Ciência
05/09/2018 às 11:04•2 min de leitura
É junho de 1815 e um Napoleão ensopado sacode a cabeça de um lado para o outro enquanto olha para a lama que se acumula no terreno à sua frente e discute com seus generais.
"Não vai ter jeito, vamos ter que segurar um pouco as tropas", deve ter dito o imperador francês uma noite antes da sua derrota na Batalha de Waterloo. O exército de Napoleão estava em plena guerra com a Prússia, que na época era aliada da Inglaterra, em uma região pertencente à Bélgica. Em pleno verão europeu, tudo o que eles não esperavam durante a batalha eram chuvas ininterruptas e torrenciais.
Mas, com medo de tornar seus agrupamentos lentos por conta da lama, a decisão do imperador era cautelosa e sábia, diriam. No entanto, foi justamente esse atraso que permitiu às tropas prussianas avançar e surpreender os inimigos, causando morte ou ferimento de 25 mil soldados franceses e a consequente derrota desse exército.
Corte aqui a cena; vamos agora para a Indonésia de 2 meses antes. No dia 1ª de abril de 1815, a população da ilha de Sumbawa percebe que algo está errado, mas já é tarde e não há muito que se possa fazer. O Monte Tambora está oficialmente entrando em erupção, em uma ocorrência que durou 4 meses e expeliu 180 km² de lava, tirando a vida de mais de 60 mil pessoas.
Além da lava, a erupção gerou uma quantidade gigantesca de cinzas que chegaram à estratosfera, prejudicando o clima da Europa inteira durante quase 1 ano, tanto que 1816 foi conhecido no continente como o ano sem verão.
O detalhe descoberto recentemente é que essa erupção pode também ter sido a causadora das tais chuvas que impediram as tropas de Napoleão de avançar, já que elas não haviam sido muito distantes da explosão — em outras palavras, não se sabia que os efeitos do Monte Tambora tivessem sido tão imediatos.
Outra questão apresentada agora em um artigo publicado pela Sociedade Geológica da América é que, diferente do que se acreditava, as cinzas vulcânicas podem ultrapassar a estratosfera e chegar até mesmo à ionosfera, a camada superior.
Um dos responsáveis pelo achado é o Dr. Matthew Genge, professor do Colégio Imperial Londres. Ele postula que as cinzas vulcânicas eletricamente carregadas podem repelir forças elétricas negativas, deixando as cinzas levitando na atmosfera, de maneira a influenciar diretamente o clima de diferentes regiões do planeta.
Por se tratar de uma das mais impactantes erupções vulcânicas da história da humanidade, o caso do Monte Tambora revela um alto índice de 7, em uma escala de 0 a 8 em Explosividade Vulcânica, podendo ser um dos casos em que a cinza vulcânica gerou nuvens de chuva que impactaram o destino de Napoleão.
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