudo para compreender melhor o mecanismo das promessas de ano novo. Um de seus métodos avaliativos foi bastante simples: dois grupos de estudantes deveriam executar duas tarefas diferentes, sendo que o primeiro teria que se lembrar de uma sequência numérica de dois dígitos e o segundo de sete. Depois, eles tiveram que andar um pouco e, ao final, precisavam escolher entre chocolate e salada de frutas.

O grupo que precisou se lembrar da sequência de sete dígitos comeu chocolate, o que Shiv disse ser um indício forte de que o córtex pré-frontal estava cansado e precisava do açúcar para ter energia. Isso leva à conclusão de que, como um músculo, o córtex pré-frontal – e o cérebro todo – precisa ser exercitado e treinado para não correr o risco de cansar demais e desistir no meio do caminho.

Tem solução?

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Se você nunca praticou atividades físicas na vida e resolve participar de uma gincana que consiste em encarar de uma prova de corrida, uma de ciclismo e uma ginástica olímpica, é bem capaz que você desista nos primeiros dez minutos. Com o cérebro é a mesma coisa: de repente você acha uma boa ideia enchê-lo de tarefas difíceis e inéditas. E fica bravo quando não consegue.

Mas qual é a solução, então? Bem, nós já sabemos a solução há muito tempo. Você não aprendeu a andar, a falar ou a escrever da noite para o dia, não é mesmo? Por que você espera emagrecer em uma semana ou aprender um idioma novo em um mês? Por que você teima em fazer tudo ao mesmo tempo e com muita intensidade no começo? Você ainda nem percebeu, mas o que precisa ser feito é ter calma, paciência, dar passos de bebê. Engatinhar, se for preciso.

Abstrato, não!

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De acordo com o professor B.J. Foog, da Universidade de Stanford, as pessoas se perdem com as escolhas de suas metas para o ano novo porque não pensam em mudanças comportamentais, mas em desejos abstratos. Quando algo é abstrato, seu cérebro fica confuso. Por exemplo: se você diz que quer ser uma pessoa melhor no trabalho, você não especifica muito o que isso quer dizer.

É preciso definir melhor o que você quer aprimorar em seu trabalho: pontualidade, relacionamento com os colegas, diminuir a fofoca com os amigos e por aí vai. Seu cérebro não consegue focar em coisas abstratas. Aceite o fato.

Parte de você

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Se você conseguir fazer seus planos de forma que eles pareçam instintivos, ou seja, que pareçam ser parte de quem você é, e não uma coisa forçada, as chances de seus objetivos serem alcançados é muito maior. Sabe qual é o problema? Algumas pesquisas indicaram que mais de 90% dos desejos feitos no final do ano não têm nada que os torne parte do que você é.

Se você quer que algo dê certo, é preciso transformar o objetivo em hábito e, de preferência, que isso seja algo pequeno. O site Buffer selecionou alguns dos exemplos mais comuns de metas de ano novo e adaptou essas metas para o esquema dos pequenos passos. Confira:

  • Meta: parar de fumar. Reformulando: deixar de fumar o cigarro logo depois do café da manhã;
  • Meta: ter uma alimentação saudável. Reformulando: trocar o pão branco do café da manhã por uma banana;
  • Meta: emagrecer. Reformulando: depois do trabalho, na volta para casa, dar um jeito de fazer uma caminhada ou, quem sabe, subir escadas e abandonar o elevador. Aqui também vale trocar o pão branco por uma banana;
  • Meta: estressar-se menos. Reformulando: meditar de 2 a 3 minutos todos os dias, logo depois de acordar, antes de sair da cama.

Chances e dicas

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Se você fizer essas adaptações, suas chances de sucesso serão 50% maiores, afinal, elas não serão abstratas, mas bem objetivas, e podem virar um hábito facilmente. Se você ainda não está convencido, a seguir, confira mais algumas dicas para preparar sua lista de metas para 2014:

1 – Escolha apenas uma meta

Assim você não vai se sobrecarregar. Mesmo que você tenha várias coisas para mudar, escolha a mais importante e fique com ela.

2 – Conte para amigos e familiares

As pessoas à nossa volta têm um poder imenso de interferência sobre nós. Conte a algumas pessoas de confiança qual é seu objetivo do ano – assim você vai ter com quem contar e provavelmente vai ter alguém estimulando suas atitudes.

3 – Adote recompensas

Respostas positivas vão fazer com que você fique cada vez mais comprometido com a sua meta. Além disso, é bom que você se recompense de vez em quando por fazer tudo certo – se conseguiu parar de fumar, compre aquele sapato bonito, por exemplo.

***

Agora que você sabe tudo sobre listas de metas, tente colocar em prática e boa sorte!

*Publicado em 17/12/2013

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